Caleidoscópio escrita por lljj


Capítulo 35
Águas de Maio


Notas iniciais do capítulo

Oioi gente o final de ano foi difícil mas eu sobrevivi... Claro que com várias baixas, como a queima do meu computador e um belo e desastrado tecnico que acabou por fazendo uma configuração vinda do inferno e apagando tudo o que eu tinha. E a autora que sempre se julgou tão esperta em nenhum momento pensou em fazer backup (é gente também me surpreendi com minha burrice quando me dei conta do ocorrido) e acabou perdendo tudo o que já havia escrito...
Mas calma, calma, calma que eu ainda sou a mente mais criativa que já nasceu da minha mãe e nesse tempo que desapareci fiz um novo capitulo que achei melhor do que o que já estava pronto.
Sabem gosto de recomeços (ás vezes...) esse por exemplo me abriu espaço para refazer tudo de um forma mais completa...
Já que não estive aqui antes desejo a todos um Feliz 2013 atrasado!!
Uma Ótima Leitura!!



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Bip! Bip! Bip!

O despertador digital começou a disparar. Mais um dia se inicia...

Rangiku sentou na beirada de sua cama e deu uma longa espreguiçada. Levantou-se e seguiu até o banheiro, ou melhor, sua pequena suíte com parte de sua camisola caída para o lado esquerdo.

Seu banheiro era espaçoso, tinha uma bela banheira a qual sempre aproveitava quando tinha tempo, na maioria das vezes a usava como piscina para Kisa brincar. Agora, como todos os outros dias, apenas usaria o chuveirinho que ficava acima de sua cabeça.

Tomou um banho rápido e escovou os dentes. Ainda enrolada em sua toalha foi até seu grande armário marrom e pensou em o que vestir.

Desde que havia começado o curso de assistente social tentou transformar sua aparência. Keith tinha lhe dado essa ideia para parecer mais profissional e confiável. Sua sensualidade não foi alterada com a nova aparência e sim aprimorada. Desfilava agora com saltos e calças sociais, usava conjuntos que delineavam seu corpo sofisticadamente e sempre tentava parecer o mais confiante possível.

Pegou uma calça skinny preta meio metalizada e uma camisa social estilo masculino listrada de azul e branco. Vestiu se apressadamente e deu uma olhada rápida no espelho do armário antes de sair do quarto, realmente a roupa havia ficado muito bem em seu corpo, a camisa não era muito larga e dava uma pequena afunilada na cintura, os três primeiros botões estavam abertos e ela estava perfeita para um dia de trabalho, tanto interno quanto externo.

  Agora o dia começa!

Foi andando para cozinha ainda descalço, antes de chegar na sala sentiu algo grande cruzar suas pernas com muito rapidez. Perdeu o equilíbrio e se escorou na parede para não cair.

  — Haineko! — Ela gritou.

Pôs as mãos na boca quando se deu conta da hora.

  — Haineko sua gata doida quer me matar? — Ela disse mais baixo.

Haineko havia parado para olhá-la como se entendesse a bronca.

  Miau...

  — Ah... — Ela foi até a gata e a pegou no colo. — Você não pode fazer isso. Um dia vai acabar fazendo a mamãe quebrar as pernas.

  Miau.

Rangiku pôs a gata cinzenta no sofá da sala.

  — Eu já vou por sua comida ok? — Ela foi até a cozinha sendo seguida pela gata. — Aqui está.

De dentro de um pote ela despejou a ração de peixe da gatinha que esfomeada atacou a tigela.

Guardou o pote e foi abrir a geladeira, deu uma olhada rápida no relógio de parede e decidiu se apressar no café.

  — Ah! Acabou o bacon... — Ela falou com uma voz triste, tirando da geladeira apenas os ovos, a manteiga e o suco de ontem. — Devia ter feito compras ontem. — Ela revirou os olhos.

Ligou a frigideira e pôs o óleo para esquentar. Colocou na mesa pães e uma caixa de leite, deixou os ovos fritando e foi passar o café. Viu de relance algo vindo pelo corredor.

  — Kisa? — Disse desconfiada.

