Amor À Prova escrita por Bell Amamiya


Capítulo 14
Emoções


Notas iniciais do capítulo

Nota: Os personagens do Kaleido Star não me pertencem, mas queria que o Leon e o Yuri me pertencessem 

Gostaria de agradecer a todos os meus leitores pelo carinho.
Tenham uma boa leitura



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I.

O rapaz saiu do apartamento com sangue nos olhos. Queria acabar com a vida de Yuri. Não bastasse ter causado a morte de Sophie, ainda precisava tirar Sora dele. Não que a culpa fosse só de Yuri, mas com toda a certeza era nele que ele queria desforrar a sua raiva. Sabia que não devia ter confiado no pisciano, e nem deixado a guarda baixar.

As coisas começaram a ficar mais claras para Leon. Desde o dia em que Yuri o desafiara para uma batalha de espadas no palco do Kaleido Star, o escorpiano deixara a raiva de lado e decidira seguir sua vida. Havia encontrada a mulher que tanto procurara. Enfim iria cumprir a promessa que fez a irmã em seu leito de morte.

Por estar concentrado em dar vida à verdadeira estrela, permitiu que Yuri se aproximasse e que fossem até mesmo amigos. Por Sora ele deixara as mágoas de lado. Como ela mesma dizia nada lhe acrescentaria e nem traria sua irmã de volta sentir ódio por Yuri. O que estava feito não podia ser desfeito.

Mas fora um tolo em pensar que Yuri o queria como amigo. Ali estava a prova de que não deveria ter confiado. Na primeira oportunidade que ele teve para golpear Leon pelas costas, ele o fez. Estava cego de amores por Sora Naegino e sua bondade infinita, e esquecera que o mundo real é bem diferente dessas fantasias em que Sora e Sophie viviam.

Seu desleixo lhe tirou as duas pessoas que ele mais amou na vida. Perdera Sophie para sempre e ela nunca mais voltaria, nunca mais veria seu sorriso inocente. E perdera Sora. Não de uma maneira radical como com sua irmã, mas depois do que acontecera e da forma como a tratara, era de se esperar que nunca mais quisesse ver o rapaz.

Apesar de que a dor que a jovem lhe causara fora muito grande. Não conseguira controlar a raiva naquele momento. Sabia que se arrependeria por ter dito palavras grosseiras para a parceira. Contudo, sentira que precisava ter dito até mais.

Estava extremamente magoado e ferido. Esperava sempre o pior de Yuri Killian, mas nunca pensou que teria tamanho desgosto vindo da mulher que povoava seus sonhos, aquela que queria ter para o resto de sua vida. Aquela que queria como mãe de seus filhos.

“Filhos”. Já não pensava mais ser possível tal coisa. Não seria hipócrita ao ponto de dizer que jamais teria filho em toda a sua vida. Mas no momento acreditava que não teria por muitos anos. Acontecera justamente como com Sophie. No momento que acreditara que podia criar a verdadeira estrela, ela foi tirada de si e a partir dai nunca acreditou que houvesse mulher no mundo que pudesse chegar a altura de sua irmã. E o mesmo acontecia agora. Não conseguia acreditar que pudesse haver uma mulher que chegasse a altura de Sora e que pudesse ser a escolhida para ser a mãe de seus filhos.

Seus pensamentos pareciam extremos demais, mas era só nisso que imaginava. Leon era uma pessoa extremamente melancólica e desiludida, talvez devido a morte de sua irmã. Depois da morte de Sophie, Leon tornara-se o Deus da Morte, trazendo sofrimento para todos em que ele se relacionava.

Após sair do apartamento, Leon entrou em seu carro e deu partida. Iria a todo custo tirar satisfação com aquele cretino. Ele poderia estar destruindo a sua vida, mas isso não ficaria barato. E naquela noite, Yuri seria o primeiro a ver o renascimento do Deus da Morte.

Acelerou o carro. Estava com pressa de chegar ao apartamento de Yuri. Não queria que ele tivesse o tempo necessário para fugir. Podia ser que Sora já tivesse dito a ele que contaria tudo hoje ou até mesmo tenha ligado para avisar que Leon estava indo ao seu encontro. De qualquer maneira, o rapaz iria à caça de um peixe.

Contudo, ao chegar ao apartamento de Yuri, o acrobata não encontrou ninguém. E pelo que o porteiro do prédio disse Yuri não tinha retornado para casa desde que saíra de manhã. Provavelmente tenha ido falar com Sora e depois fugido para evitar a fúria de Leon. Aquele cretino era mesmo um covarde.

Sua raiva só aumentou ainda mais. Se Yuri imaginava que poderia fugir de Leon, ele estaria muito enganado. Poderia não ser naquele momento, ou poderia levar alguns dias, mas quando encontrasse com o pintor, acabaria com a raça dele.

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Sora estava preocupada com Leon e Yuri. Não tinha ideia do que o escorpiano poderia fazer quando estava com raiva, visto que eram raros os episódios em que ele perdia a paciência. Já acontecera um episódio em que os dois se enfrentaram e se não fosse por Sora, sabe-se lá o que poderia ter acontecido entre os dois.

Mas desta vez não haveria chances da jovem ir atrás de Leon. Além de ele estar com muita raiva, Sora estava com gravidez em estado avançado e sem falar em estado de risco. Aquilo tudo que estava passando nos últimos dias já era perigoso demais para a saúde dela e da criança, imagina ir atrás do acrobata e se envolver na briga dele com Yuri?

