Imprinting escrita por Mila


Capítulo 19
Desaparecer


Notas iniciais do capítulo

DIA DE FORMATURA - PARTE 1


*****

Voltei, pessoas
Esse capítulo foi difícil de escrever, mas depois que me surgiu uma faísca de imaginação eu escrevi ele inteiro, e já estou postando, porque eu sei que demorei.
Nos vemos lá em baixo.



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LUKE

—Ahhh!

Eu tinha acabado de entrar na casa de Madson segurando uma caixa de papelão cheia de coisas de bebê -que a minha mãe usou quando ficou grávida de mim (eca!) - quando ouvi-a gritar.

Larguei a caixa e subi a escada pulando três degraus por vez.

—Madson, você está...? - minha voz sumiu assim que eu vi o que acontecia dentro do quarto.

Vestindo apenas sutiã, ela tentava fechar o botão da calça jeans

—Não entra! - ela choramingou.

Ri pouco, mas mesmo assim ela não gostou.

—Madson, eu já te vi com menos roupa do que isso.

—Para, Luke! Olha isso!

Ela encolheu a barriga e tentou fechar o botão, sem resultado.

—Eu estou gorda! - ela resmungou e bateu o pé no chão como uma criança birrenta.

—Gorda! Gorda! Gorda! - nesse ponto ela começou a pular enquanto tentava fechar o jeans.

—Madson. - chamei devagar.

—Uma orca! Baleia assassina! - ela resmungava enquanto fazia um biquinho teimoso e se olhava no espelho. - É capaz de eu matar uma pessoa se cair em cima dela. Bloft! "Como foi que ele morreu?" " Ele foi atingido por uma elefoa!" "Ele foi pro circo?" "Não! Ele conheceu uma grávida que pesa UMA TONELADA. Ahhh!

Comecei a rir.

Não, não dava para me segurar mais.

Os olhos de Madson se enxergaram de lágrimas.

—Eu vou ter que usar roupas de velha! Aqueles vestidos largos e floridos. Eu vou virar um bujão de gás.

—Não exagera. - falei me aproximando. - Você está linda.

—Você está lindo. - ela rebateu. - Você tem músculos, bronzeado, saúde... E eu to grávida.

Ela cruzou os braços na frente do corpo, para cobri-lo.

—As pessoas vão questionar se eu tenho problema de gula.

—Nunca entendi muito bem esse negócio de gula. - disse para anima-la.

—É tipo: olha e engula. Coisa de obesos. - ela virou-se para mim. - Eu sou obesa!

—Não, não, não,não,não. Você está linda, está... grávida. É normal engordar um pouquinho.

—POUQUINHO? - ela exclamou, perplexa. - Eu estou parecendo um 'porquinho'!

—Pensa pelo lado bom. - falei de repente. Madson me olhou esperançosa. Oh, o que eu falo agora? - Você não engordou nada comparado a quanto vai engordar no próximos meses.

Enquanto Madson se jogava na cama eu batia a mão na própria testa.

Luke. Estúpido. Idiota. Ameba.

***

Sentei ao lado de Madson na cama.

—Vamos. Levante daí.

—Dão. - a voz dela saiu abafada por estar com a cara no colchão.

—Os seus pais estão vindo para a sua formatura

—E daí? Eles são pais de uma formanda gorda.

Ela tinha virado o rosto e deitado a cabeça de lado fazendo sua bochecha ficar esmagada.

—Madson. - falei com a voz firme. - Os seus pais estão vindo de longe para sua formatura e para cumprimenta-la pela gravidez.

—Meu pai vai te cumprimentar carregando uma espingarda. Por que está tão animado?- ela resmungou.

—Então temos que ter tudo sob controle. - rebati. - Temos que mostrar que seremos bons pais. Que o nosso filho, ou filha, viverá sob ótimas condições...

—É esse o problema. - ela choramingou. - Eu não... Eu não tenho nada sob controle. Está tudo fora de lugar. Eu fico pensando... Eu fico pensando se eu vou ser uma boa mãe. Se... se eu vou conseguir.

Ela começou a chorar baixinho.

Deitei-me de barriga para cima na cama e virei a cabeça para o lado, ficando a poucos centímetros perto do rosto dela.

