Piloto De Fuga escrita por Blue Butterfly


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Oie meus amores :)
Hoje,para compensar meu sumiço,postarei 2 capítulos. Portanto, conversaremos melhor no fim do capítulo 12.
Boa leitura ;)



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Abri os olhos, meio atordoada. Me espreguicei, a coberta cobrindo parte de meu corpo enquanto uma de suas pontas caía no chão. Estava escuro no quarto, o que significava que não havia uma lâmpada acesa, e não que era noite. Podia ser noite, mas não tinha como ter certeza. Tateei ao meu redor, buscando um apoio para me levantar, o colchão era macio e meio velho, ficando marcado com meu peso. Sentei no colchão e bocejei longamente, estendendo meus braços para cima.

Havia outra pessoa no quarto, sua respiração era constante e regular, forte de mais para alguém que dormia, constante de mais parte alguém acordado.

-Quem está aí? – eu perguntei.

Estava tão escuro que eu mal podia ver o que havia na frente do meu próprio nariz, literalmente. Não houve resposta e eu fiquei incomodada, não gostava daquele silêncio, parecia meio… ameaçador. Porque eu sabia que não estava sozinha, então por que a pessoa simplesmente não se apresentava?

-Você tem fé? – uma voz quase familiar perguntou.

Era uma voz dilacerada pelo ódio, uma voz que parecia vir do inferno e que me fez tremer da cabeça aos pés.

-Quem está aí? – eu perguntei com medo.

-É melhor fazer sua última oração – a voz ameaçou sem me responder – Porque daqui a pouco você se tornará apenas uma lembrança ruim para mim.

-Tânia? – eu arrisquei, meus pêlos se eriçando. É claro que era ela.

No silêncio morto daquele quarto, eu ouvi seus passos enquanto ela se aproximava, o medo correndo nas minhas veias de uma forma louca. Nunca me sentira tão vulnerável, tão assustada… Assustada era pouco, apavorada era o mais correto. Eu sabia que, se ela queria, não hesitaria em me matar, ela me odiava, deixou aquilo bem claro naquela manhã. Ela estava pronta para me matar, mas eu não me sentia pronta para me defender. E muito menos para morrer.

Sem avisar, sua mão voou na minha direção, se chocando com meu rosto com força. Havia algo nela, um tipo de metal que rasgou minha bochecha, o sangue borbulhou e escorreu, quente. Eu me joguei para trás, minhas costas protestando com o choque da parede fria, eu me encolhi, as cegas, sem saber o que fazer, mal conseguindo gritar, calada pelo pavor e pelo pensamento de que seria inútil. Ninguém me ouviria estando ali. Antes que eu pudesse me mexer ou cobrir minha face rasgada, ela voltou a me bater, dessa vez  com um objeto pesado e longo que acertou meu ombro, eu rolei, gemendo de dor, e caí no chão, meus gemidos foram se transformando enquanto eu tomava consciência que ela viera contra mim preparada, esperara até eu acordar para me matar. Aquilo me encheu de uma fúria que eu não conhecia

E foi então que aconteceu.

Eu não estava preparada para aquilo, nunca me sentira daquela forma, mas quando percebi que ela iria até o fim, quando as minhas veias dilataram com a pulsação irregular, algo instintivo e primitivo tomou posse de minha mente e pela primeira vez a dor e tudo o mais sumiu. Nada mais importava. Não havia papai ou mamãe. Não havia Jacob. Não havia Embry. Não havia Edward. Não havia Erick. Não havia amor ou dor. Não havia nada.

A única coisa que restou foi o instinto de sobrevivência.

Eu peguei a primeira coisa que conseguia alcançar, no caso a coberta, e a segurei firmemente na frente do meu corpo, enquanto me punha de pé, ela já vinha para cima de mim, mas quando foi me bater de novo a coberta interrompeu seu golpe e eu agi, instintivamente, como um animal enfurecido lutando pela vida. A coisa que ela segurava se embolou na coberta e eu arremessei os dois para longe, me joguei na direção dela e nós caímos no chão, começando uma luta desesperada e violenta.