Aliás, valeria a pena lutar por algo que se tem quase 100% de certeza que se perdeu? É claro, que sempre há uma esperança e devemos nos agarrar a ela. Mas esta esperança estava por um fio e a qualquer momento poderia ser quebrado, isso se já não havia se rompido.

A jovem amava muito Leon, mas sabia a besteira que havia cometido e não acreditava que poderia ter uma segunda chance. Se esse erro tivesse acontecido juntamente com qualquer outra pessoa, talvez até pudesse haver redenção, mas não com o Yuri envolvido. Leon odiava demais Yuri para perdoá-lo ou aceitar a criança dele.

A única solução que conseguia pensar naquele momento era a de se afastar. Iria voltar para a casa de seus pais e ter a criança longe de tudo e todos. Depois do nascimento de sua filha, Sora pensaria no que fazer, até porque até lá ainda faltava dois meses e a poeira poderia ter baixado nesse meio tempo.

Talvez nunca mais ficasse com Leon, ou nunca mais trabalharia no Kaleido Star. Mas pelo menos poderia tentar fazer as pazes com todo mundo quando a poeira baixasse. Não queria ser odiada para o resto da vida por todos aqueles que ela tanto ama. E principalmente por um erro, que qualquer um poderia cometer. Não que isso justificasse o seu erro, mas é uma tentação que todos estão sujeitos a serem levados.

Depois de pedir um táxi e chegar ao aeroporto, Sora foi comprar a passagem para o Japão. Até esse dia, a jovem não havia percebido quanto sentia falta de seus pais e de sua irmã. Fazia bastante tempo que não os via, e aquela também seria a oportunidade de colocar o tempo em dia.

Conseguiu encontrar passagem ainda para aquele dia. O avião sairia às 22h e 30m e levaria aproximadamente 14 horas de viagem para chegar ao destino com conexão em Los Angeles. Além do tempo de voo, a jovem ainda tinha que esperar o horário da partida. Seu relógio marcava 21h e 30m, portanto teria que esperar por 1 hora aproximadamente. Preferia esperar no aeroporto que voltar para o apartamento de Leon ou seu dormitório.

Após ter a passagem garantida, a jovem pegou o celular em sua bolsa e ligou para sua mãe. Precisava avisar que estava indo embora. Sua mãe não sabia que estava grávida e nem de um terço do que estava acontecendo em sua vida, mas não seria por telefone que Sora contaria, esperaria chegar ao Japão para depois contar tudo para os pais.

– Alô, Sora?

– Ei mãe! Tudo bem com a Senhora? E o papai e a Yumi, como eles estão? – fez a voz mais animada que conseguira fazer.

– Ei filha. Estamos todos bem. Sua irmã e seu pai já saíram de casa. E eu estou terminando de arrumar a mesa do café da manhã. Aconteceu alguma coisa? – Coisas de mãe. Não há como esconder nada delas.

– Aconteceu sim mãe! – Não podia mentir para a mãe, mas também não contaria toda a verdade pelo celular. – Mas é assunto para conversar pessoalmente. Liguei para avisar que estou indo para casa.

– Você está vindo? – a voz da mãe era de total surpresa.

– Sim. Meu avião sai daqui uma hora. O voo vai levar umas 14 horas. Mas amanhã já estarei ai com você. E precisamos muito conversar. – estava segurando o choro. Não queria demonstrar que estava triste.

– Conversaremos sim, minha filha. Mas você está bem?

– Na medida do possível, eu estou sim. Mas não precisa se preocupar amanhã nós conversaremos melhor. Agora preciso desligar mãe.

– Ah, tudo bem. Aguardo você aqui minha filha. Estamos com muitas saudades.

– Também estou mãe! Tchau!

– Tchau!

Desligou o telefone e começou a chorar. Era duro conversar com a mãe e não poder contar tudo para ela. Mesmo que a mãe iria saber no outro dia, mas havia escondido a gravidez de seus pais por todo esse tempo e não conseguia imaginar a reação deles. Só esperava que eles ficassem ao seu lado.

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May estava em seu dormitório. Estava preocupada com Sora, visto que a jovem dissera que contaria para Leon toda a verdade naquela noite, e não quisera que a chinesa ficasse com ela.

Sabia que Leon não seria louco de fazer algo com Sora. Ainda mais que ele sabia que a gravidez dela era de risco. Contudo, estava com medo da japonesa acabar passando mal sozinha no apartamento do acrobata, pois conhecendo bem Leon, a taurina sabia que ele sairia nervoso do apartamento e deixaria Sora sozinha.

Apesar de que não estava tão preocupada, visto que Penélope estava com Sora. Nesse momento sentia-se grata a Layla por ter disponibilizado a empregada para cuidar da japonesa. Era óbvio que Sora não poderia ficar sozinha, e muito menos agora.

Mas mesmo que sabia que a jovem acrobata estava em boas mãos, queria poder conversar com ela e saber dela se estava tudo bem. Se algo tivesse dado errado, ou Sora estivesse passando mal, iria imediatamente buscá-la.

Na verdade, a melhor coisa a se fazer naquele momento era ir até o apartamento de Leon e trazer Sora. Ficaria muito mais tranquila sabendo que a amiga estava bem. “Isso mesmo, vou buscar a Sora”, pensou May.

Pegou o celular que estava em cima da escrivaninha e procurou o número da japonesa na agenda de contatos. Não iria aparecer no apartamento sem avisar. Não sabia em que pé se encontrava a conversa e não queria atrapalhar e depois ser a causadora de problemas ou desentendimentos.

