Highway To Hell - Seven Days escrita por ManuLem


Capítulo 2
Dia 02


Notas iniciais do capítulo

enooooooooorme pra variar, desculpem ):



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DIA 2

Eu acordei mais cedo e tratei logo de tomar meu banho antes que os outros acordassem, os filhos de Hermes conseguiam ser muito irritantes em questão de banheiro. Coloquei uma blusa do acampamento uma calça jeans e um all star e sai. Não estava muito a fim de fazer nada, afinal pelo jeito eu já ia voltar para o inferno mesmo. Fui à cabana de armamentos procurar uma nova espada. Novamente eu me vi tentando escolher uma que não fosse nem tão leve nem tão pesada. Eu já havia me acostumado com a minha antiga espada. Peguei uma media que ficou razoavelmente bem comigo e sai. Fui em direção à praia e me sentei lá cravando a espada ao meu lado. Eu me lembro de quando eu cheguei aqui. Eu era simplesmente horrível em qualquer atividade que envolvesse armas. Uma vez eu quase decapitei Quíron. Então eu comecei a treinar até conseguir vencer alguém, mas eu nunca achei a espada certa. Porque ela nunca foi construída para mim. Porque eu nunca fui proclamada, e nunca vai ser construída porque eu nunca serei proclamada. Eu suspirei com aquele pensamento. Talvez meu pai ou mãe olimpiano não tivesse orgulho de mim, o que era totalmente compreensível. Eu não sabia fazer nada de mais. Não era a melhor espadachim, não era a melhor arqueira, ou a melhor lutadora. Talvez fosse por isso que eu quando morri não fui levada aos Campos, eu não era uma humana normal, mas também não era oficialmente uma semideusa. Eu me obriguei a sair de meus devaneios antes que eu começasse a chorar, quando olhei em volta vi que a praia já estava cheia, eu me levantei tirando a areia da calça. Peguei a minha espada e comecei a caminhar na orla da praia. A floresta começava aparecer ao lado quando eu vi duas sombras correndo. Eu saquei minha espada e entrei o mais silenciosamente possível na floresta, eu olhei onde as sombras estavam e pude ver que eram duas pessoas. Aproximei-me e me abaixei de modo que não pudesse ser vista, e fiz isso na hora certa quando vi que a garota de cabelos dourados beijava o garoto de cabelos negros. Eu dei um sorriso à cena.

 — Finalmente. – Agradeci, me colocando no campo de visão dos dois – pelos Deuses. – eles se separaram rapidamente, pude ver os dois corarem rapidamente.

 — O que você esta fazendo aqui? – Perguntou Percy completamente vermelho. Eu dei uma risada.

 — Vendo a formação do casal ternurinha. – Expliquei ainda rindo pela expressão de envergonhado dos dois. – Ah, vamos podem continuar finjam que eu não estou aqui. – Eu disse mandando os dois se juntarem com as mãos. Annie me deu um soco.

 — Boba. – Acusou, eu os abracei juntos pelos ombros.

 — Ah. Sempre soube que vocês acabariam juntos. – Afirmei dando meu melhor sorriso. Porque, sim, eu queria os fazer sentirem constrangidos, era engraçado. Talvez eu seja só um pouco má.

 — E você e o Nico. – Contrapôs Percy e eu franzi o nariz os soltando.

 — Nem, tô voltando para o inferno sexta-feira mesmo. – Eu disse começando a andar. Senti alguém segurar meu braço e me virar, dei de cara com Percy.

— Como assim? – Ele perguntou parecendo um pouco desesperado.

— Hades me mandou aqui pra cumprir uma missão em sete dias, já se passaram um, então faltam cinco, contando hoje como o sexto dia o que vai cair na sexta feira já que hoje é domingo. – Eu disse me confundindo e tentando contar nos dedos os dias, mas é ia cair na sexta. Boa coisa para se fazer numa sexta feira à noite.

