Mesmo sem olhar pra ele, ela poderia dizer que seu sorriso permanente só aumentou.

— Acertou!! — Ele deu a volta na mesinha e se sentou de frente para ela. — Como você está Ran-chan?

Ela olhou para ele, estava com uma jaqueta preta aberta com uma blusa azul marinho por dentro, calças escuras com uma correntinha presa a ela. Realmente ela o odiava às vezes. Não tinha nada para falar, na verdade ela não queria falar, não queria que ele estivesse aqui agora... Ou queria??

— Então... — Gin falou enquanto tirava do bolço da jaqueta seu maço de cigarros e seu isqueiro de prata. — Está gostando de trabalhar no bar mais famoso de Karakura? — Falando isso acendeu o cigarro e começou a fumar. A fumaça ia para cima devagar e se misturava com a escuridão que estava sobre eles.

— O que está fazendo aqui? — Ela disse se ajeitando na cadeira.

— O que você acha? Vim ver você. — Ele disse como se estivesse apenas aparecendo para visitar uma vizinha que vê todo dia.

Rangiku o olhou atentamente, não era só isso. Nunca era.

— Não vai beber nada? — Rangiku falou olhando bem no rosto dele. A fumaça havia chegado até ela com o cheiro que estava vidrado em sua mente.

— Acho que vou querer o de sempre. — ele disse sorrindo ainda mais.

Os dois levantaram e foram até o balcão. Uma melodia lenta tinha acabado de começar e fez muitos casais levantarem e irem para o meio do bar que não era tão grande, mas com um espaço suficiente para todos entrarem no ritmo calmo da musica.

Nanao havia entrado para os fundos do bar, com certeza foi buscar mais tira-gostos, Kioraku estava conversando com alguns homens. Ninguém tinha percebido a chegada dela e muito menos a de Gin.

Os dois foram até a entrada para o balcão que ficava no canto de uma parede, Rangiku entrou enquanto Gin pegou uma cadeira para se sentar lá. Não queriam ser incomodados com olhos curiosos. Rangiku pegou uma garrafa de saque e dois copos, Gin estava atento a cada movimento que ela fazia, ela sentia sus olhos encima dela mais se recusava a olha-lo tinha medo do que enxergar em seus olhos.

— Aqui. — Ela falou ainda sem olhar pra ele. Viu seus dedos pegarem o copo cheio e levarem de vagar até os lábios. Não tinha mais como não olha-lo.

— Quero te fazer uma pergunta— Ele disse olhando a intensamente. As palavras já haviam saído de sua mente, só balançou a cabeça para ouvir a pergunta.

— O que você diria se eu te chamasse para morar comigo? — Ele falou pondo o copo de volta no balcão.

Rangiku havia congelado, não sabia se o que tinha ouvido era verdade talvez era só sua mente brincando com ela, igual a quando ela tinha certeza que ele estava dormindo do lado dela quando tinha um pesadelo.

— O-o que?

— O que você ouviu. —A musica fluía devagar o tempo tinha parado naquele instante.

Será que ele sabe que ela ainda chama o nome dele quando sente medo, será que ele sabe que ela esperou sua vida toda por este momento.

Será que ele sabe que ela ainda o ama.

— Eu diria que não. — Ela disse olhando pra ele. A música começou a dar seus últimos acordes e todos já estavam voltando para suas mesas.

Gin olhou para ela sem mais sorrir, parecia digerir as palavras.

A música já tinha acabado e as luzes voltaram a girar com mais força.

Gin se levantou da cadeira e com seu sorriso safado de sempre disse:

— Parece que a minha menina já sabe o que é melhor pra ela. — Dito isso ele virou as costas e foi embora, Rangiku acompanhou com um olhar até que ele saiu completamente de sua visão. Não sabia por que mais alguma coisa a dizia que talvez essa tenha sido a ultima vez que o viu.