Pam estava levemente irritada. Naquele dia aconteceria a final de Quadribol. E ela ainda estava tentando entender porque havia chamado James e não ela.

Ela voava tão bem quanto o moreno, além de ser menor e mais ágil. Por que então, Margaret tinha escolhido James e não ela?

Desta vez, eles não fizeram nada. Não planejaram nenhuma comemoração por causa da proximidade do final do ano letivo, apenas três meses. E eles já tinham planejado algo grandioso para o último dia de aula.

Puxa. Pam não conseguia acreditar que já fazia quase um ano que tinha entrado em Hogwarts.Tinha acontecido tanta coisa…

Remus tinha voltado na última terça-feira e parecia tão cansado e abatido, que Pam o tinha tomado por seu “filhinho”, deitado a cabeça dele em seu colo e o ninado.

Ele não pareceu se importar nenhum pouco com isso. Ao contrário, parecia gostar dos agrados da amiga.

Os cinco amigos estavam indo para o Salão Principal, tomar café da manhã, para depois irem para o campo de Quadribol.

James estava visivelmente nervoso. Sirius ficava insistindo o tempo todo para ele comer, mas o de óculos não parecia conseguir.

O tempo estava bom. Não havia uma única nuvem e o sol brilhava com força, o que talvez fosse um obstáculo, visto que o sol talvez pudesse ofuscar a visão de James e ele não conseguiria ver o pomo de ouro, mas Pam preferiu não comentar isso.

James respirou fundo.

_É agora. – ele disse, quando viu que Margaret, do outro lado da mesa, acenava para ele.

O garoto se levantou e foi até onde a morena estava, tentando se encher do máximo de coragem que conseguiu, os amigos lhe desejaram sorte.

Quando ele estava longe o bastante para não conseguir ouvir o que os amigos falavam, Pam disse:

_Ele não vai conseguir.

_O que a faz pensar nisso? – disse Sirius, olhando sério para a garota.

_Você viu a situação dele? Aposto que não se lembra nem do próprio nome!

_É normal ficar ansioso no primeiro jogo, Pammy. – disse Remus, calmo.

Graças ao apelido que Pam tinha dado à Lupin, ele começou a chamá-la de “Pammy”.

_Não tanto quanto o James. Pode ter certeza, Remmy. – ela disse, olhando para o lado e buscando o apoio de Peter.

_Eu acho que eles estão certos. – disse Peter.

Pam bufou e fechou a cara para os amigos. Odiava ser contrariada.

Depois de terem conversado mais um pouco (Pam não abriu a boca, ficou apenas ouvindo os amigos conversarem), eles se dirigiram ao campo de Quadribol.

Sentando na última arquibancada, os quatro amigos puderam ver, ainda que não muito bem, quando o pontinho que eles sabiam ser James começou a voar.

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James estava ansioso. E ficou mais ainda quando seus pés deixaram o chão. Tinha recebido ordens claras de ficar longe do jogo enquanto não avistasse o pomo de ouro, então ele se afastou o máximo que pôde e começou a apertar os olhos para achar o pontinho dourado.

O jogo tinha começado. Sonserina começou com a posse da bola. Isso não era bom, mas eles estavam apenas começando.

James sabia que devia esperar até a Grifinória estar no mínimo com dez pontos de vantagem antes de capturar o pomo. Ou ganhavam a partida, mas perdiam o campeonato. Já que a vitória contra Corvinal fora apertada, mas Sonserina ganhara da Lufa-Lufa de lavada, garantindo assim, vários pontos a mais.

O garoto observou enquanto um artilheiro mal-encarado da Sonserina marcava um gol.

O time da Grifinória era muito bom, mas tinha uma deficiência enorme na parte de goleiro.

Porque, sim, sem tirar nem por, o goleiro da Grifinória era deplorável.

Grifinória agora estava com a posse da bola, Margaret recebeu a goles e…

_E a Grifinória marca! – gritou Estúrgio, que parecia desejar a derrota da Sonserina, já que a mesma ganhara da Lufa-Lufa. – Dez pontos para a Grifinória, empatando o jogo.

James correu rapidamente seus olhos por todo o campo, mas não conseguiu achar o pomo. De qualquer jeito, ele não podia pegá-lo ainda. Mas James também não podia deixar o apanhador da Sonserina pegar o pomo.

Então, em uma sabia estratégia, ele voou para baixo rapidamente, como se tivesse visto a pequena bolinha dourada.

O apanhador da Sonserina o seguiu.

Quando estava a apenas alguns metros do chão, James levantou vôo.

O outro garoto percebeu que era apenas uma armação um pouco tarde demais e trombou contra o chão com força.

