Os Cinco Marotos escrita por Cassandra_Liars


Capítulo 106
Capítulo 4 - Através do Véu


Notas iniciais do capítulo

Bom, com prometido, aqui está o outro capítulo :D Vou ver se consigo postar mais ainda hoje e um amanhã antes de viajar, porque amanhã eu vou para Califórnia, para um casamento muito especial! kk
Ah, e se vocês puderem dar uma passadinha na página do livro da minha amiga e curtir, eu vou ficar agradecida!

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Um pesadelo implantado na mente de um herói, um grupo de amigos dispostos a ajudá-lo, coragem e determinação para salvar alguém que não precisava de ajuda, a traição de um elfo, a necessidade de uma profecia, crianças invadindo o Ministério da Magia.

Foi esse cenário que levou à ruina tudo o que Pam e Sirius haviam se esforçado tanto para construir. E quando a notícia de que Harry estava correndo perigo no Ministério chegou aos ouvidos de Sirius por Ranhoso, houve um misto de preocupação e animação, ainda sem que ele soubesse que caminhava para o seu fim.

 – O quê? Não. – Pam disse para Sirius. – Você não vai. Você sabe que é perigoso, sabe como é arriscado.

– E você sabe que é meu dever como padrinho cuidar do Harry. – Sirius disse, tentando acalmar a mulher. – E também sabe que ele está correndo risco por minha causa, então sim, eu tenho que ir.

– Não é sua culpa. – ela disse, emburrada. – Se Você-Sabe-Quem usou sua imagem, você não tem nada a ver com isso. Você não vai.

– Pam, por favor. – Sirius olhou fixamente para ela. - Não vamos começar de novo.

– Olhe! – ela apontou para as outras pessoas na cozinha. – Olhe bem. Aqui estão Olho-Tonto, Tonks, Kingsley, e Aluado. Você realmente acha que eles não conseguem salvar Harry e os amigos sozinhos?

– Pam, você não entende, eu… - ele começou, mas foi impedido de continuar.

– Ótimo! – ela gritou. – Então vá! E eu vou com você. – sentenciou.

Nesse ponto todos olharam para Pam, com descrença e talvez achando que ela perdera a sanidade. Como ela pretendia lutar com quem quer que fosse com a barriga tão grande como estava e que parecia não parar nunca de crescer?

Ela calculava que estava com quase seis meses, mas lembrava-se que as barrigas de Lily e Alice não cresceram tanto quanto a dela estava. De qualquer jeito, graças à gravidez, ela e Sirius haviam adiantado o casamento, que seria realizado dali apenas três semanas e contaria apenas com a presença de alguns membros da Ordem, Harry e os amigos.

– Pam… - Tonks começou, aproximando-se da amiga e tendo cuidado para não irritá-la. – Eu acho que melhor você ficar. O bebê…

– Argh! – agora Pam estava irritada. Não era incapacitada por estar grávida! – Eu estou grávida, não doente! – ela exclamou. – Mas ótimo! Se todos estão contra mim, eu não vou! Eu…

–Nós precisamos ir agora, - disse Olho-Tonto. – Não podemos nos atrasar.

E, aquilo foi o bastante para o vulcão ativo que era Pam naquele momento explodir de uma vez. Olhou para os presentes com o mais puro ódio antes de continuar:

– Vão logo, então! Não tem ninguém impedido vocês de ir! Ah, - ela virou-se então para o noivo – se quer tanto ir e se matar, vá, eu não ligo!

E então ela saiu da cozinha irritada.

Sirius suspirou antes de olhar para os outros e pedir cinco minutos para falar com Pam antes de irem, então foi atrás dela, encontrando-a de braços cruzados e cabeça baixa no quarto deles.

– Oi. – ele disse, tocando o ombro dela com delicadeza. Começara a se acostumar com os constantes ataques de raiva de Pam depois que ficara grávida e sabia que ela era uma montanha-russa emocional. Sempre depois da raiva vinha a tristeza.

– Oi – ela disse, olhando para ele, e Sirius pôde ver as lágrimas em seus olhos.

– Está tudo bem? – ele perguntou.

Ela respondeu com outra pergunta.

– Por que você nunca me ouve?

Sirius riu.

– Veja pelo lado bom, quando nossa filha nascer, vai já vai ter se acostumado com uma criança teimosa. – ele disse.

– É um menino. – ela fechou a cara para ele, e olhou para longe.

Aquela discussão vinha há semanas. Sirius tinha certeza absoluta de que era uma menina, mas Pam sabia que era o contrário. Afinal, quando estava carregando o bebê era ela, não era verdade? Achava que sabia o que tinha dentro de si. Sirius, por sua vez, achava que sabia o que tinha feito.

