Diário De Uma Retardada escrita por Simjangeum


Capítulo 36
Desintegrando-se


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, desculpem as leitoras a quem não respondi os reviews no cap passado, não deu tempo, mas prometo que li todos eles ♥
Whatever, SE PREPAREM PORQUE ESSE CAP É O + Q D+ (ESTOU EMOCIONADA PORQUE ACABEI DE VER O SEGUNDO TRAILER DE CITY OF BONES, SORRY)
Não me odeiem depois desse cap, lalala, ou não o bastante o/ Boa leitura!



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27/01 - Sábado


Eu não sei se tenho forças para escrever agora... não sei se consigo manter a caneta no papel, se consigo ao menos rabiscar uma letra, não sem desabar completamente. Mas, acho que devo contar, direito, o que houve na sexta-feira.

Peter apareceu na minha casa as sete, como havíamos combinado. Porém, eu ainda continuava brigada com Val e Lizzie, por tanto, não fomos de limusine. Peter, que tinha vindo de moto até a minha casa, me deu uma carona e fomos até a festa.

O clube não era tão longe da minha casa, vinte minutos de moto, então chegamos relativamente cedo. Peter estava com uma calça jeans clara, uma blusa cinza e um terno preto, enquanto eu ainda parecia o carvão mal cortado, com sapatos de salto alto rosa e o cabelo em uma trança embutida.

A festa era no Soulair, onde aconteceu a pseudo festa de Lizzie. No palco, onde há um mês atrás eu tinha cantado bêbada, agora tinha um dj e um enorme telão atrás, onde apareciam imagens abstratas em neon.

Vi muitos rostos conhecidos. Nina, em um vestido roxo e rosa, Megan toda trabalhada no prateado, Khaled em um terno de poá, Matt com um terno que lembrava um sacola e Val, que estava deslumbrante em um vestido azul água. Vi ela em cima do palco com Thomas, que carregava em seu pescoço muitas correntes douradas, como a anfitriã, e o modo como ela parecia feliz me intimidou de ir até lá cumprimentá-la.

Procurei por Bina, mas não tive nenhum sucesso. Primeiramente, fiquei preocupada pelo fato de que talvez ela não viesse, mas me lembrei que era apenas o começo da festa e que era normal que ela se atrasasse.

Estava tocando uma música bem animada, e todos estavam pulando na pista de dança. Peter me convidou para dançar e eu aceitei, mesmo que não estivesse tão animada.

Pulamos feito dois loucos, sempre de mãos dadas, e cantando a música juntos. Quando chegou ao fim da música, pulei nos braços de Peter e ele me girou, enquanto eu ria feito uma criança.

─ Vou pegar umas bebidas ─ falei pra ele, enquanto ele me colocava no chão.

Enquanto Peter ia até a rodinha que seus amigos formavam no canto do salão, fui até a mesa do ponche. Como estava super lotado em volta da mesa, tive que enfrentar aquele Armageddon todo para conseguir um pequeno espaço.

Enquanto eu enchia dois copos de plástico com o ponche verde, que parecia radioativo, senti uma mão agarrar meu braço.

─ Você não veio com a minha irmã? ─ gritou Rony, porque a música estava muito alta.

─ Ela não te contou? Nós brigamos ─ respondi secamente.

Rony estava lindo, e não sei explicar porque percebi isso. Ele estava usando um jeans escuro, uma blusa branca e um blazer azul marinho, seu cabelo estava úmido e ele estava cheirando a shampoo e sabonete.

─ Foi por causa da Bina ─ não era uma pergunta.

─ As pessoas mudam, Ronald. Você consegue se convencer disso? ─ perguntei, colocando os copos na mesa e olhando diretamente para ele.

O ambiente em si estava escuro e a única coisa que projetava luz eram pequenos aparelhos pendurados nos cantos da parede que lançavam e nós todos luzes coloridas e dançantes. Uma luz azul bateu em cheio na cara de Rony e eu pude ver ele me analisando metodicamente.

