“—Agradeço por vocês estarem aqui, e venho lhes contar que graças aos seus votos, eu pude fazer grandes descobertas sobre o que estava acontecendo em Konoha. O problema que antes parecia simples acabou se desenrolando em algo muito pior... Acabamos por descobrir que tudo foi uma espécie de armadilha para ressuscitar... Orochimaru.—Eu disse, falando com certo receio a ultima palavra, temendo quase que infantilmente, que ele se materializasse na minha frente.”

Sakura Haruno:
Expliquei tudo da melhor maneira possível, falando desde a yuki-onna que tentara nos matar, até sobre o renascimento aterrorizante do Orochimaru. Foi difícil, muito difícil tentar manter a confiança e a firmeza em minha voz até o final de minha narrativa enquanto os meus ouvintes me escutavam com respeitoso e ao mesmo tempo crítico silêncio.Sentia que toda e qualquer palavra que saísse de minha boca estava sendo julgada minuciosamente por eles, como se eu fosse suspeita de um crime hediondo e perverso. Não demorou muito até que eu terminasse e para me deixar beirando ao pânico, o silêncio dos kages parecia sufocante e os seus olhares, tão afiados e dolorosos como adagas em minha alma.
—Eu preciso da ajuda de vocês novamente...—Comentei, tentando não soar desesperada ou com seis anos de idade.
—Quer que nós ajudemos a perseguir contos de fadas, minha imperatriz?— Gracejou Onoki, sua voz idosa preenchendo o silêncio de ironia, fazendo com que seu afilhado, Sasori risse como se aquela fosse a melhor piada da década.
—Não é mentira!—Retruquei quase que de maneira infantil, dando combustível ás risadas contidas do meu “noivo”.—Eu tenho provas, conheço a humana que foi usada em sacrifício...
Ao ouvirem a palavra “humana”, os kages reagiram como se eu tivesse dito o pior disparate ou insulto do mundo aos seus ancestrais e eu me arrependi na hora em que abri a boca. Eu esquecera de que eu não estava em Konoha, não estava com os meus amigos... Eu estava em meio a um conselho de vampiros, vampiros tais como quaisquer outros que esnobam e menosprezam a vida dos quais eu aprendera a prezar com igual valor e força. Onoki levantou uma sobrancelha julgadora e Sasori escondeu os seus dentes por detrás de uma carranca ensaiada de reprovação, que cretino dissimulado! A vontade de socá-lo aumentava a cada vez que eu o olhava.
—A senhora anda se envolvendo com humanos?—Perguntou o velhote, usando um tom nada amigável, onde a “senhora” de sua frase parecia no mesmo tom de que se usava para repreender uma criança levada e a ultima palavra fora quase cuspida com repulsa.
—Não fale deles com esse tom.—Retruquei, o encarando com ódio.—Pode acreditar que eles merecem muito mais honra do que vossa senhoria.
—Que ultraje!—Gritou o vampiro, se erguendo, tendo o rosto tingido de cólera, os punhos cerrados como se quisesse me agredir e por mais que a satisfação de vê-lo assim esboçasse em meu rosto, eu sabia que aquele sentimento era efêmero, logo sabendo que agora, eu havia passados de todos os limites que existiam e os olhares dos outros kages denunciavam isso.
—Exigimos uma explicação, Imperatriz.—Anunciou Killer B, sua voz ressoava como um trovão, cobrindo a cólera do grisalho.
—Eu realmente me envolvi com humanos.—Declarei, e foi como se eu tivesse declarado que eu queria explodir metade do mundo.— Mas eu dou a minha palavra de que eles são cruciais para os meus propósitos...
—Propósitos bem nebulosos por sinal...—Murmurou Mei, aumentando o meu desespero na descrença deles por mim.—Me desculpe senhora, mas não nos relacionarmos com humanos é uma das mais rigorosas leis, e a creio que saiba a punição...— O tom que a ruiva usava era tranqüilo, como o conselho de uma amiga, mas também tinha algo que não deixava de ser um pouco julgador e eu me calei ao ouvir a ultima parte, a punição para quem quebrasse a lei como eu era ter cabeça dolorosamente separada do corpo.