Ainda havia algo pesado na sua mão direita, ela usava isso para atingir a região da minha barriga, até que eu segurei seu pulso com força, todas as forças do corpo concentradas em impedir a aproximação do objeto para meu corpo e meu rosto. Nós rolamos pelo chão, meu corpo batia em superfícies duras e pontiagudas, pequenos arranhões o cobrindo. Tânia conseguiu se livrar da minha mão e não hesitou, socou novamente meu rosto, no mesmo lugar, mais sangue jorrando e respingando em nós duas. Eu soltei um grito agudo de dor e a lancei para longe de mim.

Quando eu achei que tudo ia recomeçar, a porta foi arrombada com violência, caindo no chão e levantando poeira. Havia duas sombras na porta, contrastando com a pouca luz atrás deles, uma das figuras se lançou para dentro do quarto, enquanto a outra ficava parada na porta, guardando-a para que ninguém saísse dali. Com todas as forças da alma eu desejei que eles estivessem dispostos a me ajudar. Se eu mal podia dar conta de uma, o que diria então três contra um. Mas a primeira figura não se jogou sobre mim, e sim sobre Tânia, uma luta equilibrada surgindo enquanto seus corpos se embolavam no chão. Com pavor, eu ouvi o baque de um crânio no chão, e socos e pontapés, até que uma figura, arquejando e passando a mão na testa, se ergueu enquanto a outra jazia inconsciente.

-Você está bem? – a voz de Alice perguntou, meio desfigurada pelo esforço da luta.

Fiquei aliviada quando ouvi a voz de Alice, era maravilhoso saber que era ela quem sobrevivera aquela briga. Eu balancei a cabeça num sim, o sangue ainda escorrendo e manchando minha blusa imunda. Alice se aproximou, a mão estendida na minha direção para me ajudar a levantar.

-Obrigada, muito obrigada – eu disse me pondo de pé com dificuldade.

-Não foi nada, eu queria mesmo dar uma lição naquela dali – Alice contou com felicidade.

-Como sabia que ela ia estar aqui? – eu perguntei enquanto nós saíamos do quarto. Mais de perto eu reconheci Seth parado na porta, o rosto sombrio.

-Quando Edward apareceu e disse para ninguém te acordar, eu fiquei meio de olho nela, ela estava furiosa de mais com você. Depois eu acabei prestando atenção em outras coisas, tive que dar banho numa das crianças, quando dei por mim fazia muito tempo que eu não a via, então chamei Seth e nós corremos para cá. Demorou um pouco por que a porta estava fechada por dentro, mas ela era velha o suficiente para que eu conseguisse arrombá-la.

-Seu rosto está sangrando – Seth falou quando Alice terminou sua resposta.

Eles pararam e olharam meu rosto, Alice ficando boquiaberta com a ferida e Seth tapando o nariz, olhando para cima. Pelo visto ele enjoava quando via sangue.

-Ai meu pai! – Alice exclamou, a preocupação brotando em seus olhos – Me dá sua camiseta Seth, a gente tem que tampar isso.

Ele obedeceu, Alice tinha o comando na voz, era do tipo que mandava e não precisava olhar para ter certeza que seria obedecida. A blusa suada foi parar na minha bochecha, nós já subíamos as escadas quando Alice parou de brusco, uma idéia brilhando em seus olhos, era mais fácil distinguir suas expressões depois que eu me acostumei com a escuridão. Alice correu de volta a porta arrombada e entrou no quarto, ficou uns cinco minutos lá e voltou saltitando alegria.

-O que você fez? – Seth perguntou curioso.

-Amarrei o monstrinho no guarda roupa, de lá ela não vai sair tão cedo.

Nós rimos com aquilo e subimos as escadas. Algo me dizia que nós três seríamos grandes amigos.

-O que será que o Edward vai decidir fazer com ela? – Seth perguntou abrindo a primeira porta para nós.

-Decidir? Como assim o que o Edward vai decidir? – eu perguntei confusa.

Havia luz no corredor em que entramos e eu vi a surpresa inundar o olhar deles. Seth olhou para a camisa encharcada de sangue, suspirando e apertando a ponte do nariz de novo enquanto Alice parava de andar, nos fazendo parar também.