Discou o número de Sora e aguardou que a jovem atendesse a linha. O telefone chamou por diversas vezes até cair na caixa postal. May estranhara que a jovem não atendeu a ligação de primeira e tentou mais duas vezes, mas todas caíram na caixa postal. Alguma coisa estranha estava acontecendo. Mesmo que a japonesa ainda estivesse conversando com Leon, ela atenderia rapidamente e diria que retornava mais tarde, era isso que ela sempre fazia. Podia ser que o celular estivesse longe e ela não estivesse tendo oportunidade para ir busca-lo. Mas de qualquer forma, era estranho.

A chinesa então decidiu que iria até o apartamento de Leon. Saiu do dormitório e rumou em direção ao apartamento de Leon. Não ficava longe, ao contrário, dava para ir a pé tranquilamente pela orla da praia. Ficava a dois quarteirões do Kaleido Star, e a noite estava muito agradável para uma caminhada.

Depois de alguns minutos, a chinesa chegou ao seu destino. O prédio onde Leon morava ficava de frente para o mar. E o apartamento do jovem tinha uma vista privilegiada. Tocou o interfone e o porteiro por já a conhecer abriu o portão. A jovem aproximou-se dele para cumprimenta-lo.

– Boa noite Srta. May. – cumprimentou cordialmente. O porteiro era um homem esbelto e de boa aparência.

– Boa noite Jonathan. – respondeu com um sorriso. – Eu vim para ver como Sora está. Vou subir ok?

– Receio que não será possível. – começou o porteiro. – Não há ninguém no apartamento. O Sr. Leon saiu às pressas, e parecia transtornado com alguma coisa e logo atrás saiu a Srta. Sora.

Será que Sora havia ido atrás de Leon? Parecia que sim. Então poderia explicar o porquê da jovem não atender ao celular. Era possível que ela tivesse o deixado no apartamento por ter saído com pressa para ir atrás de Leon.

– E você saberia me dizer para onde eles foram? – Já imaginava que Jonathan não saberia onde os dois haviam ido, mas perguntara para desencargo de consciência.

– Não sei Srta. May. Mas posso te dizer que a Srta. Sora saiu com algumas malas e o Sr. Leon saiu somente com a roupa do corpo. Acredito que não tenham ido para o mesmo lugar.

De malas? Será que Sora poderia ter voltado para o dormitório? Provavelmente não. Mas para onde mais ela teria ido? “A não ser que...”. Era isso. Sora com certeza havia ido para o aeroporto. Mais cedo naquele dia, a jovem dissera a May que iria embora, que era a melhor solução. Será que Leon a expulsara de casa? Mas se isso havia acontecido, porque a acrobata não havia lhe ligado? Não sabia as respostas, mas sabia que precisava encontrar Sora.

II.

Na residência dos Hamilton, a loira estava inquieta. Não conseguia acreditar que estava sendo enganada por todo esse tempo. Na verdade, a leonina meio que esperava qualquer coisa de Yuri, mas de Sora? Eram muito amigas. Não entrava em sua cabeça o que poderia levar a japonesa a não lhe contar a verdade.

Não conseguia acreditar que ficara sabendo dessa maneira e que acreditara que aquela criança era de Leon. Todas as vezes que a leonina se preocupava com a gravidez de Sora e a ajudava com alguma coisa e mencionava que o filho era de Leon, a japonesa nada dizia, nem mentia e nem desmentia. Ou ela sabia e não queria contar a Layla, ou estava na dúvida quanto a paternidade da criança.

Sentia muita raiva por ser a última a saber dos fatos. Tentava compreender a amiga por não ter contado. Imaginava o que ela mesma faria se algo parecido acontecesse com si mesma. Se essa situação fosse ao contrário, Layla contaria para Sora que estava grávida de seu noivo? Não! É claro que essa situação não aconteceria com Layla Hamilton. A leonina era controlada demais e muito responsável. Jamais permitiria que um deslize dessa proporção acontecesse em sua vida.

É claro que se a jovem tivesse contado para Layla antes, ainda sim seria uma notícia devastadora, mas poderia tentar entender o lado de Sora. Mas saber da boca de Yuri, sabendo que a acrobata tivera muitas oportunidades para lhe contar a verdade, era intolerável.

“Yuri”. Não queria ver o pintor em sua frente tão cedo. Se tivesse descoberto tal traição antes, não teria continuado com aquela farsa. Não teria continuado com os preparativos do casamento. “Casamento”. Não haveria mesmo casamento. Bem que seu pai a avisara. Ele lhe alertara que Yuri não era boa gente.

– Você é um grande babaca. Bem que meu pai me avisou para ficar longe de você – gritou a jovem. Precisava desabafar, mas não tinha ninguém com quem gostaria de conversar nesse momento, a não ser Sora. Mas não podia, pois a amiga estava envolvida nesse escândalo.

Seu pai estava certo o tempo todo. Yuri não era confiável. Deveria ter percebido isso desde a época em que ele havia causado a morte de Sophie para garantir sua entrada no Kaleido Star, e tudo movido pela vingança pela morte de seu pai. Estava completamente desiquilibrado. Mas mesmo assim, Layla batera de frente com o pai e dissera que ele tinha um motivo, mesmo que não fosse o melhor deles, mas tinha um.