—Mad, não diga isso. Você será uma... uma grande mãe. - tenho que tomar cuidado com as palavras. - É... Está sendo difícil agora no começo, mas as coisas vão se ajeitando. Eu vou te ajudar. Mas, Madson... não guarde as coisas apenas para você. Não pode fazer tudo sozinha.

Ela pareceu compreender o que eu dizia.

—Você... Você é o líder da alcateia... - fiz uma careta. Ainda não gostava de ser chamado assim. - Tem muita coisa com que se preocupar

—Não mais. Os vampiros foram embora. Estamos bem agora, viu? As coisas vão se ajeitando.

Ela sorriu por entre as lágrimas e se virou na cama, ficando de lado na cama para me olhar melhor.

—Nosso bebê precisa de muitas coisas. Gera muitos gastos.

—Tipo o que?

—Um berço. - ela fez uma careta. - Um trocador, uma banheira, um carrinho, toalhas de banho, fraldas, roupas...

—Uau. - falei. - Ia guardar tudo isso só pra você? Imagino porque está surtando.

Ela riu baixinho.

—Você precisa arrumar um emprego.

Balancei a cabeça.

—Estou procurando por um.

Ela ergueu uma sobrancelha.

—Procurando?

—É-e... Nenhum é bom o bastante para mim. - fiz pose de herói.

Madson riu e bateu no meu braço.

—Estou falando sério.

—Eu ainda vou falar sério sobre isso.

—Viu... - ela falou de repente.

—O que?

—Você vai morar com a gente?

Inevitavelmente ela colocou uma mão na barriga.

—Aqui?

—Aqui.

—É um convite?

—Não é um formal, porque... Eu não tenho tempo para essas coisas.

Sorrimos.

—Eu venho.

—Mas vai arcar com as despesas também.

Ergui as mãos, me rendendo.

—Tudo bem... Mas eu quero comida.

—Você paga a conta do mercado.

—E o quarto?

—Metade.

Olhei para ela com os olhos semicerrados.

—Feito. - apertamos as mãos enquanto fazíamos cara séria.

Depois rimos.

Dei um beijo na boca dela.

—Pronto. Se sente melhor?

Ela balançou a cabeça num sim.

—Ótimo. - falei. - Agora vai se trocar que eu não to conseguindo mais me segurar depois de ver você assim, de sutiã.

Ela riu e rolou para fora da cama.

***

—Eu vou levar uma surra... - Madson murmurava alucinada, enquanto nós caminhávamos em direção a multidão de pessoas que vieram assistir à colação da formatura. - Eu vou levar uma baita surra...

—Não vou deixar seu pai bater em você.

—Minha mãe vai bater em mim. E você também vai apanhar.

—Madson. Madson, me escuta. - segurei-a pelos ombros. - Você vai lá pro palco agora, com os outros formandos. Faz o que tem que fazer. Seja lá o que for. Depois nos encontramos e conversamos com seus pais. Está bem?

—Tá. - ela respondeu com o olhar desfocado.

Beijei a boca dela.

Ela foi para trás do palco e eu me misturei no meio da multidão. Não seria legal se eu encontrasse meus sogros sem Madson. Eu também não estava preparado para isso.

Era humano demais para mim

***

MADSON

Eu estava surtando.

Ao redor de mim, uns cinquenta formandos falando sem parar e eu grávida. O.K. Eu estava mais que simplesmente surtando. Eu estava quase morrendo.

Será que Luke já tinha encontrado meus pais? Oh, não. É mais capaz que ele já tenha fugido para o Alasca.

Passei a mão na testa.

Não, Madson. Falei para mim mesma. Luke não vai para o Alasca. Ele tem um imprinting.

—Maddaugher! - ouvi uma voz irritante cantarolar.

Ergui os olhos do meu sapato e olhei para Maeva.

—Oi. - foi o que eu consegui dizer.

Ela não podia evaporar magicamente?

—Você viu o que eu fiz? - ela riu. - Troquei o son do seu nome por daugher. Você entendeu? É como se eu substituísse o filho por filha. Ah! Como vai o bebê?

—Shhh!!! - joguei a mão na boca dela. - Não diga isso para todo mundo ouvir! Eu já estou uma baleia!

—Foi mal! - ela se livrou da minha mão e passou a sussurrar. - Você viu Nick? Acho que ele está me evitando?

—Jura?

