Entrelinhas escrita por ariiuu


Capítulo 10
Quem vai morrer é você... - Pós Enies Lobby


Notas iniciais do capítulo

Yoo Galera!
Mil perdões por sempre chegar aqui pedindo desculpas pelo o atraso mais uma vez. Então, para deixá-los mais alegres, este capítulo está bem mais longo que os anteriores... Nem eu sabia que iria render tanto, já que o desfecho chegou num ponto inesperado. Espero que tenham paciência para ler este, pois contém fatos importantíssimos que serão completados no próximo capítulo. Eu fiz várias insinuações sobre Submundo (Lugar onde Joker e sua turma se encontram na saga de Punk Hazzard) e inventei alguns acontecimentos no mundo do One Piece que seriam interessantes se existissem.
Há muitas coisas que deixarei nas notas finais, porque tudo saiu de controle com a construção desse capítulo de Enies Lobby.
Mais uma vez agradeço à namikdt, pois ela me deu idéias preciosas, então logo depois eu viajei na maionese e fatos inéditos acontecem no capítulo de hoje.
Tem algo diferente no capítulo de hoje. Resolvi colocar (quando possível) uma cena da fic reproduzida em fanart. Hoje teremos um bem bonitinho :P
Cólera, segredos, trapalhadas, sensações antigas, pancadaria, conselhos e surpresas estão presentes neste.
Divirtam-se, crianças :B



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/203638/chapter/10




Capítulo 10 – Quem vai morrer é você... [Pós Enies Lobby]


– Levantem a cauda do vestido direito, seus idiotas!

– Eu estou fazendo o possível Nami!

– É Nami! Seja mais delicada na hora de falar, ou então os jurados vão te confundir com um travesti disfarçado!

– Isso é impossível. Eu sou a mulher mais linda, talentosa e interessante dentre todas elas... – Nami principiava um sorriso persuasivo para si mesma, como se tivesse se convencido que o tal concurso de beleza já estivesse ganho. Já Usopp estava nocauteado e inconsciente no chão após o término de sua última frase. Chopper estava estremecido ao visualizar o atirador num coma momentâneo.

O atirador e o médico (modo Heavy Point) carregavam a imensa cauda do vestido de noiva da garota. O vestido longo num tomara que caia bem justo, de cetim, na tonalidade branca realçava o corpo curvilíneo, unido ao cintilante salto agulha. O pescoço carregava uma corrente de ouro requintada e um pingente em forma de gota, também de ouro. Usava uma pequena grinalda em forma de coroa e um véu de seda preso na mesma em conjunto com o um rabo de cavalo. Os fios ruivos da franja estavam desordenados de forma sofisticada, deixando o rosto mais emblemático. A face expressiva pela maquiagem bem acentuada deixava os traços da ruiva ainda mais maduros, ocasionando uma refinada simetria.

Robin estava de volta e todos os Mugiwaras esperavam em Water 7 o término da construção do novo navio. Enquanto isso, eles procuravam por alguns afazeres, e no caso de Nami, com todo o seu precioso dinheiro gasto na festa que Luffy deu após chegarem de Enies Lobby, não havia sobrado quase nada para contar história. Foi então que a garota encontrou com Usopp em uma de suas caminhadas pela cidade e imediatamente o garoto lhe informou sobre a inscrição de um concurso de beleza. O prêmio era nada mais, nada menos que trezentos mil berries. Na mesma hora a ruiva aceitou o desafio e puxou o atirador para o local do concurso no intuito de fazer a inscrição. No caminho encontraram com Chopper, que também foi obrigado a ajudar a companheira.

Quando chegaram ao local, havia uma fila quilométrica e repleta de moças bonitas. Nami julgara que seria difícil, pelo número de participantes. Quando pegou a ficha para preencher, reparou que havia alguns critérios e um deles exigia um parceiro que possuísse uma boa estatura. O concurso basicamente se resumia numa interpretação de um drama de 2 minutos, onde a dupla deveria usar qualquer objeto para interagir. Ambos deveriam trajar roupas de casamento. Ela não entendeu aquela exigência, mas sabia que precisaria de alguém com garbo e um porte físico atrativo. Então a primeira pessoa que lhe veio à mente foi...





*Nami flashback*

– Sanji-Kun!!! Preciso falar com você!!! – A navegadora adentrava no quarto onde todos os companheiros costumavam ficar hospedados.

– O Sanji saiu. Foi pegar alguns peixes pro jantar. – Robin respondia a navegadora que manteve o sorriso jovial intacto somente por mais dois segundos, pois teve a feição alegre quebrada em pedaços, dando lugar logo depois para uma carranca imensa.

– O quê!? Como ele ousa sair bem na hora em que mais preciso dele!

– Bem... O Zoro está atrás do escritório. Acho que no momento ele é o único que pode te ajudar, já que as inscrições acabam hoje. – A arqueologa esbanjava um riso de deboche, enquanto mantinha semi-aberto o livro que estava lendo, marcando a página que havia parado de ler com o dedo indicador.

– Não... Ele seria a última pessoa... E... Hey!? Como sabe que vou fazer a inscrição pro concurso? – Nami perguntava indignada, mas julgando pela atual expressão da companheira, era nítido que todos sabiam que ela estava desesperada por dinheiro, e Robin... Esta lia praticamente todos os jornais que passavam em suas mãos, inclusive os periódicos municipais.

– Bem... Em último caso terei que implorar para aquele marimo estúpido... – A ruiva começou a rumar para a porta.

– Boa sorte! – Robin sorria para a navegadora que havia saído irritada do cômodo. Seria humilhante pedir a ajuda dele para aquele concurso. Seu orgulho gritava de uma forma que, internamente se via surda, de tão humilhante que seria, mas... Nami parou na porta do quarto, se recordando de um fato irrefutável. Zoro lhe devia dinheiro. Então, automaticamente ele teria obrigação de acompanhá-la, querendo ou não.

A ruiva sorriu de canto quando o espadachim havia aparecido em sua frente naquele exato momento.

*Fim do flashback*






– E a próxima concorrente é... Número noventa e sete!

Os aplausos eram incessantes. O anfiteatro estava cheio e a platéia aclamava a concorrente que entrava no palco. Uma jovem de pele alva e longos cabelos louros. O apresentador do concurso começava a conversar descontraidamente com a garota que se mantinha sorridente. O sorriso dela era tão contagiante e sublime que o público masculino babava consideravelmente.

Em Water 7 haviam atrizes e atores profissionais, portanto não seria fácil vencer aquela disputa, porém aquela garota não era uma atriz qualquer. Nami sabia que ela não seria fácil de derrotar, ainda mais depois de ver o objeto que a garota tinha em mãos...

– Aquela falsa... – Nami dizia em tom de ira enquanto serrava os dentes, prestando o máximo de atenção em todos os detalhes que englobavam a garota.

– Hey Nami, nós não podemos ficar aqui. Isso vai contra as regras do concurso... – Usopp cochichava, tentando sair de trás das cortinas.

– Nami, nos deixe ficar na platéia-

– Calados! Eu preciso entender a tática dessa garota! Ela me desafiou lá atrás com aquele báculo!

– Você vai pôr tudo a perder! Se ficarmos aqui isso vai te trazer problemas do mesmo jeito! – Usopp insistia, temendo ser pego por um dos seguranças do anfiteatro, mas o olhar sombrio que a ruiva lhe direcionou era mais sugestivo do que qualquer outra encrenca alheia.

– Será que o Zoro já terminou de se trocar? – Chopper indagava, temendo que o espadachim se perdesse no caminho para a ala dos concorrentes do auditório.