-Edward é o dono da casa, o líder do grupo, é ele quem decide as coisas por aqui. Você não sabia disso? – ela perguntou espantada.

-Não – eu respondi surpresa – Nossa, eu nem fazia idéia…

Eles trocaram um olhar de espanto e desconfiança, então Seth perguntou, a voz saindo anasalada pela respiração presa.

-Desde quando você está aqui?

-Não sei – respondi com sinceridade – Uma semana, talvez mais, talvez menos, não tenho certeza. Fiquei um bom tempo dormindo, perdi completa noção de tempo desde que cheguei aqui.

-Como veio parar aqui? – Seth perguntou, como sempre curioso.

-Melhor ela responder isso na enfermaria – Alice coordenou, olhando para meu rosto e fazendo uma careta – A gente tem que dar um jeito nesse rosto, se é que ele ainda tem jeito.

Eu estremeci com sua fala, juntos nós fomos pelo corredor até parar na frente da porta da enfermaria. Eu contava a eles como chegara ali, dizendo toda a verdade: minha traição, como perdi minha família, como Edward me contara a verdade…

Alice me passou um pano limpo embebecido em água oxigenada e eu passei no rosto, gemendo de dor quando meu corte começou a arder. Não havia espelho por perto, mas eu podia imaginar como estava meu rosto: um lado todo enegrecido, arroxeado por Edward, o outro cortado e desfigurado, jorrando sangue com facilidade. Quando devolvi a blusa, Seth pegou e a jogou direto no lixo, o nariz muito bem tampado enquanto o nojo assolava seu rosto. Alice sorriu com sua atitude, mas não fez nenhum comentário, ela parecia muito mais leve e menos amarga, lembranças que eu tinha dela desde que a tirara da rota do inferno.

Eles me contaram mais sobre o que aquilo era enquanto eu tapava com gases minha face; nós estávamos num dos bairros além da barreira, uma região pobre e assolada pela violência. Nosso bairro era considerado deserto, vez ou outra apareciam alguns soldados para verificar se não havia movimentação, por isso ficávamos na parte inferior da casa, assim não chamávamos atenção. A casa era de Edward, ele começara aquela resistência com mais dois amigos: Emmet e Jasper, quando a resistência ficou grande de mais, os três se separaram, um terço do grupo com cada um deles. Ás vezes Carlisle ia para os outros grupos, ainda era o único que entendia de cuidados médicos entre eles. Pelo menos até agora, eu podia ver que minha chegada aquele grupo mudaria um pouco as coisas.

Havia mais grupo de resistência, além daqueles três, e uma vez por mês os líderes dos grupos se reuniam para discutir a situação a as medidas para barrar e acabar com aquela ditadura cheia de mentiras e violência.

-Ainda é difícil acreditar em tudo isso – eu confessei a eles – Não dá para acreditar totalmente que tudo o que eu vivi era uma grande mentira.

-Você tinha uma vida boa, hein Bella – Alice sugeriu, sentando ao meu lado na maca.

-Sim, eu vivia o mais belo conto de fadas, tinha uma família respeitada e cobiçada por muitos, meu pai era importante no Partido, meus irmãos eram adoráveis, tudo o que você possa imaginar eu tinha: a melhor escola, as melhores roupas, comia nos melhores restaurantes, tinha um carro maravilhoso…

-Você tinha um carro? – Seth interrompeu, os olhos brilhando de excitação.

-Sim, uma Ferrari preta linda – eu disse me lembrando do meu lindo carro – Banco de couro preto, um aparelho de som e DVD magnífico. Eu tinha tudo! E meu destino era certo, eu tinha o melhor partido entre nossa sociedade rica, ele era lindo, muito rico, vinha de uma família de prestigio antiga e importante – Eu olhei para a aliança e senti um nó no meu estômago – Nós estamos noivos, vamos nos casar em breve, ou, pelo menos íamos.

Baixei a cabeça, atormentada. Eu abrira mão de muita coisa, era impossível não sentir um pouco de arrependimento.

