Minha mãe amparava minhas lágrimas de sofrimento. Ela tinha vida, eu juro! Acreditem em mim, por favor!

-Querida, é só uma boneca de porcelana... Ela não vai te machucar... - ela secou minhas lágrimas com seu avental e me guiou de certa forma para o quarto.

Tive um certo medo ao vê-la na minha estante, com aquele rosto fixo e seus olhos brilhantes pareciam seguir cada movimento meu. "Não foi real. Ela não está viva", repetia para mim mesma, deitando-me em minha cama. "Seu ferimento foi por causa das farpas soltas da janela, eles tem razão. Ela não está viva, Holly".

-Agora deite-se... - Minha mãe sussurou baixinho. Todos já estavam dormindo, eu acordei com o ferimento que julguei ser feito por minha boneca de porcelana, presente de minha avó, que vinha passar as férias conosco. Deitei-me, sendo coberta por minha mãe. Seu lábios deram-me um beijo na testa, e ela diminuiu as luzes, dando um "boa-noite" da porta. Fui aconchegada num sono profundo...

Alguns minutos depois, despertei, ouvindo um barulho alto, mas ninguém ouviu. Olhei então com a luz da lua, que entrava pela janela. Minha boneca havia espatifado-se no chão. Não havia nenhum arranhão, e eu achava que não havia sido nada demais, até que vi a cena.

Só, ela se levantou com sus sapatos de veludo vermelho. Olhou para mim e sentou-se. Piscou uma vez e mante-se imóvel. Agora eu sabia. Ela tinha vida mesmo! Deitei-me, pensado que havia sido um pesadelo. Acordei instantes depois, ouvindo outro ruído. Minha boneca, novamente. Ela havia andado. Estava a passos de minha cama, em pé. Piscou para mim novamente e manteu-se imóvel, outra vez."É só um sonh, Holly. Um sonho ruim". Fechei novamente os olhos. Acordei pela última vez. Ela estava com o resto perante o meu. Suas pernas estavam ajoelhadas sob meu peito, ela me encarava com um soriso acabro e olhos arregalados. Piscou. Foi a última coisa que eu vi, antes de fechar meus olhos para sempre.