– Não se preocupe. O maquiador se encarregou de trazê-lo aqui. – A companheira respondia a questão do marimo não se perder.

– Hey, o que vocês estão fazendo aqui? Não podem ficar desse lado do palco! – Uma mulher uniformizada, que parecia ser uma das encarregadas pela ordem do ambiente repreendia o trio que se escondia atrás das cortinas. Todos deram seus risinhos típicos de traquinagem.

– Desculpe... Nós acabamos nos perdendo no caminho para o banheiro... – Usopp suava frio e Chopper tremia espantosamente.

– Nós já estamos saindo! – A ruiva sorria sem graça e começou a andar de mansinho, no ímpeto de sair do local, deixando os dois companheiros se entenderem com a tal mulher. Ela permaneceu olhando para trás e acabou esbarrando em alguém.

– Ah, me desculpe...

Quando Nami encarou a face da pessoa a qual tinha esbarrado, teve uma ligeira surpresa estrondosa. Seus olhos arregalaram por instinto. Seu coração começou a acelerar de uma forma que o ar começava a se ausentar de seus pulmões. Ela perdeu totalmente a noção da realidade naquele instante, sentindo que o chão tinha sido tirado de seus pés e o teto de sua cabeça.

– V-você... – A ruiva articulou de forma sobressaltada.

– Ora... Há quanto tempo... Na-chan...





Robin havia ficado tanto tempo dentro do quarto lendo, que resolveu sair para tomar um ar fresco. Caminhando em direção à costa, resolveu ir ao local onde Franky e Gallei-La estavam. Ao se aproximar do local, de longe era possível ver todos trabalhando arduamente.

Franky percebeu a presença da morena quando a mesma havia comprimido consideravelmente a distância entre si e o navio. O marceneiro pulou de cima da proa no mesmo instante.

– Hey Robin, você não devia estar aqui!

– Como está o andamento do navio? – Sorria cinicamente.

– Tudo saindo nos conformes, mas o que está fazendo aqui? – Indagava o ciborgue.

– Tomando um ar fresco. Estava cansada de ficar apenas lendo...

– E os outros?

– Bem... Zoro e Nami estão num concurso de beleza, Sanji foi comprar comida, Luffy provavelmente está com Chimney fazendo alguma travessura por aí e os outros eu não sei.

– E que raios de concurso de beleza é esse? Não esperava que aquele espadachim carrancudo curtisse essas coisas.

– Ele não teve escolha. Foi arrastado por Nami.

– Aah... Isso explica tudo...

– Você acha? – A morena esbanjava um sorriso insinuativo.

– Bem... Esses dois têm uma relação um tanto-

– Enigmática?

– Eu diria estranha. – O marceneiro completou.

– Por quê? – Robin havia notado que Franky também tinha percebido algo distinto na relação da dupla briguenta e queria desvendar o que ele pensava sobre isso.

– Bem... Quando voltamos de Enies Lobby pra cá e tivemos todo aquele episódio com o Merry... Eu vi uma cena intrigante. – O ciborgue lançava um olhar circunspecto para a morena.

– Que tipo de cena? – Embora a morena mantivesse o semblante ponderado, ela estava curiosa em saber o que ele podia ter visto.

– Eles estavam... – Franky deu uma longa pausa antes de retornar. – Brigando! – Afirmava com um sorriso engraçado.

A expressão de Robin era de desapontamento. O fato de Zoro e Nami brigar não era inédito.

– Tem certeza que não viu nada diferente disso? – Persistia em contestar.

– Sim. Zoro alegou que foi assediado quando ela o salvou de morrer afogado.

A cara de Robin foi de espanto. Aquela era uma informação inacreditável. Várias teorias sobre o casal passaram pela cabeça da arqueologa e ela passou a sorrir repentinamente. Já Franky, estranhava aquela reação e se perguntava se ela sabia sobre algo relacionado aos dois.

– Hey... Por acaso aqueles dois mantém uma relação assim no navio? Isso não é um pouco complicado por ambos serem piratas?

Embora Robin tivesse sorrido com o que o marceneiro havia dito, ela já havia cogitado várias hipóteses sobre o que aconteceria futuramente com os dois. No mesmo momento lançou um olhar sugestivo para o ciborgue que pareceu entender a situação.

– Bem... Seja como for, nós não temos nada a ver com isso! – O marceneiro virava de costas para a morena. – Vou voltar para o navio.

– Certo. Então bom trabalho! – A arqueologa também havia se virado, e passou a rumar para a cidade, mas Franky havia gritado.

– Robin! Guarde segredo!

– Pode deixar!





Nami continuou imóvel e sem reações após esbarrar com um homem alto, de cabelos louros ondulados na altura do pescoço, pele alva e os olhos no tom roxo acinzentado. Trajava roupas sociais, que basicamente eram: Uma camisa, calça e sapatos pretos e um colete cinza por cima da camisa. O sujeito tinha uma aparência nobre, elegante e diáfano, semelhante a um anjo, mas a ruiva parecia estar na frente de um demônio, pois suas reações foram as piores possíveis.

– O que você está fazendo aqui...!? – A navegadora deu uma longa pausa antes de continuar. – Cain...

– Assim você me deixa triste... Eu pensei que você diria que estava com saudades... Por que esse espanto...? – O sujeito principiava um sorriso de escárnio enquanto se aproximava da ruiva.

– Como me achou Cain!? – A pergunta da navegadora soava como uma intimação. Ela estava tensa. O cenho franzido e os punhos cerrados mostravam a apreensão diante do tal homem.

– A questão não é como te achei, mas sim... – O loiro se achegou vagarosamente à ruiva e aproximou seu rosto para perto do dela. - As contas que precisamos acertar... Na-Chan... – A voz rouca e ousada vibrava de forma provocadora, causando uma cólera descomedida na garota. No mesmo instante Nami avançou sobre ele, lançando um tapa na direção de sua face, mas ele agarrou rapidamente a mão dela, dispondo-a de forma alusiva à um rato encurralado por um gato.

– Onde estão seus modos, Na-Chan...?

– M-Me diga como me achou!? – Nami dizia tal frase num tom de voz grave. Sua fúria era expressa através do olhar que exaltava aversão. Cain sorriu de modo significativo e ela entendia muito bem.

– Quer mesmo saber como te achei...? Gata ladra...¹ – O sorriso malicioso continuava firme, de um modo que irritava completamente a navegadora.

Os dois estavam próximos de modo considerável e ele ainda segurava a mão dela.

– Gata ladra? Por que está me chamando assim?

– Ora... Você não sabe!?

– Não sei sobre o quê? – A ruiva começava a se exaltar ainda mais por não entender o que o loiro dizia.

– Se você não sabe... Não sou eu que vou estragar a surpresa. Logo você vai descobrir...

– E a próxima concorrente é a de número noventa e oito!

Nami e Cain continuaram se encarando por mais alguns segundos, mas ele soltou a mão dela e se afastou, virando de costas para a mesma.

– Seja como for, você é a próxima e não precisa se atrasar por minha causa. – Olhava para o número preso no vestido, na altura do busto. - Estarei na platéia torcendo por sua vitória e... – O loiro moveu o rosto para a direção da garota e voltou a pronunciar coisas que a deixaria ainda mais irritada.

– Mais tarde nos vemos. – Cain saia do local onde Nami estava e se dirigia ao corredor. A ruiva estava se sentindo mal. Há muito tempo não se encontrava com ele e se perguntava como tinha descoberto onde ela estava.

A garota estava em posição de alarme, completamente abismada e se perguntando por que seu antigo companheiro de furtos havia aparecido repentinamente em Water 7.

