Piloto De Fuga escrita por Blue Butterfly


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Comentem!!! Só para esclarecer:
-Edward dará o ar da graça no próximo capítulo



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-Isabella? Posso entrar querida?

-Claro Sue.

Ela entrou deslumbrante em seu vestido de seda preto. Eu parei para olhar o jeito elegante que seu cabelo estava preso, os pequenos fios propositad-amente fora do coque, o modo discreto e simples de seu decote e como o vestido caía bem nela.

-Está linda, Sue – eu elogiei com timidez.

-Obrigada, minha querida. Você também está muito linda, esse vestido verde claro é um primor. Eu trouxe uma tiara, espero que goste.

Ela me mostrou a tiara prata, cheia de detalhes pequenos e com pequenos cristais incolores. Diamantes. Ela ajeitou meu cabelo e pôs a tirara, olhando comigo o resultado no grande espelho do quarto. Eu estava realmente bonita, ou pelo menos bem vestida. O vestido era longo, assim como o de Sue, com detalhes delicados de uma predaria num verde mais escuro, uma maquiagem discreta e bem feita, um decote um pouco maior que o de Sue, mas ainda sim discreto. A tiara ornou bem com minha roupa e eu sorri, agradecendo como tinha aprendido com minha mãe e em palavras, como tinha aprendido com meu pai.

-Vamos querida, os convidados já chegaram – ela disse segurando minha mão – Hoje você é a estrela da noite.

-Não quero ser a estrela da noite – eu brinquei – Eu quero ser a Lua, e seu filho o Sol.

Acertei em cheio, Sue me fitou com adoração e eu soube que ela seria sempre minha amiga e aliada a partir daquele dia, pois eu me colocara numa relação de segundo lugar em relação a Jacob, deixara ele ser o Sol, ele ter a luz. Era tudo o que uma mãe precisava. Era o que minha mãe gostaria que Jacob dissesse.

-Nada disso – ela discordou tentando parecer convincente – Eles virão aqui para homenagear Jacob, mas será você que eles olharam com admiração. Nós – ela falou apontando para nós duas – Temos homens importantes, mas quando acontece um jantar ou uma festas somos nós que recebemos os olhares de admiração. Somos seus troféus. As estrelas da noite.

Sorrindo, saimos de mãos dadas para receber os convidados.

Ao chegar no grande salão de festas percebi que conhecia a maior parte dos convidados, eram os conhecidos de meus pais, gente que freqüentara minha casa, viera para nossos jantares e festas. Como Sue dissera, eu era a estrela da festa, todos me cumprimentavam e queriam minha atenção, me davam os pêsames no início, mas logo mudavam de assunto, diziam que estava muito bonita, alguns indagavam sobre como ia meu noivado e assim ia, sempre os pêsames, o olhar de dor e então a troca de assunto.

Estava começando a achar aquilo enfadonho quando Jacob, que passara comigo por todos os convidados, me puxou para me apresentar a um dos poucos que eu não conhecia naquele salão, dois casais que estavam separados do resto, conversando animadamente.

-Senhores, senhoras – Jacob falou com delicadeza ao interrompê-los – Gostaria de apresentar minha noiva, Isabella Swan.

-Muito prazer – eu estendi minha mão a eles.

Os homens beijaram minha mão, se apresentando como Senador Marcus e Senador Caius, enquanto as respectivas mulheres beijaram minha face. Eu sabia como aqueles senadores eram importantes, como recebê-los era uma honra para os Black, e se eu tinha que ser amável com os convidados, com eles eu tinha que ser perfeita.

Nós conversamos por um longo tempo, até que os senadores pediram para conversar com Jacob e eles se retiraram, Sue vindo em seguida para me ajudar a entreter as duas esposas. Ficamos conversando por um bom tempo, até que o jantar foi anunciado e todos nós fomos para a sala ao lado. Foi só quando todos estavam a mesa que Jacob e os outros chegaram, eu olhei para meu noivo, buscando algo em seu rosto que me dissesse o que tinha acontecido, mas ele estava estranhamente
sério.

