Mind Readers escrita por lovemyway


Capítulo 28
Capítulo XXVII


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu tô com uma Fanfic nova. Ela só tem três capítulos (porque eu não quero me desviar dessa daqui) e eu já postei dois deles. Se quiserem ler, o link é esse aqui:
https://www.fanfiction.com.br/historia/228167/Letters_From_The_Sky



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Capítulo XXVII




Rachel Berry

Flashback On

"Mãe" choramingo, aconchegando-me em seus braços e deixando as lágrimas caírem livremente pelo meu rosto. "Dói tanto! Faz passar, por favor!"

"Vai ficar tudo bem, Rachel" diz minha mãe, afagando desajeitadamente minhas costas.

"A senhora me ama?" pergunto, abraçando-a com um pouco mais de força e esperando ouvir algo que me conforte.

"Claro que sim, querida. Você é minha filha, não é?"

E eu acredito no que ela diz. Sinto um calor em meu peito, como se tudo não fosse não ruim, como se tudo fosse ficar bem só porque ela está aqui. Abro um pequeno sorriso. Sim, suportar tudo o que está acontecendo comigo no meu colégio é quase impossível, mas se eu tiver minha mãe e meus pais comigo, então eu consigo. Eu vou erguer minha cabeça e seguir em frente, como meus pais me ensinaram a fazer. Como eu sempre faço.

"Eu preciso ir agora, querida" diz a mamãe, beijando minha testa e afagando meu rosto. "Você vai ficar bem?"

"Vou" garanto-lhe. "Promete que vem me ver amanhã?"

"Prometo, querida. Eu prometo" diz ela, sorrindo gentilmente em minha direção.

"Estarei esperando" digo.

*-*

"Onde ela está?" pergunto, sentando-me na mesa.

"Quem, querida?" pergunta meu pai, mas eu percebo que ele está tenso.

"Minha mãe" digo. "Onde ela está? Ela disse que viria"

"Rachel..." sussurra meu pai, soltando um pequeno suspiro.

"Estrelinha" diz papai Hiram, segurando a mãe do pai Leroy.

"Onde ela está?" pergunto, minha voz subindo uma oitava.

"Ela se foi, Rachel" diz papai Leroy.

"Não" nego, balançando a cabeça. "Ela prometeu que estaria aqui comigo. Ela prometeu que não ia me deixar novamente"

"Nós sentimos muito, querida" disse papai Hiram. "É verdade"

Mas não era. Não podia ser! Ela me prometera que não iria a lugar algum! Ela me prometera que nunca mais me abandonaria! E ontem, ela prometera que voltaria para me confortar! Eu não posso fazer nada disso sem ela. Eu não posso suportar a dor do meu coração já partido por Blair. Eu não posso encarar a dor da rejeição. Sinto as lágrimas correndo pelo meu rosto, e pergunto-me o que há de errado comigo. Eu sou tão feia assim? Tão insuportável? Tão irritante? Será que só sirvo para ser usada pelas pessoas? Blair para ganhar uma maldita aposta, minha mãe para curar sua dor na consciência de ter me abandonado. Talvez ela pense que me vendo feliz, ela não se sinta tão culpada. Mas a felicidade acaba, e ela foge novamente. Será que eu posso fugir? Será que eu posso correr de mim mesma e nunca mais me encontrar? Será que eu posso desistir? Porque é o que eu quero fazer. Eu quero ignorar as navalhas perfurando meu peito. Eu quero ignorar o nó que se aperta cada vez mais em minha garganta. Eu quero engolir o grito que saí de meus lábios e as lágrimas que caem de meus olhos. Eu quero ignorá-la. A dor. Eu quero que ela desapareça, e que tudo seja como foi um dia. Sem saber como era ter uma mãe, e sem sentir como é ser novamente abandonada. Sem saber como é se apaixonar, e sem ter o coração despedaçado.

"Rachel"

Alguém me chama, mas eu não consigo dizer quem. As palavras dela ecoam em meus ouvidos. "Eu te amo", disse Blair. "Eu nunca vou te abandonar", disse a minha mãe. Elas prometeram. Elas quebraram as suas promessas. E o que resta, agora? Apenas mais uma garota perdida. Porque é assim que me sinto. Perdida. Vazia. Infeliz. Talvez eu mereça tudo isso, afinal. Talvez eu seja uma pessoa tão ruim, que tudo na minha vida precisa dar errado. Meus pais me dizem que elas são o problema, mas começo a acreditar que o problema sou eu. Eu que sou a errada. Eu que sou defeituosa. Ninguém é capaz de me amar. Quem será o próximo a atravessar a porta? Papai Leroy? Papai Hiram?