Cain participou de muitos roubos em conjunto com Nami no East Blue, pouco antes da mesma virar pirata. Naquela época o loiro facilitava a entrada da garota em várias festas de elite, e no final delas, quando conseguiam desfalcar vários baús repletos de ouro e jóias preciosas, fugiam da forma mais descarada possível. De certa forma, havia uma forte cumplicidade na relação profissional dos dois e boa parte do dinheiro que a garota saqueou para saldar sua dívida com Arlong foi realizada na época em que trabalhou com Cain. Um dos últimos desfalques que fizeram foi no South Blue, onde a ruiva e o loiro se desentenderam e se separaram. Tudo por causa de um convite feito por um dos homens mais perigosos no mundo do roubo. A discórdia que tiveram, ocasionou uma ameaça feita quando a ruiva recusou o convite de se juntar a facção dos tapeadores mais astuciosos e sagazes dos quatro mares e da Grandline. Nami se encaixava no perfil, pois suas habilidades como ladra eram excepcionais. Ela era valiosa demais para trabalhar por conta própria e sua capacidade salientaria a necessidade do líder de Cain, o condutor da facção de tapeadores mais conhecida e temida, até mesmo por piratas. O nome da facção é Kurokaze.

Naquele momento, Nami estava convicta de que Cain viera cobrar uma resposta positiva sobre fazer uma aliança à facção, e também por ter roubado uma determinada jóia do loiro que seria enviada diretamente para o chefe da Kurokaze. Eles não perdoariam aquele deslize e sabia que um dia teria de enfrentá-los.

Nesse instante, a garota se relembrou do episódio dramático que participou no South Blue. Se lembrar daquilo, fez com que sua paz interior fosse tirada de si na mesma hora, desde que se recordou de seu nível como uma ladra na época. -Talvez uma ladra mais putrefata quanto uma bactéria alojada na ferida de um defunto. – Pensava a ruiva.

– Concorrente de número noventa e oito, você está escondida em algum lugar da platéia ou será que desistiu após a atuação da última participante!? – O apresentador perguntava de forma animada, mas todos ali sabiam que aquilo fazia parte de sua performance para distrair o público até que a competidora aparecesse. Relutantemente Nami caminhou em lentos passos para o palco, porém sua mente estava completamente atordoada e aquela altura o concurso não fazia a menor diferença para a mesma. Na verdade sua vontade era de sair dali e correr para longe de tudo e de todos. Seu passado como ladra vindo à tona daquela forma, naquelas circunstâncias, era um tanto perturbador pelas coisas que ela havia feito naquela época. Estava se sentindo a mais terrível das pecadoras, pois além de se tratar de lembranças sombrias, ela sabia que naquela ocasião estava se deixando corromper totalmente pela ganância.

– Aplausos para ela!

Nami entrou no palco e cumprimentou a platéia afoita e barulhenta enquanto seus olhos insistiam em permanecer semicerrados por causa do conjunto de luzes realçadas que lhe rodeavam.

– Olhem só para ela! E que belo par de olhos intimidadores os seus! – O apresentador descrevia animadamente sobre um dos traços marcantes de Nami para o público, porém o que todos não sabiam era que aquela expressão temível e firmemente impenetrável como uma rocha não fazia parte do roteiro que ela havia escrito para o concurso. A ruiva procurou por Cain em meio as mais de setecentas pessoas da platéia e de longe seu olhar podia ser sentido por ele como flechas envenenadas.

– Pronta?

– Mais do que nunca.





– Hey Usopp...? Você acha que a Nami tem chances de ganhar...?

– Ela tem chances sim... DE FAZER COM QUE TUDO VÁ POR ÁGUA ABAIXO! Olha só para onde nos mandaram! Nós a ajudamos, então por que estamos aqui?? Isso não é justo!!! – O atirador reclamava para a rena o fato de estarem presos numa cela que havia no anfiteatro, já que a chefe dos seguranças suspeitou que a dupla fosse contratada por alguma candidata para arruinar a apresentação das demais. Por ora eles ficariam presos até o final do concurso.

– Será que o Zoro vai conseguir interpretar? Fico me perguntando se ele conseguiu decorar as falas da cena que a Nami inventou.

– Eu não sei e não quero saber!!! Quero mais é que ela perca! – Usopp cruzava os braços, indignado com o fato de ser preso injustamente.

– Usopp você é muito mal! É por isso que o Luffy não te chamou de volta!

– Fique só vendo Chopper... Logo ele virá até mim e pedirá desculpas de joelhos! – O atirador afirmava convicto.

– Sério?? – A rena sorria alegremente, pois acreditava em tudo que Usopp dizia.

*BLAAAM*

– Que barulho foi esse!?

– Parece o som de um...

– TEMPORAL! – A rena e o atirador diziam em uníssono, temendo que Nami e Zoro estivessem se apresentando naquele exato momento, pois a cena intrigante dos dois podia render críticas ruins por parte dos jurados.





No palco, toda a platéia assistia a dupla se encarar. Nami mirava Zoro com muita fúria, e ele também a afrontava na mesma intensidade. Os dois seguravam suas devidas armas, enquanto atentavam para os próximos movimentos que ambos fariam. O figurino associado da dupla propagava o paradoxo da interpretação. Zoro também estava com vestimentas de casamento, porém sua gravata estava solta.

Os olhos da ruiva arfavam o fogo de sua cólera em demasia. Empunhava o Clima Tact com precisão, pronta para lançar bolhas com temperaturas aleatórias a qualquer momento.

Zoro difundia as trevas de seu olhar de forma aterrorizante. Brandia suas duas espadas, uma em cada mão e seus próximos golpes não conteria o mínimo de misericórdia.

– Por que me deixou plantada naquele altar?

– Por que me traiu com seu ex-parceiro de trabalho?

As falas de Zoro incomodavam a ruiva, pois achava satírico saber que seu ex-comparsa de roubos estava assistindo aquela cena.

– Por que você não me deu escolhas... E não adianta se justificar. Toda a dor que senti ao te esperar naquela catedral me fez perceber o quanto teria me arrependido de passar a vida inteira ao lado de um... Animal... - A voz que saia audível o suficiente para deixar a platéia alarmada expressava uma espécie de revolta feita por uma mulher fria que havia tido seu coração tirado de dentro do peito.

Alguns segundos após a ruiva terminar seu discurso depressivo, o moreno sorriu cinicamente.

– Isso é uma ironia, afinal você odeia animais... O que estava pensando quando quis se casar comigo? Me domesticar? – Os risos incessantes após a consumação da frase fez com que a ruiva procurasse pela imagem de Cain na multidão, mas suas vistas não haviam o encontrado. Antes que pudesse voltar a procurá-lo novamente teve de se concentrar para sua próxima fala.

– Você não serve nem como bicho de estimação. Seu destino é morrer aqui e agora! – Nami correu para perto de Zoro, pronta para desferir um golpe com sua arma, mas teve uma ligeira surpresa. Avistou Cain do outro lado do palco, atrás das cortinas. A garota não conseguiu continuar com a encenação e parou no meio do caminho, ainda alarmada por ver o loiro ali. Zoro estranhou a atitude da ruiva e se perguntou internamente por que raios ela havia parado de interpretar aquilo que haviam ensaiado durante horas.

Ela continuou parada por mais um tempo. A platéia e os juízes começaram a estranhar aquilo. Logo o tempo da cena acabaria e se eles não terminassem de contracenar, estariam desclassificados. Zoro não soube o que fazer. Indignado, olhou para trás e então teve a visão de um homem alto e loiro, sorrindo cinicamente para a navegadora.

