Os Cinco Marotos escrita por Cassandra_Liars


Capítulo 99
Capítulo 4 - Fugir... De novo


Notas iniciais do capítulo

Certo, último capítulo do "Doze Anos Depois". Espero que gostem :)



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Quando voltou a abrir os olhos foi para perceber que seus braços e pernas haviam sido amarrados com tanta força que se tivesse se mexido as cordas que os envolviam teriam a cortado.

Ela tentou soltar uma exclamou quando percebeu como estava, mas tudo o que saiu foi um gemido sufocado. Isso porque não estava apenas amarrada, estava amordaçada também.

Não demorou muito a perceber que estava em movimento. Não entendera direito o que acontecera, mas quando viu Ranhoso bem a sua frente e Sirius, Harry, Hermione e Ron flutuando em camas enfeitiçadas ao seu lado, tudo fez sentido.

Ranhoso olhou para ela, percebendo que acordara. Ela não sabia o que ele pretendia, mas sabia que o quer que fosse não era boa coisa, ou não teria aquele sorriso malicioso no rosto, como se estivesse aproveitando uma crueldade.

E, considerando o que ela fizera com ele quando eram mais novos, ela sabia que ele pretendia se vingar.

– Pronta para ver sua própria morte, Porter? – ele perguntou, olhando diretamente para ela.

Pam piscou e sentiu as lágrimas ardendo em seus olhos. Não lágrimas de tristeza, mas lágrimas de raiva profunda.

Se tivesse a oportunidade… Se suas mãos não estivessem tão apertadas… Ela teria o matado. E não só uma vez. Teria o matado pelo menos três vezes, para garantir que não voltasse nunca mais.

Ranhoso era tão estúpido. Tão completamente… Se não fosse por sua tolice, ela e Sirius teriam pegado Peter, teriam se livrado dele e tudo ficaria bem.

Pam tentou fazer alguma coisa, qualquer coisa, mas não conseguiu e acabou perdendo a consciência mais uma vez, estava fraca demais ainda…

*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*

Da segunda vez que abriu os olhos, havia mãos pegando seus braços com agressividade e a puxando com força para fora da maca. Pam teve que se esforçar muito para não ir ao chão.

Seus pés haviam sido desamarrados, mas seus braços continuavam presos e sua boca amarrada.

Olhou para ver quem a empurrava com tanta força e viu que se tratava de MacNair. E, a menos que ela estivesse muito engana, ele era um dos suspeitos de ser um Comensal da Morte no tempo dela.

Ela travou uma pequena guerra com ele. Tentando se libertar, mas MacNair era bem mais forte, então talvez tenha sido uma estupidez. Mas finalmente ele a segurou na frente de Fudge, que olhava um tanto quanto confuso para ela.

– Você é mesmo Pamela Porter? – ele perguntou.

Ela não respondeu uma vez que estava amordaçada. Mas mesmo que não estivesse não teria respondido. Ele sabia que sim. Ela não precisava dizer o óbvio.

MacNair puxou o pano em sua boca para que ela pudesse falar.

– Você tem que me ouvir. – ela gritou. – O rato… Peter… Ele está vivo. Ele é um animago. Foi tudo culpa dele. Sirius e eu somos inocentes. Eu juro. Você tem que me ouvir, por favor. Nunca teríamos feito nada contra James ou Lily. Por favor, acredite…

Mas Fudge não acreditou e Pam viu isso no rosto dele. Aquela fora a última chance de Pam e então tudo acabara. Na melhor das hipóteses iria para Azkaban, na pior, tomaria o beijo de um dementador.

Ela fugira por doze anos, mas devia saber que não poderia fazê-lo para sempre.

– Não vai ficar assim… - ela simplesmente disse, todo o ódio do mundo contido em seus olhos.

Ela viu o ministro acenando com a cabeça e então ela foi atirada em uma sala com tanta força que acabou caindo no chão.

– Pam! – Sirius já estava lá e ele ajudou-a a se sentar e soltou seus braços.

A garota esfregou os pulsos onde as cordas a machucaram e então olhou para Sirius.

– Você está bem?

– Não por muito tempo – ele disse parecendo irritado. – Eu sei como soa dizer isso, mas é a verdade, não é?

– Nós vamos morrer, não vamos? – ela perguntou, mas ao invés de responder, ele virou de costas para ela e se levantou.

Sirius começou a andar para perto da janela, passando as mãos nos cabelos. E enquanto fazia isso, Pam olhou com mais cuidado para a sala e foi só nesse momento que percebeu que a conhecia.

Era a sala de Feitiços.

Feitiços…

Aquela sempre fora a aula favorita dela. E logo ela percebeu que era apropriado que acabasse assim. Em Hogwarts, na sala da sua aula favorita ao lado de Sirius. A verdade era que estavam transformando o melhor que ela conhecia no pior que poderia existir.

­Por fim Sirius se sentou encostado à parede. Pam sentou ao lado dele e Sirius deixou que ela colocasse a cabeça em seu ombro.

