Change Of Heart escrita por Sak Hokuto-chan


Capítulo 8
Trouble


Notas iniciais do capítulo

Oee, agora que acabou a aposta é hora de buscar novos horizontes 8D

Obrigada ao Orphelin, meu carneiro-beta, que merece um cafuné do Mu pela betagem tão rápida (merece bem mais até, só que sabemos que o Aiolia é ciumento e... -q)



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Capítulo VIII

Se você está procurando por problemas
Você veio para o lugar certo
Trouble - Elvis Presley

Enquanto Afrodite e Milo explicavam a Mu, que continuava abismado, sobre a aposta, Pandora encerrava um treino de ginástica artística realizado excepcionalmente numa quarta-feira. Quando se viu só, já que seus fãs mirins apareciam apenas nas terças, Pandora espreguiçou-se felinamente e soltou os cabelos compridos.

Estava tão distraída, certa de que não havia mais ninguém por perto, que se assustou quando um corpo masculino colou-se às suas costas e duas mãos fortes envolveram sua cintura. Só uma pessoa conseguia se aproximar tanto assim sem que ela notasse sua presença a tempo.

– Kanon...? – Pandora murmurou assombrada, virando o rosto para olhar por cima do ombro, mas sem se desvencilhar do rapaz. Tão perto. Podia sentir a respiração dele diretamente em sua bochecha.

– E aí, Pan? – ele exclamou, soando muito alegre, enquanto subia as mãos para o busto da ginasta. – Mas que fartura, hein!

Pandora imediatamente se soltou, afastando-se alguns passos para trás. Há quanto tempo não se viam? Semanas. E, agora, Kanon aparecia do nada, na maior intimidade, como se estivessem se encontrando diariamente. O que ele queria?

Kanon deu de ombros, displicente, e sorriu. Aquele sorriso de lado dele, meio libertino, meio perigoso. Pandora lembrava-se bem daquele sorriso. Ela o vira muitas vezes ao longo de noites sem fins, manhãs ensolaradas, tardes chuvosas... E, ah sim! Especialmente durante madrugadas frias.

– Você não viria sem um motivo – Pandora disse, cruzando os braços sobre o busto ao notar que o outro ainda encarava aquela parte de sua anatomia.

Era uma relação estranha a que tiveram, mas ela sempre soube disso, não é? Concordara com aquela... amizade colorida? Sem compromissos, sem cobranças e sem complicações sentimentais. Era só diversão.

Por que ele tinha que ter um irmão gêmeo? Confundia tudo! Ainda era divertido, mas Pandora começou a desconfiar que pudesse acabar gostando demais do jeito de Saga. Então, o gêmeo mais novo deve ter desconfiado da mesma coisa, porque parou de procurá-la e, sem ele, não havia o outro gêmeo também.

Ok, melhor assim! Tudo acabaria ruindo de qualquer forma. Kanon não nascera para relacionamentos sérios e, por consequência – ou causa, quem sabe –, Saga também não. Ela só não estava entendendo o que ele queria naquele momento. Assim, perguntou a única coisa que podia fazê-lo reagir de alguma forma:

– Como vai o Saga?

Kanon a fitou com uma expressão quase sombria. No entanto, acenou com a cabeça, meio distraído, indicando que o irmão ia bem. Voltou a sorrir e perguntou:

– Como foi com o Aiolos?

Surpresa, Pandora abriu a boca sem emitir nenhum som. Aqueles dois se conheciam?

– Somos amigos, Pandy!

Ela o fitou com desconfiança. Por acaso, Kanon tinha algum envolvimento naquela aposta? Teria ele, de alguma forma, lhe atirado nos braços do sagitariano de propósito? Considerando a personalidade do geminiano, ela não duvidava. Aiolos tinha um jeito que lembrava um pouco Saga... Era bem capaz de Kanon ter feito isso para afastá-la do gêmeo mais velho.

– Se você acha... – ele replicou desinteressado e ambíguo. – Você está no lucro de qualquer forma. Aiolos é um bom partido, não acha?

Pandora assentiu, vendo-o se afastar de vez com um aceno e nenhuma explicação.

***

Já Mu ganhou muitas explicações. Ele se surpreendeu ao saber o quão longe aquela mania de fazer apostas tinha chegado. Ele compreendeu a situação, ou achou que sim, mas continuou se sentindo estranho por ter sido beijado por um pré-adolescente.