– Quem é esse cara? Por que ele está olhando para ela desse jeito? – O espadachim perguntava para si mesmo. Várias teorias passaram por sua cabeça, mas ele sabia que precisava ser racional naquele momento, tirar a ruiva daquele frenesi e salvar a interpretação dos dois no concurso.

Relutantemente passou a caminhar para perto da navegadora, que ainda matinha o olhar fixo no ex-companheiro e que se encontrava logo atrás das cortinas. Quando por fim encolheu a extensão entre ambos, olhou ternamente para a companheira que esbanjava expressões diferentes do que estava acostumado a ver. Ela parecia mais adulta, mais cordata e séria... Foi então que se lembrou de algo que provavelmente a traria de volta para o palco, e como não restava mais tempo, teve de fazê-lo o quanto antes.

Quando Nami de por si, Zoro já estava ali, lhe puxando para perto dele ao encostar uma de suas mãos nas costas despidas dela. Por instinto, Nami levou a palma da mão ao peito do moreno.

Quando a ruiva lançou um olhar curioso para o companheiro, ele resolveu se justificar.

Quem vai morrer é você... – Deu uma longa pausa antes de retornar. De amores por mim... – Foi então que repentinamente seus lábios se encostaram quase como um toque de pérolas. Aquilo foi o suficiente para fazer com que seus olhos encontrassem os dele e então mantivessem um contato visual desigual. Ela não esperava por aquilo, mas também não chegou a incomodá-la, pois aquele contato não era um beijo. Era apenas... Um toque...

Após isso, os juízes constataram que o tempo da interpretação havia acabado e então todos da platéia se levantaram para aplaudir a última cena de pé.
Os dois continuaram parados, ainda próximos o suficiente para manter o inesperado “beijo”. A ruiva manteve-se séria, mas aquela fala que ele havia improvisado foi realmente surpreendente. Zoro era de fato um homem imprevisível. Ele havia lhe xingado inúmeras vezes quando o obrigou a participar do concurso junto com ela, então seu último feito foi mesmo uma tática de mestre.

Os aplausos era incessantes, e os dois ainda continuaram parados naquela posição, mas Zoro direcionou um olhar nebuloso para o tal homem que observava a cena logo atrás.

As cortinas se fecharam, e tudo ficou escuro. Nami se afastou do espadachim rapidamente. Embora o ambiente estivesse denso, era possível ver a garota caminhando na direção do loiro. Zoro não estava entendendo aquilo. Ela saiu sem lhe dizer nada, então num impulso alargou os passos, alcançou a ruiva e lhe pegou pelo braço.

– Aonde você vai? Quem é esse cara?

– Me larga. Isso não é da sua conta...

– Eu não sei se você percebeu, mas acabamos de enfrentar o mundo para salvar Robin. Acha mesmo que vou permitir que saia daqui ao lado de um estranho?

– Não me faça rir. Você faz tudo isso apenas pensando na preocupação que Luffy tem para conosco. Não sei se você ainda se deu conta, mas antes de vocês eu vivia sozinha e à deriva de muitos perigos, então não se dê ao trabalho tentar me proteger forçadamente. - No mesmo instante, Nami desvencilhou-se do espadachim e lançou um olhar de impaciência para o mesmo. Já ele se manteve parado e deixou-a ser conduzida pelo tal homem logo depois.





Nami ainda estava vestida de noiva, quando passou a seguir cautelosamente o loiro. Eles haviam chegado à costa de Water 7, e o céu já estava ficando alaranjado, pois em breve anoiteceria. Sua feição mostrava uma revolta abafada. O olhar cabisbaixo não fez com que ela percebesse a repentina aproximação de Cain.

– Por que está tão calada? Não vai me dizer o que anda fazend-

– Cala a boca! Diga logo o que quer e me deixe em paz! – A voz tenebrosa da garota ocasionou um sorriso de canto no loiro.

– O que quero...? Você sabe bem o que quero. Ou melhor... O que queremos... – Cain não parava de esbanjar sorrisos insinuativos. Aquilo alimentava ainda mais a fúria da garota.

– Eu já disse que não vou me juntar a vocês! Quantas vezes terei que repetir isso!?

O loiro ficou em silêncio alguns segundos e não cortou o contato visual com a ruiva nem por um segundo. Seu olhar firme mostrava o quanto estava determinado em cumprir seus objetivos naquela ilha.

– Na-Chan... Você não é burra. Pelo contrário. É inteligente o suficiente para saber que... VOCÊ NÃO TEM ESCOLHA! – O tom furioso do ex-companheiro de Nami mostrava que sua paciência já havia sido ultrapassada. Ela o encarou atônita e logo depois ele voltou a se exaltar com a mesma.

– Você cometeu um crime terrível... Ousou roubar o Rei dos Ladrões! Achou que ficaria impune!? Achou mesmo que se esconder atrás de uma tripulação pirata faria com que esse tropeço fosse esquecido? Você já está me irritando Nami... Não se atreva a brincar conosco, ou coisas terríveis acontecerão...

Nami mostrava sua indignação e aversão através do olhar receoso. Ela não acreditava no que acabara de ouvir.

Jerlock se tornou o Rei dos Ladrões!? – Abismada, Nami mencionava o nome do chefe da facção de tapeadores.

– Isso mesmo. E ele precisa de você. – Afirmava convicto.

– Espera... Como posso saber se essa afirmação é verídica? Não soube nada a respeito pela mídia! O que garante que isso realmente seja verdade?

– Ora, Na-Chan... Esse é um acontecimento recente e tal fato tem circulado no momento apenas no Submundo. Nem mesmo as Entidades Governamentais estão sabendo como lidar com tamanha confusão, por isso não tem deixado a informação vazar. Apenas alguns veículos de comunicação independentes estão espalhando a notícia. Nos últimos tempos o índice de assaltos e desfalques em Museus tem crescido gradativamente. Isso me lembra algo sobre a era dos Piratas... Depois que Jerlock foi nomeado com este título, várias quadrilhas ao redor do mundo têm tido inúmeros Órgãos Nacionais como alvo para latrocínios. Tem certeza que tem lido jornais nas últimas semanas? – A navegadora ficou assombrada, mas era fato que não tinha lido muitos jornais desde que voltaram de Skypiea. E as coisas ficaram ainda mais complicadas quando a tripulação se encontrou com Aokiji e com Merry tendo de ser consertado. Foram distrações demais para não ter percebido algo tão terrível acontecendo no mundo a fora.

Cain observou as reações da garota, e passou a se aproximar mais uma vez, encurtando a extensão entre ambos. Ela estava tentando raciocinar sobre sua situação, agora que seria perseguida pelo Rei dos Ladrões, e consequentemente tendo Cain em sua cola.

– Vocês me perdoarão se aceitar o convite da Kurokaze...? - Não soube o que dizer naquele momento, mas sabia que havia somente um jeito de fazer com que o roubo daquela jóia fosse anulado.

– Exato. Essa é a melhor escolha que você pode fazer.

Nami suspendeu o diálogo ali. Não teve mais o que falar. Ela sabia quais eram suas opções e chances de sair ilesa. Havia feito sua escolha e estava determinada em decidir naquele momento.

– Nesse caso... – A ruiva rapidamente instalou as três partes do Clima Tact, se posicionando para um combate.

– Você... Não está pensando em me enfrentar? Está...? Sabe que não tem chance... – O loiro esbanjou um sorriso cínico.

– Se for para morrer... Que seja lutando. – O olhar firme, e a determinação da garota era exposto pela forma em que a mesma empunhava sua arma.

– Não vai chamar nem um de seus companheiros para te ajudar...?

– Claro que não. Essa luta é entre eu você. Não os coloque no meio de nossos problemas.

