18/01 - Sexta-Feira

Hoje foi ápice das brigas entre mim e o Rony. O ápice do ápice, hoje realmente os cientistas comprovaram que nunca, nunca, nunca vamos ser amigos ou pelo menos ter uma relação amigável. E eu comecei a ter certeza disso porque a Bianca se meteu na briga e por surpresa não ficou do lado dele.

Isso deve ter sido um sinal divino. E eu aceito esse sinal, Deus.

Enfim, hoje na aula de Biologia, onde eu e Rony ainda continuamos sentados juntos (eu não joguei pedra na cruz, eu derrubei ela e depois dancei macarena em cima), decidi comentar com Rony sobre a Bina, apenas para ver se ele sabia de alguma coisa.

─ Não sei, para mim ela tá normal ─ murmurou ele, indiferente ao assunto.

─ Como você pode dizer isso? Pensei que vocês fossem namorados ─ revelei, franzindo o cenho ─ Ou que pelo menos vocês tivessem um rolo.

Rony parou de escrever em seu caderno e abandonou a indiferença e me encarou.

─ O que te faz pensar que eu estou com ela? ─ perguntou ele ─ Só porque ela é má, ignorante e arrogante ela tem que estar junto comigo? Eu nunca tive nada com ela, sua cabeça de vento!

─ Eu não sou uma cabeça de vento! E eu não entendo o que você está querendo dizer ─ falei, aumentando o tom alto de voz mas sem gritar.

Rony deu uma risada, que a princípio achei que era de diversão (apesar de que não faria sentido nenhum), mas então notei o quanto ela parecia debochada.

─ É que você sempre faz isso, mesmo sem perceber, a maioria das vezes de propósito ─ explicou ele ao meu olhar de confusão ─ Todas as coisas ruins você associa a mim, sendo que você devia associar a si mesma já que só sabe colocar defeito nos outros e não consegue ver os seus próprios.

─ Há, ta bom! ─ exclamei, agora realmente gritando, e ficando em pé ─ Então se sou eu que coloco defeito nos outros o que você está fazendo agora?

Rony também se levantou e nesse momento a sala toda parou para observar. A professora se aproximou e alertou para que parássemos mas nem eu e nem ele demos ouvidos a ela.

─ Estou só mostrando a verdade pra você porque ao que parece você não consegue! ─ gritou ele, apontando seu dedo na minha cara ─ Eu admito que as vezes eu realmente te ofendo de verdade, mas você é pior!

─ Você começou a briga, idiota, você não pode falar nada! ─ gritei de volta, dando um empurrão nele ─ Você sempre estraga tudo o que toca, Ronald Stark!

Vi nos olhos de Rony, naquele momento, que eu tinha realmente o irritado, porque ele partiu pra cima de mim com o punho direito fechado e erguido. Fechei os olhos e esperei a dor do soco que ele ia me dar, mas ela não veio.

Quando não senti nada, abri os olhos lentamente para ver o que tinha acontecido, e o que eu vi foi Bianca para na minha frente segurando o punho de Rony.

─ Você nem pense em bater nela, Stark ─ sussurrou ela em um tom afiado.

Rony, tão surpreso quanto eu, abriu a boca para falar algo mas nesse momento a professora apareceu e mandou que eu e ele fossemos até a diretoria porque iriamos ganhar uma advertência.

Antes de sair, parei em frente a carteira de Bianca e lancei um mini sorriso a ela.

─ Obrigado ─ sussurrei.

Ela lançou um sorriso para mim mas não disse nada. Era tão improvável aquela situação toda, digo, Bina me defendendo e eu agradecendo a ela.

Quando chegamos na diretoria, o diretor Burr ainda não estava lá. Rony achou que aquela era sua oportunidade de falar alguma coisa então virou sua cadeira (dessa vez eu peguei a cadeira certa) para mim.

─ Alex, o que a Bian...

─ Não fale comigo, seu idiota ─ ordenei, sem ao menos olhá-lo ─ Você iria me bater se ela não tivesse te parado.

─ Eu não... eu não ia ─ murmurou baixinho ─ Eu sei que pareceu, mas eu não teria coragem.

Não respondi ou comentei alguma coisa, sabia que o meu silêncio o deixaria mais culpado, e eu queria que ele sentisse culpa.

Antes que qualquer um de nós falasse mais alguma coisa, o Sr. Burr entrou na sala e parou para olhar para nós dois.

─ Stark e Antonelle, vocês de novo. Haha, nenhuma surpresa. Mas, sério agora, tomem cuidado com a frequência que vêem até aqui.

Aléxia