Caroline olhou para a tela apagada do telão chocada. Nunca imaginaria que o Olimpo um dia pudesse ser assim, tão chato. Os deuses tinham se separado, estavam dispersos e tudo mais, isso deixava Caroline chateada.

- Certo, agora que vimos como está a situação lá de casa – disse Apolo – vamos ver minha família!

Eles saíram da mansão e foram em direção do templo principal. Chegaram lá, e viram os deuses.

Grandes pessoas estavam sentadas, cada um em seu trono, e discutindo entre si sobre algo como “Os guardanapos são a melhor invenção do último Éon” ou algo assim

Apolo fez um som estranho com a garganta, como quando se quer chamar a atenção, e disse:

- Olá, família que me ama! ... e Hefesto. Como vão vocês? – Ele sorriu e olhou para cada rosto que o encarava

- O que faz aqui, irmão? – Ártemis se virou e encarou o gêmeo – Pensei que estava querendo procriar por toda a galáxia

- Bom, maninha – Ele sorriu galanteadoramente e, ao lado de James, Caroline suspirou – Como você sabe, eu sou um dos 10 mais ricos do universo, atualmente, e tudo mais. Tenho que gastar meu dinheiro em alguma coisa, não? E porque não com Apolinhos correndo por aí? – Ele riu da própria piada (só ele), e começou a crescer. Cresceu e cresceu até ficar do tamanho dos outros deuses.

- E porque voltou, ser hediondo? – Atena estreitou os olhos

- Também estou feliz de te ver – Apolo piscou – Mas em todo caso, eu trouxe para cá esses dois terráqueos e...

- TERRÁQUEOS?! – Hefesto bateu com os punhos no trono – Mas o que deu em você, criatura? Porque trouxe pessoas da – Ele fez uma careta, como se a Terra fosse algo muito, muito ruim.

- Terra? – James tentou ajudar

- Fique quieto, seu alienígena – O deus da metalurgia vociferou e o professor se calou apavorado.

- Er... Com licença? – Caroline deu um passo à frente – Posso falar um minuto?

- Não, não pode – Hefesto olhou feio para ela. James observou até a professora colocar as mãos na cintura fina e olhar acusadoramente para o deus:

- Como ousa? – Ela falou.

- Como? – Hefesto se levantou Caroline lançou um olhar mortal para ele Mortal até para um deus imortal.

- É isso mesmo – Ela disse, com seu jeito mandão de professora – Eu venho aqui, com toda a boa vontade do Universo, falar com os deuses que eu sempre amei. E agora, você vem falar com essa grosseria? – Ela estreitou os olhos Hefesto se sentou novamente. Zeus abafou um riso – Não, não. Não é porque você é um deus, que pode me tratar assim – E então, olhando para dois tronos vazios, ela sorriu perversamente – Ok. Entendi.

- Entendeu o que? – Atena perguntou, incomodada. Ela não gostava que alguém entendesse algo primeiro que ela.

- Entendi porque Hefesto é tão ranzinza – A loira cruzou os braços e sorriu vitoriosamente para o deus problemático – Mesmo com suas plásticas, Afrodite ainda prefere Ares. Não é mesmo?

Todos no Olimpo se remexeram. Os deuses tentavam abafar um riso, os terráqueos ouviram Apolo murmurar “Deus dos cornos” e Hefesto, ficou mais vermelho do que os fogos que ficam em suas forjas.

- Sua insolente – Ele começou a levantar e apontar um tipo de mecanismo para ela – Você vai pagar por ter me insultado desse jeito!

- Ah, vou mesmo? – Ela arqueou uma sobrancelha – E isso vai trazer sua mulher de volta?

Hefesto inchou de raiva e, do outro lado do salão, Apolo ria como um louco.

- Isso já é demais! – disse Hefesto gritando – eu não vou deixar que uma idiota insulte o Olimpo desse jeito!

- Ela não está insultando o Olimpo – disse Dionisio, sem se preocupar, olhando para um pequeno livro em suas mãos – ela está insultando você.

- Já chega! Seu... – então Hefesto foi interrompido por Zeus, que falou mais alto que todos, fazendo os humanos ficarem quase surdos.

- Calem a boca!!! – “O Olimpo está arruinado mesmo” pensou Caroline, e Zeus continuou – Está reunião de hoje está terminada! Voltem todos para seus templos, aposentos, deveres, e tudo mais. Avisarei a todos quando eu marcar uma próxima reunião.

- E esses humanos? – perguntou Apolo.

- Eu cuidarei pessoalmente deles – disse Zeus olhando fundo para os três humanos e para o robô. A maioria dos deuses se levantou e se retirou. Hefesto saiu sem olhar para ninguém, e Apolo saiu animado. Só restaram sentados em seus lugares Héstia, que estava com um notbook no colo, Hera, do lado de Zeus, e Dionisio, extremamente entediado, lendo seu pequeno livro.

- Por que o Apolo trouxe vocês aqui? – perguntou Zeus.

- Olha Zeus – disse Caroline dando um passo a frente, mas então foi interrompida por Hera.

- Senhor Zeus para você assanhadinha – Caroline ouviu a deusa, e se ajoelhou perante Zeus.

- Olha senhor Zeus, meu amigo aqui o James...

- Deixa que eu explico – disse Douglas passando na frente dela, e se ajoelhando – eu sei contar as coisas melhor. Senhor Zeus, o James aqui...