– Hmm... Você parece ter mudado um pouco, Na-Chan... Em outra época, você... – Se movimentou rapidamente para trás da ruiva, que nem não percebeu sua presença, completando a frase. – Nunca faria isso.

– Tem razão. Talvez eu tenha me tornado... Um pouco sentimental... e...- THUNDERBOLT! – Uma bolha de eletricidade foi solta na direção do loiro e por pouco, mas muito pouco o ataque da ruiva não o pegou, pois o mesmo se esquivou rapidamente e se afastou para longe logo em seguida.

– Como você... Que tipo de arma é essa!? – Perguntava sobressaltado.

– O tipo que... Destrói a cara de idiotas como você! – A ruiva respondia exasperada. Cain não havia gostado dos métodos que ela havia exibido naquele momento. Decidiu então que era hora de contra-atacar.

– Isso é o que vamos ver... – O loiro correu rapidamente na direção da navegadora, no ímpeto de acertar um vigoroso chute em sua barriga, e foi o que aconteceu, porém, o corpo da garota se desfez como fumaça. Aquilo era uma miragem.

Mais uma vez o mesmo não entendeu as artimanhas dela e quando resolveu se virar, Nami desferiu um embate com o Clima Tact, resultando a colisão da arma com o rosto do loiro, que consequentemente adejou para o outro lado, caindo de costas no chão. Ele podia sentir a dor do forte impacto latejando em seu rosto. Rapidamente resolveu se levantar, enquanto esfregava a bochecha machucada.

Nami permaneceu parada, ainda em posição de ataque. Cain a encarou com fúria. Se perguntou onde Nami havia arrumado uma arma tão perigosa. Ele sabia que ela daria trabalho se continuasse nesse ritmo, então resolveu apelar para aquilo que sabia fazer de melhor.

– Nami... Você sabe o que aconteceu com aquela garota...?

Automaticamente a ruiva desfez um pouco sua postura enrijecida e lançou-lhe um olhar melancólico.

– Eu não quero saber absolutamente nada sobre ela...

– Tem certeza? Ela estava muito feliz vivendo com sua família naquela vila, antes de você aparecer e estragar tudo. – Cain arriscou se aproximar ainda mais da ruiva e continuar dizendo coisas que estavam lhe deixando ainda mais deprimida. – Você não pode apagar o passado. Não pode ser humana o suficiente para se lembrar das coisas terríveis que fez sem ao menos se sentir culpada... Ou... – Nami havia desfeito sua posição rija e dado lugar a uma feição sorumbática. Cain completou a frase. – Saber o que aquela garota anda fazendo hoje... – Quando Cain terminou a frase, rapidamente desferiu um soco na direção do rosto da ruiva. Ela sabia o que viria a seguir e apenas fechou os olhos por impulso.

– Aah... O quê!? – O loiro surpreendeu-se.

– Usando táticas sujas para encurralar uma garota. Isso é bem típico de ladrões...

Zoro havia aparecido na frente da companheira no último instante e disposto suas espadas no ímpeto de protegê-la. Já o loiro se afastou e observou o sangue escorrer pela mão, pois a lâmina da espada lhe feriu razoavelmente.

– Você... – Cain articulava com furor.

Nami virou o rosto para encarar o espadachim. A última coisa que ela queria naquele momento era que alguém da tripulação estivesse ali.

– Como você chegou até aqui!? – Nami protestava, pois não queria vê-lo ali, se metendo em seus negócios.

– Eu te segui. – Sorriu de canto.

– Não acredito que não te vi se aproximando... – A expressão desacreditada, decepcionada consigo mesma era notável.

– Seja como for, não precisa se esforçar mais. Eu assumo daqui. – Zoro resolvia o dito problema da ruiva no intuito de enfrentar Cain num combate. Mas aquilo estava fora de cogitação para a navegadora.

– De jeito nenhum! Eu não vou permitir que você se meta nos meus problemas!

– E eu não vou permitir que outro cara se aproxime de uma companheira para levá-la embora! – Rebateu incivilizadamente.

Nami se sensibilizou com o que o espadachim havia dito. Ele estava mesmo disposto a lutar por ela? Sentiu uma forte nostalgia quando o mesmo também havia se arriscado por ela em Arlong Park.

– Zoro... Você não...-

– Se esse cara te raptar para longe, quem vai controlar o novo navio? Precisamos da navegadora para seguir o curso ou então-

O-QUÊ? – Nami deu uma forte bofetada na cabeça do companheiro. – Quer dizer que eu só presto pra navegar?? É isso!? Quando é que vai parar de ser tão insensível!?? Você sequer pensa nos sentimentos dos seus companheiros e fica aí bancando o super herói!!! Já estou cansada de- AAAAAH!!! – Cain já havia se aproximado da dupla e desfechado uma sequência de golpes com um par de Sais. O ladrão manuseava as armas com muita precisão e Zoro não esperava que pudesse ser pego desprevenido.

– Por que não disse que ele usava essas adagas orientais, sua bruxa? Não está vendo que estou com uma espada a menos!?

– Por que... Por que... Ora, eu me esqueci seu idiota!

– O que esperava de um ladrão como eu...? Roronoa Zoro...? – O sorriso malicioso do loiro rendeu uma cara insatisfeita do espadachim. Os dois estavam com suas respectivas armas pressionadas entre si, onde faziam uma força descomunal para não desvencilharem-se.

Nami ficou parada observando a cena. Teria de pensar em algo para fazer com que Cain desistisse de levá-la. Ela sabia que ele era forte, mas o pior seria se Jerlock mandasse seus piores homens atrás dela. Automaticamente a garota começou a raciocinar sobre os fatos e então teve uma idéia que poderia fazer com que o líder dos tapeadores pensasse duas vezes antes de tentar raptá-la.

– Zoro! – O espadachim virou rapidamente o rosto para o lado da ruiva. Ela mantinha o cenho franzido e o olhar firme. Dois segundos depois ela sorriu ternamente, esperando que ele entendesse o recado.

– Heh... Se você quer assim... Então tá... – Zoro sorriu e conseguiu ligeiramente desprender suas espadas do enlace dos sais de Cain. Afastou-se de forma veloz, guardou uma espada na bainha e segurou a outra.

– Por que guardou uma espada? Por acaso acha que pode conter o ataque dois meus sais com apenas uma?

– Nami... Não pretendo me segurar. – Dizia ríspido.

– Se você fizesse isso, eu é que não iria me segurar e te socaria até a morte. – Respondia atrevida.

Cain não entendia o grau de sincronismo nos diálogos entre a dupla. Se perguntava se Nami levava mesmo a vida de pirata a sério, mas ele não conseguia acreditar totalmente, pois sabia o quão gananciosa ela era. Tudo aquilo só podia ser uma atuação brilhante e aquele espadachim certamente estava sendo usado. Não havia outra explicação.

– Se já terminaram esse diálogo fajuto de piratas, agora é minha vez de contra-atacar! – Cain passou a correr na direção do espadachim, enquanto empunhava os sais.

Zoro dispôs para trás o braço que segurava a espada e segurou o antebraço intencionando pegar impulso.

– Ittoryuu...

– Dê adeus a sua vida deplorável de pirata! – O loiro afirmava ao acometer com demasia os sais.

– Sanjuroku Pound Hou! – Ao realizar o veemente movimento com a espada, o ar comprimido que foi transformado num projétil em forma de espiral acertava diretamente o alvo. O possante golpe causou um profundo corte no abdome do loiro. O som da queda mostrava o quão alto a técnica poderia lançar seu alvo.

Ainda caído, o loiro ouviu passos. Estes que eram de Nami. A ruiva o encarou com irritação.

