Era apenas mais uma noite comum em Hogwarts ou, pelo menos, era isso que Draco pensava, desesperado por ter todas as suas fracas tentativas de assassinato, fracassadas. 

O diretor, que por, aparentemente, um milagre, estava no jantar daquela noite, estava pensativo e incerto, apreensivo talvez. 

- Alunos - chamou os presentes, se levantando de sua cadeira - Antes do jantar ser servido, tenho um comunicado a fazer. 

Ele pausou a fala, respirando fundo. 

- Teremos a honra de receber em nossa escola, uma nova al... -ele falava, sem seu habitual sorriso no rosto quando, de súbito, foi interrompido pelo barulho da porta do salão, ser aberta. 

Os alunos se viraram sobressaltados, olhando curiosos para a morena de olhos azuis acinzentados que andava com passos decididos e majestosos a mesa dos professores.

-... una - completou Dumbledore, tentando não demonstrar seu sobressalto com a invasão do salão - Prof. McGonagall? O chapéu, por favor. 

Minerva se levantou de sua cadeira, segurando em um braço o chapéu gasto e no outro, um banquinho de três pernas, colocando-os em frente à mesa. 

- Cassady Everdeen - a professora chamou, fazendo com que a garota se sentasse no banco. 

- SONSERINA - o chapéu gritou antes mesmo que fosse completamente colocado na cabeça da menina, que andou calmamente para mesa verde e prata, onde, alguns estavam surpresos, outros admirados e, dois em especial, com expressões de terror no rosto, mesmo tentando escondê-las. Draco Malfoy e Theodore Nott.

A garota se sentou em frente aos dois, demonstrando em seus olhos, o prazer de poder ver as expressões de medo dos meninos. 

- Everdeen? Não conheço sua família - Pansy murmurou com sua expressão entre desdém e admiração. 

Cassady se virou para ela, levantando uma sobrancelha, como se perguntasse como a garota poderia se dirigir a ela dessa forma, mas logo depois lembrando quem a garota era. 

- Parkinson - sorriu friamente e Pansy a olhou surpresa.

- Como sabe meu nome? 

- Sei sobre coisas que você nem pode imaginar - Cassady murmurou sombriamente, olhando para Malfoy e Nott enquanto falava. 

- De onde sua família é? - Daphne Greengrass, amiga de Pansy, se intrometeu na conversa. 

- Londres - a garota respondeu.

- Londres? Como nunca ouvi falar nesse sobrenome? - Greengrass fitava a garota acusadoramente - Não me diga que...

- Sou nascida trouxa - Cassady completou sem demonstrar nenhuma emoção aparente.

A mesa toda se virou para a garota, todos com nojo e repulsa. Uma sangue-ruim na Sonserina! Como poderia?

- O que você faz aqui? - perguntou um quintanista irritado, apontando acusadoramente para Cassady - Uma sangue-ruim não é bem vinda.

- A deixe Morgan - Draco interrompeu com medo da reação da garota ao insulto. 

Todos olharam assustados para Malfoy, qual era o problema dele? Defendendo aquela garota? 

- Eu sei me defender Malfoy - Cassady murmurou com acidez, sem tirar os olhos do garoto que a insultara - Qual o seu nome? 

- David Morgan - o garoto disse com superioridade olhando com desprezo para a garota. 

- Morgan... - murmurou para si mesma, guardando o sobrenome do menino e se lembrando vagamente de seu pai. 

- E por que a sangue-ruim quer saber? - ele perguntou desafiadoramente. 

- Chega Morgan! - Nott interferiu, lançando um olhar cortante ao mais novo, que se calou irritado - Me desculpe por isso M-Everdeen - ele murmurou para a garota, concertando rapidamente o seu erro. 

Cassady o olhou irritada, mas deixou passar, pensando no que faria com o garoto Morgan.

_ - * - _

Ela seguia silenciosamente o garoto, que andava rapidamente pelas masmorras com um pequeno bilhete em mãos, com um feitiço de desilusão. 

- Morgan - chamou desfazendo o feitiço, quando o garoto havia parado no lugar indicado pelo bilhete.

David se virou sobressaltado para a menina, logo substituindo sua expressão surpresa por uma de nojo. 

- O que faz aqui Sangue-Ruim? - cuspiu a última palavra, medindo a garota com os olhos.

- Temos coisas a acertar - Cassady murmurou sombriamente, se aproximando e deixando o garoto preso entre as paredes e ela.

- Saia daqui, estou esperando uma pessoa - ele disse, tentando não estremecer pelo tom de voz perigoso da garota. 

- Você é tão idiota a ponto de achar que a Greengrass virá? - ela riu desdenhosamente - Ela nem sabe da sua existência garoto. 

- Então... 

- Foi eu que mandei o bilhete, já disse, temos coisas a acertar - ela repetiu, empunhando sua varinha. 

- O que vo...

Ele não pode completar a frase, pois a garota, com sua grande habilidade em ler mentes e sorriu de modo cruel. O garoto perdeu a cor, seus olhos ficaram desfocados e em sua expressão, havia o mais puro terror.

- Garoto estúpido, esse é seu maior medo? - riu friamente, ainda controlando a mente do garoto. 

David caiu no chão, se contorcendo e com os olhos vidrados em nada aparente, mas absolutamente aterrorizados pela ilusão que a garota fazia. 

- PARA COM ISSO! - ele conseguiu gritar, deixando escapar um soluço e algumas lágrimas. 

Cassady sorriu, aquilo era sua diversão, o sofrimento dos outros. 

- Por favor, não, me perdoe, eu não farei isso novamente, eu não irei cometer o mesmo erro novamente - o garoto murmurava coisas incompreensíveis, completamente absorto em sua ilusão.

O sorriso da menina se abria ainda mais e ela sabia que se continuasse o torturando, poderia matá-lo, mas não tinha vontade de parar, que mal havia em matá-lo? Não faria falta a ninguém.

- Pare Everdeen - ela escutou a voz de outra pessoa atrás dela, e se virou irritada, prestes a lançar algum feitiço no inoportuno. 

- O que quer Malfoy? - sibilou ao reconhecer os cabelos platinados do garoto. 

- Você irá matá-lo - ele respondeu, tentando não recuar ao olhar faiscante da garota.

- Isso não será problema meu - ela murmurou, se virando para o garoto no chão, que chorava compulsivamente, escondido em um canto da parede. 

- Dumbledore irá desconfiar - Draco insistiu - Ele parecia saber de alguma coisa antes de você entrar no Salão.

Cassady bufou e, mesmo contrariada, desistiu de matar Morgan. 

- Dá próxima vez que me interromper, quem irá morrer vai ser você - ela sibilou, andando para a entrada do Salão Comunal da Sonserina, como se nada houvesse acontecido.