  — Que mãe? — A menina surgiu na cozinha arrastando consigo sua coberta rosa.

Seu cabelo estava desgrenhado e seu rosto ainda inchado do sono.

  — Dormiu bem? — Ela a pegou no colo com um sorriso e a sentou em uma das cadeiras da mesa.

Kisa apenas balançou a cabeça.

  — Ótimo, estou fazendo os ovos como você gosta bem torradinhos. — Ela voltou para a frigideira onde os ovos começavam a queimar. — Arr... Acho que até demais.

A menina apoiou a cabeça na mesa e fechou os olhos.

 — Ei o que é isso? — Rangiku foi até ela. — Levante logo e comece a se arrumar. Vai se atrasar para a escola.

  — Mas hoje não tem aula mãe. — Kisa falou sem abrir os olhos.

  — O que?

  — A professora vai para o medico. — Ela levantou a cabeça.

  — Você está brincando Kisa? — Rangiku falou sem acreditar.

  — Não. Tem um bilhete na agenda. — A menina se levantou e foi para seu quarto.

Rangiku a seguiu.

Kisa pegou sua mochila que estava em sua pequena estante e tirou sua agenda cor de rosa.

  — Aqui. — Ela entregou para Rangiku.

Rangiku foi até a ultima pagina escrita da agenda e estava lá com o carimbo da escola.

  — Sr. Responsável, amanhã dia 17/05 não haverá aula para a turma 1102, pois a professora terá uma consulta no medico e não temos professor substituto. Agradecemos a compreensão. Direção da escola. Hun-hum... — Ela fechou a agenda balançando a cabeça e fazendo bico. — E agora? — Ela olhou para Kisa.

  — Vamos pra piscina! — A menina disse brilhantemente.

  — Não! Agora eu me ferro. — Rangiku saiu do quarto correndo.

Kisa foi atrás dela, mas assim que chegou na porta se deparou com o corpo da mãe atrapalhando a passagem.

  — Vai tomando banho e arrumando a sua mochila enquanto eu acho alguém para ficar com você. — Ela falou apressadamente e voltou a correr no corredor.

Rangiku pegou o celular e começou a ver na agenda quem poderia ficar com Kisa a essa hora da manhã.

  — O que eu ponho na mochila? — Kisa gritou do quarto.

  — Põe uma roupa e um brinquedo. — Ela também gritou.

Que se lixassem os vizinhos, ela tinha um grande problema agora.

  — Nanao! — Ela discou o numero. — Oh! Não. — Ela desligou a chamada. — Vai pra faculdade... Momo estará na escola... — Ela começou a andar pela sala olhando para o celular. — Kyoraku ainda deve estar dormindo... Lira deve já estar no caminho do trabalho... Kaya mora muito longe e Hahi é muito irresponsável... O que eu faço? — Ela parou e pôs a mão na nuca.

  — Fica em casa! — Kisa gritou do banheiro.

  — Não posso Kisa! Já faltei na semana passada, se faltar hoje vou levar uma advertência... — Ela então parou ao olhar um desenho que Kisa colou na geladeira, era uma boneca representando ela, Kisa e Yachiru sua melhor amiga... — Claro!! Se arrume logo Kisa. Verei se Stella pode cuidar de você.

  — Tá bom mãe.

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Meia hora depois as duas já estavam prontas para ir.

Eram 7:15 e Rangiku começou a subir as escadas segurando a mão de Kisa, sua bolsa e a mochila da menina. Se Stella não estivesse em casa ela teria um grande problema...

Chegaram no 4° andar e foram direto para o quarto de numero 38.

  — Oh Deus que ela esteja em casa. — Ela apertou a campainha, mas ela não tocou.

Apertou mais algumas vezes, mas nenhum som saiu. Começou então a bater na porta.

Kisa estava com sua boneca preferida no colo e tentava ajeitar o cabelo dela com os dedos. Rangiku continuou a bater na porta, só que com mais força.

Ela virou de frente para Kisa e cruzou os braços.

  — Cadê essa mulher? — Ela olhou para Kisa e percebeu que os olhos da menina estavam em algum ponto atrás dela.

