Forças Do Destino I - Ed. Especial escrita por Luuh


Capítulo 4
Cinza e Castanho




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O vulcão naquele instante se chamava Hermione Granger – e ela estava em clara erupção. Só não voou no pescoço de Gina porque... bom, ela não voava no pescoço de pessoas. Mas que ela queria triturar todos os ossinhos de sua amiga... ah, isso ela queria. Como Gina pôde? Ela sabia, Gina sabia que Hermione não levava o menor jeito para o palco. O problema não era exatamente falar em público – os holofotes nunca foram um problema para a morena. Mas representar... isso era diferente. Ela, no mínimo, faria papel de ridículo na frente de todos... Na frente de Draco Malfoy, que certamente faria questão de mostrar o quão bom podia ser em tudo que quisesse.

Não, na frente de Draco Malfoy não. Se tinha uma coisa que ela odiava mais do que errar, era errar perante os olhos da fuinha – ele jamais deixaria escapar uma vírgula errada de Hermione Granger. Ele tinha o dom de usar cada suspiro da morena contra ela – e ela sabia que ele com certeza faria parte desse grupo ridículo de teatro. Hermione Granger definitivamente não colocaria os pés em companhia de teatro alguma. Tinha muito que estudar no final de semana, não mesmo – nem tente Gina Wesley.

A morena fervia por dentro com a audácia da amiga, mas se conteve para não gritar todas as coisas que lhe corriam pela mente. O momento de inocência de Gina passaria em branco – apenas daquela vez. Mas a ruiva que não acreditasse que havia conseguido o que queria.

Hermione desviou o olhar de volta para a comida, pensando em que fazer, tão atônita estava com o “convite” para tal atividade. Aliás, desde quando bruxos se importam com teatro? Um grupo disso não parecia exatamente a atividade extracurricular ideal para uma escola de bruxaria. Uma aula de como matar sua amiga intrometida com apenas um feitiço seria uma escolha de mais instrução para os alunos – mesmo que fosse apenas para ela.

Gina se aproximou da amiga, tentando ser o mais carinhosa possível. Ela conhecia a amiga e sabia que, se fosse acalmada da forma correta, até cogitaria acompanha-la. Hermione não a deixaria sozinha para enfrentar o fuinha – jamais.

–Mimi, diz que vem comigo, por favor? Eu vou me sentir tão solitária. – Gina não era mais nenhuma criança para usar aquela voz doce e pidona, mas sempre funcionava. Apesar de ser um mulherão, Gina sabia como se fingir de menininha para conseguir o que queria. Hermione lhe lançou um olhar assassino, compreendendo o que a amiga fazia. Daquela vez, não daria o braço a torcer; não ia facilitar com a ruiva só porque ela era sua amiga. Não mesmo! Desviou o olhar depois, procurando em qualquer um dos outros amigos uma escapatória; Rony continuava brigando com o molho do frango, cada vez mais dominado por ele, e Harry apenas ria, não querendo se envolver na disputa – sabia muito bem que entre duas mulheres como aquelas só sobraria corpos mortos. Ele que não arriscaria o próprio pescoço.

Suspirou, tentada a resistir, mas de que valia? Irritada, Mione sabia que não escaparia da insistência de Gina. Ela podia dizer não, ser grossa, o que fosse, a ruiva não ia desistir até arrasta-la, mesmo que fosse pelas orelhas. Maldita teimosia Wesley. A morena olhou-a de volta – a ruiva ainda se mantinha com sua expressão angelical. Hermione não conteve o riso.

–Uma aula, e só. Se eu não gostar, não volto mais.

–Fechado.

[ - ]

Hermione era uma pessoa de palavra. Quando chegou a primeira aula do tal curso de teatro, por mais que a morena quisesse se esquivar de Gina, ela prometera que tentaria pelo menos uma vez, e sua palavra era tudo que tinha. Pelo menos era isso que seus pais lhe haviam ensinado. Assim, resmungando por dentro e pedindo aos cosmos por um ataque do coração que a livrasse daquela tortura, ela seguiu com Gina para a tão esperada aula.

Assim que chegaram na sala, a primeira coisa que a morena fez foi checar a lista de participantes – já que seria tortura por algumas horas naquela noite, nada mais justo do que ter consciência de quem seriam seus algozes. Primeiro checou a lista feminina, torcendo para que, por algum milagre do destino, seu nome não estivesse lá e ela pudesse simplesmente virar as costas e ir embora sem que Gina a detestasse por uma noite.

