Spirit Bound Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpem a demora em postar, mas é que eu compartilho com vocês a raiva que deu por Dimitri ficar cheio de frescura... (desculpem os frescos :P nada pessoal)
Faltou um pouco de inspiração...
Mesmo com as chatices dele, espero que gostem (vai ser difícil...) rsrs
bjs



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Honestamente, eu não saberia dizer quanto tempo tudo durou. Podia ter se passado horas ou apenas segundos. Novamente, eu não sabia dizer, era como se eu estivesse em um plano onde isso não existisse. Era como estar dormindo e acordado ao mesmo tempo. Uma imensa sensação de poder passou por mim, fazendo com que cada célula do meu corpo parecesse que ia explodir. O sangue pulsava rápido e quente nas minhas veias e o ar entrou em meus pulmões com força. Meu coração batia rapidamente, mas compassado, e toda dor do fogo que me queimava há pouco cessou instantaneamente. Eu sabia exatamente o que estava acontecendo. Era como ser puxado de volta de um abismo, como ser algo maior, algo inexplicável estivesse me restaurando, me regenerando. Eu estava retornando. Toda a minha vida passou em minha mente como um flash, em poucos segundos. Eu pude me ver em cada etapa desde criança até... agora. Foi quando me atingiu.

Tudo que eu tinha feito e tudo que eu estava fazendo se replicou em imagens mentais, fortes lembranças daquela terrível vida. Era repugnante. Senti meu coração arder em culpa, dor e desespero. Sentia como se eu fosse a pior das criaturas do mundo. Uma profunda tristeza me tomou e tudo que eu consegui fazer foi chorar e chorar. Eu podia ouvir o grito de desespero das pessoas que eu matei. Eu podia ver o rosto de cada uma passando na frente dos meus olhos. Não sabia dizer se era real ou apenas minha imaginação. Eu só sabia dizer que eu os via. E tudo veio à minha memória como uma avalanche. A sede que eu tinha por sangue, o prazer em matar e em causar sofrimento das vidas que eu interrompi.

Como era esperado, Rose veio em minha mente e junto com ela, toda a sede que eu tinha por sua morte. Como eu podia ter desejado e buscado isso com tanto afinco? Eu ainda podia sentir o prazer que isso me causava, o bem estar que isso me trazia. Ao mesmo tempo que todo amor que eu tinha por ela veio até mim, suave e doce, se juntando com tudo que eu sentia há poucos minutos quando queria matá-la. Toda obsessão, maldade e perversidade se conflitou com aquele sentimento nobre que eu tinha. Eram forças antagônicas guerreando, como se nenhum dos dois pudesse estar dentro de mim. Como se um anulasse o outro ou como se um matasse o outro. Isso fez a minha culpa aumentar ainda mais. Procurando algo menos sombrio, encontrei o colo de Lissa, onde enterrei meu rosto, enquanto sentia o choro sair incontrolavelmente.

Som de vozes, passos e ordens de comando começaram a sobressaltar, trazendo à minha memória todo plano maquiavélico que eu havia traçado. Quantas mortes, quantas vidas terminadas por pura sede de sangue. Era quase insuportável. Eu sentia as mãos de Lissa me envolvendo protetoramente, mas aquela dor que eu sentia não podia ser curada. Não passava. Era como estar em carne viva.

“Não! Parem!” Eu pude ouvir a voz de Rose, entre outras vozes que foram se tornando igualmente altas. A voz dela era como uma verdadeira navalha em meus ouvidos. As cenas da Sibéria voltaram com mais força e eu sentia como se fosse explodir. Foi como voltar no tempo. A cena daquela ponte, quando ela me atingiu com a estaca voltou. Eu podia ver seus olhos esperando pela minha resposta. Eu podia sentir aquela noite novamente. Eu não conseguia amá-la. “Ei, ele não é o que vocês pensam!” Ela continuou gritando ferozmente. “Ele não é um Strigoi, olhem para ele!” Havia um leve desespero, misturado com determinação na voz dela, me fazendo sentir ainda mais culpado. Eu não queria aquilo, eu não podia mais suportar.

Não demorou senti várias mãos me puxando e me colocando em pé, ao mesmo tempo que me empurravam para fora. Eu ainda pude ouvir Lissa e Christian gritando para que me deixassem, afirmando que eu não era mais uma ameaça. Que eu não era mais um Strigoi.

Eu não tinha vontade de fazer nada, nem andar, nem ficar parado. Eu me sentia como um boneco, sem vida e fui praticamente arrastado para fora daquele armazém. Olhar em volta e ver corpos espalhados por toda parte não ajudou muito. O lado externo daquele armazém era uma verdadeira cena de terror. Tudo tinha sido planejado meticulosamente por mim. Dia após dia, cada minuto tinha sido gasto neste planejamento. Uma forma de capturar e matar a Rose. Esse era o objetivo que me movia cada momento da minha vida. Todo aquele massacre era culpa minha. Eu caminhava mecanicamente, enquanto sentia várias mãos fortes me conduzindo. Eu não tive coragem de olhar para nenhuma daquelas pessoas, mas eu sabia que eram guardiões. Havia muito deles. Aparentemente não tinha restado nenhum Strigoi ali, levando a deduzir que o lado bom havia vencido.