Virou a cabeça só para dar uma conferida para onde ela olhava e voltou a olhar para a menina. Acabou arfando ao notar o que havia visto. Virou se completamente e puxou Kisa para perto de seu corpo.

  — Bom dia meninas! Não está muito cedo para incomodar os outros? — Gin falou sorrindo.

  — Quem está batendo é ela moço. — Kisa disse apontando para Rangiku.

  — Kisa! — Rangiku olhou para a menina, depois voltou a encarar Gin. — Você está me seguindo?

  — Não. Estou na minha casa vendo quem faz todo esse alvoroço essa hora da manhã. — Ele estava apoiado no batente da porta ao lado da casa de Stella.

  — Sua casa? — Rangiku falou atônita.

  — É mãe. Eu vi ele ontem perto da casa da Yachiru, ele conversou com a gente. — Kisa falou sorrindo.

  — Você falou com ele? — Rangiku disse sem fôlego.

Olhou para Gin com uma expressão de fúria que o fez parar de sorrir.

  — Eu não sei o que você está tentando fazer, mas é melhor você ficar bem longe da minha filha ouviu? — Ela gritou.

  — Rangiku...

  — Se você se aproximar dela novamente eu juro que vai se arrepender seu desgraçado... Nós deixe em paz!

Ela pegou Kisa pelo braço e saiu puxando a menina de volta até a escadaria. Gin não fez nada para tentar impedi-la de ir.

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Assim que desceram o primeiro lance de escadas Rangiku parou e bruscamente segurou os ombros de Kisa.

  — Me prometa que nunca mais vai olhar para aquele homem. — Ela pediu a menina.

  —Mas mãe...

  — Me prometa! Ele é uma pessoa ruim que faz coisas más a todos ao seu redor, você tem que prometer para mim que nunca em hipótese alguma falará com ele.

  — Eu prometo. — No rosto de Kisa estava uma mistura de medo e tristeza.

  — Kisa... — Rangiku suavizou seu aperto contra ela. — Eu só quero o seu bem. — Ela abraçou a menina.

  — Eu sei mamãe.

Rangiku voltou a olhar em seu rostinho de criança.

  — Eu não suporto nem imaginar em viver sem você... — Seus olhos começaram a lacrimejar.

  — Nós nuca vamos se separar mamãe. Vamos estar sempre juntas. — Kisa deu um leve sorriso.

  — Sim... Sempre. — Ela a abraçou novamente.

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As duas desceram até o saguão deserto do prédio e foram até a recepção.

  — Bom dia. — Rangiku disse a recepcionista.

  — Bom dia. — Kisa a imitou estando no colo de Rangiku.

  — Bom dia. Posso ajuda-las? — A jovem bem maquiada perguntou.

  — Sim. Em que nome está o apartamento 37? — Ela perguntou ansiosa.

  — Espere um momento. — A moça começou a mexer em seu computador.

Rangiku olhou para a hora em seu celular e constatou que já era tarde demais para achar alguém para ficar com a Kisa.

  — Senhora o quarto está no nome de Ichimaru Gin.

Rangiku sentiu a informação entrando em seu ser.

  — E você pode me dizer a quanto tempo esse senhor mora aqui?

  — Bem, já vão se completar 3 meses. Algum problema?

  — Oh não... Eu só... Queria saber quem era. — Ela falou balançando a cabeça.

Foi então que viu em um dos panfletos do prédio informações sobre a área baby.

   — Área baby... — Ela sussurrou para si. — Moça pode me dizer a partir de que horas isso começa a funcionar. — Ela perguntou a recepcionista.

  — A partir das 6 da manhã até às 8 da noite.

  — E eu simplesmente vou lá e deixo a minha filha?

  — A senhora só deve informar seu nome, o numero do seu quarto, numero do telefone, quantas horas a criança ficará na salinha e quem vai busca-la.

  — Isso é bem rápido né?

  — Sim...

  — Ótimo. Muito obrigada por tudo e tenha um bom dia. — Rangiku falou saindo.

  — A senhora também... E você também coisa fofa. — Ela disse para Kisa.

