Nany subiu as escadas em silêncio. Não havia dito sequer uma palavra desde o escritório de Dumbledore. Snape também estava calado. Os dois entraram no quarto. Snape se sentou na poltrona ao lado da cama e Nany ficou de pé, perto da porta. Snape disse:
“Não vai se sentar?”
Nany balançou negativamente a cabeça. As lágrimas ainda corriam pelo seu rosto. Snape a ficou olhando por algum tempo. Nany disse:
“Você ainda quer saber meus segredos?”
“Se quiser me contar.”
“Eu não queria...”
Nany deu um suspiro e completou:
“... mas é preciso.”
Nany se sentou na cama. Snape disse:
“Tem certeza do que vai fazer?”
Nany deu um sorriso tímido e disse:
“Na verdade, eu me sentiria mais à vontade com uma dose de Veritasserum...”
“Posso providenciar isso, se quiser.”
Nany lançou um olhar fulminante à Snape e completou:
“... mas não será necessário. O que quer saber primeiro?”
“Sua família. Quem eram?”
“Minha mãe se chamava Margareth Rose, e meu pai, Robert Cavenaugh.”
“Você me disse que tinha irmãos. Quem são eles?”
Nany ficou um pouco irritada ao se lembrar deles. Ela disse:
“Infelizmente, sou a caçula de três irmãos. Se chamam Kathryn e Conner. Eles sempre me odiaram por eu ser melhor do que eles.”
“Em quais lugares você já trabalhou?”
“No St. Mungus e no Ministério. E sou uma auror.”
“Isso explica a sua agilidade para duelar.”
Nany sorriu, mas logo o sorriso se desfez e ela disse:
“Eu iria gostar mais se eu não tivesse essa agilidade...”
Nany olhou nos olhos de Snape e disse, com a voz fraca:
“Este é o meu maior segredo. Sempre me condenei por não ter me arrependido dele...”
Snape se assustou. Nany se levantou e ficou olhando pela janela. Após algum tempo, Nany voltou a olhar para Snape. As lágrimas lhe cobriam os olhos. Nany disse:
“Foi graças a minha agilidade para duelar, que eu me tornei...”
Snape ficou pálido. Já sabia o que Nany iria dizer. Nany percebeu que ele já havia entendido, mas, mesmo assim, continuou a dizer:
“... uma Comensal da Morte.”
A raiva tomou conta de Snape. Ele se levantou bruscamente e disse:
“Não pode ser verdade. Você não pode ser uma Comensal.”
As lágrimas tomaram conta do rosto de Nany. Snape olhou nos olhos dela e implorou:
“Diga que é mentira! Diga que você não é uma Comensal!”
Nany apenas disse, com a voz fraca:
“Desculpe. Não devia ter mentido para você.”
Snape ficou em silêncio. Nany se sentou novamente na cama. Após alguns minutos, Snape disse:
“Por que eu nunca a vi?”
“Eu me tornei Comensal um pouco antes do nascimento do Harry. Eu não participei daquela missão.”
“Como você se tornou uma Comensal?”
Nany olhou surpresa para Snape e disse:
“Belatriz. Foi ela quem falou de mim para Voldemort.”
Snape se sentou ao lado de Nany e disse:
“Há quanto tempo está fugindo?”
“Pouco depois da morte de Lílian e Tiago.”
Snape ficou observando Nany durante algum tempo. Ele disse:
“Por que você mentiu, Nany?”
Nany não pode conter o sorriso ao ouvir Snape dizer o seu nome. Ela enxugou o restante das lágrimas e disse:
“Porque eu tinha medo de que Voldemort me encontrasse. Você também é um Comensal. Ele poderia vir procurá-lo.”
Snape olhou nos olhos de Nany. Ela disse:
“E eu não queria perder você.”
Snape ficou corado. Nany se levantou e ficou olhando pela janela. Era uma noite de lua cheia. Snape se levantou e se aproximou de Nany. Ele sussurrou no ouvido dela:
“No mundo trouxa, dizem que a lua cheia é a lua dos apaixonados.”
Nany sorriu e disse com um tom sarcástico:
“E no nosso mundo, dizem que a lua cheia é a lua dos lobisomens...”
Snape tirou a capa que Nany estava vestindo e a pôs na poltrona. Nany fechou a janela, bloqueando a luz da lua. Ela se virou para Snape e o beijou. Snape disse:
“Boa noite, Nany Cavenaugh...”
Snape sacou a varinha e apagou a luz do quarto. E tudo ficou escuro...
...
“Eu te amo, Nany.”
“Eu também te amo, Snape.”