-Quer sair daqui, Hana? – Derick perguntou-me dias depois, naquele lugar horrível.
-Quero.
-Tá, então basta você me dar o sentimento mais forte que você tem dentro de si e você estará livre. Desculpe, não são regras minhas.
-Eu nunca vou abrir mão do amor que eu sinto por ele, Derick. Nunca.
-Mas ele morreu, Hana.
-Não, não morreu. – eu afirmava tentando me auto convencer disso, mesmo sabendo que era uma mentira.
-Hana, me escuta. – Derick falava segurando meu rosto de leve e olhando no fundo dos meus olhos – Após aquele dia, o corpo dele sumiu, deve ter sido comido por algum animal selvagem...
-Mas...
-Eu sei que você deu seu sangue a ele, eu vi, Hana. Mas foi inútil, você já havia sugado-o além da linha da morte, eu sinto muito.
-Er... – as palavras dele me atingiam pesadas, direto no peito – Sente muito? – murmuro em um tom amargurado.
-Sinto, de verdade. – responde ele simples, com a mais pura sinceridade nos olhos e vai para outro lugar, afastando-se de mim.
Exatamente uma semana depois, enquanto estava deitada, descansando, sinto algo me cutucar e abro os olhos para ver de que se tratava.
-Hana? – parecia um sonho, meu Yuki estava ali, bem na minha frente.
-Yuki?! – pergunto sem acreditar e em um pulo só abro os braços com a intenção de abraçá-lo.
-Sim, sou eu, Hana. – ele responde seco e levanta-se, desviando dos meus braços, me fazendo perder o equilíbrio e cair no chão antes mesmo de encostar nele.
-Yuki, que saudades... Eu pensei que você...
-Que eu tivesse sido morto por você? Não, você não conseguiu dessa vez, Hana, sinto muito. Vamos, vou falar rapidamente pois esse lugar não é para mim. – respondia ele com um tom de desprezo na voz.
-E nem para mim, pagando por um crime que eu não cometi. – falo alterando a voz enquanto as lágrimas caiam.
-Que você NÃO CONSEGUIU, é diferente. Enfim, eu vim aqui avisar para que se você conseguir sair daqui um dia, nunca me procurar, pois eu só usei e zombei de você, já perdeu a graça. Agora a minha vingança pela vida de Sentarou está completa. – ele termina de dizer com um sorriso estranho no rosto.
-Mas Yuki...! – murmuro ainda confusa – Mas...
-Mas nada, eu já falei o que tinha para falar. – ele disse, e lançando-me um último olhar desaparece no ar.
-Derick!! – grito alto chamando-o.
-Hana, me chamou? – ele aparece na mesma hora ao meu lado.
-Eu... Eu... – murmuro de joelhos, sem forças até para respirar.
-Você...? – ele abaixa-se ao meu lado e toca meu ombro de leve, com um olhar preocupado.
-Eu quero sair daqui, pode tirar todo esse amor maldito de dentro do meu peito. – falo de modo duro encarando a dó estampada nos olhos de Derick.
“Yuki, tem certeza que é você mesmo? Acho que a solidão está me consumindo ao ponto de criar realidades paralelas. Ou não.”