“Não tenho tanta sorte assim”

Era a hora então de checar a lista masculina, já imaginando o que encontraria. Estava certa. Lá estava o nome de seu adorado Draco Malfoy. Bufou; só a menção de seu nome, só a imagem de ter que aturá-lo por algumas horas já era o suficiente para tirá-la do humor normal. Mas respirou fundo. Tinha que se mostrar superior – afinal, ela era superior.

A bem da verdade, o nome que a chamou atenção estava logo acima da fuinha loira. Aaron Loo. O Sonserino. A garota não conseguia desviar os olhos de seu nome, um misto de emoções que não conseguia compreender. Mione sabia que estava destinada a detestá-lo. Ela era uma Grifinória e ele um Sonserino, mas sempre que se lembrava da confusão de cores verde-amarela de seus olhos, algo se derretia. Não que estivesse apaixonada, ou quisesse qualquer coisa com ele, mas algo em seu interior dizia para acreditar que ele era diferente; que ele não era um Malfoy.

De fato, fazia uma semana que não conversava com o garoto. Desde o dia na biblioteca, ele pareceu decidir dar espaço para a garota. Apesar de Mione sentir seus olhares de longe, ele não se atreveu a se aproximar mais nenhuma vez. Talvez já tivesse sido corrompido pelo veneno Sonserino.

–Vem, Mione. Já vai começar. – Gina puxou-a para dentro da sala, retirando-a de seus pensamentos, de forma que a morena não tive muito tempo para se recompor de toda a confusão de pensamentos e logo já estava de cara com Malfoy. Não exatamente de cara, mas a primeira pessoa que viu foi o loiro oxigenado e seu sorriso irônico.

A morena desviou o olhar antes que alguma piada saísse daquela boca maldita, mas sua escolha de direção não foi das mais acertadas e então foi obrigada a encarar os olhos de Aaron. Ele abriu um sorriso encabulado, mas manteve o olhar. Foi Hermione que fugiu daquela conexão. Não conseguiria aguentar uma noite inteira de Loo e Malfoy. Precisava ir embora naquele momento, antes que as coisas piorassem. Até se virou para partir, mas naquele momento Sibila, a professora de Adivinhação, fechava a porta, como quem vai começar a aula.

–Bem vindos, meus queridos, a aula de teatro. Espero que todos estejam aqui de boa vontade – Sibila correu os olhos por todos os alunos, parando em Hermione. Era sabido que as duas não eram exatamente melhores amigas, desde que a morena mais ou menos a desrespeitou em sua aula de adivinhação. – É claro que esse curso é um pouco inusitado, mas o professor Dumbledore acredita que, assim como os trouxas, nós bruxos precisamos de válvulas de escape para o stress dos tempos atuais, com toda a história de Você-Sabe-Quem. Mas não vamos discutir isso nesse momento. Nesse curso estudaremos William Shakespeare que, muitos de vocês não sabem, mas claramente foi um dos maiores bruxos de sua época; ou vocês acham mesmo que ele continua conhecido apenas por ter escrito algum punhado de peças de teatro.

William Shakespeare. Até a ideia não era de todo ruim. Antes de descobrir que era bruxa, Hermione já havia lido uma ou outra das peças de Shakespeare. Como era o nome mesmo? Sonhos de uma Noite de Verão? Mesmo que não gostasse de atuar, a lembrança dos tempos anteriores a Hogwarts talvez fosse o suficiente para que ela ficasse na aula. E até então, Malfoy, por milagre estava se comportando.

–E no final do curso, a peça que representaremos será um clássico de Shakespeare, com muita ação e romance. Romeu e Julieta. Ao final da aula, distribuirei os roteiros, para que vocês estudem, pois faremos audições na próxima semana. Mas hoje, faremos alguns exercícios corporais. Vou separá-los em duplas.

Ao escutar a palavra duplas, Hermione logo se colocou mais perto de Gina, mas talvez por ter percebido a movimentação da morena, a professora logo as separou. Mandou Gina se juntar com uma Sonserina e Hermione, como claramente Sibila a detestava, foi colocada com Draco Malfoy.

–Sei que muitos de vocês não se gostam, como eu claramente não gosto de muitas pessoas. Mas às vezes não gostamos de coisas, pois não a conhecemos, ou agimos como se não gostássemos porque gostamos mais do que deveríamos. E teatro envolve aceitação, de você mesmo e do outro. Por isso, vamos começar a nos conhecer melhor. O primeiro exercício é simples. Vou pedir que vocês apenas olhem nos olhos uns dos outros. Apenas isso, em silêncio.

