PDV: Katy.

– Querida, desculpe por ligar assim tão cedo. Estava dormindo? - perguntou titia pelo telefone.

– Na verdade, eu não consegui dormir. Tive pesadelos a noite toda. - menti.

Na verdade, eu não consegui dormir mesmo. Mas eu estava confusa, eu amo o Derek, mas ele me decepcionou e eu tô tentando superar isso. E a presença do Kyle me faz esquecer todos os problemas e me faz concentrar justamente nele.

– Sinto muito. Tente dormir.

– Eu não estou com sono, tia, não se preocupe.

Ela respirou fundo.

– Ok. Eu e seu tio já estamos indo para o Brasil. Mais tarde, dê uma passadinha lá.

– Pode deixar. - disse.

– E eu gostaria de fazer contato com você pelo e-mail. Poderia responder minhas mensagens sempre que puder?

– É claro, tia!

– Ok, até logo.

– Até, boa viagem!

– Obrigada!

E então, desligamos.

Passei no quarto para verificar se Kyle ainda estava dormindo, e estava. O rosto dele parecia que era esculpido por anjos, tirando a cabeleira bagunçada dele. Dei um risinho.

Peguei minha toalha e fui tomar um banho.

Após o banho, me enxuguei, mas eu tinha esquecido de pegar a roupa. Me enrolei na toalha e abri a porta do quarto.

– Bom dia! - disse Kyle.

– Ér... Bom dia! - disse sem graça.

Fui até o guarda-roupa, peguei as roupas e levei até o banheiro rindo. Ele me chamava de louca e me perguntava: "Por que você tá rindo? Você tá bem?".

No banheiro, coloquei a roupa e depois saí. Ele ainda estava deitado na cama.

– Ok, Kyle, como você já sabe de toda a situação, hoje nós vamos ter um dia... agitado. - disse.

– Como assim? - perguntou.

– Nós vamos fazer compras, na casa dos meus tios e depois restaurante.

– Ok.

– Muito bem, vá tomar seu banho. disse pegando uma toalha para ele.

– Ok. - disse ele se levantando, pegando a toalha e indo no banheiro.

Saí do quarto e fui preparar alguma coisa para a gente comer. Preparei um suco de limão e coloquei em cima da mesa juntamente com alguns biscoitos recheados com chocolate.

Me lembrei de todos aqueles momentos que eu tive com o Derek e depois com o Kyle. Aquilo foi mexendo comigo até que entalou na garganta. Fui até a sacada, só para respirar algum ar freco e ele saiu.

– Hey! O que você tá fazendo aí? - perguntou vindo na minha direção.

– Nada, eu só... tava me sentindo meio sufocada. - respondi.

Ele me abraçou. O sufoco, de repente, acabou, como se fosse em um passe de mágica. De repente, ele me soltou e todo o sufoco voltou.

– Vamos entrar e tomar café? - convidei.

Nos sentamos na mesinha e comemos. Ficamos em silêncio.

Havia alguma coisa na minha garganta (e eu não sabia o que era e que poder essa coisa tinha) tentava me fazer desabafar, jogar para fora, tudo o que se passou comigo e o que eu pretendo fazer em relação á isso. Me segurei, o máximo que eu pude ficando em silêncio absoluto. Praticalmente, durante o café da manhã, não trocamos nenhuma palavra, apenas ficávamos olhando um para o outro em expectativa para que alguém ali quebrasse o silencio.

– Katy, tem alguma coisa que esteja acontecendo com você e eu possa ajudar? - perguntou Kyle preocupado.

Sim!

– Não, Kyle, fica tranquilo, eu só tô com um pouco de dor de cabeça. - disse.

– Na verdade, você parece estar triste. É por causa dele?

Exatamente!

– Kyle, eu só tô com dor de cabeça.

– Dá pra parar de mentir? Eu sou o seu amigo e tô aqui pra te ajudar. Pra que você acha que eu vim aqui ontem?

Fiquei em silêncio.

– Katy, eu sei que é por causa dele e eu quero te ajudar em relação á isso. Você tá tentando desencanar o mais rápido possível, e isso demora algum tempinho.

– E o que eu faço, Kyle?

– Esqueça um pouco das suas responsabilidades.

– Tá, e como faremos para nos divertir?

– Bem, não quero parecer um chato, mas e se fossemos para uma balada qualquer?

– Eu não gosto de baladas.

– Podíamos fazer o que então?

Apenas respirei fundo.

– Vamos ir na casa dos meus tios então. Espera só um pouquinho que eu vou pegar a chave da casa e meu biquini.

Fui até o meu quarto e peguei o biquini, preparando uma bolsa com uma roupa que eu possa usar mais tarde, toalhas e produtos de higiene pessoal. Peguei a chave da casa e então fomos para lá.

Na casa, Kyle não deixava de olhar para cada canto da casa. Peguei uma bermuda do meu tio e emprestei para ele. Ele foi colocar a bermuda primeiro enquanto eu ficava esperando do outro lado do banheiro. Quando ele terminou, obviamente abriu a porta e saiu de lá.

Era o paraíso ficar vendo seu peiotoral definido, apesar de não ser BEM definido, dava pro gasto. Era perfeito do mesmo jeito. Dei um risinho interno.


POV: Kyle.

– Você me espera só um pouquinho? - perguntou Katy.

– Claro! - respondi.

Ela entrou no banheiro. Fiquei imaginando seus olhos castanhos chocolates, penetrantes e irresistíveis, na minha cabeça. Era impossível não se render á aqueles olhos.

De repente, a porta foi aberta, e ela saiu de lá.

– Vamos então pra piscina! - disse.

Fiquei emboquiaberto. Tá bem, admito que fiquei assim por causa do corpão dela. Apesar dela não ter um corpo igual á das famosas, ela ainda era perfeita. A minha tentação.