E Douglas explicou para Zeus toda a história desde o jantar, sobre a doença, sobre o Marvin, até eles chegarem ao Olimpo. Ele contou tudo detalhadamente, mas James se perguntou por que ele não mencionou em nenhum momento Magrathea. Zeus prestava atenção no que Douglas dizia, mas fazia uma cara de chatice, como se já tivesse ouvido aquela história milhões de vezes.

- Então senhores deuses – disse Douglas, olhando para os quatro deuses dispersos na sala, mas apenas Zeus prestava atenção – eu gostaria de pedir a cura para a doença do menino aqui, ele está tão magrinho, fraquinho, ele precisa de mais tempo para aproveitar a vida!

- Não percam tempo falando disso com a gente – disse Hera. Ela ia dizer mais alguma coisa, mas Zeus disse primeiro.

- Espere! Isso pode ser divertido!

- Há há – Marvin deu uma risada extremamente irônica – duvido.

- Olha... esperem ai um pouco, tenho de dar um telefonema – então ele tirou um celular do bolso, apertou botões e começou a falar baixinho, para que os outros não escutassem.

Caroline olhou com os olhos brilhando para James.

- Meu bem, estamos quase conseguindo! – ele deu uma risada e disse:

- Meu bem? Hahaha repita isso e dou um chute em Zeus.

Ele percebeu o que disse, então os dois olharam para Zeus. Ele não tinha escutado, então eles deram risada. Ouviram um grande barulho, e olharam para o lado esquerdo da sala, em que Héstia estava sentada em seu trono, perto da lareira. Ela acabara de derrubar seu notbook, e seus olhos estavam vidrados.

- Não pode ser! Não pode ser! – dizia ela. Ela pegou o notbook do chão, deu uma olhada, e continuou se lamentando – impossível! Eu não acredito!

- O que aconteceu senhora Héstia? – perguntou Caroline aproximando-se dela. A deusa ignorou todos os humanos e correu em direção do trono de Zeus. Tirou o celular da mão dele e disse:

- Zeus! A minha internet caiu e não está querendo voltar de jeito nenhum!

- Queridinha, estou cuidando de assuntos mais importantes agora – disse ele, tentando pegar o celular.

- Nada é mais importante que a minha internet! De um jeito de ela voltar agora!

- Devolva o meu IPhone agora Héstia! – Zeus se levantou, estava muito zangado – o Steve trouxe exclusivamente para mim!

- Grite mais alto e excluo todas as suas músicas!

- Cale a boca! É só eu colocar de novo!

- Você é velho maninho. Não sabe mexer nessas coisas tecnológicas.

- Vá se fuder Héstia! – e deu um choque elétrico na deusa, que voou para o outro lado do salão, onde ficava a porta. E Zeus completou – Aproveite que ficou sem a porcaria da internet e vá fazer alguma coisa útil por ai!

Héstia quis se rebelar, mas Zeus jogou mais um raio nela, que a fez ficar no tamanho humano. Ela saiu pisando forte e soltando vários palavrões. Ela saiu para fora, e lá uma ninfa foi tentar acalmá-la, mas Héstia fez com que ela pegasse fogo e ficasse se contorcendo indiscretamente no chão até morrer. A deusa sentou na escadaria e ficou se lamentando. James olhou lá para ela, e como sabia que Zeus ficaria um bom tempo pendurado no seu IPhone, ele foi conversar com a deusa.

Chegou perto dela quieto e com muita cautela, para que não fosse queimado vivo também. Sentou do lado dela, ela o olhou com estranheza, mas continuou chorando. Só então viu como ela era linda. Tinha cabelos castanhos, sua pele era bastante branca, seus lábios eram hipnotizantes, e os olhos... James ficou um bom tempo olhando para os olhos. Neles o professor via fogo, mas não fogo de incêndio, e sim um fogo aconchegante de uma lareira, em que ele gostaria de ficar horas e horas deitado na frente dela, num belo dia de inverno.

- Eu gosto muito de mexer na internet sabe – disse James para a deusa, para tentar confortá-la.

- Mas pra mim ela é especial – disse ela olhando para o outro lado – você não entenderia.

James ficou um instante quieto, e então tirou seu celular do bolso.

- Olha, tem meu celular aqui, tem internet, você quer mexer nele?

A deusa se virou, olhou para o celular e depois olhou para James. Ela mostrou seu lindo sorriso, o que a deixava mais linda e disse:

- Sério? Não gasta muitos... créditos?

- Gasta sim, mas eu gostaria de te ver feliz – a deusa ficou muito animada, deu um abraço em James e pegou o celular. Entrou em uma rede social, e ia conversando com James.

Infelizmente a internet do celular de James durou apenas 5 minutos, pois a bateria havia acabado. E Héstia disse que os carregadores do Olimpo provavelmente não eram compatíveis com aquele celular. Ela ficou triste de novo, mas continuou conversando com James. De vez em quando ele arrancava uma risadinha dela, e a deixava sem jeito.

“Linda, estúpida e quente!” pensou Caroline, olhando os dois de longe. Não podia deixar James ficar conversando com ela. Caroline estava dando tudo de si para conseguir a cura para a maldita doença de James, e ele ficava lá, arrastando as asinhas para perto dela.

- Podemos dar um jeito nisso querida – disse uma voz feminina atrás de Caroline. Daquelas vozes sensuais que mulheres fazem quando querem seduzir, e que fazem qualquer homem subir pelas paredes. Era Afrodite, a deusa do Sexo.