– Não adianta Cain. Por mais forte que seja, tem que se esforçar muito para chegar ao nível do Zoro.

– Obrigado. – O moreno gritava de longe.

– Não agradeça Zoro. Vou acrescentar o valor do elogio na dívida.

– Bruxa!

Cain se levantou com muita dificuldade, mas não conseguiu ficar de pé. Permaneceu sentado, e passou a mão pelo ferimento no abdome, o que acarretou uma porção de sangue na mesma. A ruiva se aproximou lentamente.

– Posso te dar uma sugestão...? – Aproximou-se ainda mais dele, antes de retornar. - Desista de mim.

– Desistir de você...? Impossível. - O loiro franziu o cenho. Ele estava ali a mando do Rei dos Ladrões. Ele não desistiria de seu desígnio tão facilmente.

– Pois deveria... E você sabe exatamente por quê. – Nami sorriu de canto. – Se você é um leitor tão assíduo de jornais, deve saber exatamente de onde a tripulação do Chapéu de Palha recentemente voltou, e... Não acredito que alguém tão sábio quanto Jerlock persiga um bando que se infiltrou numa fortaleza da Marinha, apenas para salvar uma companheira, entende?

– Está dizendo que Monkey D. Luffy e seus comparsas virão atrás de nós?

– E destruirá o covil de vocês em dois tempos, afinal... – Ela sorriu jovialmente antes de terminar. –Ele é o homem que se tornará o Rei dos Piratas. Um título muito mais elevado que o seu precioso chefe que acabou de se tornar o Rei dos Ladrões, não acha? – Nami usou de seus mais baixos artifícios para coagir seu ex-companheiro e ele sabia que aquelas palavras tinham muito fundamento.

– Você ouviu, não é? Desista de levá-la, senão te cortarei em mil pedaços. – Zoro havia se aproximado da navegadora e completado a ameaça que a mesma tinha começado.

– Ora... Não me diga que prefere continuar vivendo essa vida miserável de pirata ao lado desse cara... Você não está mostrando seu real caráter na frente dele, está...?

A ruiva fechou os punhos e automaticamente os apertou com força. Quem ele pensava que era para fazer com que Zoro desconfiasse ainda mais dela? Quem ele pensava que era por dizer algo tão ofensivo sobre seu companheiro? Zoro não tinha a melhor das personalidades, mas ela reconhecia todo o esforço que ele havia feito por ela.

– Esse cara... Me salvou...

O espadachim arqueou uma sobrancelha. Ela estava lhe defendendo?

– O que vocês fizeram por mim? Quando deixei claro sobre minha situação com o Arlong, vocês não moveram um dedo para fazer nada! – Protestava exasperada.

– Francamente Nami... Isto era um problema seu... Por que está nos culpando por algo que não tínhamos a menor obrigação de fazer...? – O loiro contestava indelicadamente.

Nami sentia uma ira descomunal tomar conta de si. Luffy e os outros também não tinham nenhuma obrigação com ela, mas fizeram sem pedir nada em troca. A ruiva encarou o rapaz com furor.

– Você... É desprezível... – A navegadora direcionava um olhar demasiando repulsa. A expressão tensa e completamente aborrecida dela ocasionava ao ladrão uma vontade explícita de rir. E foi o que o mesmo fez sem se conter.

– Ahahahaha hahahaha hahaha, Na-Chan... Você sempre teve um excelente senso de humor!!! Confesso que quase acreditei que você realmente estava levando todo esse teatrinho ridículo ao lado desses piratas amadores a sério. – Após dar uma pausa ao riso debochado, voltou a encará-la com cinismo. – Sei exatamente o que está fazendo... Está usando esses pobres coitados apenas para salvar sua pele. Uma tática sábia, porém sórdida e típica de você. Agora me diga... Como faz para mantê-los tão fiéis como cães de guarda?

Nami estava abismada com tamanho cinismo. Ela já havia deixado de ser uma garotinha traiçoeira desde que Luffy e os outros provaram ser dignos de sua não merecida confiança e vida miserável.

– Você... Não sabe de nada... – Nami mantinha o olhar cabisbaixo, ainda muito indignada com todas aquelas palavras absurdas, mas Cain continuou com as provocações.

– Um exemplo é ele... – Apontava para Zoro que permanecia ao lado da companheira. – Como pode andar por aí com um tipinho desses...? Ele é só um pobre coitado que vivia de recompensas pra sobreviver... – Dava um longa pausa antes de continuar. - Um mísero andarilho necessitado... – O olhar extremamente sombrio que esbanjava desprezo era direcionado ao espadachim que se manteve em silêncio.

Nami sentia que a ira estava engasgada em sua garganta. Não conseguiu falar, pois sua mente tentava processar algo que pudesse fazer com que as palavras do ladrão perdessem o sentido. De fato, Zoro não era uma pessoa que possuía riquezas ou qualquer outra coisa que tivesse um alto valor material, mas ele possuía algo muito mais precioso. Algo que seu antigo companheiro de furtos jamais poderia ter.

– Você... Não tem o mínimo de dignidade ou honra para falar do Zoro... Então...Não se dirija a ele dessa forma!!! – As últimas palavras foram entoadas de uma maneira mais ofensiva.

O espadachim se sentia surpreendido com o que a ruiva estava fazendo. Ele não se lembrava de ser defendido por ela em nenhuma situação. Havia mais coisas que não sabia sobre ela, e ele estava descobrindo uma delas naquele momento.

– Dignidade? Honra? Que eu saiba isto é inexistente no mundo dos piratas. Quer que eu acredite que esse cara tem alguma dignidade? Um espadachim que honra seus compromissos? Um ex-caçador de recompensas com dignidade? Isso é muito irônico, Na-Chan...

– Você nunca vai entender o que é isso, Cain. Você é uma pessoa ilícita demais para compreender sobre os valores de um homem que mantém a honra intacta...

– Honra? Por que deveria me importar com isso? Eu tenho tudo que sequer poderia sonhar! A cada dia acumulo mais e mais riquezas! A cada dia aprendo novos truques sobre como furtar as relíquias mais valiosas do planeta! Estou no meio da alta nobreza e tenho toda a sociedade a meu favor... – Deu uma prolixa interrupção antes de completar. - Eu tenho o mundo ao meus pés!

– Você não-

– Nami... – Zoro lançou um olhar mortífero para a ruiva. Ela se sentiu coagida, mas cedeu ao olhar que parecia ter feito com que ela se mantivesse calada e ele assumisse dali. O espadachim sabia que a navegadora não convenceria seu ex-companheiro de roubo apenas com palavras.

– Por que está tão necessitado a ponto de pedir que uma garota frágil vá com você...? Você não disse que tem tudo e todos a seus pés? – Zoro redarguia o ladrão. – Você diz que é rico e que é um dos subordinados do cara que é o Rei dos Ladrões, e... – Antes de continuar, Zoro encarou Cain de forma penetrante e intensa. Pensou em todas as coisas horríveis que o loiro havia dito à sua companheira e tornou a dizer.

Você diz ter tudo... Mas no fundo... Não tem nada... – Uma pobre alma vazia que vaga a procura de mais riquezas, fama e poder para preencher um buraco do tamanho de um infinito abismo no peito. Isto é o que acontece com você, não é mesmo?

Cain afrontou Zoro seriamente. Ele notara que o espadachim fazia o tipo estúpido, porém expressou uma compostura brilhante. Se todas as palavras de Nami fossem verdade, então o Ex-Caçador de Piratas fazia jus a um verdadeiro título de espadachim, e Cain julgara esse atributo raro, porém desnecessário. Embora tivesse o ego ferido, ele se recusava a perder a postura civilizada por causa de Zoro. Levantou com dificuldades do chão e delicadamente limpou as vestes sujas, cobertos com a areia da praia. O corte extenso em seu abdome ainda sangrava, mas ele resolveu ignorar este fato.