E agora? Qual era o motivo? Havia dito que sentia algo forte por Sora. E se realmente sentia, porque não havia lhe contado? Eles não escondiam nada um do outro, ou pelo menos era isso que a leonina pensava. Mas em todo o tempo que passara com ele, não fazia ideia do quanto estava redondamente enganada a respeito do caráter de Yuri.

O pior de tudo não era ter se entregado a Sora, mas que além disso também deixou sua semente dentro dela. Uma criança estava crescendo no ventre da japonesa. Uma criança que não fazia ideia do crápula que era seu pai. E do quanto de dor que seu nascimento traria. Claro, que jamais culparia a criança. E nem poderia. Era um ser inocente que não pedira para ser gerada.

Culpava o pai imundo que ela tinha. Nem a Sora ela culpava tanto, mesmo que tivesse a sua parcela de culpa, por não ter lhe contado que tipo inescrupuloso era seu noivo. Em pensar que se casaria com ele e seria mãe de seus filhos. Só de pensar agora lhe causava repulsa. Sentia-se enojada em pensar no pintor e em todas as juras de amor que ele lhe fizera. Depois que contara tudo para a leonina, ainda tivera a discrepância de dizer que a amava.

Como poderia acreditar no amor dele? Na verdade, acreditara nele e ficara imensamente feliz em imaginar que em breve seria a Sra. Killian. Mas o que ele lhe dera em troca? Infidelidade. E ainda por cima com a sua melhor amiga. E além de tudo com uma criança envolvida.

Layla não conseguia parar de chorar. Não conseguira comer nada desde a visita de Yuri. Estava abalada demais com a notícia. Deitada na cama estava com os olhos vermelhos e inchados e estava em um estado deplorável. Levantou da cama, mas estava sentindo-se fraca por não ter comido e por estar tremendo de raiva. Foi em direção a penteadeira de seu quarto, jogou todas as coisas que estavam em cima no chão. Chorava sem parar. Olhou para o espelho, e viu a figura de uma mulher destruída. Não gostando da imagem que acabara de ver, a jovem bateu com força no espelho quebrando-o com as mãos.

Sentiu as mãos e o pulso arderem, mas não se importou. Estava extasiada em um misto de tristeza e raiva, nem se importara com os cortes que tinha nas mãos, ocasionados pelo vidro que quebrara. Virou-se e olhou para o porta-retratos que tinha em cima da cômoda. Era uma foto dela com Yuri, ambos estavam muitos felizes no dia em que tiraram aquela foto. Sentiu uma raiva enorme ao ver aquela felicidade. Foi até a cômoda, pegou o porta-retratos e arremessou contra a parede.

– Eu odeio você Yuri Killian! Eu odeio muito você! – voltou a chorar desesperadamente. E permitiu-se cair no chão. Enterrou seu rosto nas mãos e chorava copiosamente. Sentia-se um lixo e odiava demais Yuri por fazê-la se sentir tão mal. Não sabia mais o que fazer para acabar com aquela dor insuportável em seu peito.

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Depois que saíra da casa de Layla, Yuri não voltara para seu apartamento. Sentia-se como se não fosse digno nem de ter um teto, devido ao tamanho de sofrimento que havia causado. Sofrimento este não somente nos eventos atuais, mas também em toda a sua vida. Todas as vezes que o pisciano se envolvia com alguém terminava com dor e sofrimento.

Sempre pensava apenas em si próprio. Na época da morte da Sophie, Yuri sentia medo de perder o festival de circo. Embora tenha percebido que Leon e Sophie não tinham técnica boa o suficiente para vencer sentiu-se ameaçado. Tinha o propósito de ganhar o festival e conseguir uma vaga para trabalhar no Kaleido Star.

Sabia que era o sonho de Layla se tornar uma grande estrela do circo, mas não estava querendo entrar para ajuda-la a alcançar esse objetivo. Apenas queria estar perto de Karlos. Perto o suficiente para que pudesse tomar o circo dele e destruí-lo de dentro para fora. Queria ver a ruína do sonho de Karlos, assim como havia acontecido com os sonhos de seu pai. Os sonhos que acabaram depois de sua morte. Morte causada pela inconsequência de Karlos.

Era esse o seu defeito. Pensava apenas em si e não se importava com as consequências. A mesma coisa acontecera quando estivera na França juntamente com Sora. Sentia alguma coisa por Sora e Layla estava longe. Permitira-se deixar as coisas acontecerem. Para seu próprio bem, saciou a vontade que sentia de poder ter Sora em seus braços. E de certa forma, usara a sagitariana.

Sentia uma grande admiração por ela e até mesmo algo mais forte. Mas amor ele sabia que não era. Amava apenas a uma pessoa, e conseguira decepcioná-la. Não conseguia imaginar o que seria de sua vida sem Layla. Estava com casamento marcado e sabia que seria a pessoa mais feliz e jurara que faria a leonina a mulher mais feliz do mundo, mas quebrara seu juramento.

Destruíra a sua chance de ser feliz. Não tinha mais o amor da sua vida, e não tinha mais uma amiga querida. Por mais que Sora houvesse dito que não iria tirar a filha dele, sabia que a relação deles dali por diante seria apenas a de pais. Não teria mais uma amiga para contar. Portanto, conseguira acabar com todas as chances de ser feliz.

Tudo o que mais queria naquele momento era poder voltar no tempo e consertar todos os erros que havia cometido. Não ter cedido a tentação e ter se levado pelo desejo carnal do momento. Daria qualquer coisa para estar deitado ao lado de Layla e que tudo estivesse certo entre eles. Queria, mais do que tudo, estar conversando com ela sobre os últimos preparativos para a cerimônia mais esperada de sua vida.

