Capitol Hunger Games escrita por Azula, AnaCarol


Capítulo 17
O canhão ecoa na minha mente.




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Nós não tínhamos um esconderijo fixo, então fiquei chorando escondida no canto de uma casa. Dan não voltou desde a morte de Tripoon, talvez ele tenha decidido acabar com a nossa aliança, não o culpo por isso. O canhão de Tripoon ecoa na minha mente, o que me deixa pior do que eu já estava. Decido que não posso passar o resto do jogo escondida como uma menina fraca e me levanto tomando cuidado para não bater a cabeça nos restos de madeira pendurada na parede. Abro minha mochila e vejo que tenho só mais um pedaço de carne seca e nenhuma gota de água, decido procurar algo para beber. E se Dan voltasse e não me encontrasse ali? Ele pensaria que eu tinha quebrado a aliança? Paro por um instante e penso que talvez devesse voltar, mas estou com muita sede e prefiro procurar algo por perto para o caso de encontrar Dan.

Ando por vinte minutos e não encontro nada, pelo pouco que eu aprendi com Silena, deduzi que as frutinhas que achei eram venenosas. Não tinha nenhum rio, afinal, estávamos em uma cidade destruída, e os rios formados pela chuva tinham um aspecto nojento. Minha sede é cada vez maior e com nojo pego um pouco de água da chuva com a mão e bebo, minha vontade de vomitar é grande, mas seguro. Pelo menos consegui matar a sede. Caminho por mais um tempo e não encontro mais nada, além de algumas amoras. Confiro para ver se não são venenosas e pela cor, parecem que são comestíveis. As coloco na boca e mastigo, o gosto doce me alegra e pego mais algumas para comer mais tarde.  

Volto para a casa destruída e Dan está lá, com um cantil de água na mão.

- Você não quebrou a aliança. – A frase sai pela minha boca num sussurro inaudível.

- Quer água? – ele pergunta;

- Onde achou? – pergunto já pegando o cantil de suas mãos

- Em uma fonte, ela não estava quebrada, só a estátua em cima dela.

Bebo dois goles e entrego para ele. Ah, água limpa.

- Obrigada. – digo e me sento ao seu lado.

- Por nada. – ficamos em um silêncio constrangedor até que ele decide falar. – Você está com saudades, não está?

Ele nem precisa dizer o nome, sei de quem está falando.

- Muita. – só isso já basta. – E você, saudade de alguém em especial?

- Só da minha mãe e do meu irmão mais novo. – Ele diz. Quase me esqueci de que Dan não tinha pai.

A menção indireta de Hasse faz meus olhos encherem de lágrimas, mas as impeço de cair. Lembro da minha tentativa inútil de jogar um tridente nele e obrigo-me a parar de pensar nele. Logo eu estaria em seus braços, ou talvez não. Para que isso acontecesse, eu deveria me focar no que está acontecendo agora, não no passado ou no futuro.

- A tortura está quase no fim. – Dan murmura.

- Gostaria que não tivesse nem começado.

- Um de nós vai morrer, ou os dois. – Ele diz o óbvio, mas isso faz crescer uma tristeza no meu coração. Um de nós iria morrer e o outro sofreria com a falta.  – Vamos ficar juntos até que um morra, não vamos nos separar.

- Se eu morrer, você promete que vai ganhar? – faço uma pergunta retórica.

- Você tem chance de ganhar Lynn. Você viu o jeito como quebrou o pescoço de Tripoon tão depressa?  

- Eu não queria...

- Mas quebrou, e sei que consegue fazer muito mais.

- Eu estou cansada de ver tantas mortes e eu ser a causa delas. – digo de cabeça baixa.

- Eu também, mas logo vai acabar. Olha Lynn, você virou a minha melhor amiga, eu não quero morrer e acabar com essa amizade, assim como não quero que você morra, mas não tem nada que a gente possa fazer.

Sem dizer nada, eu o abraço e ele retribui. Sinto como se ele fosse meu irmão e também meu melhor amigo. Não queria que isso acabasse.


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