Acordei com um misto de sentimentos. Estava feliz devido aos sonhos maravilhosos que tive, graças ao Giorgio. Mas eu sabia que era só acordar para voltar ao pesadelo. Jake não estava mais aqui. Pior... Jake não queria estar aqui.

Ainda bem que estávamos de férias, não ia aguentar todo mundo me olhando graças ao lindo fora que levei do meu ex-namorado, e com alguma sorte, quando voltasse para o colégio todos já iam ter esquecido isso.

"É claro que vão ter esquecido Sofia, as pessoas costumam ter uma vida!" - Me critiquei por pensamento.

Desci para tomar café-da-manhã, e minha mãe já estava na cozinha. Peguei meu café preto, como de costume e sentei à mesa.

- Vai ao colégio hoje?

- Vou.

- Como suas férias estão animadas filha, vive naquele colégio...

- Passei muito tempo sem ensaiar, já estava ficando enferrujada.

- Quer que eu vá te deixar e buscar? Ou o Jake vai?

- Não.

- Não quer que eu vá te deixar e buscar, ou o Jake não vai?

- A resposta é “não” para essas duas perguntas.

- E porque ele não vai?

- Mãe, estamos brigados, lembra? - Pra não dizer: "Ele me abandonou só porque provavelmente eu iria morrer por culpa dele.”.

- Ainda não fizeram as pazes? Dois cabeças-duras. - Ela se levantou e colocou a louça suja na pia.

- Eu não acho que a gente vá fazer as pazes...

- Ah Sofia, isso é porque você é dramática. Já disse, só precisam de um tempinho longe um do outro, é até saudável.

- Mãe a senhora não entendeu.

- Eu tenho que ir trabalhar, e já que você não quer que eu te dê carona, posso saber com quem você vai ao colégio?

- Vou pedir a Alice pra me levar.

- Tudo bem... Gosto dela. É tão animada!

- Aparentemente ela não é a única animada. O que aconteceu pra estar com todo esse bom humor?

- E precisa acontecer algo? Sofia a vida é bela! Olha esse sol lá fora. - Ela abriu uma das janelas e parecia que era de noite de tão escuro que estava sem contar a chuva forte que caia lá fora. - Tá certo, não tem sol, mas olha que chuva linda! - Ela disse sorridente.

- Mãe a senhora fumou maconha vencida?

- Nem vou ligar pra esse seu comentário. Se não está de bem com a vida hoje, não tenta estragar meu humor. - Ela fechou a janela e pegou sua bolsa em cima do balcão. - Até mais tarde e juízo.

- Até.

Uma mãe normal. Só isso, uma mãe normal era a única coisa que eu pedia. Mas, não posso negar que me deu certa alegria ver ela assim toda contente.

Terminei de comer e fui tirar as coisas da mesa, quando me virei, o susto fez com que eu derrubasse tudo no chão.

- Alice! Tá louca? Quer me matar?

- Você tem sérios problemas de coordenação motora Sofia, sérios mesmo. - Ela sorriu e me ajudou a pegar tudo o que eu tinha derrubado.

- E o que você está fazendo aqui?

- Eu vi você me ligando pra eu te levar ao colégio, resolvi vir um pouquinho mais cedo.

- Um pouquinho? Quer dizer muito mais cedo né. São 7h da manhã.

- É, mas eu não pude vir aqui ontem e eu queria ver como você estava.

- Ah, claro... Tinha esquecido que toda a população de vampiros de Forks ouviu minha conversa ontem.

- Pare de reclamar e de ser tão chata por um segundo. - Alice se levantou e me puxou pelo braço até o sofá. - De verdade, como você está?

- Péssima né Alice. Estou tentando ao máximo não pensar no que aconteceu porque tenho certeza que vou enlouquecer.

- Deve estar desesperada mesmo, até pediu ajuda ao Giorgio...

- Eu sei que foi irresponsabilidade porque a gente ainda não sabe se pode confiar nele.

- Foi uma total irresponsabilidade. Mas eu já tinha visto acontecendo e sabia que ele não faria nada de mal pra você.

- Tem uma coisa que eu queria perguntar.

- Pergunte.

- Agora que eu e Jake estamos separados, você já consegue ver meu futuro com clareza?

- Sabe que não é assim que funciona, você mesma disse pra ele. Não é porque não estão juntos que não estão ligados um ao outro. Parece que só aquele vira-lata não entende isso.

- Alice! - A repreendi por chamar Jake naqueles termos.

- Desculpa.

- Então você não consegue ver se vamos ficar juntos outra vez?

- Infelizmente não. Mas isso é óbvio que vai acontecer.

- E como você tem tanta certeza assim?

- Acorda Sofia! Ele te pediu em casamento. Dê seu jeito, eu quero organizar sua festa de noivado e tudo mais. Eu organizei o casamento da Bella e quer saber? Foi o mais lindo de todos. Quer dizer... Até o seu, eu vou me superar na sua festa, você vai ver. – Comecei a rir.

- Mas o problema é que para casar eu preciso do meu namorado de volta. E essa parte está difícil, está bem difícil na verdade.

- Eu tenho certeza que ele vai voltar. Onde que ele vai conseguir alguém melhor que você? Francamente, já acho você demais pra ele, mas o amor é cego, não vou me meter nessa parte.

- Alice! – A repreendi novamente.

- Tá, desculpa... Mas é que Sofia, ele fede!

- Ele não fede. – Revirei os olhos.

- Fede, e muito. O problema é que seu nariz não sente esse fedor. Acho que o amor além de cego é inodoro.

- Você é louca. Definitivamente, você é louca. – Me levantei rindo e fui em direção ao meu quarto trocar de roupa.

Era só ficar sozinha para a melancolia de não ter mais Jake voltar. Acho que precisava ficar com alguém 24h no dia pra não me deixar lembrar esse trágico fato.

Sempre que entrava no quarto ficava olhando para a janela. Gostava de pensar que ele estava ali, escondido me olhando. Observando eu tropeçar no mesmo estúpido degrau toda vez.

Eu sabia que isso não era verdade. Não havia nada ali além das árvores. Mas eu ainda podia imaginar que era real.