O ariano achou que as coisas ficariam num clima desconfortável depois daquilo, mas não. Foi como se um botão tivesse sido desligado no cérebro de Aiolia. Ele simplesmente parecia ter se esquecido do que tinha feito. Agia como sempre, com suas crises de humor, seus impulsos e sua energia inesgotável.

Depois de sua conversa com Shaka, quando descobriu que o loiro gostava de Mu, o leonino finalmente se convenceu de que os dois não estavam tramando nada contra si. O que não o impediu de continuar abraçando o ariano deliberadamente na frente de Shaka. Só que, agora, era pra encher o saco do virginiano e deixá-lo enciumado.

Nessas horas, Shaka costumava revirar os olhos com todo o desprezo do mundo. Como se não bastasse as tolices do leonino, ultimamente ainda tinha que aguentar a presença de Ikki, o mais novo amigo de Aiolia que, para sua infeliz surpresa, também era do signo de Leão.

O indiano não se dava nada bem com os dois. Mentira! Eles é que não se davam bem consigo. Afinal, nunca tinha dado motivos para toda aquela implicância, tinha? Shaka era uma pessoa exemplar. Enfim, não importava, mesmo porque havia ganhado uma nova pedra em seu sapato, mas perdido outra, já que Milo parecia ter lhe esquecido.

***

O escorpiano tinha outras preocupações. Do tipo garotas e beijos. Sua frustração atingira níveis alarmantes depois do beijo que Aiolia conseguiu da bela Pandora. Como ia superar isso?

E ainda tinha Shina também.

Milo passou todo o período da aposta tentando usar táticas de sedução para cima dela, mas não obteve muito progresso. Ela era tão difícil e arredia! Se o grego não fosse tão orgulhoso, teria desistido pelo cansaço.

Mas, alguma hora, a insistência seria recompensada. Era nisso que acreditava.

Tanto que, quase um mês depois de sua derrota vergonhosa – sim, pois mesmo tendo perdido também, Aiolia saíra ganhando no fim – e de suas abordagens, Milo conseguiu algum progresso com a italiana. Tinham acabado de chegar à escola e estavam no canto de sempre dos jardins, esperando dar a hora de entrarem na classe, quando ele sorriu daquele jeito para Shina. Então, num gesto aparentemente despretensioso, Milo colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. Subitamente, ela o encarou com impaciência já.

– Ah, vamos logo!

Irem logo para a classe ou para o passo seguinte que ele queria dar? Na dúvida, Milo deslizou um dedo da orelha até o queixo da garota e encostou os lábios nos dela. Deslizou-os bem de leve uma vez, testando. Tudo bem, nenhuma violência. Experimentou ousar um pouco mais e ficou radiante quando encostou a língua na dela. Conseguira finalmente! E ainda tinha sobrevivido com suas partes íntimas intactas.

Aí estava, tinha conseguido fazer algo antes de Aiolia. Um beijo de verdade, com língua e tudo!

O leonino deu de ombros quando soube. E daí? Não era nada que não pudesse conseguir também. Mas ser beijado por uma garota mais velha? Isso era diferente, especial... e, Milo não tinha conseguido!

***

Aliás, tinham parado de ir com frequência aos treinos para verem Pandora. Milo por causa de sua frustração e por saber que, se ficasse em cima da treinadora, Shina não lhe daria chances mesmo. Aiolia por causa de seu irmão, que estava saindo com a ginasta. Não parecia certo ficar secando a garota do irmão. Já bastava o fato de não poder controlar seus sonhos com ela!

Eram sonhos que recendiam ao perfume de Pandora, tão perfeita, com sua boca avermelhada pressionada sobre a dele; a língua quente deslizando rapidamente sobre seu lábio inferior; os cabelos dela caindo como um manto sedoso sobre as faces de ambos e... Caramba! Como Aiolia podia lidar com isso? Com as curvas dela moldadas perfeitamente sob aquele collant preto? E as pernas compridas e pálidas então? Era impossível não acordar todo ofegante, com o rosto corado e precisando se limpar com urgência. Constrangedor!

As coisas só pioraram quando viu Pandora com uma roupa diferente pela primeira vez. Ela usava um vestido preto tão simples que não parecia lhe fazer jus à beleza. Mesmo assim, ela estava fascinante como sempre para Aiolia. A parte de baixo da vestimenta era plissada e, infelizmente, atrapalhava a visualização das coxas que o leonino não se cansava de ver; mas a parte de cima... Ah, aí sim, era um corpete perfeitamente ajustado, permitindo ao leonino vislumbrar o contorno superior daqueles seios alvos. E isso era algo que o collant escondia.

