O planeta Demetriures é um planeta afastado de tudo. Tudo mesmo.

                Eles está localizado num dos setores mais distantes da galáxia. Mesmo distante, é ele que fabrica... tudo. Tudo mesmo.

                Lá estão as plantações das matérias primas dos alimentos mais desejados do Universo. Imensas plantações de grãos, cereais, frutas,verduras, absolutamente tudo o que você imaginar. Tudo mesmo.

                Um dos que trabalhavam nas imensas plantações era um homem chamado Pleo Dito. Ele trabalhava a milênios nas plantações de grãos, cuidando de tudo. A sua chefe era uma mulher extremamente rigorosa, que morava em uma mansão um tanto afastada das plantações. Era nada mais nada menos que a deusa Démeter.

                A deusa havia criado um grupo chamado “Academia de Letras”. Era um grupo de velhos geniais, mas que com o tempo ficaram “gagás”. Eles tinham a função de distribuir as tarefas e funções dos outros empregados, como por exemplo, onde eles trabalhariam. Na primeira vez em que essa academia foi convocada, eles distribuíram as tarefas, e não se falou nisso nunca mais.

                Mas como a Academia de Letras era feita por velhos gagás que agora tinham a função de desorganizar tudo o que já estava pronto, eles se reuniram no ano 9002 do calendário Demetriurense, e decidiram reformar as funções dos trabalhadores. Ou seja, colocar um no lugar do outro, designar funções diferentes, etc. Acontece que depois dessa reforma a maioria dos trabalhadores ficaram confusos, como o Hífenio que não é mais empregado em alguns campos, e agora é em outros, e também o Acentoviski que não trabalha mais nos campos em que tem dois tongos abertos.

                Chegaram até a demitir alguns funcionários, como o Tremanio que era empregado nos campos em forma de U.

                Era de madrugada, e mesmo assim Pleo Dito estava trabalhando cansadamente em um campo de grãos quando um dos velhos gagás da academia veio lhe chamar.

                - A deusa Démeter exige agora a sua presença na mansão dela.

                - O que ela quer comigo? – perguntou Pleo.

                - Não sei. Só quer que você vá lá falar com ela.

                - Diga que já estou subindo lá em cima. Tenho de fazer um acabamento final aqui no serviço.

                - Mas ela quer que você vá agora!

                - Eu já disse! Fala pra ela que já vou comparecer pessoalmente pra falar com ela!

                O velho saiu de lá mal humorado. Pleo ficou olhando aquele homem, e continuou seu trabalho. “Quando amanhecer o dia eu vou”.

***

                Era um dia lindo no Monte Olimpo. Lindo mesmo. As ninfas, os sátiros, e todas as criaturas cantavam pra lá e pra cá. O Olimpo estava vivo e alegre de novo.

                Tudo por que quase todos os deuses estavam reunidos, e não estavam brigando. No salão principal, os deuses conversavam e bebiam animados. Só faltavam Hefesto, Démeter, Ártemis e Apolo. Os outros estavam todos lá, muito felizes pois acompanhavam as aventuras de três frágeis humanos tentando fazer missões loucas, absurdas e perigosas.

                - É... estão quase todos aqui hein? – disse Zeus, orgulhoso em ver a casa cheia.

                - Sim – respondeu Hera contente, ao ver praticamente a família toda reunida – vou ligar para Apolo, dizer que tem muita diversão aqui.

                Ela se afastou um pouco dos outros deuses, e discou o número de Apolo. Demorou um pouco como sempre para ele atender. Enquanto chamava, ela pensou: “Não se iluda Héstia, não se iluda. É só uma reuniãozinha dos deuses, mas o Olimpo nunca ficará junto e unido novamente.”

                Ou será que ficaria? E se conseguisse reunir todos os deuses? Não era tão difícil, Hefesto não estava lá por que estava brigado com Afrodite e Ares, mas nada que uma conversa não consertasse. Apolo como sempre estava cuidando de seus negócios, fazendo shows, etc. Ele teria um tempo para vir ao Olimpo sim. Ártemis estava sendo idolatrada em um planeta não muito longe dali. Às vezes ela aparecia para fazer uma visita, que não durava mais do que 5 minutos. Se conseguisse prender ela por algum tempo a mais em casa... Hera falaria para Ares arranjar umas correntes depois.