– Certo, certo. – ele disse, achando graça na irritação dela, e continuou, sem querer contrariá-la: - Nosso filho, então, como você quiser.

– Você tem mesmo que ir? – Pam perguntou. Tinha uma sensação estranha a respeito disso, mas estava cansada de brigar, e como da vez anterior ele estivera certo e nada acontecera a eles, achava que desta vez tudo ficaria bem também.

– Sim. – Ele continuou, fitando-a nos olhos. – Mas eu volto logo. Você fica aqui. E não pense que vai ser inútil. – ele continuou. – Ranhoso disse que o tio Dumby está vindo para cá. Você pode avisar onde nós estamos. E ao mesmo cuidar de você, - Sirius colocou a mão na barriga dela – e do bebê.

Ela não gostava nada daquilo. Não gostava nenhum pouco de ter que ficar, ser deixada para trás. Sabia que se Peter estivesse ali seria ele quem ficaria para trás, e ela não gostava de ser tratada como Peter.

Mas por fim, suspirou, cedendo.

– Tudo bem. Eu fico. – e ela olhou para ele. – Mas não demore.

Ele riu.

– Sabe de uma coisa, Pam? – ele começou. – Sabe por que nós somos para sempre? – perguntou. Ela apenas o encarou, deixando que falasse. – Porque você não é apenas a mulher que eu amo, é a minha melhor amiga! E como você sabe, amores vão e vem; amigos ficam.

Pam sorriu para ele, enquanto deixava que pegasse seu queixo e beijasse seus lábios castamente.

– Cuide-se. – ela disse.

Sirius sorriu.

– Já percebeu que você fala isso demais?

– Talvez seja porque eu me preocupe demais com você.

– Eu vou ficar bem. – ele disse. – Está tudo bem. – os dois selaram os lábios uma ultima vez. – Até logo. – ele ainda abaixou-se para a barriga dela e a beijou uma última vez antes de dizer para Pam: - Volto logo, antes mesmo que perceba que eu saí. Te amo.

– Também te amo.

E então ele se afastou dela, e Pam observou cada movimento dele até a porta e prestou atenção até não conseguir ouvir mais seus passos se afastando.

 Ela suspirou penosamente e ainda ficou alguns segundos parada, sentindo-se estranhamente vazia antes de começar a sentir uma tontura estranha e uma leve dor de cabeça. Enquanto massageava as têmporas com as pontas dos dedos, viu Monstro passar pelo corredor murmurando sozinho como normalmente e então pediu a ele que avisasse a Dumbledore que sobre Sirius e os outros, pois tudo o que ela queria era ir para o quarto e ficar em paz um pouco, o bebê estava lhe causando náuseas de novo.

–A traidora falou com Monstro! – o elfo disse. – A traidora acha que pode mandar em Monstro! Mas a traidora não pode! Monstro vai fingir que não a ouviu!

Logo depois disse, ele teve que bater a própria cabeça no chão algumas vezes, já que Sirius lhe proibira de se referir a Pam como “traidora”.

– Vamos lá, Monstro! – Pam pediu, cansada, quando o elfo parou de se castigar. – Eu estou cansada! E alguém tem que dizer à Dumbledore o que está acontecendo. Além disso, Sirius disse que você tem que me obedecer também. – ela disse, com certa superioridade.

Monstro murmurou mais alguma coisa, mas Pam concluiu que queria dizer que ele diria tudo para Dumbledore quando ele chegasse. Satisfeita, Pam subiu as escadas e foi deitar em sua cama, sem se sentir nada bem.

*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*

A batalha no Ministério entre Comensais da Morte (em meio a eles Bellatrix e Lucius Malfoy) e os cinco membro da Ordem, Harry, Gina, Mione, Ron, Neville e Luna já durava vários minutos e muitos feitiços e ameaças já haviam sido trocados quando Dumbledore finalmente apareceu.

Assim que o viram, a maioria dos duelos que ainda aconteciam cessaram e os Comensais que ainda estavam de pé gritaram uns para os outros. Um deles tentou fugir escalando como um macaco os degraus da escada do lado oposto, mas um feitiço de Dumbledore o trouxe de volta com a maior facilidade.

Apenas um par não parou de lutar. Aparentemente sem perceber a presença de Dumbledore, Bellatrix disparou um feitiço vermelho em Sirius que desviou.

Ele ria-se dela.

– Vamos, você sabe fazer melhor do que isso! – e sua voz debochada ecoou pela sala circular.