As coisas conseguiram se complicar ainda mais depois do dia em que voltou para casa antes do normal, por causa de um treino que foi cancelado. Sim, Pandora estava em sua casa, na sala, sendo devidamente pressionada contra uma parede por seu irmão. Aiolos levantava uma das pernas dela de encontro à cintura dele e dava pra ver que a perna da ginasta estava coberta até a coxa alva por uma meia sete-oitavos, fina e escura. Foi demais para Aiolia. Não que o casal tivesse notado sua presença. Nem mesmo quando passou em direção ao quarto como um raio.

***

A única pessoa com quem Aiolia conversava sobre esse tipo de coisa era Kanon. Não podia falar com Aiolos, é claro, e o geminiano tinha se revelado mesmo uma pessoa muito divertida e compreensiva nesses assuntos indecentes. E ele sabia tanta coisa!

Só que Aiolos andava incomodado com tanta proximidade entre os dois. Isso ficou bem claro quando Aiolia o encontrou, sozinho e amuado, no canto do sofá.

– O que aconteceu? – o caçula perguntou, preocupado com aquela tristeza aparente.

Aiolos suspirou dramaticamente e disse:

– Você está me trocando... Ficou tão bravinho quando achou que o Mu queria roubar seu lugar como meu irmão... – suspirou de novo, fingindo limpar uma lágrima inexistente. – E, agora, fica aí, tentando colocar outro no meu lugar...

O leonino arregalou os olhos com uma surpresa quase palpável. Mas que diabos...?

– Kanon é um irmão melhor do que eu? – continuou Aiolos, com os olhos brilhantes, enquanto mordia o lábio inferior do jeitinho exato que o caçula fazia.

– Ninguém é melhor do que você! – Aiolia exclamou com veemência, abraçando o irmão pelos ombros. – Nós somos amigos. Ele não poderia roubar seu lugar, ué... Você mesmo já disse que esse tipo de coisa é impossível e... – interrompeu-se, piscando duas vezes e apertando os braços em volta do outro com firmeza. – Hah! Você tá fazendo isso pra se vingar, né?

Aiolos começou a rir. Bem, não se vingar. Só queria que o caçula soubesse como tinha sido daquela vez em que o colocara na mesma posição, ao reclamar de Mu.

– Não foi engraçado, Aiolos! – protestou emburrado, soltando-o e cruzando os braços.

– De qualquer forma, o que é que você tanto conversa com ele, mas que não pode falar comigo? – perguntou, puxando o irmão para que se sentasse em seu colo.

Aiolia corou furiosamente e começou a se debater para sair. Odiava ser tratado como criança! E era isso o que o irmão estava fazendo ao sentá-lo em seu colo, como quando era mais novo. Poxa, mesmo que fosse baixinho, já tinha treze anos!

O mais velho riu ainda mais, chamando o menino de bobo, e o prendeu em seu colo com toda a força. O lance sobre Kanon acabou tendo que ficar por isso mesmo, pois logo Aiolos se viu enroscado em um problema bem maior.

***

Aiolos estava saindo com Pandora há quase meio ano e começava a considerar a ideia de oficializar o namoro. Porém, num dia qualquer, quando saía do treino de arco e flecha, foi abordado por alguém que não via há muito tempo.

– Saori?

Ele se lembrou de que haviam namorado por um curto período aos dezesseis anos. Tinham dado um tempo, mas nunca voltaram. Saori acabou se mudando para o Japão, onde terminou o colegial e começou a universidade. Nunca mais tinham ouvido falar um do outro. Até esse dia em que ela apareceu do nada, querendo conversar.

A moça sorriu, evidenciando o mesmo tom de batom cor-de-rosa meio violáceo que usava desde que se conheceram. Continuava baixinha e peituda, mas sua expressão parecia mais suave.

Saori chamou o sagitariano para conversarem em algum lugar. Eram quase quatro anos distantes já! Tinha pedido transferência de universidade para voltar a morar na Grécia, então, seria bom voltar a ter contato com os antigos amigos.

Aiolos era mesmo um bom rapaz, mas continuava a entender muito pouco sobre as complexidades femininas. Demorou a perceber os gestos e os olhares encantadores que Saori lhe endereçava; também demorou a notar o ar aborrecido dela ao mencionar que existia uma namorada em potencial em sua vida; só não demorou a reparar que Saori estava com uma personalidade muito melhor, bem menos mimada e mandona, bem mais gentil e compreensiva.