Olhar do olho. Que droga de exercício era aquele? E por que raios ela tinha que fazer com Draco Malfoy. Poderia ser com qualquer outro ali, menos com ele. Não queria encará-lo, não queria sequer ficar no mesmo espaço que ele.

–Vem, sangue-ruim. Vou te dar uma colher de chá hoje, mas não se apaixone.

Mione revirou os olhos. Como gostaria de ser mais violenta e alguns momentos. Queria dar uns tapas naquela doninha naquele momento, mas se limitou a fitá-la com todo ódio que tinha. Já que seria obrigada a olhá-lo, pelo menos faria com que ele sentisse o quão desprezado ele era.

O loiro sorriu sarcástico. Aliás, o rosto todo de Malfoy era sarcasmo puro. Sarcasmo e arrogância. Mas algo brilhava diferente no cinza de seus olhos. Aliás, Hermione nunca tinha notado que os olhos do loiro oxigenado eram cinza. Não que isso importasse, afinal eles se detestavam, mas se perguntassem, depois de dar de ombros, ela provavelmente diria que eram azuis ou verdes, como a maioria dos loiros.

Mas não Draco Malfoy.

Em sua íris, havia apenas cinza.

Não, havia algo a mais do que apenas o cinza.

Hermione não conseguia entender exatamente o que via, mas ela definitivamente via algo a mais do que apenas aquelas cores. Via algo a mais do que aquela expressão arrogante. Por sinal, onde estava a expressão clássica de Malfoy? Ele não parecia o mesmo – não parecia olhar para Hermione da forma que sempre fizera.

Era como se Mione olhasse um loiro oxigenado que não conhecia, que não detestava. E, por algum motivo, sabia que Malfoy a olhava como outra morena dos olhos castanhos, como outra nascida trouxa, que ele não insultava. Eles não se conheciam, dissera Sibila, não? Não, Hermione não conhecia aquele cinza, não conhecia um Draco Malfoy que não a olhava com desprezo. Não seria um Malfoy se assim o fosse.

–Agora quero que vocês façam um movimento, qualquer um. Algo que, depois de olhar seu parceiro por tanto tempo, vocês sintam vontade de fazer.

A voz de Sibila tirou Hermione daquele universo por um instante, mas sua mente logo voltou ao planeta cinza que eram os olhos em sua frente. Um movimento; ela precisava de um movimento. Mas que tipo? Um passo de dança? Um abraço? Não; não era nada daquilo que seu corpo sentia vontade.

Vontade.

Tinha algo dentro de Mione que borbulhava, mas ela não sabia exatamente dizer o que era. Talvez devesse apenas esperar pela ação de Draco. Ele sempre fora mais desinibido; provavelmente saberia como agir naquele momento e acabar com o exercício. Mas de alguma forma, a morena conseguia ver pela forma com que o loiro apertava seus olhos que ele também não sabia o que fazer.

Não; na verdade, Malfoy sabia o que queria, mas havia algo dentro dele que o impedia de fazer. Existia uma luta interna dentro dele – o fazer e o não fazer –, e de certa forma, Hermione sabia que o movimento dele envolvia toque. Por isso a luta interna – um Malfoy jamais tocaria uma Granger. E doía-lhe admitir, mas naquele momento, Hermione até gostaria de ser tocada.

“Ai que confusão”

A morena respirou fundo, sabendo que o loiro não terminaria o exercício. Se ele não tomaria atitude, ela assim o faria. Tomou coragem, enquanto sentia o novo ar chegando a todas as pontas de seu corpo. Devagar, ela deu um passo a frente e, como em sincronia, Draco também se aproximou.

Aconteceu rápido demais.

Quando Mione viu a movimentação da mão de Draco na direção de seu rosto, bem como a aproximação do rosto do próprio loiro, um misto de medo e desejo tomou conta da garota, de forma que ela se sentiu obrigada a virar de costas para o loiro.

Draco parou onde estava, como se acordasse de um transe. Talvez tenha sido pela perda de ligação com os olhos de Granger. Ele precisou olhar para os lados para ter certeza de onde estava e do que estava acontecendo, sua mente a milhão com o que acabara de acontecer... Com o que quase acontecera.

O Sonserino sabia que precisava se livrar de seus pensamentos, mas que precisava finalizar o exercício. Colocou então a mão sobre o ombro da garota por alguns instantes. Aquilo deveria ser o suficiente para liberá-lo de olhar novamente para Granger.