Mas o segundo jato de luz atingi-o bem no peito.

O riso não desaparecera de seus lábios, mas os olhos se arregalaram em choque.

Harry deixou tudo o que estava fazendo e desceu os degraus de pedra em direção ao padrinho e a prima, puxou a varinha ao mesmo tempo em que Dumbledore se voltava para a mesma direção.

Sirius pareceu levar uma eternidade para cair. Seu corpo descreveu um arco gracioso e ele começou a mergulhar de costas no véu esfarrapado que pendia do arco.

A sensação de um minuto que dura uma eternidade não foi apenas para Harry. Sirius teve a mesma sensação enquanto caia para trás sem que pudesse fazer nada. E enquanto caia, surpreso e apavorado, ele pensou em Pam e a criança que ela levava; pensou em James, Lily, Remus e até mesmo em Peter; e, por mais estranho que fosse, pensou em Regulus.

Quando saíra do quarto em que deixara Pam no Largo Grimmauld, ele não conseguira forçar seus pés a descer as escadas antes de encontrar em seu antigo quarto uma última vez. Talvez soubesse que aquela seria a última vez que o fizera no seu intimo, mas alguma coisa que ele não conseguia explicar o atraíra para o quarto.

Ele observou cada pôster velho com as trouxas seminuas em poses provocantes e as motos; observou os tons dourados e vermelhos em que o quarto era composto; observou as fotos bruxas coladas na parede. Os cinco marotos congelados para sempre em seus momentos de glória, a constrangida e inabalável Pam em seus quinze anos. E, por fim, antes de finalmente se juntar aos outros na cozinha, ele ainda removera a tabua solta do seu quarto, esperando talvez que tivesse deixado algo importante para trás quando partira e que talvez ainda estivesse ali, o fazendo lembrar-se do passado.

Mas, ao invés disso, ele encontrou uma carta. Cuidadosamente dobrada e deixara ali, apenas esperando para ele que a encontrasse. E quando a abriu, foi uma sensação estranha que reconheceu a letra do irmão morto.

Não conseguiu controlar as lágrimas enquanto a lia. Ele simplesmente cedeu aos sentimentos e lembranças enquanto lia as palavras um pouco trêmulas que o parabenizavam por ter sido o mais esperto dos Black e contavam como Regulus se transformara em um herói em seus momentos finais da sua vida, se entregando para a morte voluntariamente para que os que viessem depois dele tivesse uma chance de viver.

O irmão, que ele sempre considerara tão tolo e fraco, era na verdade tão corajoso quanto ele próprio, apenas de nunca ter tido coragem de confrontar os pais. E foi quando Sirius percebeu o real motivo por ter ido atrás do irmão antes de ir embora. Fora porque, secretamente, ele sabia que sentiria falta do outro, sabia que o amor de irmão que tinha por ele era forte demais.

Agora a carta do irmão pesava em seu bolso junto com a culpa de tê-lo deixado para trás naquela noite com tanto significado. Sirius perdera tempo demais tentando provar que era diferente, tentando sustentar uma fama. Poderia ter passado mais tempo com Pam, poderia ter passado mais tempo com Regulus.

E, enquanto ele atravessava o véu, esse era seu único arrependimento. Ter achado que tinha a eternidade em suas mãos, enquanto a vida era breve e frágil para ser jogada fora com longos períodos de espera.

Pensou então em James, e em como ele soubera viver o sopro de vida que tivera, como soubera aproveitar tudo o que tivera. Em como casara com Lily sem se preocupar se eram jovens demais.

Mas um segundo antes de finalmente passar pelo arco, ele aceitou a morte, e seu último pensamento foi “Eu estou chegando, James, e desta vez não vou fazer nenhuma besteira”.

E ele finalmente se sentiu desfalecer, mais rápido do que adormecer.

*~~*~~*~~*~~*~~*

Harry esperou que o padrinho surgisse do outro lado do arco, balançando os longos cabelos de um lado para o outro e sorrindo com displicência, estava tudo bem.

Mas Sirius não apareceu.

Bellatrix soltou um grito de triunfo, mas Harry sabia que não significava nada…

O garoto finalmente alcançou o centro, sua respiração ofegante. Sirius devia estar dentro do véu e Harry o puxaria de volta…

Mas naquele momento sentiu Remus o agarrando por trás, o impedindo de continuar.

– Não há nada que você possa fazer, Harry...

– Pegue-o! Salve-o, ele está simplesmente lá dentro!

–... É muito tarde, Harry.

– Nós ainda podemos alcançá-lo... – Harry se debateu dura e cruelmente, mas Remus não o deixaria ir...