—Acho que já basta!—Berrou Onoki—Já estamos mais do que cientes de que toda essa ideia de Konoha é uma besteira sem tamanho! E agora, além da senhora se ausentar de reuniões importantes e da gestão do império, você se relaciona com reles e desprezíveis humanos em uma caçada ridícula contra um conto de fadas!—Depois de dizer isso, o kage se aproximou de mim, me rondando com suas palavras maldosas.—O seu pai teria vergonha de ver sua filha agindo como uma adolescente de trezentos anos!—O homem se virou para os outros kages, abrindo os braços, como se estivesse fazendo um discurso presidencial.—Medidas drásticas devem ser tomadas com adolescentes como nossa Imperatriz...—Disse enquanto um sorriso maldoso e cruel se desenhava em seus lábios.— Devemos ter pulso firme! E devemos impedir qualquer envolvimento com Konoha a partir de hoje e... casá-la o mais rápido possível. Um homem como o meu afilhado,—Disse com orgulho, apontando para o Sasori, que posava como um galã.—já se mostrou honrado e forte o suficiente para cuidar do império e domar uma mulher...
A ultima frase revirou o meu estomago pelo machismo nela contido, mas eu tremia em desesperança, ao ver as palavras daquele velho maldito seduzirem os demais que o ouviam. E para piorar, meu noivo, com um sorriso irritantemente de bom moço se desdobrava em uma atuação perfeita de como seria um ótimo marido para uma mulher “desequilibrada” como eu.
—Façamos uma votação!—Anunciou o ruivo, com um ar solicito, mas os seus olhos não conseguiam desmentir a sua ganância por poder.
Killer B e Gaara reprovavam com a cabeça com veemência, já se mostrando a favor das palavras maquiadas do Onoki, fazendo com que eu me sentisse patética. A voz de Mei se fez presente, com um sorriso afável e irritante:
—Querida, não seja tão relutante! Você possui um noivo maravilhoso de dar inveja para qualquer uma.
Quase revirei os olhos com tamanha tolice que eu escutava, mas me contive, olhando para Tsunade, que tinha em seu rosto jovial, uma expressão hesitante e apreensiva, ela era a minha ultima esperança e eu suplicava com isso pelo meu olhar.
—Me desculpe querida...—Lamentou a loira, realmente lamentando.— Mas eu realmente acho que já chega disso de Konoha, de humanos, de lendas... Acredito que o seu pai ficaria orgulhoso de vê-la casada com alguém como Sasori.—Disse a mulher olhando para o ruivo, que sorriu com o elogio de maneira pueril e fingida.— Te criei como minha filha, e como sua mãe de criação, só quero o melhor para você.
E eu desabei, sentindo a enorme vontade de lhe falar que o ruivo era o pior para mim, mas me mantive calada, eu havia perdido a batalha. Sentia o peso de uma corda áspera contra o meu pescoço, arranhando minha pele como para me lembrar da minha morte lenta e dolorosa que eu teria ao lado do ruivo. Eu me sentia sitiada por meus próprios aliados, sem nada a fazer além de me render e chorar o destino que me aguardava. Sasori veio ao meu lado, com a pompa de um rei, empinado como um pavão e com um sorrisinho que me lembrava um palhaço macabro. O ruivo se ajoelhou, romântico, fazendo com que Mei suspirasse como uma adolescente apaixonada, enquanto eu sentia vontade de vontade de vomitar ao sentir seus lábios contra a minha pele.
—Você será a minha rainha em breve...—Sussurrou de maneira sedutora e lasciva, fazendo com que para mim, aquilo mais parecesse uma ameaça do que um gracejo.
Eu estava perdida.