"Estrelinha?"

Eu saio correndo, desejando poder fazer o mesmo com tudo o que eu estava sentindo. Mas eu não posso correr de mim mesma para sempre, e sei que uma hora vou enfrentar tudo. Agora, no entanto, tudo o que eu quero é esquecer quem eu sou. E é exatamente isso o que faço.

___________________________

Eu sei o que vai acontecer. Eu sei, mas não me sinto preparada. É claro que eu deveria saber, já que isso é a única coisa que ela parece ser capaz de fazer, mas isso não torna as coisas mais fáceis. E eu ainda me pego pensando porquê ela não me ama. Às vezes, eu ainda penso que eu sou o problema. Às vezes, eu ainda perco o sono à noite porque estou pensando nas tantas promessas que ela fez e nunca cumpriu. E agora, que estou sentada em uma mesa numa praça de alimentação do shopping, eu sei que ela está prestes a fugir de novo. Porque mais uma vez, as coisas se tornaram complicadas. Porque mais uma vez, eu me sinto completamente frágil.

Eu vou mudar de escola. Isso é assustador, e não tenho ideia de como lidar com a pressão. Quando eu saí do meu antigo colégio, isso foi uma escapatória. Mas agora, é uma necessidade. Eu preciso sair do meu colégio, ou eu posso estar correndo perigo. As pessoas sabem sobre mim. Eu não faço ideia de como descobriram, mas elas sabem. E agora, quando eu ando pelos corredores, todos apontam para mim e dizem "Olhem lá, é aquela garota lésbica". Eu recebi ameaças. Eles me querem longe do colégio, porque não gostam de olhar para a garota anormal. Isso não me afeta, mas meus pais estão preocupados. Eu não tenho medo de assumir minha sexualidade, mas sei bem como é o preconceito. Eu não gosto de fugir, mas eles me dizem que é necessário.

O diretor foi chamado, mas ele não foi capaz de descobrir quem estava por trás de tudo. Ele garantiu que se soubesse de alguma coisa, expulsaria o responsável. Mas ele não sabia de nada, e eu estava exposta.

"Rachel" murmurou Shelby, sentando-se na cadeira de frente para mim.

"Shelby" digo num suspiro cansado, e tento me preparar para o que estar por vir.

"Você... Você quer comer alguma coisa?"

"Vá direto ao assunto" peço. Eu só quero que isso acabe. Eu só quero que ela vá embora, como sempre.

"Eu sinto muito" diz Shelby, e eu me sinto muito pior do que pensei que fosse me sentir.

"Por quê?" pergunto, embora não queira realmente saber a resposta.

"Rachel, eu... Eu vou adotar uma criança"

"Você o que?" pergunto surpresa.

"Vou adotar um menino"

"E precisa me abandonar novamente para fazer isso?" pergunto irritada.

"Não... Entenda, Rachel, eu já tive minha chance com você, e eu a disperdicei. Você ficará bem melhor sem mim"

"Então é você quem pode decidir isso?" perguntou irritada, e acabo por atrair uma atenção indesejada.

"Por favor, Rachel, perdoe-me. Eu..."

"Você é uma covarde!" grito, sentindo a raiva extravazar de meu peito. "Como quer uma adotar um estranho se não conseguiu ficar nem com a sua própria filha?"

"Rachel..."

"Como você ousa me trocar dessa maneira?"

"Rachel..."

"Por que você voltou, afinal? Gosta de sensação de me ver despedaçando todas as vezes que você saí pela porta?"

"Rachel..."

"Eu te odeio!" grito, apontando o dedo em seu rosto e sentindo as lágrimas queimarem meus olhos. "Eu te odeio! Nunca mais se aproxime de mim!"

Saio correndo, e escuto Shelby gritar por mim. Não quero saber dela. Não quero saber de mais ninguém. A rejeição me corrói por dentro. Por que ela sempre parece me pisar quando eu já estou no chão? Corro para fora do Shopping, e nem sequer vejo por onde passo. Eu poderia estar atravessando a rua, e nem me daria conta disso. Minha visão está embaçada, e as palavras de Shelby ecoam em minha mente, que eu sequer escuto os gritos. Alguém me empurra e eu caio no chão. Escuto um barulho alto. Levanto a cabeça, e vejo uma garota caída ao meu lado. Ela levou um tiro. Um tiro que deveria ter acertado em mim.