                Mas ainda tinha Démeter. Nunca deram muito valor a ela, e quando o Olimpo começou a ruir, foi a primeira a se retirar. Depois que saiu nunca mais voltou, ou deu sinais de vida. O que mais sofreu com isso foi Hades, pois era casado com Perséfone, filha de Démeter. A deusa foi, e levou a filha junto. Hermes, que é o deus da comunicação e automaticamente das fofocas, disse que ela vive num dos planetas mais afastados de todos, e não se sabe o que ela faz lá. Sempre quando tentam entrar no planeta, procurar por ela, a deusa nunca está lá, provavelmente está só escondida. “É Hera... não se iluda. Não vai dar certo mesmo.”

                - Alô? – atendeu Apolo.

                - Ah, olá meu filhinho querido! Onde você está? – disse Hera deixando suas divagações de lado.

                - Estou num maravilhoso SPA, relaxando em uma banheira de hidromassagem cheia de garotas lindas! Você tem de ver!

                - Ah Apolo... você não tem jeito mesmo não é?

                - Mas é claro que tenho! Vai me xingar só por que estou me divertindo?

                - Não – disse Hera, deixando um minuto de silêncio – bem Apolo, acredite ou não, estão todos se divertindo aqui no Olimpo! Quase todos os deuses estão aqui!

                - Sério? Fenomenal...

                - É sério Apolo. Só faltam uns 3 ou 2. O Olimpo está unido de novo!

                - Hera, não se iluda! O Olimpo provavelmente nunca ficará unido.

                - Mas...

                - Mesmo que falte apenas um, não irá adiantar de nada. O Olimpo só é o Olimpo quando todos estão reunidos. Todos.

                - Certo... hey, você está dando conselhos pra deusa da família? Eu sei de tudo isso! – os dois deram risada – mas então largue um pouco de suas mulheres, venha aqui se reunir com a gente vem!

                - Estou indo! Só preciso fazer uma coisa antes.

                - O que?

                - Hera, Hera... eu estou numa banheira cheia de mulheres e ainda estou lúcido! O que você acha que é?

                Hera abafou um riso, e disse:

                - Divirta-se.

                - Pode deixar Mammis.

                “É Hera... não se iluda.” Pensou ela. Mas tinha de ter um jeito de trazer Démeter de volta. Tinha de ter...

                Ela voltou para o salão principal, onde os deuses conversavam animadamente. Ela olhou no telão e viu a imagem dos três humanos. Então teve uma ideia.

***²

                A nave de Douglas saiu em alta velocidade daquele planeta sujo. O escritor tentou deixá-la na velocidade máxima, e ela ficou rápida mesmo. Muito rápida. Em alguns minutos já estavam um tanto longe daquele planeta. Ainda dava para vê-lo por uma janela.

                De uma hora para outra, a bomba que James deixou lá se detonou, e realmente explodiu o planeta completamente. Todo o solo ficou queimado, rachou, e logo conseguiram visualizar o magma, que logo se transformou em lava. Logo toda aquela mistura se espedaçou pelo espaço, deixando uma enorme sujeira onde ficava o planeta.

                - Droga Douglas! – disse James – ficou bastante pedras, sujeira, sei lá! Mas ficou! Isso não foi uma limpeza!

                - Calma James, isso logo vai se dissipar, bem rapidinho.

                Todos ficaram olhando os restos do planeta por um bom tempo. Logo voltaram para a sala de controle e ficaram por lá. Douglas foi fazer um café, Caroline sentou-se em um sofá, James ficou rondando de um lado para outro, e Marvin ficou em um canto.

                De repente Douglas veio rápido da cozinha para os controles principais. Ele disse:

                - Estamos passando por um campo de improbabilidade muito alto...

                - E o que tem isso? – perguntou Caroline.

                - Bem, as coisas mais improváveis do mundo podem acontecer aqui. Só Deus sabe o que será...

                Ficaram em silêncio um pouco, não ligavam muito para aquilo. Improbabilidade.

                - O que vamos fazer agora Douglas? – perguntou Caroline – Vamos voltar para o Olimpo não é?

                - Sim, acho que sim...

                - Acha? – Caroline perguntou, vendo que Douglas olhava uma telinha nos controles principais. Ele disse de repente:

                - Acho que não, por que tem uma coisa que lhes interessa pelo caminho...

                - O que é?

                - O que você acha? – ele disse, e Caroline fez uma cara feia:

                - Como eu vou saber?!

                - Então ta estressadinha, tudo o que tem no nosso caminho é o seu planeta natal.

                - A Terra!? – disseram Caroline e James em uníssono, embora isso fosse extremamente desconfortável e ridículo.

                - Isso mesmo. Acho que podemos dar uma passada por lá não é mesmo?