Ele sentou ao meu lado e não me disse nada, conversando polidamente com o casal do seu outro lado. Tinha algo errado, mas eu não conseguia entender o quê. Com esforço, eu mantive a expressão calma e tratei todos com hospitalidade, essa era a minha função ali. Às vezes dava com o olhar de Sue sobre mim, como se ela buscasse me dar apoio, como se soubesse que algo estava errado e eu tinha que fingir não perceber isso.

A noite passou brevemente, quando se está acostumado com um jantar tudo vira rotina, até que, depois de se trancar durante mais duas horas com Jacob, os senadores e suas esposas foram embora. Eram nossos últimos convidados.

-Jacob – o major chamou assim que ele saiu da sala.

Ele olhou para nós, a expressão séria, meio sombria. Sem dizer nada ele foi até mim, pegou uma das minhas mãos e me puxou com ele, me tirando dali sem dizer absolutamente nada aos pais. Eu deixei que ele me levasse sem fazer nenhuma pergunta, nós subimos as escadas e passamos pelo corredor, até chegarmos na porta de seu quarto. Entramos, atravessamos o cômodo e ele abriu a porta que dava para a sacada. Sentou-me numa cadeira e agachou na minha frente, o rosto perturbado.

-O que foi Jacob? O que aconteceu?

-Isabella…

Mas ele não continuou, ao invés disso ele escondeu a cabeça no meu vestido e estremeceu. Eu acariciei seus cabelos castanhos, esperando que ele falasse. Eu sempre esperava.

-Oh Isabella, os senadores querem que eu mostre serviço antes de me nomearem um igual. Eles vieram essa noite para me contar que eu só poderei fazer parte do partido, só poderei ser um senador se conseguir encontrar um dos anarquistas.

Eu me enterneci com aquilo, me enterneci com seu medo, com suas duvidas, com sua humanidade.

-Você vai conseguir, eu confio em você.

Ele ergueu a cabeça, os olhos inexpressivos. Ficou de pé e foi até a sacada, dando as costas para mim.

-Isso é muito importante para mim – ele falou – Isabella, já imaginou como vai ser se eu for escolhido como Senador na minha idade? Eu preciso achar um desses anarquistas, eu faria qualquer coisa por um deles. O que eu faço?

Ele se voltou para mim, sério. Eu abaixei a cabeça, balançando-a, confusa.

-Me dê… me dê uma noite para eu pensar – eu pedi.

Sem olhar, me levantei e saí do quarto sentindo que o mundo pesava mais do que eu pensara.



 Não dormi naquela noite. Eu sabia que tinha uma escolha a fazer e levei uma noite inteira para decidir se ia ou não fazê-la. Era tudo muito simples: Jacob precisava de um anarquista e eu conhecia um. Eu podia fazer o que era certo, podia me redimir com meu país, aliviar a culpa da
morte dos meus pais, ajudar meu noivo, devolver um pouco do que aquela família maravilhosa havia feito por mim, ou…

Ou podia proteger Edward e trair o restante. De novo.

Sem que eu quisesse, sem que eu precisasse de mais isso para me deixar confusa, eu me lembrei dele, lembrei de seu cabelo vermelho, de seu rosto quadrado e sério, duas sobrancelhas grossas, que perdiam a imagem quando o olhar caía para seus olhos profundos.

Ele fora meu melhor amigo, mas, o que ele era agora? O assassino dos meus pais?

E, se não fora ele quem os matara, isso tiraria o sangue das mãos dele? Mudaria alguma coisa se ele sabia que aquilo ia acontecer? Mudaria para mim?

Quando a manhã raiou eu soube que não, pois assim que a luz surgiu na minha janela eu sai do quarto e fui até o quarto de Jacob. Bati e esperei. Logo a porta abriu e ele apareceu só de calça de algodão, os cabelos desgrenhados e o andar meio trôpego.

-Isabella? O que foi querida?

-Eu sei como te ajudar – eu soltei de uma vez – Sei onde você pode achar um anarquista.

Ele arregalou os olhos, surpreso.