"Um assalto" diz alguém. "Fugitivo. Pegou um carro e saiu correndo"

"Oh meu Deus, ela foi baleada!" exclama uma mulher.

"Chamem uma ambulância!"

Meu coração bateu mais rápido no peito. E eu não consigo tirar da cabeça a ideia de que talvez aquilo não tenha sido um assalto, e que a ameaça tenha sido cumprida. Mas eu não morri. O problema é que eu não sabia se poderia dizer o mesmo sobre a garota que tinha arriscado sua vida por mim.

Flashback Off


Eles estavam na cozinha, cantando desafinadamente uma das músicas de Barbra Streisand, e nem mesmo isso teve o poder de me acalmar. Respirei fundo e caminhei até a porta da cozinha, onde parei e cruzei os braços sobre o peito, esperando eles tomarem consciência da minha presença.

"Estrelinha?" disse papai Leroy. "Chegou cedo. O jantar está quase pronto"

"Algum problema?" perguntou papai Hiram, analisando-me. Mexi-me incomodada.

"Vocês sabiam?" perguntei, achando melhor não enrolar.

"Sabíamos do que?" perguntou papai Hiram, e eu vi seus olhos se estreitarem.

"Que ela estava aqui?"

"Quem está aqui?" perguntou papai Leroy, parecendo confuso.

Mas eu não precisei responder, porque assim que perceberam a expressão em meu rosto, tudo se tornou perfeitamente claro. Papai Leroy xingou baixinho e papai Hiram soltou um suspiro audível.

"Onde você a viu?"

"No McKinley"

"O que ela estava fazendo lá?" perguntou papai Hiram desconfiado.

"Ela não foi atrás de você, foi?" perguntou papai Leroy.

"Ela disse que nem sabia que eu estudava lá"

"Mentiras" resmungou papai Leroy baixinho.

"Não se preocupe, Rachel, nós não vamos permitir que ela machuque você" disse papai Hiram.

Soltei um longo suspiro.

Um pouco tarde de mais, papai. Ela já me machucou.

E sem dizer nada, subi para o meu quarto e tranquei a porta. Eu precisava de um tempo sozinha.

Eles não perceberam nada.

Perceberam sim.

Não. Você foi quase... Quase indiferente.

Bem, quando eu quero, eu sou uma ótima atriz.

Isso nos mata por dentro.

Tudo nos mata por dentro.

Somos intensas demais.

Sim, é verdade. Eu só não consigo entender porque ela sempre volta para puxar meu pé.

Não sei, e tenho medo de fantasmas por causa disso.

Eu só queria que ela fosse embora, e dessa vez, para sempre.

Talvez ela vá. Talvez você nunca mais a veja novamente.

Não crie tantas esperanças.

Não é esperança que está fazendo meu peito doer.

Não, não é.

Cansamos de ser rejeitada por ela.

Sim, cansamos.

Não vai acontecer nunca mais.

Nunca mais.

Porque ela está fora da nossa vida de uma vez por todas.

Exatamente.

Fechei os olhos e passei a mão pelo rosto. Eu nem sequer percebera que as lágrimas tinham começado a cair. Talvez eu não fosse uma boa atriz, afinal de contas.

Shelby Corcoran

"Ela me odeia" disse, passando a mão pelo rosto e suspirando.

"Dê um tempo a ela, Shelby. A garota só está surpresa por vê-la novamente" disse Ian.

"Ela me odeia" repeti, balançando a cabeça. "E a culpa é minha"

"Rachel, pelo que você me disse, é uma garota muito determinada. Deixe-a se acostumar com sua presença, e quando ela se sentir pronta, ela vai te procurar"

"E se ela nunca me procurar?"

"Então você a procura"

"Você está certo, Ian. Sobre Rachel. Eu vi, bem lá no fundo de sua mente. Ela tem o potencial"

"Foi o que eu temi" disse Ian, soltando um pequeno suspiro. "Acho que estamos bem próximos da verdade sobre o que somos"

"Isso me preocupa tanto" disse, sentindo as lágrimas caírem de meu rosto. "Como eu queria que Rachel não estivesse envolvida em tudo isso"

"Ela só tem o potencial, Shelby. James também tinha, lembra-se? E ele nunca foi capaz de ler mentes. O potencial está lá, mas isso não significa que a barreira vai ser rompida"

"É por isso que estou apavorada!" exclamei. "Eu sinto que está cada dia mais próximo, e eu tenho medo de não poder protegê-la disso"

"O que somos... Não é tão ruim assim" disse Ian.