A morena se permitiu sentir o toque do loiro e, quando ele a soltou, afastando-se então, ela não conseguiu evitar olhar para trás, perguntando-se porque ele partira tão rápido. Mas então, já com a distância em que o garoto estava, ela se lembrou de que era Draco Malfoy.

Não importava o que acontecera naquele exercício.

Ele ainda era Draco Malfoy.

[ - ]

A professora Sibila liberou a turma ao final da aula, distribuindo os prometidos roteiros para cada um dos alunos. Pediu então que estudassem com afinco se quisessem realmente um papel de destaque, ao que Hermione riu por dentro. Com certeza ela estudaria o texto, não por querer ser a mocinha da trama, mas apenas por ser Hermione Granger.

–Sr. Malfoy, Srta. Granger. Posso falar um instante com os dois? – Hermione já estava quase na porta quando escutou o chamado, e não pode deixar de ficar surpresa ao ser colocada na mesma conversa com Malfoy. A morena disse a Gina que a encontraria no Salão Comunal, dirigindo-se então à professora, sem saber o que esperar. – A professora McGonagall pediu para que os senhores fossem a sala dela assim que a aula terminasse. Entendo que vocês estejam cansados, e eu mesma não sei qual o motivo, mas ela disse que é preciso.

A morena agradeceu o aviso, virando-se então para partir o mais rápido de pôde. Não queria dividir mais nenhum momento a sós com Malfoy. O loiro não pensava diferente. Apesar de ambos estarem se dirigindo para o mesmo local, ele esperou que Hermione se afastasse o suficiente antes de começar a andar. Seria ruim demais para sua reputação ser visto perto daquela sangue-ruim.

Mas mesmo a distância, Hermione sabia que ele a seguia, e Draco sabia que ela estava pensando no exercício que fizeram juntos, pois ele também não tivera o que acontecera da mente. Era confuso, mas também era instigante. Nenhum deles entendera o que havia se passado e os dois queriam perguntar, queriam falar sobre os pensamentos que correram de uma mente para outra.

Mas entre eles, alguns metros de distância e silêncio.

Nada além daquilo.

Nem quando se sentaram a frente de McGonagall, eles se olharam em cumplicidade, sem saber o que esperar. Apenas ficaram em silêncio, mesmo que o receio e a curiosidade queimasse o interior de ambos.

–Como os dois começaram a fazer o curso de teatro o horário de monitoria de vocês irá mudar. Nos dias em que tiverem o curso, vocês ficarão até mais tarde monitorando juntos o castelo, começando por hoje. O tempo de monitoria continua o mesmo, a duas horas de sempre, mas ela começa a contar do final da aula de teatro de vocês.

A garota ficou em estado de choque. Não sabia se entendera direito. Fazer monitoria, com Draco Malfoy? Mas porquê? Ninguém estaria fora da cama depois do horário. Não havia necessidade de trocar seu horário. Todos os outros monitores faziam o serviço. Aliás, Hermione sequer continuaria no teatro, não precisaria fazer ronda com Malfoy.

–Só nós dois vamos ficar de monitoria fora de horário? – Draco observou Hermione de cima a baixo, o olhar em misto de desprezo, medo e confusão. O problema do loiro claramente não era ficar até mais tarde andando pelo castelo, mas sim a companhia.

Era óbvio que a fuinha tirava proveito do seu distintivo de monitor.

–Sim. Vocês foram os únicos monitores a se inscreverem no curso. Algum problema? – o garoto não disse nada. Hermione, por outro lado, tinha vários problemas, mas tudo seria resolvido quando desistisse do curso. Não precisava discuti-los naquele momento; apenas seguiria as ordens da professora e faria a ronda fora do horário naquela noite. Com o silêncio dos dois, Minerva continuou – Melhor assim. Agora, podem ir. Boa noite.

Hermione se levantou e deixou da sala em silêncio, seguida por Draco, que fez o mesmo. Já fora do aposento, longe do campo de visão de McGonagall, o loiro pegou a garota pelo braço, forçando-a a olhá-lo.

–Não é porque teremos que monitorar o castelo juntos que seremos amigos, ouviu, sangue-ruim? – a morena chacoalhou o braço, forçando-o a soltá-la. Esfregou o local apertado com força, mas não desviou o olhar. Encarou Malfoy com empáfia, como sabia que devia fazer.

–Quem disse que eu quero sua amizade?