– Sendo assim, você escolhe Na-Chan... Rei dos Piratas ou Rei dos Ladrões... Mas saiba que vou intervir em sua escolha. Um dia nos reencontraremos... – O loiro sabia que seria burrice enfrentar uma tripulação pirata que perdia as estribeiras por algo tão banal como o resgate de uma companheira, ao julgar dele. Quando chegasse ao Submundo, reportaria todo o ocorrido a seu chefe, e então eles pensariam no que fazer para castigá-la, afinal, ladrão que roubava ladrão, não merecia perdão. Esse era o lema da facção.

O loiro passou ao lado da dupla e lançou um olhar intimidador. Logo depois caminhou para longe.

No mesmo instante, Nami correu para o lado oposto, na direção de uma das pontes que havia na margem. Zoro a seguiu.

A ruiva sabia que o moreno estava logo atrás, mas apenas ignorou a presença dele e resolveu se escorar na borda da ponte para pensar sobre o ocorrido. Ficou fitando o horizonte do oceano por um tempo.

Mesmo sem paciência, Zoro permaneceu em silêncio por longos minutos. Mas o sol estava quase se pondo e ele precisava tirar a ruiva dali.

– Nami?

– O que foi?

– Até quando vai ficar aí pensando sobre algo que não vale a pena?

– Por que isso te incomodaria? – O semblante enfadado da garota chamava a atenção do espadachim

– Por que logo anoitece e você ainda está vestida assim.

– Você também está vestido de noivo. Então pare de me encher o saco e suma daqui.

Embora quisesse, Zoro não iria discutir com ela. Sabia que a mesma havia passado por turbulências psicológicas intensas. Se fosse para dizer algo, seriam palavras animadoras.

– Você... Arrasou com aquele cara...

– Não deveria se orgulhar disso... - Nami lançou-lhe um olhar circunspecto.

– O que você disse a ele foram palavras dignas e-

– Não! Não foi! Eu sou a última pessoa que pode falar sobre dignidade e honra! Ainda mais com você, que é um espadachim tão íntegro... Eu não passo de uma ladra mesquinha. Não tenho nem o direito de dividir o mesmo chão com você.

– O quê? Pare com isso Nami... Por que está sendo tão dramát-

– Não é drama. São fatos. – Interrompia exaltada.

A ruiva fitava seriamente Zoro, e seu olhar expressava revolta e imponência. Todas aquelas feições unidas à maquiagem magnífica no rosto da ruiva, fazia com que seus reflexos fossem mais maduros e bonitos.

– Eu já vivi drama demais pra me agarrar a mais um... Zoro...

O moreno franziu o cenho, um tanto surpreendido com a navegadora, mas ele não gostava nada do que estava ouvindo. O tom que ela usava era incomum.

Ela saiu andando enquanto segurava as laterais do vestido para se locomover mais rápido.

– Aonde você vai?

– Vou embora...

– Embora...? – Zoro se sentiu desconfortável sobre o que ela tinha dito. Ele não sabia quais eram os fatos omitidos que a deixaram tão depressiva e revoltada, pois antes de salvá-la não conseguiu ouvir o diálogo dos dois, mesmo que aquilo não fosse de seu feitio, pois não se metia nos assuntos dos outros e muito menos se sentia curioso em desvendar nada, mas naquele momento ele desejava saber por que a companheira estava pensando em ir embora.

Zoro agiu por impulso e relutante segurou o braço da ruiva. Ela se virou para ele, um tanto surpresa.

– Você... Não pode ir... – Nem mesmo ele acreditava que estava ali fazendo algo que poderia se arrepender depois.

– O quê? É claro que posso! – Respondia um tanto perplexa.

– Não... Eu não vou deixar você ir. Se tentar fugir dessa ilha eu vou impedi-la a força! – O espadachim repreendia irritado e embaraçado.

– Zoro... Eu só quero ir embora... Pro escritório da Galley-La!

Naquele momento, o moreno abriu os olhos mais que o comum, fazendo uma careta incompreensível. Aos poucos ele sentiu o rosto esquentar e um rubor fora do comum tomar conta de sua face. Tudo o que ela queria era voltar para o quarto improvisado na Companhia.

Nami quis rir depois de entender o que havia acontecido. Ela se afastou do companheiro, ficando de costas para o mesmo.

– Você acha mesmo que iria deixar minha maior habilidade depois da navegação para trás? Não mesmo...

Zoro estranhou a frase. O que ela queria dizer com melhor habilidade depois da navegação?

– E qual seria essa habilidade? – Indagou cismado.

A ruiva ficou em silêncio alguns segundos, mas logo respondeu.

Irritar você...! – E se virou para o companheiro, esbanjando um sorriso completamente jovial e terno. O sorriso dela agregado ao cenário da praia e ao pôr-do-sol onde as cores quentes estavam ainda mais vívidas, foram o conjunto ideal e digno de uma pintura. Nem mesmo ele sabia que a companheira podia embaralhar seus sentidos de uma forma incrível, a ponto de se sentir desnorteado.

Zoro balançou a cabeça para acabar com o frenesi.





– Nami-Swan, Robin-Chwan, o jantar está prontooooo! – O cozinheiro corria com duas bandejas cheias de peixe no espeto.

– Comida!!! – A baba do capitão alagava a toalha da mesa.

– Espere aí... Onde está a Nami-San e a Robin-Chan!? – Sanji perguntava desesperado.

– Elas foram jantar fora.

– O-QUÊ? COMO ASSIM ELAS FORAM JANTAR FORA? Com quem? Onde? Por quêêêêê!?? – Várias perguntas atônitas feitas pelo loiro não fez com que o mesmo percebesse que somente Luffy estava ali para jantar.

– Elas foram sozinhas. Eu queria ter ido, mas a Nami não deixou. Tudo isso por que gastei todo o dinheiro dando aquela festa... – O garoto protestava emburrado. Já Sanji se sentia tranqüilo por saber que elas estavam sozinhas num restaurante.

– Bem... Seja como for, ela está certa. Te levar para um restaurante seria muito problemático. Você come demais e não tem modos. Só iria envergonhá-las.

– PESSOAAAAL!!! – Chimney entrava na cozinha, interrompendo o diálogo entre o capitão e o cozinheiro.

– Veeiffo jannthar taamboééém? – Luffy fazia uma pergunta enquanto mastigava uma montanha de peixe.

– Sim, mas pensei que o Tanuki-Chan, o Narigudo e os noivos estivessem aqui também.

– Os noivos? Teve algum casamento em Water 7? – O loiro perguntava demonstrando muito interesse.

– Sim. Zoro-Aniki e Nami-Chan!

–...

Foram cinco longos segundos de silêncio. Luffy continuou comendo, enquanto Chimney tentava entender o semblante incompreensível de Sanji. Pouco depois, foi possível ver chamas consumirem todo o corpo do garoto a ponto de fazê-lo sair correndo.

– EU NÃO VOU PERMITIIIIIIIIIIIIIIIIIIR!!! – Sanji estava disposto a chutar Zoro de tal forma que não restaria nenhum resquício de sua existência.





– E então ele disse que iria atrás de você?

