_Mãe! Vai logo!!      

           _Pelas barbas de Merlin! Posso saber o porquê de tanta pressa?

          _Urgh!!_ Respondeu Pam, irritada._ O motivo é óbvio não é mesmo? EU QUERO IR PARA HOGWARTS!

        _Quanto entusiasmo._ A mãe gritou do andar de cima._ Espero que seja assim quando você estiver lá, estudando…

        _Mãe! Se continuarmos assim, eu vou perder o trem!

         Ela ouviu a mãe descer, o salto dela fazia um enorme barulho toda a vez que batia no chão.

          Era engraçado ver a mãe usando roupas de trouxa.

           _E então? Como estou?

           _Linda._ Mentiu Pam._ Agora vamos.

           _Mas devagar, Pamela Porter, onde você pensa que vai?

           Pam rolou os olhos. Onde ela pensava que ia? Onde a mãe pensava que ela ia?

          _Para a estação de trem, é claro. Não sei se você percebeu, mas eu tenho que estar na plataforma 9 ½ as onze em ponto e faltam dez minutos para tanto!

            _Tá bom, tá, tá. Eu vou pegar só minha bolsa e vamos.

            E a mãe sumiu no corredor.

           _Calma, Athena._ Pam acariciou a sua coruja das torres._ Logo, logo. Eu prometo, tá?

           A mãe apareceu logo em seguida.

           _Ah, como eu queria poder aparazitar! Mas não importa, vem, vamos.

           A Sra. Porter ajudou Pam a colocar as suas coisas no carro e elas partiram.
                 _Era tão mais fácil quando seu pai
estava aqui… Mas, mesmo ele estando sei lá aonde, a vida continua.

            _Em Salém._ disse Pam.

           _ Me desculpe?

            _ Papai está em Salém. Estudando um caso que ficou conhecido por todo o mundo, quando queimaram bruxas. É claro
que um bruxo de verdade, poderia escapar facilmente. Os trouxas são estranhos, matam a si mesmos a todo o instante.

           _É, é, é. Não importa._ pouco interessada.

           As duas correram pela estação de trem. Tinham que ser realmente rápidas se quisessem chegar a tempo. A Sra. Porter já tinha a passagem em mãos.

         _Pronto. Agora é só atravessar ali e…

           _Passar pela parede?_Perguntou Pam, apreensiva, quando viu que a mãe apontava para o pilar entre as plataformas de número 9 e 10.

          _Isso mesmo. Vai à frente.

           _Eu?!

           _Não, estou falando com o vento. Claro que é você.

           Sem parar de correr. Pam fechou os olhos.

           Estava com medo do impacto, pois nunca tinha feito isso antes. Mas não aconteceu e ela passou direto.

           Abriu os olhos. Viu uma locomotiva vermelha a vapor. Um monte de gente se encontrava na plataforma. Um letreiro no alto indicava Expresso Hogwarts, 11 horas. Olhou para trás e um arco de ferro com os dizeres: Plataforma nove e meia.

        Logo sua mãe apareceu atrás dela e, sem esperar mais nenhum segundo, Pam correu para o trem.

           Pegou seu malão e a gaiola de Athena e entrou o mais rápido que pôde e começou a procurar uma cabine vazia. Não conseguiu achar. Pam não conhecia ninguém. Não tinha amigos com quem podia se sentar.

          Na última cabine, encontrou três garotos. Dois deles conversavam animadamente e o terceiro olhava sonhador pela janela.

         Os dois garotos que conversavam tinham cabelos bem pretos, mais escuros do que o dela. Mas um deles usava óculos redondos e tinha os olhos castanhos. O outro tinha os cabelos um pouco desgrenhados e compridos que caiam nos olhos cinza. Já o garoto sentado junto à janela tinha cabelos castanhos um pouco bagunçados e roupas esfarrapadas.

           _Com licença._ disse Pam, abrindo a porta da cabine._ Será que posso me sentar aqui? O resto do trem está cheio.

            Três pares de olhos se voltaram para ela. Pam ficou  esperando na porta, esperando que um deles dissesse sim ou não. Mas nenhum dos meninos parecia estar disposto a falar nada.

            _Eu acho que vou procurar outra cabine._ disse Pam e fechou a porta, passando assim a procurar outro lugar no trem.

           Garotos estranhos, ela pensou.

           Enquanto andava pelo corredor e procurava uma cabine livre, deu de cara com um garoto gordinho e baixo, de olhos bem pequenos e nariz pontudo, com cabelos loiros. Ele esbarrou nela enquanto tentava passar pelo corredor.