Agora a vitória era inevitável.

James sorriu, voltando para cima. Viu que Margaret tinha feito um sinal positivo e ria para ele.

O de óculos sorriu mais ainda antes de dar uma breve olhada no placar.

O que ele tinha perdido?

Cinqüenta a dez para a Sonserina.

Isso era possível?

Ou melhor, James tinha apenas tirado sua concentração do jogo por alguns minutos, e quando tinha olhado novamente, a Sonserina já tinha marcado quatro gols?

Era isso o que ele chamava de goleiro ruim.

Ele levou a Comet 260 de Davi (James estava usando a vassoura dele, já que os alunos do primeiro ano não podem levar uma vassoura própria) para mais alto ainda, agora procurando desesperadamente o pomo, antes que a Sonserina marcasse mais gols.

Não queria sofrer uma derrota desastrosa. Melhor que ganhassem o jogo e perdesse o campeonato do que se eles perdessem os dois.

_Ponto para a Sonserina… de novo. – James ouviu Estúrgio comentar, levemente chateado.

Não era possível. Eles estavam brincando com a cara dele. Não era possível!

James deixou de prestar atenção no jogo e começou a procurar a bolinha dourada.

Seus olhos correram várias vezes pelo campo e seus arredores, sem encontrar nenhuma sombra do Pomo de Ouro.

Ele virou a cabeça brevemente para trás e sorriu ao perceber que o Pomo estava atrás dele, voando no mesmo lugar.

Tudo o que ele tinha que fazer era estender a mão e…

No exato segundo em que ele ia pegá-lo, o Pomo saiu em disparada, indo para longe, para o lugar perto do goleiro da Grifinória.

James voou atrás dele, uma mão na vassoura, a outra esticada, para pegar o Pomo fujão.

Agora ele estava perto. Podia ouvir o ar uivando em seus ouvidos, soprando em seu rosto e quase lhe arrancando os óculos do rosto.

Só mais um pouquinho. Só mais um pouquinho e teria o Pomo preso entre seus dedos. Só mais um pouquinho e…

Inclinando-se para frente, ele acelerou mais um pouco. Agora estava a toda a velocidade e o Pomo estava bem a sua frente…

E ele tinha o pegado! Segurava o Pomo em uma das mãos e com a outra, tentava reduzir a velocidade da vassoura.

Era isso. Tinham ganhado. Sessenta a cento e sessenta para a Grifinória. Tinham ganhado o jogo, mas não eram os grifinórios que comemoravam. Eram os sonserinos. Os sonserinos que ganhavam, por terem vencido o Campeonato de Quadribol.

Ainda com o pomo na mão, James se aproximou de Margaret, que voava tristemente para o chão.

_Eu sou um péssimo apanhador. Perdemos. Ano que vem eu nem ao menos vou tentar…

_Não! – ela disse, olhou rapidamente para ele. – De jeito nenhum! Você é um apanhador! Voou com mestria! Tem um talento nato. Não. Ruim é o nosso goleiro. Olha para ele. – ela levantou o olhar até o goleiro. Era um sujeito alto e desengonçado que estava no sétimo ano. Margaret suspirou – Coitado. Mas, você não pode sair! Ano que vem vamos substituí-lo e, com você no time, não teremos como não ganhar. – e ela deu um soco na própria mão. – É isso aí. Ano que vem nós vamos ganhar!

E Margaret se afastou indo embora.

James olhou para cima e viu uma enraivecida Pam gesticulando para ele.

Ela apontava para a própria cabeça, depois para James e finalmente socava a mão algumas vezes.

Ele suspirou. Tinha a impressão nada agradável de que a amiga não queria dizer que o achava inteligente.

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_Sim, James. – disse Pam, com as mãos nos quadril e o olhando com seus olhos azuis e irritante ar de superioridade. – Você é um péssimo apanhador.

Agora eles estavam no dormitório masculino. Sirius, Peter, Frank e Remus observavam a briga de James e Pam, que já durava alguns minutos. Tinham tentado interferir algumas vezes, mas todas as vezes tiveram resultados desastrosos, e agora apenas olham tudo, sem falar nada.

_Ah, pare com isso. – ele disse. – Você viu que se não fosse por mim, nós teríamos perdido também o jogo. Aquele goleiro é horrível.

_Mas, você não sabe jogar! Não sei porque a McGonagall te chamou para ser apanhador… - ela olhou para o lado e acrescentou em um tom de sussurro, mas que foi ouvido por todos: - Eu teria sido uma apanhadora muito melhor…

_Você? Uma apanhadora melhor do que eu? – disse James, erguendo as sobrancelhas. – Não me faça rir.