Não demorou muito para sentir seu braço em torno dos ombros dela. Era aconchegante ficar daquele jeito e, apesar de tudo, ela se sentiu segura, como se nada pudesse atingi-la.

– Me desculpe – Sirius disse. – É tudo minha culpa. Se não fosse por mim você não estaria aqui, não acabaria assim.

– Está tudo bem. – ela disse, sinceramente. – Eu teria feito tudo de novo sem pensar duas vezes. É minha culpa também, então.

Os dois permaneceram calados, absurdos em seus próprios pensamentos. Nenhum deles colocou em voz alta, mas apesar de demonstrarem já terem desistido, em suas mentes planejavam um meio de fugir. Como não demoraram muito a perceber, a janela era a única esperança deles, mas, estavam no sétimo andar e não arriscariam escalar as paredes do castelo sem uma varinha…

– Sabe de uma coisa? – começou Pam. – Parece ridículo se visto desse modo. Quero dizer, - ela continuou quando Sirius olhou para ela – nós acabamos de arriscar nossas vidas correndo para um lugar cheio de dementadores só para matar um rato.

Sirius sorriu, achando um pouco de graça no que a amiga dissera, mas incapaz de fazer mais do que isso. Naquele momento estava um pouquinho mais preocupado em achar um jeito de salvar os dois do que em piadas.

Foi nesse momento que a porta se abriu bruscamente e Pam e Sirius se levantaram juntos em um salto. Não tiveram nem mesmo muito tempo para pensar em quem podia ser, eles apenas sabiam que não estavam em posição de não tomar cuidado.

Mas felizmente era apenas Dumbledore.

­O diretor não parecia receoso como Fudge ou agressivo como MacNair. Estava apenas calmo, olhando sabiamente para os dois por sobre os óculos de meia-lua.

– Você tem que fazer alguma coisa, diretor! – Sirius foi o primeiro a se manifestar. – Tem que acreditar em nós! Nós não matamos ninguém!

– Foi Pettigrew. Ele cortou o dedo…

– Sugeri que Lily e James trocassem do Fiel do Segredo…

– Remus pode lhe dizer a verdade…

– Nós todos nós transformamos em animagos por causa da licantropia dele…

– Eu era Bichenta e ele era Perebas! Os bichinhos de Hermione e Ron! E ele fugiu de nós…

– Se não fosse por Snape…

– O Mapa do Maroto nunca mente…

– Azkaban… Jornal…

Pam e Sirius tentaram explicar a história ao mesmo tempo, agora um tanto quanto desesperados, os dois se agarrando à última esperança deles.

Dumbledore pediu silêncio e disse que estava disposto a ouvir a versão deles da história, se eles contassem de uma forma que ele pudesse entender.

Os dois se entreolharam e Pam deixou que Sirius começasse, mas não demorou muito para tomar a voz e continuar.

No final, eles contaram a história completa na versão correta, revessando-se para fazê-lo. Mostraram como realmente se transformavam em animagos e falaram que se Dumbledore fosse até a sala de Remus provavelmente acharia o Mapa do Maroto. Eles não esconderam nada, desta vez e Sirius finalizou tudo com um irônico:

– Sentimos muito por só contar tudo isso agora, diretor. Mas se tivéssemos contado antes o senhor provavelmente teria nos deixado de detenção, não é verdade?

Dumbledore sorriu e admitiu que sim, e que saber de tudo aquilo o ajudou a entender porque recebera tantas reclamações sobre um cão negro enorme e um veado andando no castelo no tempo deles e o porquê de todos eles sempre matarem as aulas do primeiro dia depois da lua cheia.

Logo depois ele saiu da sala, dizendo que acreditava nos dois, mas que MacNair já fora buscar os dementadores e que não havia mais tempo.

Os dois entenderam o que aquilo significava e assim que a porta bateu a raiva consumiu Sirius e ele chutou uma das carteiras da sala. Pam colocou a mão no ombro dele e tentou o acalmar.

– Você não entende? Tudo isso é minha culpa, Felina! Tudo o que está acontecendo… Eu que sugeri que James transformasse Pettigrew no fiel do segredo, eu que te chamei para irmos atrás de Rabicho e te meti nisso tudo… E, mesmo assim, eu não aprendi nada com isso tudo. Mesmo assim eu insisti que você me ajudasse a pegá-lo aqui em Hogwarts. Eu não devia ter feito isso. Eu sabia que era perigoso, e se eu estava disposto a fazer tudo isso, ótimo, mas não devia ter metido mais gente. O que você acha que vai acontecer com Remus quando ele voltar à forma humana? Snape vai dizer que ele estava lá também… Eu só faço merda mesmo… - ele disse, escorregando pela parede e sentando mais uma vez no chão, escondendo o rosto e ficando em profundo silêncio.

Pam sorriu para ele, sentando ao seu lado novamente sem dizer nada. Sabia que não adiantaria nada no momento dizer qualquer coisa. Mas queria mostrar a ele que ela estava ao seu lado para qualquer coisa. Por fim, Sirius olhou para a amiga e colocou uma das mãos sobre a dela, forçando um sorriso.