— Então você vai voltar? – Perguntou o Percy, eu o olhei com um pouco de pesar e afirmei com a cabeça. Ele me envolveu com seus braços num abraço apertado.

 — Minha pequenina. – Sussurrou, me soltando.

— Tá tudo bem, sério. – Eu disse entortando a boca numa careta.

— Vai dar tudo certo. – Disse a Annie segurando o braço do Percy. – Agora, a gente
Tem arco e flecha. – Ela disse o puxando. Eu acenei com a mão enquanto eles desapareciam. Eu olhei em volta e aspirei o ar. Eu ia sentir falta daquele aroma fresco das árvores. Quando pensei no assunto, vi que o melhor a fazer era ir me despedindo de tudo já que eu possivelmente nunca mais os iria ver. Comecei a andar em direção a arena quando vejo duas outras sombras. Novamente eu me abaixei de modo que não pudessem me ver, aquele acampamento me deixou com a impressão de que qualquer coisa que se mova esta a espera da minha cabeça em uma bandeja de prata. Eu me aproximei um pouco e novamente vi duas pessoas. Mas aquela imagem fez meu mundo desabar. Nico estava sentado com uma garota em um tronco, ele a estava beijando. Eu tive vontade de chorar, eu tive vontade de sumir, tive vontade de voltar para aquele buraco onde Hades havia me enfiado onde eu só sentia saudade e não dor. Eles pararam e ele a ficou olhando. Eu conhecia Nico suficiente para saber que ela não era só uma menina com quem ele estava ficando, e aquilo me machucava ainda mais. Ela o olhou um pouco zangada.

— Ontem você ficou o dia inteiro com ela. – Ela disse cruzando os braços e fazendo beiço. Nico soltou uma risada.

— Ela acabou de voltar, é minha melhor amiga. – Ele disse a abraçando pelo ombro, pude ver que eles falavam de mim.

— É, mas antes você nunca nem olhava para mim por conta dela, tenho medo agora que ela voltou. – A garota disse, e mais uma vez meu coração se apertou. A garota parecia realmente gostar do Nico, e aquilo que ela falou fazia sentido, eu me senti mal por ela.

— Não seja boba. – Ele disse sorrindo e a encarando, ela deu um pequeno sorriso. Ela ainda estava com medo de perdê-lo. Naquele momento vi o quanto egoísta eu fui por querer o Nico para mim. Eu era a garota rebelde sem causa que nem o pai ou mãe quis proclamar, eu tinha quase sido expulsa do acampamento, eu era uma órfã que tinha acabado de voltar do inferno, eu não era realmente a pessoa ideal para Nico. Aposto que aquela era uma boa menina, e eu sabia que ela podia fazer Nico feliz, era hora de pelo menos uma vez na vida eu ser um pouco altruísta. Eu me levantei, deixando meu coração no chão e me colocando no campo de visão dos dois, eu treinei meu melhor sorriso. É eu era boa naquilo, já o havia feito tantas vezes antes. Eu pigarreei. Nico se virou para trás enquanto a menina olhava por cima do ombro dele. Quando me reconheceu ele se levantou com uma pequena expressão de desespero na cara. Ele nunca gostou que eu o visse ficar com meninas, pois assim ele não teria que me ver ficando com os meninos.

— O que esta fazendo aqui? – Ele perguntou se aproximando. Eu aumentei o meu falso sorriso. Vamos lá Nate, você consegue. Pelo Nico.

— Porque não me disse que estava namorando? – Eu perguntei o passando e ficando de frente para garota. – Oi, eu sou Natalie Greely. – Eu disse esticando a mão para cumprimentá-la, ela me olhou com desdém. Mas apertou minha mão.

— Sou Kristen Buaiz, filha de Hefesto. – Ela disse dando um sorriso desdenhoso era minha impressão ou ela tinha dito aquilo para me atingir? Certo, de qualquer modo ela ainda era melhor para o Nico do que eu.

