Lee e eu passamos praticamente o dia todo juntos, conversamos, demos bastante risadas, e, claro, demos vários beijos também. O que me irritou um pouco é que ele teimava em querer tocar meu bumbum, que modéstia parte é bem bonito, mas eu lhe dava umas cutucadas e ele voltava as mãos para minha cintura. Quando era quase 5h, ele me acompanhou até em casa. Chegamos perto do portão e ele me deu mais um beijo de despedida.

- Vai sair no final de semana? - me perguntou.

- Talvez só no sábado, não sou de sair muito.

Lee sorriu e me deu mais beijo.

Nos despedimos e eu entrei em casa. Quando passei pela cozinha, estranhei ao ver alguém sentada no banco da cozinha, era minha mãe! E ela parecia chorar.

- Mãe, o que aconteceu?

Ao me ver, ela se virou para a geladeira e tentou enxugar as lágrimas.

- Nada querida, está com fome? - dona Atena disse abrindo a geladeira.

- Não, e não minta para mim, por que está chorando?

Éramos mais parecidas do que qualquer imaginava. Assim como minha mãe, eu odiava chorar na frente dos outros. E quando chorava, era porque alguma coisa muito séria tinha acontecido.

Ela se deu por vencida e voltou a se sentar, olhando em meus olhos.

- Sua irmã foi morar com seu pai Annabeth, e eu vou entender se quiser ir também, afinal aqui você não tem nada, fica sozinha o dia todo, lá pelo menos...

- Não. - não a deixei terminar, eu jamais trocaria a minha casa e a minha mãe para ir morar com meu pai e aquela vadia.

- Minha filha, você tem que entender que seu pai tem muito mais a te oferecer do que eu.

Não consegui acreditar nas palavras da minha mãe. Senti as lágrimas invadirem meus olhos.

- Como pode dizer uma coisa dessa? Eu jamais te trocaria, por nada desse mundo.

Ela voltou a chorar, eu fiquei confusa.

- Filha, não pense em mim, pense em você, no seu futuro, uma escola melhor poderia.... 

Minha raiva só aumentou. Nunca trocaria minha mãe, como ela pode pensar uma coisa dessa? Sai correndo de casa ainda. Sabia que se ficasse ali brigaria com ela e choraria o dia todo. Com tudo aquilo acabei me esquecendo de falar sobre Lee, mas era mesmo melhor eu esperar uma hora melhor. 

Conforme eu ia passando pelas ruas, as pessoas me olhavam esquisito. Deviam estar se perguntando porque eu chorava. Naquele momento, eu queria poder ler pensamentos, para descobrir o que todas aquelas pessoas estavam pensando de mim. 

Finalmente cheguei onde eu queria. Subi correndo os três lances de escada e cheguei até o apartamento que eu queria. Bati na porta três vezes, como sempre fazia, e logo um rapaz de cabelo preto e olhos verdes veio me atender. Ficou surpreso ao me ver chorando daquele jeito.

- Annie, o que aconteceu? Por que você...

Não deixei Percy terminar de falar, o abracei com força. No momento era disso que eu precisava, apenas isso, de um abraço amigo. Ele retribuiu o abraço, então comecei a chorar ainda mais.

- Calma - Percy dizia acariciando meus cabelos.

Sem dizer uma palavra, ele me pegou pela mão e me levou até o sofá da sala. Ficamos um tempo só sentados, sem falar nada. Respirei fundo e tentei me acalmar.

- Fale Annie, o que aconteceu?

Dei um suspiro e lhe disse:

- Minha irmã foi morar com meu pai, e quando eu ouvi minha mãe falando que morar com ele poderia ser melhor, não sei, eu senti... - não consegui terminar a frase, voltei a chorar.

Percy segurou minha mão novamente e ficou a alisando.

- Não sou que nem a Kate, você sabe Percy, pra mim o mundo é muito mais do que roupas de marca, e... esses colégios caros...

- E esse povinho rico não se diverte, eles podem fazer isso? - dizendo isso, ele deu arroto.

Foi nojento, e alto, mas eu dei risada. 

- Ou então podem virar a noite assistindo filmes bobos e comendo porcarias?

Ambos rimos, afinal esse era nosso programa de sexta preferido.

Por isso eu vim pra cá, eu sabia que, de um jeito ou de outro, Percy ia me fazer dar risada. 

- Olha que bonita, voltou a sorrir. - ele disse.

Dei uma risada boba, mas ele não se convenceu com meu sorriso. Chegou mais perto, o que fez meu coração pular, e começou a me fazer cócegas, e eu não aguento cócegas. Para me vingar tentei fazer nele também. Logo estávamos os dois rolado no chão.

Sem querer, uma hora eu lhe dei uma mordida. 

- Agora é guerra! - Percy gritou sentando em cima de mim, me fazendo mais cócegas ainda,

- Percy para! Percy! - eu gritava, mas ele não me soltava.

Eu tentei bater nele, mas ele segurou minhas mãos no chão, fazendo com que nossos rostos ficassem muito próximos. Não pude evitar, olhei no fundo de seus olhos. Era tão hipnotizantes, eu poderia ficar ali o dia todo, apenas os olhando. Senti meu rosto esquentar, resolvi acabar com aquela cena antes que Sally voltasse do trabalho.

- Saia de cima de mim seu gordo! - lhe disse o empurrando.

- Falou ai a magrinha.

Percy me ajudou a levantar e eu ajeitei minha camiseta que tinha subido. 

- Obrigada, e desculpa te encomodar ou alguma coisa assim, é que... não dava para ficar em casa. - eu disse a ele, que sorriu e deu um soco de leve no meu braço.

- Sem problemas. É pra isso que servem os amigos.

Depois de mais algumas risadas e alguns cupcakes resolvi voltar pra casa. Sabia que minha mãe não estaria tão preocupada, pois devia ter adivinhado que eu estaria aqui. 

Me despedi de Percy com mais um abraço apertado e um beijo na bochecha, e voltei para casa.

Minha semana foi bem monótona. De manhã eu ia à clínica ajudar Apolo e Ártemis com Percy, e depois para o Central Park com Lee. Quando contei para minha mãe, sua reação foi inesperada, ela apenas disse que se eu gostava dele, eu poderia continuar, mas com cuidado e responsabilidade, claro. Minha mãe já tinha conversado comigo sobre sexo, foi muito constrangedor. Mas eu queria me manter virgem até meu casamento, assim eu saberia que tinha encontrado o cara certo.

Depois de apenas duas semanas juntos, Lee me pediu em namoro. Eu levei um susto, claro. Conversei muito com Thalia e com Percy, e ambos me disseram que duas semanas era muito pouco tempo, nós dois mal nos conhecíamos. Então conversei com Lee e lhe disse para que esperássemos mais um pouco, pra ver se era isso mesmo, ele ficou meio assim, mas no final concordou comigo.

Três semanas já tinham se passado. Eu tinha marcado de me encontrar com ele no Central Park novamente, mal sabia o que estava para acontecer.