Rangiku foi andando até a tal salinha que ficava em uma área independente do prédio, assim como o parquinho e a piscina. Havia vindo aqui quando estava conhecendo o prédio e gostou do espaço e das atividades do lugar. Kisa adorou os brinquedos e o fato de poder ter uma boa visão de sua tão amada piscina. Sempre ouviu que lá era um bom lugar, mas nunca confiou em deixar Kisa na mão de estranhos desconhecidos só iria fazer isso agora porque não tinha escolha. E mesmo assim faria de tudo para sair cedo do trabalho e pegar logo sua filha.

Chegando à salinha foi super bem atendida pela a responsável do espaço e fez rapidamente a ficha de Kisa. Eram apenas algumas perguntas sobre alergias, temperamento, medos e coisas que gostava de comer. Deixou o numero do telefone dela, do trabalho, da Nanao e do Kyoraku. A mulher colou uma etiqueta com o nome de Kisa na blusa da menina para poder identifica-la no meio dos outros.

Deu um beijo na bochecha de Kisa e entregou a mochila dela para a responsável que se disse formada em pedagogia e psiquiatria.

  — Por favor, cuidem bem dela e me liguem com qualquer acontecimento. — Rangiku disse nervosa.

  — Pode deixar senhorita Matsumoto, Kisa está em boas mãos. — A mulher levou Kisa pela mão até uma das salinhas do local.

Olhou a hora no celular e saiu apressada até o ponto de táxi. Ao chegar lá encontrou o motorista que sempre levava ela e Kisa.

  — Bom dia senhorita Matsumoto. Cadê a grande pequena? — O senhor de barba falou alto quando Rangiku entrou no carro.

  — Não tem aula hoje... Tive que deixa-la no prédio. — Rangiku olhou para o jornal que estava no banco do carona.

  — É uma pena. Aquela menininha alegra meu dia. — Ele arrancou com o carro.

Rangiku pegou o jornal e começou a revirar suas folhas.

  — E então... Você tem ouvido falar de algum apartamento sem alugar que tenha por aqui? — Ela falou ainda mexendo no jornal.

  — Por que a pergunta? — Ele só olhava para a rua. — Planeja se mudar?

  — Sim, quero sair daquele prédio o mais cedo possível...

  — Bem eu sei que tem alguns prédios novos lá na Rua Thoru...

  — Não precisam ser novos, só tem que estar desocupados.

  — Eu posso dar uma olhada para você. Conheço muita gente que mora nesses prédios para cá... Você quer se mudar mais pra perto do trabalho?

  — Não me importo muito com distância, só quero sair dali. — Ela olhou pela janela.

  — Aconteceu algo? — Ele a olhou pelo retrovisor.

  — Não, nada só... Quero mudar. — Ela voltou a olhar para o jornal, procurava algum anuncio de algum lugar que pudesse ir o mais cedo possível.

Não conseguia imaginar conviver no mesmo ambiente que Gin... Ele era perigoso. Tanto para ela quanto para Kisa.

  — Kisa... — Ela voltou a olhar pela janela.

   Talvez tenha sido uma má ideia tê-la deixado lá...

  — Vai ficar na praça senhorita? — O motorista falou.

  — Sim... — Ela pôs o jornal de lado e pegou a carteira.

Ele parou na praça que ficava em frente ao seu trabalho. Ela pegou a corrida e avisou antes de sair:

  — Não se esqueça do apartamento. Não precisa ser muito grande, só quero que caiba uma criança e uma gata.

Ele começou a rir.

  — Pode deixar.

Ela saiu do carro e foi andando em direção ao projeto.

Como havia sido no outro dia uma verdadeira comitiva estava na frente do lugar. Carros, vans, policiais, todos prontos para partir.

Passou entre os carros e entrou no prédio. Uma parte do pessoal já estava nos carros prontos para partir, outros ainda estavam vendo o que seria feito no segundo dia de trabalho. No meio de todos estava Daniel falando e entregando alguns papeis. Assim que ele a avistou deu um leve sorriso.

  — Tudo bem pessoal, terminaremos o que começamos ontem. Desejo a todos um bom trabalho. — Ele gritou e o grupo começou a se dispersar.

