Imprinting escrita por Mila


Capítulo 4
Impossível


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer a minha beta pela ajuda.
Boa leitura para vocês



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MADSON

Eu gelei.

Um homem de cabelos ruivos, alto e forte foi quem falou comigo. Tinha uma mulher baixinha, de cabelos loiros, curtos e crespos com ele. Ambos tinham um físico digno de capa de revista, os olhos vermelhos como sangue e a pele extremamente pálida.

–Não. - menti. - Vocês estão?

Eles se entreolharam e riram.

–Acho que você está perdida. - a mulher palpitou.

–Não estou. - respondo da maneira mais firme que consigo.

–Você precisa de ajuda. - o homem sorriu, mas não de forma amigável, mas sim presunçosa. - Onde você mora?

Por algum motivo - dúvida, instinto - eu não me sentia a vontade com a "ajuda" que eles me ofereciam. Nenhum pouco.

Eu tinha medo.

Pensei em lutar, da maneira que brigava com meus irmãos quando era mais nova(Eu não disse a Kluke que não era pacifista?), mas essa ideia me pareceu tão idiota olhando para aquelas pessoas tão perfeitas, como se tivessem sido desenhadas por algum profissional.

–Onde você mora? - a mulher repetiu a pergunta do outro.

Não diria aonde morava para um estranho. Era uma das coisas que todos os pais ensinavam aos filhos.

–Não sou daqui. - menti de novo.

Eles riram devagar, como se não tivessem pressa do que quer que fossem fazer.

–Espertinha você, não? - a mulher sorriu.

–O que vocês querem? - arfei, ansiosa.

Eles riram de novo, do mesmo jeito lento.

Porém logo pararam, e levaram um susto com algum pequeno barulhinho entre as folhas que eu mal ouvi. Olharam para o lado.

É a hora que eu fujo, só pensei nisso. Virei-me para o lado e saí correndo. Não demorou nem um segundo sequer e a mulher estava an minha frente. Eu gritei. Como ela...? Isso era impossível.

–Na-na-não. - ela fez um biquinho. - Onde pensa que vai?

–Embora. - soltei a primeira coisa em que pensei. Desviei dela e tentei correr, mas ela deu apenas um passo para o lado e parou na minha frente. Abriu um sorriso, divertida. Seus olhos vermelhos brilharam e eu me encolhi.

Eu tinha a sensação de que o homem estava atrás de mim.

Levei um susto quando escutei um uivo. Lobos? Talvez o lobos afastassem eles de perto de mim e me devorassem. É, minhas opções não pareciam muito boas.

Então, o primeiro lobo apareceu. Não era bem um lobo. Tinha o tamanho de um leão, mas era um lobo. Não era feroz, era muito feroz, as presas eram dez vezes maiores e os olhos tinham um olhar completamente diferente que os Lobos de verdade tinham, mas de alguma forma, penetrantes, reveladores... assustadores. Aquilo não era um lobo qualquer.

O segundo apareceu, depois o terceiro. Eram todos iguais, só mudava a cor do pelo. Enormes, assustadores e perigosos. Não podia passar muito tempo analisando e esquecer de correr.

A atenção do casal se voltou aos enormes lobos peludo, e eles ficaram assustados, com medo. Cada um correu para um lado, e os lobos se dividiram e correram atrás deles. Tanto o lobo quanto aquelas pessoas misteriosas correriam em uma velocidade... impossível, não havia como definir isso com outra palavra.

De repente a mulher avançou em minha direção, saltando uns dois metros de altura. Eu gritei e me encolhi no chão. Já era, pensei, mas então senti meu braço doer muito. Um Lobo pulara a minha frente, e suas garras rasparam em meu antebraço. O sangue escorria até a ponta do meu dedo e pingava no chão. Levantei, um tanto cambaleante. Ardia. Sangrava.

A mulher parou, tremendo, e me lançou um olhar decisivo e medonho, seus olhos vermelhos brilhavam e ardiam como se fossem chamas vivas. Começou a caminhar em minha direção com passadas largas e com um sorriso torno no rosto.

Quatro lobos pularam sobre a mulher, atacando-a. Fazia barulho e eu não precisava ver para saber o que acontecia ali, mas foi tão rápido que eu vi: A mulher logo estava morta no chão, os braços, as pernas e a cabeça separados.

O homem assustou tanto quanto eu com o que viu. Olhou para o meu braço. Ele estava um pouco mais atrás de mim e alternava o olhar entre os restos do corpo da mulher e para o sangue que escorria por meu braço.

Não percebi no momento que estava em estado de choque, e por isso não me mexi. Era um sonho, não podia ser real. Mas meu braço doia tanto...

O homem demorou demais a tomar uma atitude. Os lobos já estavam em cima dele, atacando-o e matando-a da mesma forma que fizeram com a mulher. Fechei os olhos. Não ia ver isso novamente.

Quando abri, tudo estava mais calmo. Os lobos, mantendo uma boa distancia, me observavam em silencio. Eu tremia. Eles tinham me salvado do casal, mas isso não significava que estava segura. Eles eram mais poderos e mais perigosos que aqueles dois.

Eram sentimentos demais que corriam por minha mente. Se eu seria devorada... OK. Estava cansada demais para fugir, e para todo o resto que viria depois. Quando eu senti que ia desmaiar, pensei apenas ufa, não vou sentir nada.