“Como isso é possível?” Uma voz exclamou perto de mim. “Ele era um Strigoi há poucos minutos.”

“Temos que matá-lo! Ele comandou tudo isso!” Era quase um coro entre eles.

“Não sabemos o que aconteceu, mas não podemos afirmar se ele deixou de ser aquele monstro.” Outra voz bradou.

“Vocês não vêem? Belikov está de volta, ele não tem sequer a aparência de Strigoi. Nem mesmo a força. Ele é inofensivo.” Alguém disse, com a voz extremamente amigável. Eu conhecia aquela voz e olhei de canto dos olhos. Mikhail me olhava maravilhadamente, mas eu não consegui o encarar, antes, lágrimas insistentes saíram dos meus olhos. Eu não conseguia suportar qualquer sentimento afetuoso de quem quer que fosse.

“Isso é uma afirmação absolutamente imatura, Guardião Tanner.” Uma voz autoritária disse em meio a muitas outras.

Os comentários cresceram à medida que eu me aproximava dos pelotões de guardiões. Definitivamente, me recusei a olhar para qualquer um deles. Eu me sentia envergonhado, ou pior, eu sentia uma desonra muito grande. Como se fosse um desertor encarando seus antigos colegas. Todo respeito que eu havia conquistado, toda carreira sólida que eu havia construído, tinha sido destruída e se tornado em nada.

Eles me prenderam com algumas correntes, algemas e fui colocado no banco de trás de uma SUV. Inerte, não ofereci qualquer resistência e continuei olhando para baixo, sentindo um nó em minha garganta. Eu merecia aquilo, nos os podia culpar. Eu agora representava para eles o perigo que eu mesmo tinha sido treinado para combater. Guardiões sentaram em posições estratégicas para me vigiarem e me observarem. Pude ver de relance que todos seguravam suas estacas, atentos para cada movimento meu. Eu queria dizer a eles que eu não faria nada, que eles não precisariam se preocupar, mas eu me sentia inferior demais para pronunciar qualquer palavra que fosse com eles. Também sabia que não seria ouvido. Eu apenas me concentrei na janela, enquanto o carro corria disparado pela pista. Olhei para o céu e não consegui deixar de experimentar um encanto ao observar os primeiros raios de sol. A medida que avançávamos no caminho, o sol foi se tornando cada vez mais alto. Meus olhos não doíam mais com a claridade e nem sentia mais a minha pele queimar com o calor. Eu não sentia mais a necessidade de me esconder em algum lugar escuro e frio. Ao contrário. Eu queria sentir o sol, sentir seus raios quentes em mim.

Quando finalmente despontamos na estrada que levava à Corte, senti a tensão tomar conta do meu corpo. Se eu bem conhecia os Morois, a notícia sobre aquela batalha tinha se espalhado como pólvora. Eu não sabia o que me esperava e nem sabia como agir. Passamos pelos pesados portões e paramos em frente ao prédio onde funcionava o comando central dos guardiões. Rapidamente, naquela eficiência típica deles, os guardiões se posicionaram, mantendo os curiosos longe. Muito longe. Novamente, me deixei conduzir. Um deles me puxou para fora da SUV, ao mesmo tempo em que outro o deteve.

“Você ficou louco? O Sol está no céu, ele não pode ser retirado do carro assim. Vai queimar até virar pó e nunca saberemos o que de fato houve.”

Os guardiões se entreolharam confusos. Um deles se voltou para mim, segurando rudemente o meu queixo e levantando meu rosto, para que eu o encarasse. Eu o reconheci prontamente. Era William, um velho conhecido meu. Eu senti uma ponta de vergonha e constrangimento em olhar seu rosto de guardião inabalável.

“Você acha que pode sair ao sol?” Ele perguntou, levemente desconfiado.

“Não tenho problemas em sair ao sol.” Respondi humildemente, com uma certeza que nem eu sabia de onde vinha. Eu apenas sabia que o sol não me faria mal.

Ainda hesitantes, os guardiões me retiraram do carro. Pude sentir a claridade do dia em meus olhos e os fracos raios da manhã em meu rosto. Era uma sensação boa e aconchegante, que eu jamais pensei sentir. Vários murmúrios se sucederam e eu sabia novamente que era sobre eu ser ou não um Strigoi. Ser ou não alguém confiável. Era como estar acordado dentro de um pesadelo.

“Já chega.” A voz forte de Hans se sobressaiu às demais. “Levem-no para uma das celas. Vamos mantê-lo lá, trancado, até descobrirmos o que realmente aconteceu e decidirmos o que fazer.”



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Notas finais do capítulo

ahhh
no final de tudo senti pena do Dimitri...