Fechei a loja às seis e voltei com meu Volkswagen verde para casa. Estacionado em frente a meu jardim estava o carro dele. Chegou primeiro que eu... E como tinha entrado? Eu tranquei tudo antes de sair! Entrei em casa e tudo estava no mais perfeito estado, com exceção da janela da sala que se encontrava aberta. Pulou minha janela! Que abuso!

         Corri para meu quarto e lá estava ele. Sentado de pernas cruzadas e (para o meu delírio) sem camisa. Eu estava sem fôlego e com muita raiva dele. Em uma de suas mãos eu pude ver o CD. Na capa havia uma mulher gritando: Franz Ferdinand. Ville sorriu para mim, o que deixou ainda mais sem fôlego... Eu morreria sem ar.

         -Eu te avisei que não iria mais querer competir comigo.

         Não consegui dizer nada. Ele era o homem mais convencido e maravilhoso do universo...

         -Você quer isso que está em minhas mãos?

         Acenei positivamente.

         -Eu já entendi. Você não me quer mais... Toma. Divirta-se com ele.

         Levantou-se e começou a andar em direção a porta. Eu estava desesperada! Ele não iria me deixar! Não podia fazer isso comigo!

         -NÃO! Você não pode fazer isso comigo!

         E pulei em cima dele como nunca pulara antes e o agarrei com toda minha força. Lágrimas deslizaram por meu rosto quando pensei que ele estava mesmo indo embora. Fechei os olhos enquanto choramingava:

         -Não Ville... Não faz isso comigo... Eu te amo. Te amo muito! Não pode me deixar... Não pode fazer isso comigo... Eu pensei que se eu terminasse com você eu não me sentiria tão idiota e obsessiva por pensar em você o tempo todo... Por favor, não me deixe! Por favor, por favor, por favor...

         Ele me beijou e fez meu choro bobo parar. Abraçou-me e acariciou meus cabelos.

         -Amor, eu nunca pensei em te deixar. Eu só estava indo até a sala para ver TV!

         Frustração... Raiva... Tudo isso me percorreu naquele momento. E um alívio enorme também. Ele não estava me deixando!

         -Desculpa se a brincadeira foi muito forte, amor... É que gosto... Aliás... Adoro estar na sua mente ver você se derretendo por mim.

         -Você é mau comigo...

         -Eu preciso de você... – Disse-me com aquela voz hipnotizante e sem-vergonha – Eu preciso ouvir na sua mente o quanto você me ama. Acho que não sobrevivo sem isso.

         -Você foi terrível comigo... Muito terrível! Esse foi o pior momento da minha vida inteira!

         -Desculpe... Desculpe... Eu não previ que você faria isso! Como posso me redimir?

         Parei para pensar alguns segundos. Eu poderia ter tudo agora.

         -Pode começar me carregando até a sala pra gente ver um filme...

         Ele sorriu para mim; o sorriso que me fazia sorrir também.

         -Como queira, minha princesa... Como queira.

         -E eu quero ficar com o CD.

         -Não. E não vamos discutir sobre isso.

         Antes que eu pudesse protestar mais, ele me levou em seus braços até a sala e não me deixou dizer mais nada.