─ Você está aqui, na minha frente, como uma cópia exata da Bianca me provando que eu estou errado ─ respondeu ele, dando uma risada mínima ─ Então, sim, eu consigo me convencer disso.

Pensei em lhe dar uma resposta curta e grossa, mas quando a luz azul bateu de volta à minha frente, Rony não estava mais lá. Peguei os copos de volta e saí irritada a procura de Peter.

Porém, rodei a festa toda e não o encontrei. Quando pensei em procurá-lo perto do palco do dj, as luzes coloridas se apagaram e tudo ficou escuro. Ouvi alguns gritos assustados do meu lado e eu tentei me mover, mas eu não conseguia enxergar nada.

Então, quando pisquei novamente, a luz clara do holofote apontou diretamente para a porta de entrada, e quem estava lá se não Bianca?!

A primeira vista que eu olhei, achei realmente que não era ela, porque a garota que agora vinha em minha direção estava com o cabelo curto e preto, mas quando ela parou na minha frente e disse “oi”, saquei que era Bina.

─ O que você fez com o seu cabelo? ─ perguntei, sem acreditar.

O holofote sumiu, tudo ficou escuro e logo em seguida as luzes coloridas voltaram. Todos pararam de olhar em nossa direção e voltaram ao que estavam fazendo.

─ Ficou legal né? ─ perguntou ela, dando uma risadinha.

Franzi o cenho quando percebi que ela estava muito parecido comigo, o jeito como estava se comportando e tudo, mas não fiz objeção. Em vez disso, eu e ela fomos até a mesa do ponche e começamos a tomar copos e copos, um atrás do outro.

Só fui perceber que no ponche tinha álcool porque depois de meia hora comecei a ficar tonta.

─ Vamos até o palco dançar! ─ exclamou Bianca, me puxando pela mão.

Achei aquela ideia divertidíssima e deixei ela me guiar, enquanto tudo o que eu via eram borrões. Quando fomos subir os poucos degraus para subir no palco tropecei nos primeiros e tive um acesso de riso. Eu estava completamente bêbada.

─ Vamos! ─ incentivou Bina, me ajudando a levantar.

Então notei que algo estava errado quando ela me largou no meio do palco e foi até o dj, falou alguma coisa no ouvido dele que fez a música parar. Tentei falar alguma coisa, mas a única coisa que eu consegui reproduzir foram resmungos sem sentido enquanto observava todos olharem para o palco.

─ Com licença ─ pediu Bianca, pegando o microfone ─ Todos em silêncio! Por favor, quero falar uma coisa.

Automaticamente, como se alguém tivesse desligado a energia corporal deles, todos param o que estavam fazendo de deram sua atenção para Bina. Queria muito que eles não tivessem feito isso porque eu sentia que não seria nada bom.

─ Sei que muito de vocês me odeiam ─ continuou ela, em um tom animado ─ Sei também que muitos de vocês nunca nem ao menos falou comigo, mas me odeia porque é normal, não é mesmo? Pois bem, eu estou aqui para provar pra vocês que eu nunca fui a vilã, e que se fui, estou pronta para me redimir com todos vocês, porque eu mudei.

Soltei um suspiro, aliviada, porque por um momento achei que ela ia fazer algo contra mim. Ouvi um barulho alto vindo da “platéia” que eu não consegui distinguir porque já estava muito aérea, mas me pareceu um coro de risadas.

─ Vocês não devem estar acreditando em mim, pelo o que posso ver ─ falou Bina, com desprezo na voz ─ Mas eu já estava pronta para essa reação, porque obtive provas de que esse tempo todo a vilã nunca foi eu, seus bobinhas. Ora, quem mais seria ela se não essa pobre figura que está aqui em cima do palco, a senhorita Aléxia Antonelle.

Antes que eu pudesse raciocinar ou pelo menos pensar em fugir do palco, a luz de holofote bateu na minha cara, então eu fiquei ali parada como se eu tivesse cometido um crime e a polícia tivesse me pegado.

─ O que você vai falar dela, Bianca? ─ gritou Rony, do meio da platéia. Tentei vê-lo, mas minha visão estava turva e eu não consegui.