-Como ele chamava? – Alice perguntou com delicadeza, jogando uma mecha de cabelo meu para trás.

-Jacob, Jacob Black.

-Você o amava? – Seth perguntou, a voz baixa, quase num pedido de desculpas.

-Eu o amo – eu respondi, corrigindo o tempo verbal que ele empregara.

Ficamos em silêncio, algo corria no meu rosto, mas não era mais sangue. Eram lágrimas. Tentando me distrair eu sacudi a cabeça de leve e perguntei sobre a vida deles antes de vir para aqui.

-Eu era técnico de informática – Seth iniciou com orgulho – Na verdade eu sou um dos maiores Hackers que a humanidade já conheceu. Vivia já meio na ilegalidade, as pessoas não gostam muito de pessoas que invadem seus computadores – ele falou inocentemente, nos fazendo rir – Eu podia fazer qualquer coisa com meu computador, podia até invadir o sistema operacional do Partido, se quisesse – e seus olhos ficaram sonhadores – Minha família ficou dividida depois da morte dos meus pais, meu irmão e sua família eram contra o governo e foram para um lugar mais discreto para não arrumar confusão, já minha irmã mais velha se tornou secretária de um dos Senadores e eu me afastei dela. Não é bom quando sua irmã traz muita gente bisbilhoteira na sua casa e você é um hacker. Até que meu irmão parou de me mandar noticias e eu fiquei preocupado. Fui visitá-lo um dia e um amigo nosso contou que alguns soldados haviam levado ele e sua esposa, Maria. Felizmente Laura estava na casa de uma amiguinha, então não foi levada junto, eu levei Laura para casa e perguntei se minha irmã sabia o que estava acontecendo, ela disse que não e que provavelmente era um golpe dos anarquistas para tentar tomar o poder. Não voltei a procurá-la e comecei as buscas por mim mesmo…

-Como assim? – Alice perguntou, a testa franzida.

-Busquei nos hospitais, nas prisões, qualquer coisa relacionada com o futuro do meu irmão foi esmiuçado na minha busca, até que eu encontrei dados referentes ao campo de trabalho forçado. Fui um pouco descuidado com essa busca e eles rastrearam o local de onde eu acessava. Foi assim que me encontraram e me capturaram. E agora aqui estou, o maior hacker do mundo olhando para vocês.

Nós sorrimos com sua humildade, ou melhor, a falta dela, Alice se ajeitou melhor, a maca tremendo embaixo de nós, e começou a contar sua história.

-Eu não era uma moça de família da alta sociedade – ela falou olhando para mim com um sorriso brincalhão – E nem um Hacker invencível – a voz com a entonação orgulhosa de Seth enquanto ela olhava para ele dessa vez – Na verdade eu era uma… – ela nos olhou, uma mancha vermelha tingindo as maças do seu rosto bonito, ela respirou fundo, olhou para o teto e nos revelou envergonhada – Eu era garota de programa.

Ficamos em silêncio, eu senti meu queixo cair enquanto Seth tinha uma expressão perplexa e chocada. O primeiro instinto que eu tive foi de me afastar dela, com nojo. Mas isso foi rápido, porque eu percebi que eu não podia julgá-la, ela salvara minha vida uma hora atrás, ela era apenas uma menina, a idade um pouco menor que a minha, uma garota que não teve uma família com as mesmas condições financeiras que a minha. Mas mais do que isso, um ser humano igualzinho a mim e que merecia o meu respeito. Na minha frente Seth abaixou a cabeça, pensativo, depois puxou a cadeira e sentou perto de nós, mais calmo.

-Foi assim que aprendeu a se defender ou teve aulas de alguma espécie de luta? – ele perguntou, a voz soando calma como se não importasse o que ela tinha dito.

Alice mirou o menino, surpresa com sua voz e com sua expressão, eu também encarei o garoto, percebendo algo muito bonito: Seth não tinha preconceito e Seth gostava dela. Para ele não importava o que ela fora, o que importava era o que ela era naquele momento, e naquele momento Alice era uma refugiada, uma menina bonita que sabia se defender, alguém que ele podia amar.