– Não há nada que você possa fazer, Harry... Nada... Ele se foi.

– Ele não se foi! – gritou Harry.

Ele não acreditava; não podia acreditar; ainda lutava com Remus com todas as forças que tinha. Remus não entendia; as pessoas estavam escondidas atrás da cortina; Harry as tinha escutado sussurrar na primeira vez que entrou na sala. Sirius estava escondido, só isso...

– SIRIUS! – ele exclamou. – SIRIUS!

– Ele não pode voltar, Harry – disse Remus, sua voz falhando enquanto tentava conter Harry. – Ele não pode voltar porque ele está m...

– ELE NÃO ESTÁ MORTO! – rugiu Harry. – SIRIUS!

Havia movimento à volta deles, flashes de mais feitiços. Para Harry não passavam de barulho sem sentido, as maldições desviadas voando à sua frente não importavam, nada importava, exceto que Remus devia parar de fingir que Sirius - que estava a alguns metros dele, atrás da cortina - não ia aparecer a qualquer momento, chacoalhando seus cabelos negros e louco para voltar à batalha.

Remus arrastou Harry para longe do tablado. Harry, ainda olhando para a passagem em arco, estava bravo com Sirius por tê-lo deixado esperando...

Mas parte dele percebia, embora lutasse para se libertar de Remus, que Sirius nunca o tinha deixado esperando antes... Sirius arriscaria tudo, sempre, para ver Harry, para ajudá-lo... Se Sirius não estava aparecendo sob a passagem, mesmo com Harry gritando por ele como se sua vida dependesse disso, a única explicação possível era a de que ele não ia voltar... Era que ele estava realmente...

Dumbledore tinha agrupado a maior parte dos Comensais da Morte no centro da sala, aparentemente imobilizados por cordas invisíveis; Olho-Tonto Moody tinha rastejado em direção a Tonks, que estava caída, e tentava acordá-la; atrás do tablado ainda havia flashes de luz, gemidos e gritos - Kingsley tinha corrido para continuar o duelo de Sirius com Bellatrix.

Harry então entendeu. Sirius estava morto… Não voltaria. E quem o matara fora Bellatrix… Ela tinha que pagar por isso…

– Harry não! – ele ouviu Remus gritar quando ele corre em direção à mulher.

– Eu vou matá-la! Ela matou Sirius, ela…

Então sua cabeça começou a doer com muita força. Tudo o que ele ouvira era o cantarolado infantil e irritante “Eu matei Sirius Black, eu matei Sirius Black” ecoando em sua mente.

E Voldemort estava bem na sua frente.

*~~*~~*~~*~~*~~*~~*

Já passava da meia-noite quando Kingsley, Olho-Tonto e Remus voltaram sozinhos para a sede da Ordem. Tonks fora encaminhada para o St. Mungus, Dumbledore conversava em particular com Harry e, bom, Sirius…

Pam viu Kingsley e Olho-Tonto, viu Remus… Mas não viu Sirius. Correu para o último, que parecia abatido e cansado, mas ela ansiava por notícias.

Ela sentiu ao desesperado crescendo dentro dela como se o vômito subisse por sua garganta. Aquela sensação horrível de alguma coisa muito ruim acontecera…

– Onde ele está? – ela perguntou, desesperada, se agarrando as vestes de Remus e tentando arrancar uma resposta dele, mesmo que não precisasse. – Cadê ele? Cadê o Sirius?

Remus negou com a cabeça e então Pam não conseguia mais respirar, um bolo se formara em sua garganta e ela não sabia o que fazer.

O homem explicou brevemente como Sirius atravessara o véu da morte, e quando ele terminou de falar, as pernas de Pam eram como gelatina e ela não conseguiu se manter de pé enquanto chorava copiosamente.

Remus tentava acalmá-la, tentando impedir que ela caísse, tentava tornar a dor suportável para ela, quando mesmo ele sentia como se fosse começar a sangrar a qualquer momento com a dor de perder o amigo.

Doía. Rasgava. A dor emocional era muito pior do que se fosse física. E naquele momento os dois não sentiam apenas como se tivessem perdido um amigo ou um amor. Sentiam como se alguém tivesse lhes arrancado uma parte do corpo, sem a qual não poderiam continuar.

Remus abraçou Pam com força, murmurando palavras de consolo, mas não sabia se tentava acalmá-la ou a se próprio.

E Olho-Tonto e Kingsley ficaram olhando para eles, sem poder fazer nada que não lamentar.

O fato era que Sirius faria mais falta do que poderiam explicar.

 


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