O que Saori compreendia era muito simples para ela: tinha sido obrigada a aceitar dar um tempo em seu namoro, sem nunca o terem terminado oficialmente. Ou seja, eles ainda tinham algumas coisas para acertarem, mesmo depois de quatro anos. Saori era uma moça séria, não nascera para passar por inúmeros namoros. Seu lado romântico considerava extremamente válido se casar com aquele que fora seu primeiro amor: Aiolos.

Naturalmente, o sagitariano ficou boquiaberto quando esse ponto ficou claro. E agora? Não sentia mais nenhum tipo de interesse por Saori. Sem falar que havia Pandora. Aiolos não sabia ainda que uma mulher podia ser muito persistente em suas ideias.

Não que as coisas tenham melhorado, depois que ele soube. De fato, pioraram e muito. Pandora possuía uma personalidade bem determinada e não estava disposta a abrir mão de coisa alguma. Muito menos de alguém que, no caso, era Aiolos. Foram aí que começaram os problemas, as discussões entre as duas, as promessas e atitudes provocantes.

Aiolos não sabia o que fazer. Kanon tinha algumas sugestões que envolviam, no mínimo, ménage à trois, é claro! Aldebaran ria, feliz pelo sagitariano ter dado a volta por cima e saído da seca com louvor – duas gatinhas, rapaz? Saga nada dizia, mas, no fundo, torcia pelo bem de Pandora. Aiolia e Milo se prontificaram a exorcizar Saori da vida do sagitariano, com toda a meiguice que só eles possuíam. Isso é, se Aiolos quisesse – apesar da evidente melhora da moça, ela ainda era um saco para os dois.

Porém, foi Shura quem conseguiu ajudar o sagitariano. Sim, o espanhol o escondia quando as duas moças ficavam incontroláveis demais. Mu tentou fazer isso primeiro, mas Saori sabia onde o ariano morava, então, não dava certo.

Um ano se arrastou nessa situação e Aiolos mal percebeu. Acabou decidindo que não queria nenhuma das duas. Só que, algumas vezes Pandora conseguia seduzi-lo. Já noutras, era Saori quem conseguia atraí-lo. Por fim, o sagitariano acabou se vendo enroscado em ambas.

***

Tão enroscado quanto Milo estava com Shina. Era uma relação estranha a deles, movida por discussões acaloradas – por conta das personalidades geniosas de ambos – e por beijos igualmente calorosos. Era uma relação cheia de idas e vindas. De qualquer forma, tinham catorze anos já e Milo andava bem alegre.

Tinha crescido finalmente! Estava três palmos mais alto do que Shina e Marin... e um palmo mais alto do que Aiolia. Ah, a vitória! Bem, estava mais alto do que seus outros amigos também, o que incluía Camus e, com um pouco mais de resistência, Shaka.

Depois daquela fatídica aposta perdida, Milo e o aquariano começaram a se entender melhor. Camus se tornou um bom amigo e esse fato aproximou o grupo todo, trazendo Shaka no pacote porque o virginiano já era próximo do francês.

Afrodite, por sua vez, crescia magnífico e deleitava-se com cada elogio e suspiro que lhe dedicavam. Entretanto, desdenhava o interesse que vinha com eles. Pessoas querendo lhe ser úteis, fazendo seus trabalhos e suas vontades... Ele ria, jogava as ondas dos cabelos brilhantes para trás e declinava cada oferta e convite.

A maioria de seus admiradores eram garotos e, destes, mais da metade não desistia mesmo depois de saber que Afrodite não era uma menina. Porque ele era belíssimo e isso fazia valer a pena. Quando descobriram sua predileção por rosas foi um caos. Pétalas e mais pétalas caindo de rosas para todos os lados.

Nem assim o pisciano se interessava. Além de Shura e seus lábios secos, mais ninguém chamara sua atenção ainda. Eventualmente, Afrodite soube que o espanhol fumava e foi meio decepcionante, porque o pisciano não gostava nenhum pouco de cigarros.

Não porque se preocupava com questões sobre a saúde e os malefícios do cigarro – e, certamente, Shura sabia de todos eles. O que incomodava mesmo Afrodite era a fumaça fétida que se impregnava em seus cabelos, depois que alguém se atrevia a fumar no mesmo local em que ele estava. Podia suportar o cheiro por perto, mas impregnado em seus preciosos cabelos? Jamais!

No entanto, sua decepção durou só um instante. Depois se lembrou dos lábios secos e decidiu que não se importava de verdade. Valeria a pena, se tivesse uma chance e tudo o mais. Afrodite bem que se dedicava a tornar-se, ao menos, próximo do capricorniano, mas não era fácil.