Ela não esperou qualquer resposta, voltando então a andar. Sabia que não havia nada que pudesse fazer. Acatara com as ordens da professora, portanto teria que suportar Malfoy pelas próximas horas. Talvez até aguentasse aquela tortura se o garoto ficasse em silêncio, mas a doninha não conseguia conter aquela sua voz irritante.

–O que você tem com o Aaron?

–Isso te importa?

–Quando sou obrigado a escutar seu nome nojento por horas, sim. – realmente, Malfoy não era capaz de segurar aquela língua. Ao invés de ficar calado, ele tinha que fazer daquele momento o pior possível. Não era possível que ele se divertisse de verdade com aquela situação.

–Não tenho nada com ele, e jamais teria, porque ele é um sonserino arrogante como você.

–Ou será porque você gosta de outro sonserino arrogante? – o sarcasmo, ironia, o que fosse, que Draco colocava em sua palavras irritava a morena profundamente. Ela sentia a vontade de bater-lhe subindo pelas suas entranhas, mas precisava se controlar. Sim, ela tinha que se controlar. Ele não valia qualquer sujeira em suas mãos.

–O que você tá falando?

–Eu vi nos seus olhos.

Hermione parou de andar, absorvendo as palavras do loiro. Malfoy também parou, sem conseguir deixar de olhar a garota. A bem da verdade, ele mesmo estava tentando entender as palavras que acabara de falar. Em geral, apenas insultaria a garota, sem sequer lembrar depois o que dissera, mas pensando no seu discurso, em nada aquilo parecia uma ofensa.

Parecia mais uma tentativa desesperada em tratar sobre o assunto.

Não, ele não estava desesperado.

–Você está louco. – a morena balançou a cabeça, tentando afastar seus próprios pensamentos confusos e voltou a andar.

Foi tudo muito rápido. Talvez por estar balançando a cabeça, os passos de Hermione vieram em falso, de forma que ela tropeçou em seu próprio pé, começando então a cair. Como Draco havia parado perto da garota, foi na direção dele que ela caiu. O loiro, por reflexo, segurou-a, ficando então a morena presa em seus braços.

–Você está bem?

–Estou.

Os olhos dos dois estavam fixos um no outro, cinza e castanho se encontrando novamente, em meio ao silêncio ao redor deles e o barulho interno de cada um. Pensamentos voavam de uma mente a outra. Mesmo que eles não conseguissem exatamente acompanhar a sequencia, era como se conversassem sem palavras.

–Não. – a garota se pôs em pé, livrando-se dos braços do loiro. Livre então estava a mente de Draco. Ele chacoalhou a cabeça, como se realmente estivesse até então sobre algum efeito mágico. A morena o fitou, esperando por alguma ofensa, mas ela não veio. O loiro parecia confuso demais para sequer pensar em uma palavra.

Não disseram mais nada durante o resto da ronda. Apesar de andarem juntos, mantiveram uma distância segura entre seus corpos. Não trocaram olhares; apenas seguiram pelo caminho. Hermione deixou que Malfoy liderasse, apenas seguindo-o então, para que não precisassem discutir sequer o caminho pelo qual fariam a monitoria.

–Deu o horário. – Malfoy disse ao final da ronda, mas não se despediu. Apenas desapareceu da vista da garota, como deveria ser. Sem sua presença, a garota pode enfim respirar aliviada. Seguiu então em direção de seu salão comunal.

Assim que chegou, foi logo dormir. Trocou o uniforme pelo pijama e se jogou em sua cama. Pelo cansaço que estava, não demorou a cair no inconsciente. Naquela noite, ela sonhou com o loiro oxigenado e a tal da peça de teatro. Ela era Julieta e ele seu Romeu. Mione assistiu sua mente encenar a trama em sonho, mas assim que as imagens mostraram um beijo entre a grifinória e o sonserino, a garota acordou.

Ainda era relativamente cedo, mas Hermione não conseguiu voltar a dormir. Não com sua mente pensando no sonho que tivera. Ela precisava sair dali. Precisava ter certeza que jamais beijaria Draco, nem mesmo numa peça de teatro.

Precisava abandonar o curso.


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Notas finais do capítulo

Olá leitores queridos. Eu sei, eu sei, faz muito tempo. E a maioria dos meus leitores nem devem mais usar o Nyah. Mas aqui estou eu, anos depois, de volta com esse projeto que, sim, eu preciso e vou terminar. A única coisa que tenho a dizer nesse momento é que prometo uma trama mais madura e capítulos melhor escritos. Espero que se divirtam com esse projeto tanto quanto eu quero me divertir.



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