– Eu não sei quando, mas provavelmente ele estará na minha cola pelos próximos meses... – Nami delibava o vinho de sua taça enquanto mantinha o diálogo com Robin. Depois de tudo que a arqueóloga havia passado, achava justo dizer sobre o ocorrido durante o dia, no entanto, Robin percebera que na explicação da ruiva várias lacunas não foram preenchidas. Para ela, era óbvio que a navegadora escondia algum mistério sobre seu desentendimento com Cain. Por ora a morena resolveu não perguntar nada, mas sabia que aquilo cedo ou tarde viria à tona.

As duas estavam num restaurante luxuoso, onde as paredes de vidro transpareciam a luz da lua. A recata iluminação dos lustres, unido à sonata tocada pelo violinista, deixava o ambiente mais aconchegante. A ruiva havia tirado o primeiro lugar no concurso e ganhando os trezentos mil berries. Então resolveu sair para comemorar junto com Robin.

– E ele te salvou?

– Ele quem?

– Zoro. – A morena sorriu. Nami arqueou uma sobrancelha.

– Ele se meteu nesse assunto por que quis. Não me lembro de ter pedido ajuda. – Retorquia de modo indelicado. A ruiva não queria se relembrar sobre a forma como se sentiu perto do espadachim. Se definiu como uma ladra sórdida que não deveria estar ao lado de alguém tão antagônico à si, afinal, ainda restavam coisas que nem mesmo ela havia resolvido sobre seu passado. Mas os dois eram piratas, então por ora a hierarquia era igual.

– A relação de vocês mudou bastante nesses últimos tempos.

Nami engasgou com a bebida após a última frase da morena. Ela se recompôs depois de um minuto tossindo sem parar.

– O que você... Quer dizer com isso, Robin? – A ruiva estava temerosa sobre o julgamento que a companheira estava por fazer sobre ela e Zoro.

– Vocês dois têm brigado mais do que antes. Não consigo imaginar outra possibilidade do por que isto está acontecendo. Me desculpe por ser sincera, mas eu precisava te dizer... O que acho que muito em breve acontecerá se vocês dois continuarem assim... – Nami não se lembrava de Robin se meter em qualquer assunto de seus companheiros. É claro que por dentro estava ansiosa em saber o que ela diria, pois a morena tinha mais experiência no convívio com piratas do que ela.

– E o que você acha que vai acontecer...? – A navegadora demonstrava sua apreensão sobre o assunto, e Robin deu mais um gole demorado no vinho.

– A jornada em que estamos é um tanto incerta... Você deve estar sempre preparada para situações inesperadas. Você sabe que em breve... O governo deve colocar mais cabeças da nossa tripulação a prêmio.

Nami sentiu uma leve compressão no estômago ao relembrar sobre a conversa que tiveram anteriormente sobre terem uma recompensa.

– Eu entendo que nossa jornada não é fácil, Robin... Prova disso foi a última loucura que fizemos.

– Exato. Em todo o caso devemos estar preparados para o pior... Em qualquer momento.

– E o que minha relação com o Zoro tem a ver com isso? Por que não está mencionando Luffy e os outros? – A ruiva ainda indagava receosa a conclusão daquele diálogo suspeito.

– Eu sei o que está acontecendo com vocês dois e se não pararem o quanto antes... Podem se machucar... – A morena foi mais direta na última frase, ainda mantendo discrição.

Nami ficou sem fala. Ela sabia que o que estava acontecendo entre ela e Zoro não era algo normal, mas não havia pensado no que aquilo poderia ocasionar. Tudo levava a crer que a atração e seja lá o que era aquilo que sentia por ele não era mútuo. O espadachim parecia se divertir com as situações imprevistas com ela mais do que qualquer coisa. Ele não estava levando aquilo a sério, então ela não precisava levar também.

– Não se preocupe Robin. Prometo que não vai acontecer nada entre a gente, por que eu não vou deixar. – De repente a voz da ruiva mudou e os gestos que ela passou a manter mostravam irritação. Talvez por que se lembrou que o espadachim apenas brincava com ela e escarnecia de suas reações engraçadas, que mais transpareciam os modos de uma pessoa apaixonada. E ela se recusava a pensar que estava caída por um idiota como ele. Preferia se jogar dentro de um redemoinho ao se deixar ser levada por qualquer sentimento supérfluo por ele.

– Sendo assim... Fico mais tranquila, afinal, vocês são meus preciosos companheiros... – A morena sorriu ternamente. Seus companheiros eram tudo que tinha de mais valioso e ela daria sua vida por eles quantas vezes fossem necessárias, no entanto, ela sabia que o conselho que deu para a navegadora não cortaria a ligação que ela e Zoro estavam tendo e reforçando involuntariamente nos últimos tempos, mas pelo menos fez sua parte ao alertá-la sobre os perigos.

– Bem, que tal alugarmos um Yagara² e irmos naquele lugar que te disse? – Robin sugeria um passeio pela cidade das águas, pois não estava disposta a voltar para a pensão naquele momento.

– Uma ótima idéia. Vamos visitar alguns lugares promissores que dizem ser ainda mais belos a noite! – Nami também estava empolgada em fazer turismo aquela hora da noite.

– Então vou pedir a conta. – Completava a morena.

Ao saírem do restaurante, as duas se depararam com uma cena inesperada. Sanji e Zoro estavam numa ponte próxima discutindo no meio de todos.

– Como ousa raptar a Nami-San e forçá-la a se casar com você!?

– O que você está dizendo seu cozinheiro maluco? Eu não me casei com ninguém!

– Não tente me enganar! Me mostre a certidão de casamento! Eu vou agora procurar o juiz da ilha para anular esse documento!

– Use esse cérebro coalhado de vez em quando, seu infeliz! Com tantas mulheres no mundo por que eu me casaria justo com ela!? – Longe de Zoro, Nami sentiu uma veia pulsar em sua testa e uma carranca óbvia germinar em sua face após ouvir a última citação do espadachim.

– Não vem com essa! Nunca vou deixar você relar um dedo na Nami-San, seu marimo maldito! - Sanji desferia vários chutes na direção do espadachim, que no meio tempo já havia tirado uma espada para se defender dos golpes. As pessoas que passavam no local comentavam sobre a cena comprometedora, inclusive as duas que encararam a situação como a mais idiota após ouvirem o diálogo dos dois companheiros.

A ruiva passou a andar rapidamente para o caminho oposto de onde os dois brigavam. Robin não entendeu.

– Nami, para onde está indo?

– Vou chamar a polícia.













Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

¹ Nos últimos capítulos do arco Pós Enies Lobby foi revelado que todos os Mugiwaras tinham uma recompensa. Nami ainda não sabia sobre sua recompensa quando se encontrou com Cain. Ele provavelmente já tinha visto o cartaz de procurado dela em alguma ilha, pois ainda não havia chegado nenhum deles em Water 7, e então ele deduziu que podia encontrá-la na cidade das águas.
² Yagara é aquele cavalo marinho que serve como transporte da ilha.
Meninas, desculpem não ter muita melação nesse. Meninos, sei que vocês gostaram das lutinhas que tivemos ;D
Esse reencontro com um companheiro antigo resultou num segredo que Nami esconde de todos e que envolve uma garota. Graças a isso, estou aumentando um capítulo na fanfic, porque senão tudo vai ficar muito apertado n_n
Prometo não demorar muito com o próximo, mas não dou certeza, porque não quero que vocês fiquem sofrendo na espera (contradição mode on).
Continuem deixando seus reviews e sugestões para os próximos. Me desculpem pelo capítulo imenso que escrevi, mas não tive como encurtar :/
Me desculpem também por não colocar aqui algumas coisas que prometi no capítulo anterior. No próximo compensarei.
No próximo teremos o segredo da Nami e uma confissão raivosa do Zoro para com ela. O que será que ele vai confessar? :BB
Até lá.