— Indefinida. – Eu disse dando de ombros. – Então você é a nova garota do Nico. – Eu disse olhando rapidamente para ele que parecia nervoso.

— Chama-se namorada. – Ela disse se levantando e indo o abraçar pela cintura. – Você deve ter se esquecido de algumas coisas quando estava no inferno. – Ela disse novamente para me atacar. – Soube que você não foi para os Campos, talvez meu sogro não te reconheceu porque você nunca fora proclamada. – Alfinetou, me olhando com uma sobrancelha arqueada.

— É talvez. – Eu disse torcendo a boca. – Bom eu tenho que ir. – Despedi-me voltando com o falso sorriso para o rosto. – Tchau. – Eu disse voltando para o meio da floresta.

— Queridinha. – A menina me chamou, eu me virei. – Não sei se você perdeu a direção, mas a arena fica para lá. – Ela disse apontando ao lado contrario ao que eu estava indo.

— Eu estou caçando. – Eu disse continuando andando. Depois de 20 minutos andando tentando colocar minha mente em um estado primitivo de modo que eu não pensasse em nada eu me deparei em uma clareira. Era até bonita, do chão brotavam flores roxas, eu me sentei e comecei a chorar certo eu não podia mais evitar aquilo, as lagrimas vieram e me derrubaram com força, as flores praticamente me tampavam então se alguém chegasse ali eu teria tempo de secar as lagrimas antes que a pessoa me visse chorando. Que droga! Eu queria viver. Meu corpo ansiava pela vida, como um instinto humano, o da sobrevivência. Pessoas não sabem simplesmente que vão morrer e se contentam com isso. Não é natural. Pessoas não deixam seu coração ser pisado e mutilado também. No meio da minha discussão interna, eu vi que eu devia me dar mais ao respeito. Pelo menos na reta final da minha vida. De tudo saber quando você vai morrer tem um lado bom, você pode aproveitar mais a vida. Tudo bem se Nico não me amava como eu o amava, ele continuava meu amigo, e o que tinha de mais eu ficar com quantos meninos eu quisesse? Eu estava à beira da morte tinha que desfrutar da vida.

— Hey, você. – Eu olhei para trás com o chamado e me deparei com um garoto loiro de cabelos curtos. Eu fui limpar minhas lagrimas, mas vi que não tinha mais lagrimas a serem limpas. – O que faz aqui? – Ele perguntou se aproximando.

— Ahn, caçando?! – Eu tentei dar uma desculpa, ele me olhou de cima a baixo.

— Por isso esta machucada? – Ele perguntou e eu me olhei. Quando vi como eu estava eu me espantei. Eu sangrava. Muito. Minha blusa estava toda rasgada, senti um liquido no meu rosto e quando passei a mão eu vi sangue. Eu devia ter caído.

— Eu nem percebi. – Eu disse tentando me levantar, mas senti uma fisgada na minha perna e cai com um grunhido.

— Você esta bem? – Ele perguntou correndo e se abaixando ao meu lado.

— Estou, eu só não consigo andar. – Expliquei o olhando. Eu vi seus olhos negros como a noite. É ele era bonito.

— Certo me deixe te ajudar. – Ele disse e quando dei por mim estava sendo carregada por ele. – A propósito, sou Thiago. – Ele disse, eu dei um sorriso.

— Sou Natalie. – Eu disse e ele começou a andar. – Posso te chamar de Thi? – Perguntei o olhando. Ele sorriu e me olhou.

— Claro. – Ele disse. – E você, como eu te chamo? – Ele perguntou. Só meus amigos me chamavam de Nate, os outros me chamavam de Natalie.

— Pode me chamar de Nate. – Eu disse.

— Certo então Nate, eu posso saber como a senhorita foi parar naquela clareira? – Ele perguntou brincando.

