Diário De Uma Retardada escrita por Simjangeum


Capítulo 29
Declaração e descoberta


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, mil desculpas por não ter postado antes como o combinado mas deu problema no meu pc e só agora ele foi resolvido, então, pra compensar, eu vou postar dois capítulos hoje. Quero todas vcs comentando os dois, blz? Enfim, boa leitura!



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15/01 - Terça-Feira

Sinto que estou vivendo uma novela mexicana daquelas que toda hora acontece um fato chocante. Essa é a explicação exata, mesmo.

Lá estava eu, na saída da escola, encostada no muro pelo lado de fora esperando Val para irmos para casa juntas. De repente, Peter apareceu.

─ Será que podemos conversar? ─ perguntou ele, parecendo nervoso.

─ Na verdade agora seria uma péssima hora, estou esperando a Val ─ expliquei com um sorriso.

Peter passou a mão pelo cabelo e me encarou, parecendo nervoso. Então ele fez a coisa mais idiota de todas. Do nada, em questão de segundos para ser mais exata, ele chegou seu rosto perto do meu e me beijou.

Isso mesmo. Peter Dummont me beijou.

Nossa, isso fica mais estranho escrito, mas enfim...

Seus lábios, tão macios e quentes se encostaram nos meus e sugaram. Talvez era para parecer sexy, ou algo assim, mas a situação era tão cômica que eu soltei uma risadinha.

Peter se afastou rapidamente e me encarou confuso. Então, rapidamente, acho que se deu conta do que havia feito.

─ Desculpa, Alex, mesmo, mas acho que estou gostando de você ─ admitiu, encostando seu corpo no meu ─ E eu não consigo me controlar.

Novamente ele me beijou rapidamente, dessa vez dando uma mordida de leve.

─ Hm, Peter, será que dá pra deixar eu falar antes de ficar me beijando? ─ indaguei, um pouco irritada.

Ele teve a audácia de negar com a cabeça e se aproximar, mas dessa vez fui mais rápida e o empurrei para longe, completamente enraivecida.

─ Será que dá pra você parar, Peter? ─ perguntei, fechando a cara ─ Não quero te beijar, não me force a nada seu babaca.

─ Desculpa, eu, hm, você está certa, eu sou um babaca mesmo ─ admitiu, abaixando a cabeça ─ É só que... Eu voltei por você, acho que devia deixar isso claro.

Minha boca lentamente se formou em um “O” e o olhei em choque. Eu estava com problemas de audição ou aquele garoto havia acabado de falar que tinha vindo para San Francisco por minha causa?

─ Hm, você anda tomando seus antidepressivos, Peter? ─ perguntei, franzindo o cenho ─ Você não pode ter voltado da França só por minha causa, isso é maluquice. E nem faz sentido.

Pela cara que ele fez logo a seguir notei que havia algo mais por trás disso. Peter respirou fundo e me olhou seriamente, e eu já tinha visto muitas vezes essa expressão para saber que lá vinha alguma revelação doida.

─ Eu nunca voltei pra França, Alex ─ revelou, com certo receio ─ Na verdade, eu não sai dos Estados Unidos.

Só. Podia. Ser. Uma. Brincadeira.

─ Ah, ta bom, ok ─ concordei sarcasticamente ─ E o que vem a seguir? Hm? Você por acaso esteve esse tempo todo aqui em San Francisco fingindo que era outra pessoa, é isso? Ah, não, espera, já sei, você é o Rony, na verdade?

Peter fez uma careta e soltou uma risada, como se eu tivesse contado a melhor piada do mundo. O que eu, claramente, não fiz.

─ Não, quando eu disse que ia pra França ─ explicou ele, parando de rir ao ver a minha cara de repreensão ─ Eu na verdade fui pra Fresno. Eu, hm, meio que fugi do meu pai.

Eu não estava entendendo nada, mesmo, nada tipo nada de nada. Então quer dizer que Peter fugiu daqui, disse que ia pra França mas foi pra Fresno, fugiu do pai e voltou porque gostava de mim?

─ Desculpa mas eu não estou entendendo nada ─ falei ─ Como você fez isso? Você tinha dez anos de idade. Que?

Peter abriu a boca para falar algo mas nesse momento Val chegou, toda animada.

─ E ae, galera. Hm, por que essas caras? ─ indagou ela ao olhar para gente.

Peter começou a corar discretamente enquanto eu ia explicando toda a situação para Val. Realmente adorei ver Peter morrer de vergonha enquanto eu delatava. Ou meio que delatava.

─ Ok, Peter, agora Alex não é a única que quer uma explicação ─ avisou Val ─ Pode abrir a boca e ir explicando tudo. Detalhe por detalhe.

─ Eu não queria ter que contar nessa situação, mas... ─ murmurou ele, dando de ombros ─ Eu fugi do meu pai porque ele queria ir realmente pra França. Sabe, minha mãe estava morando em Fresno há algum tempo, então eu fui ao encontro dela. Só isso, nem tem tantos detalhes assim. Eu só não queria ir embora do país, só isso.

Olhei Val, observando bem se ela tinha acreditado naquilo tudo e, pela cara que ela fez, ela tinha. Bem, se Val que era ótima em perceber mentiras tinha acreditado eu que não iria duvidar.

─ Peter, se eu fosse você não teria tanta certeza de que vamos confiar em você novamente ─ murmurou Val, usando um tom afiado ─ Bem, eu preciso ir. Se você quiser continuar Alex...

─ Vai na frente, eu já estou indo ─ decidi, dando um sorriso a ela.

Val lançou um ultimo olhar a Peter e saiu, parecendo realmente irritada com ele. Cruzei os braços e olhei pra ele.

─ Então, por que se declarou pra mim? ─ perguntei.

─ Eu queria te convidar para a festa do Thomas ─ admitiu, me lançando um olhar de arrependimento ─ Me desculpe se eu comecei do jeito errado. Mas foi a única forma que eu encontrei.

Peter, quando eu era criança, era o maior amigo que eu tive. Sempre esteve ali nas brincadeiras mais legais, era quem me ajudava nas tarefas de casa, nos desenhos que eu não conseguia fazer, era quem enxugava minhas lágrimas quando eu caia da bicicleta e ralava o joelho. Como eu era filha única, ele era a minha idealização de irmão mais velho.

E agora, ele estava ali se declarando para mim, me convidando para ir na festa com ele. Mas a minha resposta automática era “não” e ela não mudava naquele momento. Ok, ele tinha ficado bonito e tudo mais, mas ainda sim eu não sentia nada por ele, nem uma mísera atração.

Mas, eu devia a ele tantas coisas, não é mesmo? Todas as vezes em que ele esteve lá por mim quando ninguém mais esteve... Então, eu podia trair meus sentimentos por ele, não podia? Apenas pelos velhos tempos...

─ Não quero um relacionamento agora, Peter ─ admiti ─ Mas, vou pensar no seu convite, ok? Porém, isso não é um sim.

─ E também não é um não ─ acrescentou ele, com um meio sorriso.

Afinal, ele estava meio certo.

Aléxia


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