            _Desculpe.

            _Tudo bem._ disse ela, sorrindo amavelmente para o garoto.

            Ele sorriu de volta para ela.

            _ Qual seu nome?_o garoto lhe perguntou.

           _Pamela Porter, mas pode me chamar de Pam.

            _Prazer em conhecê-la, Pam. Sou Peter Pettigrew.

            Pam sorriu mais uma vez e continuou andando, dando as costas para Peter.   

            Ela finalmente encontrou uma cabine vazia que talvez tivesse passado despercebida da primeira vez. Entrou, guardou suas coisas e colocou a gaiola de Athena ao seu lado. Então, começou a olhar pela janela. Conseguiu ver mais uma última vez a mãe, antes de o trem partir,
levando-a para a nova escola, que, talvez, só talvez, não fosse tão legal
assim.

*~~*~~*~~*~~*~~*

     _Lily, se você não se importar, eu vou trocar de roupa. _disse Severo Snape, para sua melhor amiga._ Te encontro em uma das cabines.

           Ela concordou, ainda estava chateada com Petúnia, sua irmã. Eu não sou uma aberração. Túnia está apenas com ciúmes. Mas, mesmo assim, Túnia a odiava…

            Todas as cabines estavam cheias. A última tinha quatro garotos, do primeiro ano, assim como ela.

           _Será que eu e meu amigo podemos nos sentar aqui?

            Todos eles olharam para ela e ela não pôde deixar de corar.

            _C-claro_ disse um que usava óculos que escondiam olhos avelã.

            Lily se sentou perto da janela.

            _Cadê seu amigo?_perguntou outro dos garotos, que estava sentado do lado do primeiro.

           _Foi trocar de roupa, ele já vem.

           _O-oi, eu sou James Potter_ disse o de óculos._ Esse é Sirius Black._disse apontando para o que estava do lado dele._ Ele é Remus Lupin e o outro é Peter Pettigrew._ E indicou os outros dois garotos com a cabeça._ E você?

           _Sou Lily Evans.

            _Lily? Como lírio, não é?

            A garota de cabelos acaju assentiu e começou a olhar pela janela. Voltou a pensar em Petúnia e seus olhos se encheram de lágrimas.

           Os outros quatro garotos começaram a conversar animadamente, mas Lily não deu atenção a eles. Não lhe importava o
que eles estavam falando.

           Severo não tinha voltado ainda e ela começou a ficar com raiva dele. Por que tinha mexido nas coisas da irmã para começar? E daí se ela tinha escrito uma carta para Dumbledore pedindo para ir para Hogwarts? Isso não era da conta dela nem de Severo. 
                   A porta da cabine se abriu, mas Lily não deu atenção, continuou com o rosto colado na janela, olhando sem ver a paisagem lá fora.

           Alguém se sentou no assento a sua frente e ela viu que era Severo.

            Esperou que não houvesse vestígio de lágrimas em seu rosto e disse:

           _ Eu não quero falar com você.

           _ Por que não?

            _ Túnia me o-odeia porque a gente viu a carta de Dumbledore. _disse em uma voz contida.

            _ E daí?

            Ela deu-lhe uma olhada de profundo desgosto.

            _ Daí que ela é minha irmã!

           _ Ela é apenas uma... _ Ele segurou-se depressa; Lily, muito ocupada tentando enxugar os olhos sem que ninguém percebesse, não o ouviu. _ Mas nós estamos indo! _ ele disse, incapaz de suprimir a excitação em sua voz. _ É isso! Nós estamos indo para Hogwarts! 
                 Ela assentiu, esfregando os olhos, mas não pode se conter e quase sorriu.

            _ É melhor você ficar na Sonserina _ disse Snape, encorajado já que ela estava um pouco mais alegre.

            _ Sonserina?

            James, que não tinha demonstrado qualquer interesse na conversa de Lily e Snape até então, olhou para o lado ao ouvir a palavra, ele tinha os cabelos negros como Severo, mas com aquele ar indefinível e despreocupado, até adorável, que Severo notavelmente não tinha.

           _ Quem quer ficar na Sonserina? Eu acho que eu iria embora se isso acontecesse. Você não? - James perguntou acenando para Sirius. Sirius não sorriu.

            _ Minha família inteira esteve na Sonserina. _ ele disse.

           _Caramba! _ replicou James _ E eu achei que você parecia legal! 
                     Sirius sorriu.

          _ Talvez eu quebre a tradição. Onde você quer ficar, caso possa escolher?