_Verdade, James. Eu teria sido muito melhor do que você!

_Não teria sido não! Pam, você é uma menina, e meninas não sabem jogar Quadribol tão bem quanto os garotos.

_Verdade? – disse ela, seu rosto agora estava muito vermelho.

_Você não conseguira apanhar o Pomo nem que ele estivesse bem baixo do seu nariz.

Certo, Pam achou que fosse explodir de tanta raiva. Pegou o travesseiro de Remus, que era o mais próximo a ela, e atirou em James.

_Apanhe isso então!

Ele pegou o travesseiro no ar e jogo de volta para ela.

Pam também o pegou, e ficou olhando para James, com cara de vencedora.

_Eu peguei melhor do que você. – ele simplesmente disse.

Isso foi o suficiente para Pam surtar. Ela pegou o travesseiro e começou a bater nele com toda a força que conseguiu reunir. Ele, por sua vez, se defendia como podia.

_Toma isso, James! E isso e isso. E mais isso!

Quando finalmente se cansou, ela parou por alguns momentos para respirar, foi tempo o suficiente para James apanhar um travesseiro também e acertar sua cabeça. Pam revidou com força e então, a única coisa que pôde ser ouvida depois, foi o alto grito de Sirius:

_Guerra de travesseiros!

No começo, Remus tentou desviar dos travesseiros que voam para todo o lado, mas não pôde resistir e se atirou a briga (N/b Como se diz o ditado se mão pode com eles, juntesse a eles). Peter também estava participando. O único que permanecia isolado, gritando para todos pararem com isso, era Frank.

Penas voaram para todos os lados. Os seis subiram nas camas e gritaram. Provocando um verdadeiro caos.

Quando finalmente tudo acabou, todos estavam rindo demais para se lembrarem do motivo da briga.

Uma pena voou levemente até a cabeça de Pam, que estava sentada no chão, e Sirius a apanhou, deitando em sua cama e brincando com suas cerdas.

Todos estavam tentando recuperar o fôlego, quando um corujão preto entrou pela janela e deixou cair uma carta em cima de Sirius.

Os outros olharam para o moreno, que franziu a testa e se sentara na cama.

_O que é Sirius? – perguntou Peter.

_Uma carta dos meus pais…

_O que você acha que pode ser? – perguntou Frank, se lembrando do berrador.

_Não sei…

_Então abre logo! – incentivou Remus.

Sirius abriu a carta e a leu. Suas sobrancelhas se arqueando cada vez mais, até que finalmente relaxaram completamente.

_Não é nada demais. – ele disse. – Foi só a tia Lucretia foi encontrada morta. – Sirius deu de ombros. – Ela não gostava de mim mesmo.

Fez-se um momento de silencio, até que Pam estralou os dedos.

_É isso! Lucretia Black! – ela exclamou. – Esse era o outro nome que eu não conseguia me lembrar.

_Como assim? – perguntou James, franzindo a testa.

Pam rolou os olhos.

_Sabe, no primeiro dia de aula depois das férias de Natal. Lembra que eu disse que foi a anunciado no Profeta Diário que haviam quatro pessoas desaparecidas e duas que foram encontradas mortas?

_Não, eu não lembro.

E, não podia mesmo. Estava tão distraído pensando em como fazê-la parecer indefesa, que não se preocupara em ouvir o que a amiga estava dizendo.

_Eu também ouvi falar! – disse Frank, como se tivesse se lembrado subitamente de alguma coisa. – Disseram que foram todo o tipo de bruxo, mas, em sua maioria, nascidos trouxa.

_É. – disse Sirius, agora pensativo. – Tia Lucretia era puro-sangue, mas, de fato, não se dava muito bem com o resto da família, além de ter estado estranha da última vez em que a vi.

_Esquisito… - murmurou Remus.

_Muito esquisito. – James concordou com o amigo.

Os seis ficaram em silêncio por um tempo, pensando.

_Mas, - disse Pam, quebrando o silêncio. – Devem ser apenas alguns casos separados. Nada com o que se preocupar. – ela se levantou. – E, agora, se vocês me derem licença, eu preciso voltar para o meu dormitório, para fazer alguns deveres enquanto as outras estão na biblioteca. Adeus.

Ela caminhou até a porta, se livrando de todas as penas dos travesseiros que tinham ficado presas no seu corpo.

Porém, pouco antes de sair, ela se virou para trás e disse:

_E, ah, James. Eu ainda seria uma apanhadora melhor do que você.

E ela foi embora, não deixando tempo para o moreno discutir.

Os quatro colegas de quarto se olharam e perceberam que Pam fora esperta. Deixara toda a arrumação do quarto destruído para eles.