-Você sabe? Mas, como?

-Eu conheço um anarquista – eu disse devagar, sentindo muita vergonha – Eu… Eu achava que ele não era como os outros, achava que podia confiar nele. Estava enganada.

Era muito difícil falar aquilo, eu esperava que ele me xingasse, me repudiasse, sentisse nojo de mim, me expulsasse da casa a ponta pés. Eu merecia. Mas ao invés disso ele saiu de vez do quarto e me abraçou como jamais tinha feito antes. Seu corpo estava quente, suado devido a transpiração da noite, ele me apertava com força, como se temesse que eu fosse embora, que eu fugisse dali.

-Calma, não é culpa sua Isabella– ele me disse – Eles sabem o que fazem, os anarquistas são frios o bastante para nos enganar. Por que não me contou isso antes? Eu teria te ajudado a se livrar dele…

-Desculpe Jacob, por favor me desculpe – eu pedi chorando.

-Claro, eu te amo – ele disse beijando minha testa – E vou cuidar de você.

Ficamos por um longo tempo ali, abraçados, até que eu quebrei nosso abraço e disse:

-Eu vou te ajudar, é o mínimo que eu posso fazer. Vou te ajudar a prender esse anarquista.

-Não precisa fazer isso, eu te perdôo, não quero que você se envolva nesse assunto, é perigoso.

-Deixar aqueles anarquistas soltos, isso é perigoso. Eu demorei para entender, mas agora eu sei e nada vai mudar isso. Eu vou te ajudar.

-Obrigado Isabella, muito obrigado. Eu prometo que a partir de hoje tudo que eu fizer será por você, para o nosso futuro.

-Eu sei, confio em você.

Esperei ele trocar de roupa e descemos para tomar o café da manhã com seus pais.

Naquela tarde eu e Jacob fomos até a sede do Partido falar com os dois senadores da noite passada e mais alguns da guarda nacional. Com cuidado, Jacob expôs meu caso a eles, deixando bem claro que eu fora enganada, mas que, ao perceber meu erro, estava disposta a ajudá-los.

-E o que exatamente a senhorita poderia fazer por nós? – um dos homens da guarda me perguntou.

-Eu posso entregar a vocês um deles. Ou fazer melhor do que isso – já que eu ia entregar Edward, poderia fazer o serviço completo – Não acho que ele esteja sozinho, posso levá-los a todos eles. Desde que… - e eu me calei, esperando que eles mordessem a isca.

-Desde o quê?

-Quero que Jacob receba o crédito por isso, eu não estaria aqui se não fosse por ele. É só o que peço.

-Não precisa fazer isso por mim – Jacob me disse apertando minha mão com força.

-Eu vou fazer isso, quero ajudar meu país, só não acho justo que eu receba os créditos, eu agi errado não contando a verdade antes, mas Jacob sempre foi fiel ao Partido e ao país, foi por ele que eu me decidi.

-Isso é justo, nós aceitamos – Caius falou – Mas como você pretende fazer isso? Como vai chegar até eles?

-Não vou, ele é que vai me procurar.

-E vai tentar te enganar de novo. Vai querer que você acredite que nós somos os malvados, vai querer que você acredite… – uma expressão de terror e nojo tomou sua expressão – Me perdoe por te lembrar disso, mas se puder, ele vai tentar fazer você acreditar que nós matamos seus pais. Acha que poderá não ser enganada?

-Sim, eu não vou acreditar no que aquele assassino me disser.

Eles se entreolharam, meio preocupados quando ouviram minhas palavras.

-Queremos todos eles, mas se ele desconfiar de alguma coisa, achar que você não confia mais nele, não vai te levar até os outros. Ele tem que achar que está tudo bem entre vocês. Precisa enganá-lo.

Eu balancei a cabeça concordando. A meu lado, Jacob apertou minha mão novamente e sorriu, encorajador.

-Vai dar tudo certo, Isabella, eu sei que você consegue.

-Por você – eu sussurrei.

-Assim como eu faria por você – ele devolveu afagando meu rosto.


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