          James brandiu uma espada invisível.

          _ “Grifinória, a morada dos destemidos!” Como o meu pai.

           Severo fez um muxoxo. James voltou a olhá-lo.

           _ Algum problema com isso?

           _ Não, _ disse Snape, embora seu leve sorriso dissesse o contrário. _ Se você prefere ter mais músculos do que cérebro...

          _ E para onde você espera ir, uma vez que você não parece ter nenhum dos dois? _ interpelou Sirius.

            James caiu na risada. Lily endireitou-se, bastante vermelha, e olhou de James para Sirius com desgosto.

           _ Vamos, Severo, vamos procurar um outro compartimento.

            _ Oooooo...

            James e Sirius imitaram sua voz arrogante; James tentou passar uma rasteira em Snape quando este passou.

           _ Vejo você por aí, Ranhoso! _ uma voz chamou, assim que a porta do compartimento bateu...

        *~~*~~*~~*~~*~~*

            Estava escuro. Pam tinha trocado de roupa fazia pouco tempo. Tinha colocado o uniforme da escola. Agora estava esperando os poucos minutos que faltavam para chegar. Estava se sentindo  terrivelmente sozinha. Ainda não tinha feito nenhum amigo. Não tinha ninguém com quem conversar. Tinha só Athena, que começara a piar desesperadamente para sair da gaiola. Ela olhou pela janela, tentando ter uma visão de Hogwarts, mas não conseguiu.

            _Vamos chegar a Hogwarts em cinco minutos._ Ecoou uma voz no auto-falante._ Deixem suas coisas no trem, elas serão levadas para o castelo.

            Por um momento, Pam ficou com medo de, por não ter nome, eles não saberem onde levar suas coisas, mas depois se lembrou da mágica. Ah, sim, a magia facilitava bastante a sua vida.

            Ela esperou o trem parar, se levantou e tentou sair, mas os alunos tinham preenchido todo o corredor e ela duvidava que uma mosca pudesse passar ali sem ser esmagada.

            _Alunos do primeiro ano! Alunos do primeiro ano, por aqui, por favor!_ ela ouviu uma voz grave e rouca gritar do lado de fora.

            Ela era uma aluna do primeiro ano e isso significava que o aviso valia para ela também, tinha que sair o mais rápido possível.

            Assim que acho um espaço entre dois garotos mais velhos e bem mais altos do que ela, Pam saiu em disparada para fora do trem.

            _Alunos do primeiro ano! _ A voz tornou a gritar._Estão todos aqui? Ótimo, vamos!

            Pam correu o mais rápido que pode atrás das outras crianças e um homem que valia por dois, a quem com certeza pertencia à voz.

           Tropeçou umas três ou quatro vezes nas vestes que talvez estivessem um pouco grandes demais, mas a mãe preferira assim, que durariam por mais tempo.

            _Logo depois dessa curva, vocês poderão ver Hogwarts._ disse o homem.

            Hogwarts… Pam quase não conseguiu conter um gritinho de alegria. Queria ir para lá desde que descobrira a existência da escola. Fora lá que seus pais estudaram. Ela fora da Lufa-Lufa e ele da Corvinal, embora eles sempre afirmassem que todas as casas eram boas, tinha uma para qual Pam não queria ir.

            Sonserina.

            A casa a que todos os bruxos das trevas pertenciam.

            _Estou com tanto medo, Severo._ ela ouviu uma garota dizer a suas costas.

            _Não tenha, Lily, vai dar tudo certo, você vai ver.

            _Mas Túnia me odeia! Não pode dar tudo certo, não deu nada certo. Isso tudo porque eu sou bruxa!

            Nascida trouxa. Concluiu Pam. Não que tivesse alguma coisa contra os que não eram puro-sangues, muito pelo contrário, às vezes achava que os puro-sangues eram realmente chatos.

            _ Isso é ciúmes. Ela tem inveja de você por isso.

            Pam não pôde mais ouvir a conversa dos dois, porque um alto Uaaaau!! pode ser ouvido. A escola podia ser vista. Era um grande e magnífico castelo com um lago sombrio na frente.

           O caminho estreito se abria para o lago e uma flotilha de barcos se encontrava parada na margem.

            _Só quatro em cada barco!_ Pam ouviu o homem gritar, que agora de frente, era possível ver que tinha cabelos e barba longos, deixando apenas uma pequena parte do seu rosto aparente.

            Pam se encaminhou para um barco, o menino e a menina atrás dela, e mais uma garota de rosto redondo, a acompanharam.