Bina soltou uma gargalhada maléfica e bem audível que me deixou assustada.

─ Quando você ver as provas que eu tenho... você vai ver toda a verdade, Ronald ─ falou Bianca ─ Bem, não vou enrolar vocês por muito mais tempo. Fiquem em silêncio e observem isso.

Ela pegou um controle azul pequeno e apontou para o enorme telão atrás de nós. Quando apareceu uma foto minha, onde eu estava sorrindo calorosamente para a camêra, não entendi muito bem, até que ela deu o play.


“─ Típico dele. Rony se faz de bom moço, mas não é nada. Não acho que ele possa ter sentimentos."

“─ Eu tenho um psicólogo, mas eu não vou nas consultas (...) Não. E eles também não sabem que eu não tomo os remédios (...) Fui diagnosticada, depois de alguns testes, com transtorno de ansiedade, um nível médio de estresse, bipolaridade, início de esquizofrenia e de bulimia.”

“─ Sim, estou! Eu julgo os outros pela aparência, só lembro dos erros que eles cometeram e o que vale é o meu julgamento, os sentimentos dos outros não conta!.”


Fiquei estática ao perceber que aquela era realmente a minha voz e que Bina tinha gravado tudo e editado algumas partes sem eu saber. Ouvi todos lançarem exclamações bem audíveis.

─ E tem mais ─ gritou Bianca no microfone ─ E essa é a melhor parte.

Eu sabia o que viria antes mesmo de olhar para o telão, mas quando finalmente olhei, era o que eu estava esperando. Era o vídeo que ela me aconselhará a fazer, falando mal dos outros como se eles fossem a câmera.

─ (...) Rony, você é um idiota, babaca, só faz as coisas darem errado, você destrói tudo o o que vê, é um garoto rico e mimado. Eu queria muito de odiar, mas tudo o que eu sinto por você é nojo pela pessoa que você é (...) Oh, a pobre Lizzie princesinha rica, toda elegante, que age como se todas nós fossemos um lixo e ela fosse melhor do que todo mundo. Deixa eu te contar uma coisa, você é uma ridícula exibicionista, isso sim! Só que nem te diz isso na cara porque você tem essa cara de santa, que é mais falsa do que todos os meus produtos da Gucci (...) Val, cara, como você consegue ser tão idiota?! Fala sério, o Thomas já transou com metade da escola e você ainda suspira pelos cantos por causa dele? Ele nunca vai olhar pra você, você é ridícula, é pior que eu! Se toca, a única coisa que ele quer de você é uma rapidinha atrás da escola e olhe lá! (...) Peter, você é outro que só se faz de rico, mas na verdade mendiga dinheiro a torto e a direito, e você ainda finge que é uma pessoa, mas é uma completamente diferente! Você é um babaca, e... (...) Eu, na verdade, devia resumir tudo em: todos vocês do East High não prestam! Vocês só se acham e, a quem estão tentando enganar?, não são nada! Nada! Vocês deviam começar a olhar mais para si mesmos e depois vir apontar os erros dos outros, já que vocês erram a torto e a direito! Ou melhor, a torto e a errado.


Eu queria gritar, gritar que aquilo tudo tinha sido editado, que eu não tinha falado daquela forma, mas estava tão tonta que eu mão consegui me manter de pé direito.

─ Será que você nunca se deu conta, Aléxia, que a errada na história sempre foi você? ─ questionou Bianca, triunfante ─ Que você só sabe atrapalhar a vida dos outros, já que a sua vida é um erro? Vá embora daqui.

─ Eu non, eu não, qreo, quero dizer... ─ tentei falar e andar em direção à ela, mas quase tropeçando.

─ Olha isso! ─ guinchou Bina, gargalhando ─ Ah, não, sua retardada mental, você está bêbada como uma maluca! Vamos, eu te dou um empurrãozinho.

E antes que eu me desse conta, Bianca veio até mim, me arrastou consigo pelo pulso até a borda do palco, e depois me jogou de lá de cima. Fiquei inconsciente antes mesmo de bater contra o chão.

Aléxia




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