— Eu só estava... Andando. – Eu dei de ombros. – E posso saber o que o senhor fazia lá?! – Eu perguntei cruzando os braços, o que resultou em uma ardência em alguns cortes. Ele soltou uma breve risada.

— Eu sou responsável por olhar aquela parte da barreira. – Ele disse.

— Lá era o limite da barreira? – Perguntei, ele concordou com a cabeça. – Uau. De quem você é filho? – Eu perguntei.

— Apolo. – Ele disse simplesmente.

— Certo você me lembra seu pai. – Eu disse me lembrando da vez que o encontrei.

— E você? – Ele me perguntou.

— Indefinida. – Eu disse. Ele soltou um “Hm”. – Há quanto tempo você esta aqui? – Eu perguntei, não querendo ficar em silencio. A voz dele tinha começado a me acalentar.

— Fazem dois anos. – Ele disse.

— Quantos anos você tem? – Eu perguntei.

— 15. – Ele disse e me olhou. – E você? – Ele perguntou e voltou a olhar para frente.

— 14. – Eu disse. – Estou aqui desde os sete anos. – Eu disse. – E eu morri na batalha contra Cronos. – Eu disse o fazendo parar e me olhar. Eu contei toda a historia da morte, do trato.

— Nossa. – Ele disse depois que eu terminei, e voltou a andar. – Esse Di Ângelo, é muito burro. – Ele disse me fazendo soltar uma risada dolorosa. – Se fosse eu, eu não deixaria ninguém te machucar. – Ele disse.

— Sabe. – Eu o olhei. – Se eu não tivesse só mais cinco dias de vida, eu poderia me apaixonar por você. – Eu disse o olhando. Ele me olhou.

— Eu poderia fazer isso acontecer. – Ele disse. – E teoricamente você tem cinco dias e meio. – Ele disse depois que ouvimos soar a buzina para o almoço, coincidiu de sairmos na praia ao mesmo instante. Ele parou. – Quer que eu te leve para o refeitório ou enfermaria? – Ele perguntou me olhando.

 — Refeitório. – Eu disse, quando me dei conta de que Percy poderia me ajudar. – Thi. – Eu o chamei fazendo-o me olhar depois de passarmos as cabanas antes de entrarmos no refeitório. – Eu posso só me apoiar em você. – Eu disse depois de perceber o quanto seria estranho entrar em um refeitório sendo carregada. Ele soltou uma risada e me colocou no chão devagar colocando meu braço direito em volta do seu pescoço, de modo que minha perna direita, a que não doía, ficasse apoiada no chão. Ele entrou devagar no refeitório realmente me carregando. Poucas pessoas nos olharam, o que seria totalmente oposto do que aconteceria se eu entrasse em seus braços. Que agora, eu sentia falta da pressão que eles estavam exercendo em meu tronco. Eu estava realmente muito carente. Ele me sentou na mesa de Hermes, e me abraçou.

— Até logo. – Ele sussurrou em meu ouvido, e depois foi em direção a mesa de Apolo. Eu suspirei. Hey! Eu suspirei. Aquilo era bom sinal não é? Metaforicamente falando é claro já que eu logo iria morrer. Começamos a comer normalmente, nenhum dos meus amigos havia me visto entrar apoiada em Thiago, estava tudo correndo normalmente até que chegou a hora que deveríamos jogar comida na fogueira. Eu suspirei. Não acabaria bem. Relutei o máximo que pude, mas por fim resolvi me levantar. Consegui dar três passos, mas minha perna falhou me levando ao chão e esparramando comida por todo ele. Com a cara ainda no chão bufei. Só se podia ouvir o prato ainda girando no chão. Senti duas mãos na minha cintura e então fui levantada. Eu olhei para quem me tirou do chão. Thiago estava com um sorriso um pouco culpado talvez por não ter percebido isso antes.