—Será que ele está fazendo isso de propósito para eu ficar com ciúmes?

—É... - resmunguei e me dobrei, apoiando minhas mãos em meus joelhos. Estava vendo estrelinhas. - Pode ser.

Maeva xingou.

—Será que aquele estrupício levou ao pé da letra o que eu falei para ele? Será que ele enfiou mesmo a aliança naquele lugar?

Resmunguei alguma coisa.

Como, mesmo por um único momento, eu pude pensar que essa mania de Maeva de criar hipóteses ridículas eram divertidas? Como eu pude me tornar amiga dessa coisa?

—Caramba, Madson, você está bem?

—O que é isso? - erguendo o olhar daquela beca idiota que vestia vi o chocolate na mão da Maeva.

—Cacau. - ela respondeu. - Minha mãe disse que eu deveria comer mais frutas...

—Me dá. - pedi.

—Ah. - ela falou, sem mover um músculo.

Ergui-me na posição mais reta que poderia ficar e roubei o chocolate da mão dela rapidamente.

—Eu estou grávida. - expliquei. - Tenho prioridade.

Ela bufou.

—Ótimo. Eu estava mentindo. Isso não é cacau. É chocolate, e você vai engordar.

Ignorei o que ela estava dizendo e mordi o chocolate com vontade.

Não era desejo, mas eu relaxei. O açúcar caiu bem em meu corpo. Logo mordi outro pedaço.

—Você vai comer tudo? - perguntou a coisa.

—Chocolate. - murmurei. - Açúcar.

—É. - ela reclamou. - Engorda. Vamos, me devolva.

Dei outra mordida gigante.

Abri os olhos.

De repente, senti-me melhor. Meu corpo recebeu energia ou qualquer outra coisa do tipo e a tontura passou.

Devolvi o que sobrou do chocolate para Maeva.

—Puxa, quanto. - ela falou irônica.

A diretora chamou os formandos para entrarem no palco.

—É o que você precisa para encarar a colação. Vamos. Quanto mais rápido melhor.

***

Assim que toda a parte chata e demorada de estar se formando acabou, livrei-me da minha beca e fugi dali o mais rápido possível. Não conseguiria ter mais uma conversa com Maeva sobre Nick ou suas preocupações todas.

Graças ao chocolate eu me sentia capaz de mandar Maeva e qualquer um que me irritasse para o inferno, por isso eu saí dali correndo, porque eu sou muito educada. Se bem que seria legal xingar Maeva um pouquinho, porém toda a minha felicidade acabou quando dei de cara com minha mãe.

—Madson!

Iupi.

Sem saber o que fazer, abracei-a.

—Mamãe.

Depois que me soltou do abraço ela me olhou, surpresa, e buscou por algo que pudesse falar.

—Você...

—É, eu me formei. - sorri.

Qualquer coisa menos A Conversa.

Em seguida ela cobriu os olhos com as mãos e choramingou.

—Não... - sua voz sumiu. - Não acredito que você...

—É.

—Está vestindo isso?

Olhei para meus jeans furados e minha camiseta branca.

—É a sua formatura! - ela exclamou.

—Ficou escondido sob a beca.

—Você vai ser mãe!

É, ela não esqueceu.

Dei um sorriso amarelo.

—Dentro de sete meses.

Ela me abraçou de repente.

—Não acredito que você fez isso com a sua família!

—O que? Eu estou aumentando os membros da família...

—Você está grávida! - ela exclamou.

Olhei em volta para ver se ninguém ouviu aquilo. Depois que tive certeza de que nenhum imbecil que se formou comigo tinha escutado, virei-me para mamãe.

—É. Eu já te contei sobre isso.

—Mas eu não... Eu não consigo acreditar.

Então ela começou a chorar.

—Ah, não. - falei. - Mamãe você não... Eu não...

Tinha ideia do que dizer? É, pois é. Desde quando eu tinha?

—Eu vou ser avó. - ela chorou, emocionada.

—E eu vou ser mãe! - guinchei, repetindo as mesmas palavras que Luke havia me dito.

Ela secou as lágrimas com o dorso da mão.

—Você está tão linda!

Antes que pudesse dizer "obrigada", ela me bateu com a sua bolsinha carteira.

—Ai! Por que fez isso?

—Como pode engravidar antes do casamento?