-Sim – ela respondeu sorrindo com doçura pela primeira vez – Eu tinha que me defender de alguma maneira e aprendi isso da maneira mais dura, mas também mais eficaz que se pode haver. Quando os soldados começaram com a limpeza moral da cidade, muitas meninas que tinham a mesma profissão que a minha foram levadas para o reformatório, pelo menos era isso que falavam, no fundo eu sabia que não era isso que estava acontecendo, nunca alguém procurou ajudar meninas como eu, e não seria um novo governo que faria isso. Eu fugi antes que os soldados me pegassem, vaguei por um bom tempo nas ruas sombrias e encardidas no limite da barreira, passei muita fome, dormia nas ruas, nunca tinha certeza do que aconteceria amanhã, mas não desisti. Aprendi na vida que eu devia ser dura porque o mundo era duro, que devia ser fria porque o mundo era um lugar frio, que devia ser perigosa e violenta quando necessário, porque o mundo era sempre violento e muito perigoso, e foi assim que eu sobrevivi sozinha por um bom tempo. Mas um dia, como aconteceu com Seth, eu me descuidei e eles me pegaram. Depois de alguns dias na prisão eles me enviaram para a fábrica, mas antes que eu chegasse lá você e o Edward apareceram e agora eu estou aqui com vocês.

-Que bom que estão aqui – eu disse com sinceridade, sorrindo para os dois e segurando a mão de cada um – Estou muito feliz por conhecer vocês, por saber que eu pude ajudar alguém.

-Você não nos ajudou apenas, você impediu que fossemos para o inferno, isso não é para qualquer um – Seth disse sorrindo e tocando meu queixo com carinho.

-Pois é, a patricinha sabe dar conta do recado – Alice brincou jogando meu cabelo para trás.

-Então nós somos: o hacker, a ninja e a patricinha – Seth brincou.

-Ninja? Eu sou gatinha, luto com qualquer um, sei cozinhar maravilhosamente bem e tudo o que eu ganho é ninja? – Alice falou parecendo irritada.

-Serve mulher maravilha? – eu sugeri sorrindo.

Nós rimos, eu me sentia maravilhosamente bem com eles, era como… família, como irmãos, era como se de, alguma forma, tudo estivesse sendo compensado, como se eu ganhasse dois irmãos para compensar os irmãos que perdi.

-Gosto de vocês – eu soltei sem pensar, me deixando levar pelo momento.

Eles se entreolharam, encantados, depois sorriram para mim e disseram, em coro:

-Nós também gostamos de você Bella.

-Ah, que lindo… – alguém interrompeu.

Eu não me virei, não ia precisar, conhecia a voz de Edward, não importava se ele falava irritado, doce, mal humorado, com sarcasmo, sempre havia um toque puro que pertencia a ele. Eu sabia que ver meu rosto machucado não seria bom, ele ia ficar furioso. Mas eu não podia esconder isso para sempre.

-Muito fofo, não é? – Alice brincou olhando para ele.

-É, dormiu bem Bella? – ele perguntou se aproximando.

Respirei fundo e virei o rosto na direção dele, me arrependendo em seguida. O rosto dele empalideceu, seus olhos ficaram duros, cheios de ódio enquanto percorriam meu rosto.

-Quem… fez… isso?… – ele soltou entredentes, enfurecido.

-Tânia – Seth respondeu com frieza – Ela tentou matar a Bella, se nós não tivéssemos chegado a tempo, Bella não estaria mais no mundo dos vivos.

Edward concordou com a cabeça, como se agradecesse aos meus amigos. Mas ele olhava com ódio meu machucado, os lábios finos e embranquecidos enquanto ele mordia com violência a parte inferior de seus lábios.

-Onde ela está? – Edward perguntou, a voz ficando estável com dificuldade.

-No seu quarto, deixamos ela presa lá até você decidir o que fazer com ela – Alice murmurou.

-Mas esperamos que você tome sua decisão com a cabeça fria – Seth falou lentamente, o tom de aconselhamento forte em seu tom – Não vale a pena fazer as coisas com cabeça quente.

-O que eu devo fazer então? – Edward jogou com rispidez – Esperar que ela ataque Bella de novo?