Mas não era idiota suficiente para acreditar que as coisas se acertariam da noite para o dia. Na verdade, nem sabia se em algum momento as coisas se acertariam. Provavelmente sim, mas levaria tempo. Tempo que somente a leonina poderia dizer. Yuri perdera o direito de ir atrás da jovem no momento que a traíra e sabia disso.

Andava sem rumo pelas ruas de Cape Mary. Poucas vezes sentira arrependimento em sua vida, e aquele era um desses poucos momentos. Queria apenas desaparecer, ou apenas deitar em algum lugar e dormir. Quem sabe tudo não passasse de um sonho? Um sonho longo e sórdido.

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Como não havia encontrado Yuri no apartamento, Leon decidiu que precisava beber. Iria até O Royal Oak, um pub badalado da cidade. Esse pub era muito conhecido por ser utilizado para conseguir paqueras. Mas a intenção de Leon era apenas beber. Precisava desforrar a raiva que estava sentindo em alguma coisa, e a mais segura seria a bebida.

Entrou no pub. Estava lotado como sempre. Havia casais se beijando, enquanto havia outros homens tentando levar as mulheres na conversa. Leon foi em direção ao balcão. O lugar parecia familiar, mas ultimamente muitas coisas pareciam lhe familiar. Desde o acidente e da perda temporária de memória, tudo era um misto de novo e velho.

Sentou-se em um dos bancos vazios do balcão. O barman, um homem corpulento e com a cara fechada, logo veio atendê-lo. O rapaz logo pode perceber que ele não era o único que parecia odiar o mundo naquele dia. O barman não parecia que estava tendo um dos seus melhores dias.

– O que vai beber? – o barman perguntou rispidamente.

– Johnnie Walker sem gelo, dose dupla no copo largo. – Queria beber um bom whisky, e sem dúvidas aquela bebida escocesa era a melhor. Pelo menos era a que mais gostava, entre todas que possuía em sua casa.

O barman colocou o copo em cima da mesa e encheu-o com o líquido de cor âmbar. O rapaz pegou o copo e virou-o imediatamente e bateu o copo no balcão.

– Mais uma dose dupla, que hoje eu quero esquecer.

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Penélope acabara de chegar à residência dos Hamilton, quando escutou um barulho de algo sendo arremessado na parede e um grito. Aquilo era muito estranho e parecia vir do andar de cima. O que poderia estar acontecendo? Sr. Hamilton não estava em casa. Havia avisado que ficaria algumas semanas fora devido a um congresso. Então só poderia ser Layla.

A empregada subiu as escadas as pressas. Estava muito preocupada com a leonina. Seria um ladrão que invadira a casa e atacara Layla? Não sabia. Apenas sentia que devia ir até lá para saber o que estava acontecendo, tudo indicava que Layla precisava dela. Se fosse um ladrão de nada adiantaria a presença de Penélope, visto que esta estava desarmada.

No final das escadas, Penélope correu para o fim do corredor até onde ficava o quarto da loira. Abriu a porta em um rompante, estava assustada demais. Contudo, ao olhar bem para o quarto percebera que não havia ladrão e muito menos sinais de que o quarto tivesse sido arrombado ou coisa semelhante. Mas a cena que vira fora chocante.

Layla estava caída no chão aos prantos. Suas mãos estavam sangrando. Ao dar mais uma olhada pelo quarto, a empregada pode perceber que o espelho da penteadeira da leonina estava quebrado, o que poderia justificar o sangue nas mãos da jovem. Mas não explicava o porquê dela ter feito aquilo.

No chão ao lado da penteadeira havia cacos de vidro e pedaços de coisas quebradas. Provavelmente os porta-joias e maquiagens de Layla. Da maneira como a jovem estava, possivelmente ela jogara tudo de cima da penteadeira no chão. E ainda, tinha pedaços do que fora um porta-retratos. Era visível que a loira estivera com muita raiva.

Penélope ajoelhou-se próximo a Layla. Tocou em seu braço, como um gesto para atrair a atenção da jovem. Não sabia ao certo o que dizer. Ainda não sabia o que havia acontecido naquele quarto, mas alguma coisa dizia a ela que a culpa era de Yuri. Suspeitava disso devido ao próprio ter ido até o apartamento de Leon e ter causado um grande desgosto a Sora. Não havia ouvido muito bem a conversa entre Leon e Sora, mas pode perceber que Yuri era o culpado pela discussão.

Layla levantou o rosto e olhou para a empregada. Seu rosto estava sujo de sangue. Aquilo apavorou Penélope. Layla havia machucado também o rosto? Aquele acidente no quarto da atriz poderia ter sido mais sério do que ela imaginara.

– Srta. Layla, a senhorita está bem? – era visível a preocupação de Penélope.

Layla olhou nos olhos de Penélope e desabou em choro. Ela não sabia como poderia contar para a moça ao seu lado o que estava acontecendo. Nem ela tinha certeza se tudo aquilo não passava de um pesadelo.

– Minhas mãos ardem. – Conseguira dizer entre soluços.

– Eu vou pegar o kit de primeiros socorros e um pano limpo para cuidar dos seus ferimentos. Fique aqui e não faça nada que você vá se arrepender – repreendeu a leonina. Não queria que Layla levantasse e acabasse se machucando mais ainda.

– Não se preocupe. Eu não tenho lugar nenhum para ir. – a loira disse mais para si do que para Penélope.