—Bem, você sabe...

Recebi outro tapa.

—Modos, Madson! Você está grávida! Tem que deixar alguns hábitos para trás.

Por um momento fiquei sem dizer nada, não porque estivesse aturdida demais com a mudança de humor da mamãe, mas porque fiquei me perguntando o que ela fazia antes de Mia nascer?

Dançava poli-dance? Não, era mais provável que ela dormisse de máscara para prevenção de rugas.

—O que é isso no seu braço? - perguntou minha mãe de repente.

Olhei para meu braço.

Ela estava se referindo ao arranhado que levei no dia em que encontrei aquele casal de vampiros.

Fiquei surpresa por ela estar percebendo isso só agora, mas fiquei mais surpresa ainda por ela estar percebendo. Prestar atenção na filha do meio nunca fora o ponto forte de mamãe.

—Ahn... Um lobo me arranhou na floresta. - menti.

—Ah! - ela exclamou e levou as duas mãos a boca. - Você podia ter morrido!

—É, mas não mo...

—O que você foi fazer na floresta? - ela falou, brava. Fiquei aturdida com a sua mudança repentina de humor. - Isso é coisa que menina direita se faz? E se... E se algum escoteiro tentasse alguma gracinha com você? Hein? No meio da floresta! Quem ia te socorrer?

—Mãe, eu não... - ela não me deixou terminar.

—Na floresta! - ela enfatizou. - Você tem que ser um imã para problemas, não é, Madson? - ela me bateu com a sua bolsinha. Deixei escapar um palavrão e ela me bateu de novo. - Isso não é coisa que menina direita se faz!

—Eu sei! Você já me falou isso! - por ter rebatido, ela me bateu novamente com sua bolsinha carteira. -Ai! Ai, mãe!

—Você quer me matar do coração se matando e pondo em risco a vida de meu neto?

—O que...?

—Você acha que eu vou viver em paz se todas as coisas perigosas giram em torno de você? Por que - tapa - você - tapa - faz - tapa - isso - tapa - comigo?

—Eu não sou igual a Mia.

Novamente a bolsa carteira foi usada como forma de agressão em meu ombro.

—Ai. Pare, mãe. Ai! Foi mal!

—Como você pode engravidar sendo tão atrapalhada?

—Por que eu sou atrapalhada! - gritei.

Minha mãe sugou os lábios para dentro, numa expressão que fazia quando estava se concentrando para medir as miligramas que iria numa receita, e bateu em mim. Várias vezes.

—Ai, ai, ai! Está agredindo uma grávida, sabia? Isso é crime!

—Não use o fato de estar grávida como desculpa, mocinha!

—Mas foi você que...

Ela me deu outro tapa com sua bolsinha infernal.

—Não use minhas próprias palavras contra mim!

—Desculpe. - falei. Foi a coisa mais sensata que eu disse o dia todo. - Desculpe, desculpe.

Ela arrumou um fio invisível de cabelo solto e limpou a poeira invisível do vestido caro, e suspirou.

—Quando será o casamento?

—O que?

Achando que eu receberia outro ataque da bolsinha de grife novamente, tratei de me apressar.

—Não vou casar de barrigão. Você não quer um casamento bem organizado? Então, não temos tempo para isso.

—Certo... - ela falou rigidamente. - Mas já devem ir se organizando, porque assim que meu neto... ou neta... nascer eu quero ver minha filha casada.

Não serve a Mia? Pensei, mas não disse isso em voz alta.

—Diga isso à Luke.

Ela apertou os olhos e falou:

—Ele não te pediu em casamento ainda?

—Não. - eu não estava em excelentes condições de mentir para minha mãe.

—Como assim?

—Assim.

Ela soltou uma exclamação.

—Onde está esse rapaz?

—Por aí.

—Por aí? - ela não ficou contente com o meu vocabulário, nem com o fato de eu não saber onde o meu namorado, que deveria ser noivo, estava.

—Sim.

—Ele não te pediu em casamento? - ela perguntou de novo.

—Não.

—Vou atrás dele.

Então, ela desapareceu.

—Uau. - falei para mim mesma. - Olha que família você foi nascer, Madson.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Pessoas loucas?
Sentiu vontade de desaparecer depois de ler isso?
hahaha
Comentem por favor
*
Beijooooos, até meus comentários.



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