-Não – eu interrompi a resposta que Seth daria – Não espero que você não faça nada. Eu espero que você não faça besteira. Não digo que ela está certa, mas, por hora, ela já teve um bom castigo.

-Claro – ele revidou com sarcasmo – Deixa a pobrezinha em paz, afinal é só o seu rosto.

Ele se aproximou rapidamente de mim e puxou a gaze com rapidez, meu rosto doendo com o gesto. Eu gemi e tapei o lugar numa atitude mecânica, mas ele segurou minha mão e a puxou, olhando com cuidado meu machucado.

-Eu vou acabar com ela – ele disse friamente, nem um pingo de indecisão na sua voz.

-Ela não foi a única que machucou meu rosto – eu lembrei acidamente.

Edward recuou, dor passando em seu rosto enquanto ele caminhava para trás.

-Quando nós estamos furiosos, podemos nos descontrolar, nos tornar como animais. E depois nós nos arrependemos do que fazemos. Não quero isso para você.

Ele saiu da ala hospitalar, a cabeça baixa e a vergonha estampada em seu rosto. Seth e Alice não me perguntaram por que eu dissera aquilo, eles tinham entendido o que eu dissera, sabiam quem tinha machucado o outro lado do meu rosto, não precisavam perguntar, ao invés disso Alice me fez uma pergunta bem interessante:

-Jacob seria capaz de baterr em você?

-Não – eu respondi prontamente, sem hesitar – Jacob jamais tocaria em mim, antes de qualquer coisa, antes talvez dele ser o Jacob, ele é um cavalheiro.

-Por isso você o ama? – Seth perguntou.

-Não, não é só por isso.

-Então o que é? – Alice perguntou confusa – Ele é bonito? É forte? Tem dinheiro? É culto e inteligente? – ela sugeriu.

-Sim e não – eu respondi sorrindo – Ele é bonito, ele é forte, ele tem dinheiro, ele é culto e incrivelmente inteligente. Mas não é isso, não é a beleza de seu rosto, mas a expressão de bondade que paira nele, não é a força de seu corpo, mas a proteção que eu sinto sempre que ele me abraça, não é o seu dinheiro, mas como ele o usa para ajudar os outros, não é sua cultura ou inteligência, mas como ele sempre me trata como uma princesa e as conversas que nós temos. Não é o que ele tem, é o que ele é – eu expliquei com orgulho.

-Bella, por que você não volta? – Seth perguntou – Por que fica aqui se quem você ama, quem pode te dar  segurança e conforto está do outro lado da barreira?

-Eu não posso voltar, eu conheço a verdade, não posso simplesmente fechar os olhos e fingir que não há nada acontecendo, porque há. Há gente sendo presa, gente morrendo. Mataram minha família, e a morte deles não pode ter sido em vão! Eu não vou deixar que seja em vão.

-E o que você vai fazer para não deixar que seja em vão? – Alice perguntou.

-Eu? Eu vou acabar com toda essa mentira – eu disse com simplicidade.

-Como? – Seth perguntou.

-Usando o armamento que eles ainda não pensaram em usar – eu respondi com frieza.

-Que seria? – Alice indagou.

-Eu!

Os dois me olharam com dúvida sobre minha sanidade. Eu sorri para eles e expliquei:

-Para acabar com tudo isso é preciso ir até a raiz do problema: Aro Volturi, o chefe supremo do Partido. Nenhum dos que estão aqui podem fazer isso…

-Mas você pode – Seth percebeu – Eles acham que você está do lado deles. Você é meio que uma espiã dupla.

-E com a ajuda de um hacker e de uma ninja… – Alice falou, os olhos brilhando enquanto os pensamentos fomentavam em sua cabeça.

-Não posso pedir isso a vocês – eu disse – É perigoso de mais.

-Não precisa pedir, estamos juntos nessa – Seth falou colocando sua mão na minha.

-Para o que der e vier – Alice completou pondo sua mão em cima da mão de Seth.

Eu sorri para eles. Acreditava em Alice e Seth totalmente. Nunca duvidaria dos meus irmãos.


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