As imagens se embaraçaram e meus joelhos cederam. Eu caí.

LUKE

Peguei Madson nos braços com facilidade. Eu continuava tremendo. Passou tão perto, ela podia estar morta agora.

Os garotos conversavam sobre a luta contra os vampiros, Andrew tentava criar hipóteses idiotas sobre o por que deles estarem aqui. Ele era um bom líder, eu nunca, nem sequer, pararia para pensar se haveria um motivo dos vampiros estarem na região. Pensar nele com ciúmes de alguém, e principalmente, de mim por causa de algo de algo que aconteceu espontaneamente, parecia muita burrice.

Imprinting é uma das coisas mais estranhas que os lobisomens precisam lidar. Não acontece com todo mundo. Na verdade é um exceção rara, não a regra. Tínhamos ouvido falar de Imprinting, mas nunca tínhamos imaginado que era algo tão assustador e perpétuo.

Levei Madson a minha casa e deitei-a em minha cama. Minha mãe fez um curativo no machucado dela, estancando o sangue. Eu fiquei ao lado dela, observando-a em silêncio. Não parecia justo ela ter que passar por tudo isso porque eu tive um imprinting por ela.

Drake tinha razão: Eu era um idiota e não podia ficar longe dela. Nunca mais. Tinha que protegê-la. Seria arriscado, mas precisava dela perto de mim, com a certeza de que está segura.

MADSON

Acordei na minha cama. Não me lembrava de ter ido pra casa. Não, eu não estava em casa, olhando melhor notei que esse não era o meu quarto. Confusa, sentei-me na cama observando os detalhes do quarto onde eu estava. As paredes tinham um tom de cinza e haviam duas portas, provavelmente deveriam ser a porta de um banheiro e da saída, qual era qual, eu não sabia. Ao lado da cama havia uma escrivaninha que tinha um jornal aberto, um copo d'água e comprimido.

Levantei-me da cama e fui até a uma das portas, era a do banheiro. Eu já ia voltar, para seguir pela outra porta, mas assustei com a imagem que vi no espelho. Meus cabelos estavam desgrenhados, e eu enfiei o dedo entre ele para arrumá-lo. Depois de me arrumar o máximo que eu podia, percebi que o estrago maior eu não podia arrumar: Estava cansada, cada músculo do meu quarto doía, e eu não podia curar o enorme machucado escondido sob umas faixas de tecido.

–Madson? - Ouvi uma voz e logo percebi que era de Luke. Eu saí do banheiro e o encontrei no quarto.

–Luke? O que faz aqui? Quer dizer... Onde estou? Como eu vim parar aqui? - Eu me sentia uma idiota, fazendo perguntas desse jeito, mas não recuei: Já as havia dito, e realmente precisava das respostas.

–Vai ficar tudo bem. - disse simplesmente. Ele sorriu para mim tentando me acalmar, mas não adiantou. Seu sorriso caloroso acelerou meu coração. Ele não ajudou em nada.

Ficamos em silêncio, num silêncio incômodo e irritante. Depois de um tempo, perguntei de novo:

–Onde estou?

Ele abaixou a cabeça completamente constrangido, se não fosse tão moreno, poderia corar.

–Está no meu quarto.

Analisei melhor o lugar que estava, tentando captar algo que descrevesse Luke de alguma coisa. Antes que eu pudesse fazer outra pergunta, ele continuou a falar:

–Eu te encontrei na floresta inconsciente e machucada, e te trouxe para cá.

Depois de tudo que passei, aquilo não parecia muito louco; entretanto eu não conseguia juntar os fatos. Era estranho pensar que eu, ou alguém, conseguiu me machucar até eu ficar inconsciente. Estranho pensar que Luke aparecera e me carregara até a casa dele. Estranho pensar que eu estava na casa dele, mas especificamente, no quarto dele.

–Como se sente? - perguntou com receio.

Suspirei, minha cabeça doía um pouco, mas nada muito grave.

–Estou bem. - menti, sem olhar nos olhos dele.

Uma lembrança me veio à cabeça e logo fiquei tensa, ao notar isso Luke me olhou preocupado.

–Tudo bem? - Ele olhava atentamente para mim, esperando eu responder.

–O que aconteceu com os lobos? - soltei de uma vez. Notei que minha pergunta o pegou de surpresa.

Ele sorriu para mim. Sei que a intenção dele era boa, que queria dizer-me que estava tudo bem, que já havia passado; mas os olhos desmentiam. Tinha alguma coisa estava acontecendo, algo sério, e ele não queria me contar..

–Não se preocupe com os lobos, eles não vão te fazer mal. Por que não descansa mais um pouco?

–OK. - falei decidida. - Vou descansar em casa.

–Ahn? Como assim? Não tem problema se você ficar aqui, Madson. Eu não me importo.

–Certo. Obrigada, mas eu vou para casa. É informação demais para um dia só.

Desviei-me dele para sair do quarto, e antes que eu pudesse sair da casa, ele me interceptou:

–Tudo bem. Mas me deixa te acompanhar.

Não tinha como dizer não.

Deixei ele me acompanhar, mas não disse uma palavra, e ele, por algum motivo, também preferiu não dizer nada.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor.
Beijos.