3:40 – 29/12/2009

Acordo assustada. Não tenho muita noção do que aconteceu ontem ou do que irá acontecer agora. Não tenho noção do que acontecerá com minha própria vida. Começo a apalpar o criado mudo atrás de provas. Fotos, bilhetes, qualquer manchete de qualquer jornal. É verdade. Jimmy está morto.

Meu Deus. Meu Deus, meu Deus. Como isso foi acontecer? Porque logo contigo Jimmy? Porque diabos me deixaria sofrer desse jeito? Não é possível. Pode parecer egoísta ou o raio que seja, mas por que me deixou? Não se trata de todos os fãs,se trata de MIM Jimmy... de mim.

Ah,Jimmy... eu te amo tanto.

3ª pessoa:

E então chorou por mais longas horas,se perguntando o que fez pra merecer tudo aquilo. Um ídolo,o ídolo que havia se tornado o homem mais importante de sua vida. O ídolo agora morto.

Acordou novamente às 9:30. Encarou o teto até as 9:50. Levantou. Tirou e pôs sobre a cama o pijama bege e branco de ursinhos dorminhocos. Colocou qualquer calça, qualquer camiseta. Não sentiu vontade alguma de comer algo, mas teria um dia pesado por vir, decidiu tomar café. Saiu voando da bancada posta na cozinha pequena para lanches rápidos/poupar espaço. Seu celular tocava,sua música tocava. Sua voz soava em uma canção qualquer que havia cortado exatamente por isso. Ouvir sua voz. Sabia que seria raro, não tinha tantos amigos, pessoas que se importassem tanto a ponto de ligar. Mas ouviria.

–O QUÊ?

–Calma filha, eu só liguei pra saber como você está, mas tudo bem,ligo outra ho...

–NÃO! Não precisa. Desculpe, mãe, tudo bem, pode falar.

–Filhinha, fiquei sabendo do que houve ontem... queria saber se você está bem.

Os olhos marejavam. O peito doía. Sentia falta dele,mesmo não convivendo, sentia que em qualquer lugar que ele estivesse se não houvesse partido, ele fazia falta.

– Tô sim mãe. Você sabe que é sempre assim, só me dou conta depois de algum tempo... – mesmo sabendo que desta vez foi de imediato. - e mesmo depois disso, eu vou ficar bem.- mas sabia que não iria.

– Eu estarei aqui meu amor. Pode achar que seria infantilidade, mas quando não aguentar, vem. Vem pra cá. Você é minha filha e eu tenho que cuidar de você.

–Tudo bem, mãe. Eu tenho que desligar, tá?Depois a gente se fala.

–Tudo bem, tchau meu amor. Se cuide.

Cuidado. Se tinha uma coisa que ela não teria agora, seria cuidado. Porque essa devia ser a causa da morte dele. Vagabundo, inútil. Culpa da doença idiota que ele não dava a mínima. Culpa das drogas, em geral, culpa dele. Sabendo de tantas e tantas pessoas que o amavam, ele não se cuidou, o laudo demoraria pra sair, mas ela tinha certeza.

Expulsou da mente qualquer ofensa a ele agora. Pegou a mochila, trancou a porta e saiu.