***

Mu poderia dizer o mesmo. Estava se relacionando com Shura há quase dois anos com pelo menos duas separações durante esse percurso. O espanhol era fechado demais. Vivia trancado em seu mundo interior e ninguém era capaz de adentrá-lo.

Mu gostava muito dele e respeitava seu jeito. E, por mais que Shura não revelasse verbalmente seus sentimentos por si, conseguia sentir que a recíproca era verdadeira.

Mas, apesar de sua calma e sua paciência incomparáveis, às vezes Mu não podia se impedir de duvidar um pouco. Por exemplo, quando estava mexendo em alguns livros na casa do espanhol e encontrou uma fotografia entre as páginas de um deles. Era o retrato de uma moça muito bonita que, com longos cabelos claros e ondulados, possuía um ar solene. O ariano lembrava-se dela: era a ex-namorada de Shura.

Por um momento, o tibetano não conseguiu evitar o pensamento de que, talvez, o outro ainda tivesse algum sentimento pela ex. Entretanto, Shura nem se lembrava da existência daquela fotografia perdida em um livro que ele certamente nunca lia. Se lesse, já teria encontrado a imagem e a jogado fora. E foi exatamente isso o que disse que Mu podia fazer, se quisesse. Jogá-la fora. Não era um homem que se prendia a recordações, afinal.

Apesar disso, o ariano não teve ânimo para tal ato e deixou a foto sobre um móvel qualquer. Nunca mais soube dela depois disso.

Só que essa situação não foi nada perto do que começou a acontecer em seguida. Aquele problema envolvendo Aiolos estava deixando Mu ressabiado. O sagitariano passava muito tempo enfiado na casa de Shura e, bem, a verdade é que Mu ainda não tinha abandonado sua teoria sobre aqueles dois.

Era horrível sentir ciúmes de seu melhor amigo, mas não conseguia evitar. Shura e Aiolos se entendiam tão bem, eram tão cúmplices e o espanhol o admirava tanto... O ariano divagava sobre sua situação, começando a achar que acabaria saindo ferido dessa história toda.

Foi no ano em que Mu completou vinte e dois anos que um monte de pequenas coisas absurdas começou a acontecer. O ariano não fazia a menor ideia na época, mas depois começou a achar que elas eram alguma espécie de sinal sobre algo muito maior que estava se aproximando.

O ariano tinha uma cópia da chave da casa de Shura e não era incomum chegar lá antes deste. Ainda mais porque, às vezes, o horário que tinham a cumprir em seus estágios fazia com que se desencontrassem. Acontece que, numa noite qualquer, foi até a casa do outro. Abriu a porta distraído, divagando sobre a vida. Para sua surpresa, o capricorniano já estava lá, sentado no escuro de um jeito relaxado. Mantinha as pernas espaçadas e a cabeça pendendo para trás, no encosto do sofá. O copo pela metade em uma mão indicava que bebia algo alcoólico.

– Hey! – o ariano exclamou, segurando a maçaneta da porta ainda entreaberta.

O outro se mexeu languidamente e se levantou, aproximando-se de Mu. Nessa hora, o tibetano percebeu que aquele não era Shura, por mais que lembrasse o espanhol de alguma forma.

– Hey – ele repetiu, sorrindo sarcasticamente.

– Ahn... Desculpa, quem é você? – Mu perguntou um tanto confuso, mas com a voz calma.

O outro apenas balançou a cabeça em negação, parecendo ligeiramente impaciente.

– Pergunta errada – replicou, bebendo o conteúdo do copo em um gole só. – Mas você pode me chamar de Máscara da Morte.

Continua...


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Notas finais do capítulo

OK, o tempo passou, mas os garotos mal aparecerem em sua glória adolescente. Mas era realmente necessário esse capítulo de transição (onde fechamos um arco da fic - infância/pré-adolescência - e vamos começar outro) e teria ficado imenso se mostrasse mais.

Ah sim, não se desesperem quanto ao caso do Mu. Lembrem-se de que a fic pretende ser leve e divertida (e não dramática e sofrida oo) :D E, além do MM, tem mais alguns personagens pra aparecer, mas adianto que o italiano é o mais relevante mesmo...

Bem, obrigada pelas reviews: stocking, Isa Angelus, Orphelin, KassiaKarolayne, Hanajima, Vanessa, Larissa Saint, euzinho x, Suzuki_Yoi e Vanessa Braga da Silva! :D

Agradeço especialmente ao Orphelin, a Isa Angelus e a Larissa Saint, que são uns amores e recomendaram a fic! :D *abraça os três* S2