– Vamos ficar juntos, não vamos? – ela perguntou, desconfortável. – Até o fim.

– Para sempre. – ele sorriu, preocupado em acalmar a mulher, sentindo como se devesse isso a ela.

Pam fechou os olhos. Se aqueles eram seus últimos momentos, queria aproveitá-los bem.

Quando voltou a abri-lo, viu que Sirius olhava fixamente para ela. Se aqueles eram os últimos momentos deles, então não haveria outra oportunidade. Era sua última chance de dizer a ele que o amava e pedir um beijo.

E como poderia ele recusar seu último pedido?

– Sirius, eu…

Mas naquele momento alguém bateu na janela e os dois olharam em movimentos idênticos para a origem do barulho. O queixo dele caiu de espanto e os olhos dela se arregalaram tão grandes como bolas de golfe.

Eram Harry, Hermione e um hipogrifo parados na altura da janela e parecendo tão estranhos à paisagem como se tivessem acabado de sair de um sonho.

Sirius se levantou rapidamente, correu à janela e tentou abri-la, mas estava trancada.

Hermione disse alguma coisa que foi impossível de ouvir pela janela e então a mesma se escancarou.

— Como... Como...? — exclamou Black com a voz fraca, olhando para o hipogrifo.

Pam olhou irritada para eles. Ela estava à segundos de pedir um beijo para Sirius! Eles não podem voltar em cinco minutos?

Mas mesmo assim ela se levantou e parou ao lado de Sirius.

— Subam, não temos muito tempo — disse Harry, segurando Bicuço com firmeza pelos lados do pescoço escorregadio para mantê-lo parado. — Vocês têm que sair daqui, os dementadores estão chegando!

Black colocou as mãos dos lados da janela e ergueu a cabeça e os ombros para fora. Foi uma sorte estar tão magro. Depois ajudou Pam. Em segundos, os dois conseguiram montar em Bicuço atrás de Hermione. Pam agarrada à cintura de Sirius.

— Ok, Bicuço, para cima! — disse Harry sacudindo a corda.— Para a torre, anda!

O hipogrifo bateu uma vez as asas possantes e eles recomeçarão a voar para o alto, até o topo da Torre Oeste. Bicuço pousou com um ruído de cascos nas ameias do castelo e os garotos escorregaram para o chão.

— Sirius, é melhor vocês irem depressa — ofegou Harry. — Eles vão chegar à sala de Feitiços a qualquer momento, e vão descobrir que vocês fugiram.

Bicuço pateou o chão, sacudindo a cabeça pontuda.

Mas Black continuava a olhar para Harry.

— Como é que vamos poder lhes agradecer...

— VÃO! — gritaram ao mesmo tempo Harry e Hermione.

Black fez Bicuço virar para o céu aberto.

— Nós vamos nos ver outra vez — disse ele. — Você é bem filho do seu pai, Harry...

Pam sorria para os garotos.

– Adeus, Harry. Tchau, Hermione. Foi um prazer conhecer os dois.

E, então, apertou os flancos de Bicuço com os calcanhares. Harry e Hermione deram um salto para trás quando as enormes asas se ergueram mais uma vez... O hipogrifo saiu voando pelos ares... Ele, seu cavaleiro e a moça foram ficando cada vez menores enquanto Harry os observava... Então uma nuvem encobriu a lua... E eles desapareceram.

*~~*~~*~~*~~*~~*

Rabicho parou de correr e olhou uma última vez para o castelo de Hogwarts. Provavelmente nunca mais veria o lugar e estava triste por isso, mas era o que tinha que fazer se quisesse salvar sua vida.

E cometera pecados maiores pela vida, podia perfeitamente dizer adeus a Hogwarts!

A verdade era que não queria que Sirius tivesse ido para Azkaban, que Remus ficasse sozinho, que James e Lily perdessem suas vidas ou que Pam ficasse doze anos em uma loja para animais. Eram seus melhores amigos, oras! Como poderia desejar isso a eles? Mas, se esse era um preço a pagar por continuar vivo, ele estava disposto a fazê-lo.

Talvez isso o tornasse depressível e imundo, mas achava que a pior coisa que podia perder era a vida e não ligava para o resto se a primeira estivesse em perigo.

Então o ratinho finalmente virou-se de costas e continuou correndo no meio da grama alta, o rabo pelado o acompanhando para onde ia.

E ele fugiu para longe… de novo.

Porque se tinha uma coisa que Rabicho sabia fazer bem era fugir.


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Notas finais do capítulo

Bom, o próximo capítulo vai ser muito importante. Por isso eu com toda a certeza vou reescrever ele um milhão de vezes antes de ficar satisfeita.
Gente, eu estou tentando alcançar 20 recomendações e 1500 comentários (Na verdade eu fiz uma aposta com uma amiga minha e eu estou sem dinheiro, então será que vocês podem me ajudar? :-7)
Obrigada desde já.
BBK,
Cassie