A empregada correu até o quarto que eles faziam de farmácia. Aquela farmácia particular fora uma exigência do Sr. Hamilton, ele sempre dizia que em algum momento o que estava ali poderia vir bem a calhar. Além de que quando a mãe de Layla adoecera, fora tratada em casa, e aquela farmácia estava ali desde aquela época.

Pegou o que precisava e voltou às pressas para o quarto de Layla. Sentou ao lado da leonina, pegou suas mãos e começou a limpar o sangue, para que assim pudesse ter uma noção da profundidade e tamanho dos ferimentos. Enquanto ia limpando, percebera que não era nada sério e os cortes eram um pouco profundos, mas nada que precisassem de pontos.

– A Srta. não precisará de pontos. Só vou terminar de passar os remédios e enfaixar. – abriu um sorriso sereno para Layla, que apenas retribuiu com um aceno de cabeça.

– Obrigada por sempre cuidar de mim. Eu não sei o que faria se não tivesse você para olhar por mim. – estava muito feliz de Penélope estar ali nesse momento que ela tanto precisava de alguém.

– Sempre estarei aqui para a Srta. Fiz um juramento de que cuidaria da senhorita como se fosse minha irmã.

– E eu sou a pessoa mais sortuda por ter uma pessoa maravilhosa como você como minha irmã. Meu anjo guardião.

Após a moça terminar de enfaixar as mãos da loira, Layla em um súbito, abraçou a empregada. Estava realmente muito feliz de poder ter alguém que cuidasse dela, mesmo quando ela acreditava que não tinha saída e que a vida dela havia sido arruinada.

Penélope se comoveu com o gesto de afeto de Layla, e retribuiu o abraço com lágrimas nos olhos. Estava contente de poder cuidar de Layla e ser a amiga que ela tanto precisara durante todos aqueles anos.

– A Srta. está bem? Quero dizer... O que aconteceu?

– É uma longa história! – respondeu parecendo cansada só de pensar.

– Eu tenho a noite toda! – a moça abriu um sorriso para Layla.

Layla retribuiu o sorriso. Decidiu que iria contar tudo para Penélope. Queria desabafar e descarregar toda aquela tristeza que estava dentro de seu peito. Portanto, começou a contar a história desde o início.

III.

Leon já havia bebido demais. A bebida em vez de tranquiliza-lo, somente deixara o com mais ódio e raiva. Na verdade, a bebida lhe dera forças para acreditar que poderia resolver todos os seus problemas com os próprios punhos. Deu-lhe aquilo que ele não tinha desde a morte de Sophie. Deu-lhe coragem.

Estava cansado de ser tratado de trouxa por todos. Viam nele uma pessoa desequilibrada que não conseguia dar rumo a sua vida sozinho. Mas ia provar para todos que nada daquilo era verdade. Daria um jeito em sua vida e acabaria com o mal pela raiz. Sairia daquele bar e procuraria Yuri, não importando onde ele estivesse. Iria caçá-lo até encontrar.

Retirou sua carteira do bolso e pegou dinheiro e depositou no balcão. A quantia era suficiente para arcar com as bebidas e ainda sobrava para gorjeta. Nunca fora uma pessoa má, apenas era injustiçado e incompreendido. Mas aquilo acabaria ali.

Ao se virar para sair do balcão, um homem esbarrou nele, derramando toda a bebida na camisa de Leon. O rapaz olhou para a sua camisa toda molhada e imaginou que dependendo da bebida a sua camisa poderia ficar manchada. Sua raiva apenas aumentou. As pessoas a sua volta somente atrapalhavam. Eram todos desajeitados e ainda tinham a audácia de falarem dele.

– Desculpe amigo. Não tinha a intenção... Você virou do nada e acabou batendo no meu braço... – o homem tentava se desculpar. Acidentes acontecem o tempo todo, mas a forma de lidar com eles só depende das pessoas.

– Então agora é culpa minha você ser um desastrado? Vai dizer que você é a vítima nessa história? Não importa se você tinha intenção ou não, o que importa é o que você fez. Olha como ficou a minha camisa? – a raiva transparecia na voz de Leon. Sentia uma vontade enorme de acabar com aquele imbecil. Além de ser um desastrado, ainda queria culpar Leon pela falta de atenção dele. Aquilo era inadmissível. Olhou para o homem com um olhar de gelar os ossos.

– Não estou dizendo que a culpa é sua... Só tentei me desculpar... – o homem estava levemente alterado, mas não o suficiente para perder a razão. Nunca fora de brigar e estava ali no bar apenas para descontrair depois de um dia cansativo de trabalho.

– Não importa quais palavras você profira dessa sua boca imunda. Você vai pagar pelo que fez.

Leon partiu para cima do homem. Desferiu contra ele vários socos. Sentia prazer em acertar o rosto daquele homem. Parecia que a cada soco, o sangue voltasse a correr por todo o seu corpo lhe dando mais vitalidade. Algumas pessoas que estavam tentaram apartar a briga. Um rapaz agarrou os braços de Leon para tentar contê-lo, mas levou uma cotovelada no nariz e saiu sangrando.

Dois homens foram para cima de Leon e seguraram os dois braços do rapaz. Ele estava completamente descontrolado. Outros dois homens ajudaram o homem que tanto apanhava a se levantar.

Brigas em bar era uma coisa muito comum, mas naquele pub era algo muito raro. Portanto, a cena que Leon causou chamou muita atenção. Uma das mulheres que estava no pub na hora ligou para a polícia informando da briga que estava acontecendo.