            _Todos acomodados? Podemos partir? _ gritou o gigante que tinha um barco só para ele._ Então… VAMOS!

            Os barquinhos começaram a navegar sozinhos, todos ao mesmo tempo, indo em direção ao castelo que ficava cada vez maior.

            Pam não sabia se tinha alguém falando, mantinha os olhos fixos no castelo, que tanto desejara conhecer quando era mais nova.

            _Acho melhor abaixarem as cabeças!_gritou o homem, quando estavam perto do penhasco.

            Pam viu que os outros tinham obedecido e copiou-os. Eles passaram por uma cortina de heras que escondia uma larga abertura no penhasco. Foram conduzidos por um túnel escuro, que levava para debaixo do castelo, até chegarem a uma espécie de cais subterrâneo.

            Todos desembarcaram e subiram por uma passagem escura acompanhados pela luz da lanterna do gigante, até chegarem a um gramado úmido e fofo.

            Andaram até uma escada de pedras e esperaram ante a enorme porta de madeira.

            _Todos estão aqui? Ótimo.

            E o homem ergueu uma enorme mão e bateu três vezes na porta.

            Uma mulher alta de cabelos negros e rosto severo abriu a porta. Pam não pode deixar de pensar que não era uma professora que tolerava brincadeiras.

            _Alunos do primeiro ano, Professora Minerva._ informou o gigante.

            _Obrigada. Eu os levo a partir daqui.

             Pam prendeu a respiração quando entrou no castelo. O saguão era enorme. Ela apostaria todo o seu ouro que sua casa cabia ali dentro. O teto era tão alto que ela não podia vê-lo, mesmo quando empinou o nariz no ar. Estava iluminada e tinha uma linda e imponente escada de mármore.

            Eles acompanharam a professora até uma sala onde ficaram um pouco mais apertado do que o normal, Pam ficava pisando nos pés dos outros o tempo todo e não parava de pedir desculpas. Mas, agora seu fascínio dava espaço para a apreensão.

            _Bem vindos a Hogwarts, alunos do primeiro ano! _ disse a professora._ Eu sou a Professora Minerva McGonagall. O banquete de abertura vai começar daqui a pouco. Mas antes que possam se sentar, vocês serão selecionados para que casa em que irão. Isso é muito importante, porque, enquanto estiverem aqui, suas casas serão uma espécie de família para vocês. Vocês irão ter aulas com os outros alunos da sua casa, vão dormir em seus dormitórios e irão passar o tempo livre na sala comunal.

            “Os nomes das casas são Corvinal, Lufa-Lufa, Sonserina e Grifinória. Cada casa tem sua honrosa história e todas produzem grandes e poderosos bruxos. Com seus acertos, poderão ganhar pontos para as casas e no final do ano, a casa com mais pontos ganha a Taça das Casas, uma grande honra. Espero que seja motivo de orgulho a casa a qual vierem a pertencer.

            “A cerimônia de seleção vai acontecer dentro de alguns minutos.”

            A Professora McGonagall olhou para cada um dos alunos.

            _Sugiro que se arrumem o máximo que puderem._ acrescentou olhando para um garoto que tinha os cabelos espetados atrás, era um dos que estava sentado na primeira cabine que Pam tentara entrar._Voltarei quando estivermos prontos para recebê-los. Por favor, aguardem em silencio.

            No exato momento que não era mais possível ouvir seus passos, Pam ouviu os outros começaram a conversar.

            _Com é que selecionam a gente?_ Era aquela mesma garota de antes. Lily não era?

            _Não tenho muita certeza, mas você vai se dar bem.

            _Espero que sim.

            O garoto de cabelo espetado deu um passo para trás e trombou em Pam.

            _Ei! Olha por onde anda!

            _Olha você onde para_ respondeu ele, arrogante.

            Ele olhou para ela e Pam pôde ver seus olhos castanhos.

            Os dois se fuzilaram com o olhar.

            _Ei, o que está acontecendo?_Perguntou o outro garoto de olhos cinza, o que estivera conversando com o menino a sua frente mais cedo, no trem.

            _Nada._ responde Pam, sem parar de olhar para o menino.

            _Oi, eu sou Sirius Black._ se apresentou o de olhos cinza._ E esse é James Potter.

            A menção do nome de seu adversário, Pam começou a rir. Não pôde evitar, era engrado demais.

            Os dois se olhavam confusos. Talvez pensassem que ela era louca, para o que, sinceramente, Pam não ligava.

            _Jura?_ disse ela enxugando uma lágrima de riso._ Potter? _E continuou a rir.