— Oi de novo. – Ele disse eu sorri e tirei um arroz que estava no meu cabelo. – Se você caísse menos seria possível evitar constrangimentos. – Ele disse me provocando e me pegando no colo. – Enfermaria para você mocinha. – Eu soltei uma pequena risada.

— Nate... – Eu olhei para o lado e vi Nico, Percy e Annie parados. Nico não estava muito feliz. – Você esta bem? – Nico perguntou.

— To bem sim. – Eu disse e comecei a fazer cena. Eu olhei para o teto. – Thi. – Eu disse embargando minha voz, ele soltou uma pequena risada.

— Fala Nate. – Ele disse tentando segurar o riso. Eu olhei de relance para o lado e vi que o refeitório já havia voltado ao seu normal. Todos pareceram surpresos quando ele me chamou de Nate, quase ninguém me chamava de Nate, pude ver de relance ódio no olhar de Nico.

— To dodói. – Eu disse fechando um olho e fazendo uma careta.

— Você quis vim pra cá. – Ele disse sorrindo.

— Da beijo pra sarar. – Eu disse fechando os olhos, realmente eu não queria ver a cara de fúria que Nico devia estar. Thiago soltou uma risada.

— Deixa de fazer manha. – Ele disse rindo.

— Oh, calunia. – Eu disse apontando o dedo para ele já de olhos abertos. Ele riu e começou a andar para fora.

— Eu posso te levar Nate. – Disse Nico com a voz normal.

— Não, não. – Eu ouvi o sussurro da Kristen.

— É não precisa. – Eu disse e fiz sinal para o Thi se virar de modo que eu pudesse ver os três. – Olha... – Eu disse mostrando a cena. – Eu achei os músculos que me acalentam. – Eu disse colocando a mão na testa e jogando a cabeça para traz. Pude ver Thi revirar os olhos. – Vamos embora. – Eu disse batendo no seu braço. Quando estávamos nos virando, vi um pouco de... Dor? Nos olhos do Nico? Não, não. Não podia ser. Chegamos à enfermaria e Thi me colocou na maca e se sentou ao meu lado. – Pode voltar para o refeitório. – Eu disse o olhando.

— O que? – Ele me perguntou fingindo indignação. – Se não quer que eu fique, é só falar. – comentou me fazendo rir. – E outra, eu não volto lá depois do jeito que o Di Ângelo me olhou. – Ele disse fingindo estar tremendo.

— E qual foi o jeito que ele te olhou? – Perguntei arqueando uma sobrancelha.

— Como se eu tivesse, sei lá... – Ele parou pensando. – Como se eu estivesse na cama com a mulher dele. – Ele disse, e eu reprimi um sorriso, eu sabia que era porque ele estava na ‘cama’ com a ‘irmã’ do Nico. – Não sei não viu. – Thi disse.

— Acredite, é um extinto de irmão. – Eu disse o olhando um pouco triste. – Uh, sabe quando você me deixou na cantina eu suspirei. – Eu disse o olhando e ele sorriu inflando o peito.

— Como é? – Ouvi a voz do Nico depois que eu percebi que alguém havia aberto a porta, eu olhei de relance para Thiago que estava paralisado, certamente não era bom ter encrenca com o filho do Deus do Inferno.

— Oi Nico. – Eu disse em um fio de voz. Apareceram na frente da cama ele, Percy, Annie e a namorada dele. – E o resto. – Eu olhei para Thiago. – Pode ir, Thi. – Ele me olhou com alivio e me deu um beijo na testa antes de sair.

 — Quem é esse cara? – Pude perceber que Kristen estava apertando muito o seu braço.

— Ahn, o Thiago. – Eu disse, Percy se sentou e começou a curar meu machucado na perna. Tentei fugir do assunto. – Percy, Annie, já contaram pro Nico do namoro de vocês? – Eu perguntei e senti água entrar no meu machucado, eu grunhi. Olhei para Percy ele parecia desconcertado.

— Foi mal. – Nico os olhava, divertido.