Como brigas em bar eram coisas comuns, a central entrou em contato com a viatura que estava mais próxima da localidade e pediu que eles fossem lá conferir o que estava acontecendo.

Após alguns minutos, a viatura chegou ao bar. Os dois policiais saíram do carro e entraram no estabelecimento a fim de saber o que estava acontecendo. Um dos policiais era Jerry, um dos melhores amigos de Sora e como ele mesmo dizia: seu fã número 1.

– Parados, polícia de Cape Mary. O que está acontecendo aqui? – Jerry entrou já se apresentando.

Assim que o policial terminou de falar, ele percebera que Leon estava sendo segurado por alguns homens enquanto havia outro em pé com o olho roxo e diversos hematomas. Era a primeira vez que via Leon Oswald em uma briga, principalmente de bar.

– Esse senhor aqui começou a me bater depois que eu derrubei sem querer bebida na roupa dele. – contou o homem que estava com o rosto inchado e roxo.

– Leon Oswald. Você em uma briga? – Jerry aproximou-se do acrobata. Estava realmente surpreso. Contudo, lembrou-se que ele vinha agindo estranho desde que acordara do coma e entrara em amnésia temporária.

– Olá policial! Eu acabei me excedendo. Estava com raiva e a bebida me subiu a cabeça. – Leon voltou a falar com a classe que ele tinha. Estava alterado, mas não o suficiente para não perceber o que ocorria ao seu redor. Realmente batera naquele cara e gostara de fazer aquilo.

– Vamos levar os dois para a delegacia. – O outro policial informou. Aproximou-se de Leon para algemá-lo, porém, o rapaz o impediu e disse que poderia ir sozinho até a viatura. O rapaz que apanhara também entrou na viatura. E assim os policiais foram para a Delegacia de Polícia.

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Yuri decidira que iria para casa. Não adiantava nada ficar vagando sem rumo pela cidade. Sentia-se mal por tudo que havia acontecido naquele dia, mas nada adiantaria se ele abdicasse de toda a sua vida. Não teria Layla de volta e muito menos consertaria as coisas com Sora. O jeito era tentar dormir um pouco e ver o que poderia fazer pela manhã.

Dirigira até o prédio onde morava quando estava nos EUA. Guardara o carro na garagem e subira de elevador até o apartamento. Estava sentindo-se um caco. Precisava de um banho e de uma boa dose de whisky. Se não conseguisse dormir normalmente, então dormiria de tanto beber.

Entrou no apartamento e foi direto para o banheiro. Abriu o chuveiro e ficou ouvindo a água cair enquanto se despia para tomar o seu merecido banho. Ficou por longos minutos debaixo do chuveiro deixando a água cair em seu corpo. Bem que poderia ser possível que a água lavasse todos os nossos pecados e que saíssemos dela como novas pessoas, com novas chances e expectativas. Mas infelizmente não funcionava assim.

Os problemas tinham que ser enfrentados. Mas o maior desafio não eram os problemas em si, estes sempre havia um jeito de resolver e fazer as coisas voltarem a dar certo. O desafio eram as pessoas que se magoava por causa dos problemas. Não havia como consertar pessoas. Pessoas eram dotadas de sentimentos, sentimentos estes que uma vez quebrados nunca mais são os mesmos. Principalmente a confiança.

Sua mãe dizia que a confiança quando quebrada não volta ao normal. Pode até que se consiga colar os cacos, mas nunca mais será o mesmo. E era justamente isso o que Yuri havia feito. Quebrara a confiança que Layla tinha dele. Mas não só a confiança como também a esperança de poder ter uma vida com ela.

Não conseguia se conformar que fizera uma idiotice tão grande em sua vida. Saiu do box do banheiro e enrolou-se na toalha. No caminho para seu quarto, decidira parar e beber um pouco. Pegou um pouco de whisky da sua adega pessoal e despejou o líquido em seu copo. Engoliu o líquido em uma golada só. Naquela noite a única certeza que tinha era a de que queria beber para esquecer todos os problemas.

Foi para o quarto e colocou apenas uma calça. Voltou para a sala de jantar e decidiu que não ia mais colocar a bebida em um copo, beberia o whisky pelo gargalo. Se a intenção era ficar bêbado, não fazia diferença se usaria um copo ou não.

Enquanto despejava a bebida diretamente em sua boca, lágrimas grossas rolavam do rosto de Yuri. A única coisa que conseguia passar por sua cabeça, era Layla. Não parava de pensar em como queria poder estar com ela naquele momento. Recordava do primeiro dia que conhecera Layla. Fora na aula de ginástica. Ambos só tinham 14 anos, mas o rapaz já ficara apaixonado por aquela menina forte e decidida.

Lembrava que havia feito o seu máximo e até mais para que ela pudesse notar a sua presença. Queria que ela o visse. Até que um dia ela o viu. Não houve muitos elogios e nenhum estardalhaço, mas ela admitiu que ele tinha talento e poderia ter um futuro promissor.

Depois disso começaram a ficar cada vez mais próximos, até que ele a convidara para ser sua parceira para o festival de circo. Claro que a intenção de ganhar o festival de circo não era realizar o sonho daquela menina, mas era maravilhoso que pudesse ser ao lado dela. Independentemente do golpe baixo que dera por medo de perder, ele adorava cada momento que eles passavam juntos e não queria se separar dela nunca mais. Os dois faziam uma grande dupla.