"Não?" perguntei sarcasticamente. "Olhe em que nos transformamos, Ian. Em experimentos. Cansei dessa vida dupla. Cansei de ter que abandonar minha filha quando ela mais precisa de mim"

"Você faz isso para protegê-la"

"O ponto é que eu não queria ter que fazer isso para protegê-la!" exclamei irritada. "Se eles souberem sobre Rachel... Eles vão atrás dela, assim como vieram atrás de nós. Eu fui burra, eu nunca deveria ter me exposto, e agora eu sou obrigada a trabalhar para o governo e viver uma vida dupla"

"Você devia contar a ela"

"Não. É como você disse, talvez ela nunca se torne mesmo uma de nós. E eu quero manter Rachel longe disso, ou pelo menos o mais longe que posso"

"Shelby... Eu sei que isso é difícil para você, mas nós não podemos nos desviar do nosso verdadeiro foco"

"Sim... Sim, eu sei. A possibilidade de existir outros aqui, em Lima. Eles deveriam fugir enquanto podem. Deveriam fugir antes que o governo os pegue"

"Nós somos o governo"

"Exatamente. Você seria capaz de encobri-los?"

"Não sei" admitiu Ian. "Talvez nos custasse muito"

"Talvez. Mas você deseja essa vida a mais alguém?"

"Não" disse Ian, balançando a cabeça.

Claro que ele não desejava. Assim que o governo descobre suas habilidades, ele te força a trabalhar para ele. Você não tem escolha. Você faz, e pronto. Se você cumprir suas obrigações corretamente e com eficiencia, eles te deixam aproveitar sua "outra vida" em paz. Quando eu não trabalhava para eles, eu ensinava em escolas e treinava corais. Ganhei muitos troféus por causa disso, e era algo que eu realmente gostava de fazer. No começo, eu pensei que ler mentes fosse um dom maravilhoso. Mas desde que tive Rachel, tudo se tornou um grande pesadelo. A qualquer momento, ela poderia ser uma de nós. A qualquer momento, ela podia ser recrutada e perder a oportunidade de ter uma vida normal. Eu a amava, mas precisava me manter afastada de sua vida. Entretanto, eu ainda era a sua mãe, e aquilo me dóia tremendamente. Respirei fundo. Sim, eu tinha uma missão para cumprir em Lima. E sim, eu faria o possível para ter minha filha perto de mim novamente. Portanto, fui ao colégio em que ela estudava e pedi ao Figgins para me colocar como professora. É fácil arranjar um emprego de fachada quando se trabalha para o governo. O próximo passo foi conversar com Will Schuester depois da reunião do clube do coral. Ele aceitou animado a minha ajuda, e eu aceitei de bom grado a chance de ficar mais perto da minha garota.

"Ela sabe sobre James?"

Quando eu vi James pela primeira vez, eu sabia que ele tinha o potencial. Ele era órfão, e eu decidi adotá-lo. Meus superiores ficaram muito mais interessados quando descobriram no que ele poderia se tornar, mas quando ele acabou sendo apenas um adolescente comum, James foi deixado em paz e pode continuar sua vida o mais normal possível. Era isso que eu queria para a minha filha. Era isso que eu conseguiria para ela.

"Não" admiti.

"Vamos passar algum tempo aqui" comentou Ian. "Ele vem para Lima?"

"Vou pegá-lo no aeroporto em algumas horas. Ele já foi transferido para o McKinley"

Suspirei. Eu nem queria imaginar a cena que Rachel faria ao descobrir quem James era.

"Vai dar tudo certo" disse Ian, apertando meu ombro gentilmente.

Eu gostaria realmente de acreditar que ele estava certo. Mas eu simplesmente não conseguia.


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Notas finais do capítulo

WOOOOOOOOW, Shelby lê mentes *O*, mas ela NÃO é a S. UHUAHAUHAUHA. Ryan Murphy já pode me contratar para escrever a parte dramática da próxima temporada de Glee, porque né! UAHUAHUAHUAH.
E então, mereço reviews? :P