— Oh, que lindo. – Ele disse com um sorriso sacana. Annie tentava se camuflar com a madeira.

 — Não é?! – Eu perguntei afirmando sorrindo quando Percy parou com a minha perna.

— Esta boa agora. – Ele disse e eu me sentei na cama.

— Valeu Percy. – Eu disse.

— Agora... – Nico ia começar a falar, mas Kristen pigarreou.

— Agora nos temos arco e flecha. – Disse ela.

— Ahn, certo. – Disse Nico, e eles saíram da enfermaria. Eu deixei o mundo cair de volta sobre meus ombros. Aquilo realmente doía. Ouvi a porta sendo aberta, mas não me virei. – Nate. – Era Nico. Ele se sentou do meu lado, mas não olhou para mim. – O que você vê nesse cara? – Ele perguntou. Eu o olhei.

— Ahn, ele é legal. – Eu disse e entortei a boca. – Ele me ajudou quando eu me perdi na floresta. – Eu menti um pouco. – Eu não sei, por quê? – Eu perguntei dando de ombros.

— Eu não gostei dele. – Nico disse.

— Novidade. – Eu bufei olhando para frente. Senti mãos no meu rosto me obrigando a o virar. Nico estava com as duas mãos uma de cada lado do meu rosto me olhando nos olhos. Ele fazia eu me perder nos seus.

— Aquilo que você disse quando eu entrei... – Ele disse me olhando. Eu pisquei para recobrar.

— Eu, to... – Eu franzi o cenho e olhei para baixo, mas eu sentia falta daqueles olhos então logo voltei a olhá-los. – Tentando me apaixonar por ele. – Eu disse jogando limpo.

— Por quê? – Ele me perguntou ainda segurando meu rosto, pude ver um pouco de dor nos olhos dele. – Só ficar com ele não é o suficiente? – Ele me perguntou cuspindo a palavra ficar.

— Eu tenho que esquecer alguém Nico. – Ele franziu o cenho. – Eu fico com um monte de caras para afastar o sentimento de rejeição por eu nunca ter sido proclamada. – Eu disse. – Eu não estou triste por não ter sido proclamada, é que o cara que eu amo não me vê. – Eu disse deixando uma lagrima rolar. Nico me olhava com pesar.

— Que idiota. – Ele disse, eu concordei mentalmente, Nico ainda tinha dor nos olhos, mas agora mais aumentada. – Mas porque um filho de Apolo? – Ele perguntou.

— Por que sim. E você ia implicar com qualquer um mesmo. – Eu disse.

 — Talvez não. – Ele disse olhando para os meu lábios. Eu o olhava. Aquilo parecia tão perfeito, aquela cena, aquele momento, mas ele tinha namorada. Ele não me amava, ele estava com dó de mim. Eu não queria que ele tivesse dó.

— Nico você tem aula de arco e flecha. – Eu disse colocando minhas mãos por cima das dele no meu rosto e as retirando.

— É. – Ele disse olhando para baixo. Eu nos afastei um pouco. Ouvimos batidas na porta. Eu me virei olhando a porta. Thiago estava parado na solteira.

— Nate, você quer ser seqüestrada? – Ele me perguntou e eu pude ver dois remos atrás dele. Nico se levantou rapidamente e passou por ele o empurrando. Eu me levantei e fui à porta.

— Claro. – Eu disse e começamos a caminhar em direção ao cais.

— O que deu no príncipe dos mortos? – Ele perguntou com uma sobrancelha arqueada, quando estávamos próximos.

— Ele não gosta de você. – Eu disse simplesmente.

— Ah, bom saber. – Ele disse e eu pude ver uma pitada de medo na voz dele. Eu soltei uma risada e passei meu braço por seu pescoço.

— Relaxa que eu te protejo. – Eu disse sorrindo. Ele olhou para minha perna.

— Como? – Ele perguntou franzindo o cenho.