Conseguiram ganhar o festival de circo e entrar no Kaleido Star. Layla tornou-se a acrobata principal do circo e Yuri era seu parceiro. A partir daquele momento passaram a ser ver todos os dias, principalmente nos treinos dos finais de semana que ocorriam na casa da leonina. E a cada dia sentia-se mais apaixonado e admirado por aquela mulher.

Mas o dia mais feliz de sua vida fora quando, no meio da vingança contra Karlos, Layla continuou firme, mesmo quando Yuri frustrava todas as suas chances, e lutou como nunca antes e mostrou a todos do que era capaz. Fizera a técnica mais perigosa do mundo do circo, e tivera muito sucesso. Daquele dia em diante, Yuri sabia que amava aquela mulher e que queria ela para estar ao seu lado o resto de sua vida.

Queria ter a chance de poder se redimir com Layla. Contudo, a leonina já lhe dera tantas chances que era pedir demais que ela lhe desse mais essa. Mesmo que estivesse sofrendo muito com isso, não tinha direito de pedir a Layla que o perdoasse. Não depois de tudo que fez com ela. Amava com todas as forças aquela mulher, mas nunca dava uma dentro. Sempre conseguia fazer alguma que pudesse prejudica-la, como da vez em que com raiva do Karlos, desmascarou Layla e mostrou ao pai dela que ela ainda fazia acrobacias, e pior, fazia acrobacias de rua. Aquilo deixara o Sr. Hamilton irritadíssimo, mas não medira o impacto que causaria em Layla.

– Eu sou um tremendo de um babaca! – bebeu mais uma golada da bebida e começou a chorar silenciosamente.

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– Eu quero ir até o aeroporto Internacional de Cape Mary. E por favor, vá rápido. – May informou ao taxista. Estava com pressa de chegar ao aeroporto. Não sabia se Sora já havia pegado ou não o avião.

– Ok – confirmou o taxista. Acelerou o carro e começou a costurar o trânsito para tentar chegar o mais rápido que pudesse.

Chegaram ao aeroporto em 10 minutos. May pagou a corrida e entrou no aeroporto. Perguntava-se onde poderia estar a sagitariana. O lugar era enorme, além de ter a ala de embarque e desembarque. Decidira que iria primeiro perguntar no guichê qual era o próximo avião que sairia dali com destino ao Japão.

Perguntou ao atendente e descobriu que até aquele momento ainda não havia saído nenhum, mas que o próximo sairia dali meia hora. Provavelmente Sora já havia feito o check-in e estava na sala de embarque. Correu até a ala de embarque. Informou aos seguranças que estavam no caminho que era uma questão de urgência, não podia deixar uma amiga partir daquele jeito.

Chegou à ala de embarque. O lugar era imenso, mas pelo menos já reduzira muito o local de sua busca. Andou pelo aeroporto prestando atenção em cada pessoa que via. Foi andando e se perguntando se realmente Sora havia ido para o aeroporto. Era possível que ela tivesse ido para o dormitório, e se desencontrado de May. Se não encontrasse nada ali, iria ao dormitório e torcia que ela estivesse em um daqueles dois lugares.

De repente, olhou para a última fileira de cadeiras no final da ala de embarque e lá estava Sora. Ela estava sentada com a cabeça baixa, parecia que estava chorando. Não, provavelmente estava chorando. May andou devagar para não chegar de súbito e assustar a japonesa. Ela não poderia levar sustos.

Aproximou-se de Sora e ajoelhou-se para poder ver o rosto dela e colocou a mão no joelho da jovem.

– Enfim eu te encontrei! – abriu um sorriso.

Sora levantou a cabeça e olhou para May. Ficou surpresa de ter encontrado a chinesa ali e ainda por cima procurando por ela. Havia visto todas as ligações que ela fizera para seu celular, mas não estava com vontade de atender ninguém. Mas não imaginava que a taurina poderia ir até ali para lhe procurar. Sora abriu um sorriso animador. Estava feliz, pois no meio de toda aquela confusão ainda existia alguém que estava preocupada com ela e que se importava.

– Você acha mesmo que eu deixaria você partir sem se despedir? Ou até mesmo de eu ter a certeza que você está bem?

– Obrigada por se preocupar comigo. – Sora levantou da cadeira da ala de embarque do aeroporto e começou a chorar. Lágrimas grossas rolavam pelo seu rosto. Não conseguia descrever o que estava sentindo naquele momento.

– Calma! Eu estou aqui com você agora. Vai ficar tudo bem. – May abraçou a amiga e acariciou os cabelos dela. – Não vou deixar nada mais lhe machucar.

– Obri... Ai! Ai! Ai! – Sora não conseguira terminar a resposta para May. Começou a sentir uma dor muito forte na barriga. Eram as contrações que estavam ficando mais fortes e mais constantes.

– O que aconteceu? – May estava preocupada. O que será que estava acontecendo, machucara Sora com o abraço, ou será que...

Sora sentiu um líquido descer lhe pelas pernas. A bolsa havia rompido. Sua filha queria nascer. A dor era demais. Não conseguia nem falar direito.

– Vai nascer. A minha... filha... vai nascer. – gritara para May entre uma contração e outra.

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Olá galerinha!

Primeiramente, mil desculpas pela demora por postar o capítulo. Mas como eu já disse a minha vida é meio corrida, mas não desistirei da fanfic e irei terminar ela.

Esse capítulos tem muitas emoções e eu amei escrever ele. Espero que vocês gostem. Comentem o que mais gostaram no capítulo e lerei com muita carinho!

Beijinhos e até a próxima! ;*



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