De repente ela olha para trás e pergunta:

– O que foi?

– Nada não, deixa quieto... - disse sem graça.

Ela deu um risinho e continou a olhar para frente. Quando chegamos, ela abriu uma porta de vidro jateado e lá estava a piscina. Ela começou a encher e a ligar a hidromassagem para esquentar e depois Ligou o ar condicionado e nos sentamos perto da piscina, batendo os pés na água.

– Katy, você tá bem? - perguntei.

– Você diz fisicamente ou emocionalmente?

– Os dois, se preferir.

– Bem, fisicamente eu acho que sim e emocionalmente, mais ou menos.

– Como assim "mais ou menos"?

– Eu tô tentando me libertar dele, sabe? É difícil esquecer ele.

– Eu sei que a primeira paixão parece a única e é difícil superar. - disse.

– Ele foi a única pessoa que ficou do meu lado todo esse tempo, me fez cicatrizar a cicatriz da morte dos meus pais que ficou no meu peito e o pior de tudo... Estava retribuindo. Pelo menos, tudo isso era apenas um teatrinho dele. Eu fico tão magoada só de pensar que todo esse tempo era tudo uma mentira.

– Mas... Você consegue perdoar ele?

– Kyle, ele matou meus pais, mentiu para mim, fingiu todo esse tempo. Você acha que eu vou desculpá-lo?

– Mas é tão impossível de você perdoar ele?

– Eu não sei. Vai demorar um pouco para mim esquecer toda essa situação ainda.

Eu a abraçei. Ela retribuiu. Quando nos soltamos, a piscina já estava cheia e ela fechou a torneira. Eu peguei ela no colo e a joguei na piscina, logo pulei também. Quando cheguei na superfície, ela pulou em cima de mim, nos fazendo ficar abraçados na água. Quando voltamos na superfície, estavamos abraçados, um ao outro. O sorriso dela me fez sorrir e os olhos castanhos dela penetrou na minha cabeça.

Quando caí em mim, estávamos no segundo beijo, que começou fervorosamente. Logo ela me empurrou, mas eu a segurei comigo, e então ficamos dentro da água, ainda nos beijando. Subimos á superfície quando nos realmente faltou ar. Permanecemos ainda de frente para o outro, e ela me encheu de selinhos um atrás do outro.

Fiquei imaginando se eu me declarasse hoje para ela. Ela parece sentir os mesmos sentimentos.

Mais ou menos na hora do almoço, ela pegou uns pedaços de torta da geladeira da tia dela e comemos na sala de jantar.

– Imagino que você esteja cansado demais para voltar para a piscina, né? - disse Katy.

– É, eu estou um pouco cansado. Mas eu volto lá se você for comigo.

Ela deu um sorriso.

– Que tal agora irmos ao shopping? - perguntou. - Vamos comprar algumas coisinhas para a gente.

– Ok. - disse.

Terminamos de comer e fomos trocar de roupa. Ela pegou a bermuda do meu tio e colocou noo varal da lavanderia.

Quando fomos embora, em um taxi, ela pegou minha mão e entrelaçou com a minha. Ficamos um bom tempo encarando nossas mãos. E eu ficava pensando em qual seria o momento ideal em que eu poderia me declarar.

No shopping, eu a seguia em todas as lojas com ela. Saímos de lá com umas cinco sacolas.

No apartamento dela, ela exprimentou todas suas roupas e sapatos para mim. Poderia jurar que eu estava me segurando na cama dela para não segurá-las nos braços e beijá-la mais ainda. Tinha a impressão que estava piorando a situação.

Mais tarde, Alex chegou, comeu um pouco, tomou um banho e foi dormir. Eu e Katy fomos para um restaurante formal (não daqueles chiques como a amiga de Katy, a Amy nos convidou para ir). Lá, eu decidi que seria o momento certo de me declarar com ela, por isso, estava escolhendo as palavras que eu poderia dizer.

– Ér... Katy? - começei.

– Sim?

– Eu... eu tô gostando de uma garota.

Ela pareceu um tanto desapontada. Respirou fundo e continuou:

– E você quer conquistá-la, certo?

– Sim.

– E ela é bonita?

Que pergunta mais óbvia.

– Pra caramba.

– E qual é o problema? Ela tem namorado?

– Bem... Tinha.

– E daí?

– Acho que depois dela ter aquele namorado, ela não vai querer mais nenhum.

– Você já conversou com ela?

– Já. Converso com ela todo dia.

– E nunca se declarou?

– Não. Acho que, apesar dela parecer retribuir, seja só... uma quedinha.

– Eu acho que você devia falar com ela, sabe? Quem sabe ela não sente o mesmo. Mulher é uma coisa complicada, ela omite muito seus sentimentos. Se você falar com ela, tenho certeza que ela vai acabar falando que, talvez, goste de você também.

– Você acha mesmo?

– Mas é claro! - disse olhando para o relógio. - Ah! Eu tenho que ir. Prometi para Alex que estaria em casa ás oito. - disse se levantando.

– Tudo bem. Amanhã eu vou visitá-la, ok?

– Não! Na verdade, é, não vou estar em casa, eu vou sair com a Alex... - disse ela logo que eu terminei e se confundindo toda.

– Tudo bem, talvez depois de amanhã.

– Não será necessário. Use esses dias para conquistar a sua garota. - disse indo embora.



POV: Katy.

Aquelas palavras dele me atingiram como bomba. Uma outra garota. Uma. Outra. Garota.

Meu coração se partiu ainda mais. Quando deixei o restaurante, peguei um taxi e fui para o meu apartamento. Como Alex nem acordada estava - e eu precisava dela acordada - Apenas troquei de roupa e chorei a noite inteira no travesseiro.