— Príncipe das águas. – Eu disse dando de ombros. Ele parou na minha frente quando chegamos ao cais.

— Bem vinda ao barco da alegria. – Ele disse e saiu da frente para que eu pudesse ver um barco, como aqueles usados nos canais, eu soltei uma risada.

— Onde conseguiu? – Eu perguntei o olhando.

— Eu fiz. – Ele disse estufando o peito. Eu soltei uma risada. Eu o abracei.

— Obrigado por tentar fazer com que eu esqueça. – Eu disse. Ele me deu a mão quando entrou no bote, mas me puxou fazendo com que eu caísse por cima dele. Ele me olhou e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— Hm, lembra que você me pediu que eu desse um beijo no seu machucado? – Ele perguntou. Eu franzi o cenho. – Tem um bem aqui. – Ele disse colocando um dedo em um pequeno corte na minha boca.

 — Ah, ta bom. – Eu disse saindo de cima dele. Por mais tentador que fosse. Eu peguei um remo e me sentei de frente para ele. Remamos até o meio do lago e paramos. – É hoje esta um lindo... – Eu não pude terminar a frase, pois senti água voando no meu rosto, eu o olhei, ele sorria um pouco malvado. – Você não fez isso. – Eu disse quase pulando em cima dele. Ele rapidamente passou para o outro lado.

 — Cuidado, você pode derrubar o barco. – Ele disse sorrindo. Eu então tive uma idéia. Eu pulei na água e puxei uma das bordas do braço. Ele apareceu de baixo do mesmo um pouco atordoado. Eu o puxei para a superfície. – Você é doida. – Ele disse. Eu ri.

— Você jogou água em mim. – Eu apontei o dedo.

— Ah, então você preferiu se molhar inteira? – Ele perguntou. Começamos então uma competição de natação, onde ficamos até ele falar que estava na hora de ir, pois já havia escurecido.

— Você é um chato sabia. – Eu disse enquanto ele me tirava da água depois de ter rebocado o barco de volta.

— Então ta, da próxima te deixo pegar uma gripe. – Ele disse e eu o empurrei. Fomos então para o refeitório. Chegamos lá, pingando água. Joguei minha parte aos deuses dessa vez sem cair e jantamos normal na bagunça regida pelos Stoll. Quando acabamos eu ia falar com Thi.

— Nate, posso falar com você? – Perguntou Nico segurando no meu braço.

— Ahn claro. – Eu disse, nos fomos para trás do refeitório então, quando passamos por Thiago, depois de Nico bufar e ir na frente pude ouvir o que ele falou algo do tipo ‘Boa sorte. ’ Eu sorri e saímos. Nico havia se sentado em um tronco, eu parei na sua frente. – O que foi Nico? – Eu perguntei o olhando.

— Eu, terminei com a Kristen. – Ele disse e me olhou. Eu fiquei feliz, mas triste ao mesmo tempo, eu sei que podia não ser do mesmo jeito que eu, mas Nico gostava de mim, ele tinha que se apegar a alguém quando eu sumisse.

— Por quê? – Eu perguntei de cenho franzido.

— Ela... – Ele me olhou. – Ela estava falando umas coisas horríveis de você, coisas que não eram verdade. – Ele disse. – Tentando te humilhar. – Ele falou. Eu olhei para baixo.

— Deve ter conseguido. – Eu disse pesadamente. É claro, a menina era linda, delicada, uma filha de Héstia. Nico se levantou.

— Ninguém nunca, vai conseguir te humilhar. – Nico me disse o fazendo o olhar. – Você é a melhor no que você faz. Você é perfeita sendo você. – Ele disse.

— Certo. – Eu disse me virando e saindo. Bom, não era exatamente uma despedida, mas... Quem sou eu para julgar. Só quero ser amiga do Nico. Não quero colocar a minha vida nas suas costas. Cinco dias para meu funeral. Linda maneira de começar a semana.


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