Ficou agonizando por alguns minutos esperando a resposta do velho que sorria sarcasticamente como se ela tivesse falado a coisa mais absurda do mundo. Quando ia pedir o que havia de errado com a pergunta, o velho abriu a boca hesitante, como se ainda estivesse pensando no que falar.

–Você está brincando comigo moça?

–Não, eu só...

–Olha eu vou te falar isso porque você não parece o tipo de fã enlouquecida que assusta aqueles marmanjos. Brian apareceu aqui pela manhã para visitar o avô que morreu há algum tempo. Se ele está aqui, Jimmy também está na cidade. Aqui. – rabiscou um papel que ela nem o viu tirar de qualquer lugar que tenha tirado. Ela estava assustada.

E ele estava vivo.

O homem a entregou o papel com um nome,aparentemente de uma rua, um número,que talvez seria de uma casa, e seu nome. John, mesmo sem saber,e stava fazendo algo que deixaria o ar mais leve, parecia que o mundo estava mais feliz por isso. Para ele, era só um endereço. Deu a ultima chance de felicidade à menina que havia chorado como nunca nos dias anteriores. Deu uma ultima esperança a um coração partido, que, a partir de agora, estava se reconstruindo. Ela tinha o endereço dele. Ficou emocionada com o gesto do velho que agora mantinha os lábios numa linha reta, como se estivesse preocupado com Jimmy.

–Ei, menina. - disse, como se precisasse tirar Aurea do transe. – O menino pelo qual você procura, conheço sua família há anos. Ele tem uma doença rara, ele é fraco. Seja o que for que queira com ele, tenha cuidado. É um menino de ouro. Não sei o que seria daquela família se algo acontecesse com ele. - falava quase para si mesmo, encarando alguns meninos andarem despreocupadamente pela calçada limpa que dava para a entrada do cemitério. Mas eles não entraram, continuaram até virarem a esquina, e se perderem de vista. Voltou a prestar atenção no que o velho acabara de falar.

Ele pode não saber o que aconteceria aos familiares de Jimmy. Eu sei.

Sentiu uma lágrima correr pelo rosto, e teve de se recompor novamente.

– Eu sinto muito. – tentou manter um tom sério – O que tenho a tratar com ele não é nada grave.Mas agradeço,tenho alguns compromissos agora,obrigada por ter me ajudado.

O velho assentiu e ela seguiu até o carro. Dirigiu até onde esperava ser a casa da mãe, estacionou, e entrou na casa e foi direto para os fundos, onde a mãe já esperava com a mesa posta. Apesar de ter a vida ganha, ser tão rica a ponto de não ter de trabalhar por três gerações e ainda ter tudo o que quer, não importando o preço,ela fazia a comida na maioria das vezes. 

Conversaram sobre algumas coisas, e Aurea parecia saber de tudo o que estavam falando, tinha as respostas na ponta da língua. Deu qualquer desculpa e saiu num dos carros da mãe. Mesmo não tendo certeza de pra onde iria.