Ela se aproximou dele enquanto ele arrumava sua mochila.

  — Está atrasada sabia? — Ele falou guardando uma garrafa de água.

  — Me desculpe. Kisa não teve aula e eu me enrolei para sair. — Ela falou balançando as mãos.

  — Bem... — Daniel se pôs em sua frente. — Falei com Liandra e parece que você tem coisas para fazer hoje.

  — Não vou ir com você? — Ela arqueou a s sobrancelhas.

  — Não, mas... Estava pensando em te chamar para sair hoje à noite. — Ele pegou a mochila. — Está a fim?

  — Não vou fazer nada... O que você tem em mente?

  — Abriu um parque aqui perto, queria levar você e a Kisa.

  — Ela adorou você quando fomos ao cinema. — Rangiku deu um leve sorriso.

  — Eu também a adorei... Topa ir?

  — Mas é claro! Que horas?

  — Passo para te buscar em casa as oito. Está bem? — Ele falou com um sorriso triunfante.

  — Ok. Te vejo depois. — Ela saiu acenando.

Daniel colocou a mochila nas costas e partiu para fora do prédio. Rangiku se dirigiu até o escritório de Liandra. Chegando lá viu Liandra, como sempre, perdida em seus papeis.

  — Matsumoto querida! — Ela olhou para o relógio. — Está atrasada.

  — Eu sei Liandra me desculpe isso não ira se repetir novamente. — Ela se parou em frente da grande mesa de madeira.

  — Eu tenho certeza que não vai. — Liandra se levantou e ajeitou os óculos.

Rangiku sentiu o estomago esfriar.

Liandra era uma pessoa legal, mas cobrava e exigia eficiência das pessoas que trabalhavam com ela e contando com hoje esse era seu terceiro atraso no mês.

  — O que quer dizer com isso? — Perguntou ansiosa.

A mulher mais velha pegou uma pasta que estava na escrivaninha e tirou uma folha.

  — Veja. — Ela entregou a folha para Rangiku.

A ruiva pegou a folha com as mãos tremulas. Nela estavam vários nomes escritos o seu era um deles. No topo da pagina estava escrito “convocados”.

  — O que isso significa? — Ela perguntou a Liandra.

  — Imagine... — A mulher fez mistério.

  — Não tenho a mínima ideia Liandra. — Ela começou a suar frio.

  — Hupf... Você foi promovida! — Liandra abriu um sorriso. — Essa folha vem com os nomes de agentes que estão aptos a começarem a trabalhar para o governo.

  — Mas eu achei que só poderia entrar ano que vem. — Ela pôs uma mão na boca de surpresa.

  — Sim, mas com as boas criticas de Daniel e meu apoio o processo foi acelerado. — Ela sentou se novamente. — Você poderá atuar na cúpula e nós projetos que lá tem. Poderá ir para algum hospital, empresa, prefeitura... Tem o direito de escolher.

  — Nossa! — Ela pôs a folha na mesa e correu até atrás da mesa. — Obrigada Liandra!! — Ela lhe deu um abraço.

  — O que é isso querida quem merece agradecimentos é o Daniel... Ou talvez não. Você é que merecia isso. Tirando as faltas e os atrasos você é bem empenhada e dedicada. Da pra ver que você gosta do que faz. E é disso que precisamos, pessoas que realmente lutem pela dignidade alheia com o fervor que você tem. — Liandra falou orgulhosa.

  — Obrigada... — Rangiku olhou a carinhosa.

  — Oh!! Não perca mais tempo... Você deve ir com Mary e Ayla promover um pequeno evento numa escola do interior.

  — Mas quando eu devo ir à cúpula?

  — Você tem até amanhã para se apresentar... Vá hoje ou peça liberação pra ir amanhã. Se você perder essa convocação só terá uma nova chance ano que vem. — Liandra a advertiu.

  — Eu não irei perder por nada neste mundo!! — Ela disse empolgada.

  — Agora vai, vai!! — Liandra a espantou com as mãos.

  — Até mais...

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  — Vamos crianças está na hora da soneca!!

  — Já contou o numero de crianças?

  — Sim, são 28.

  — 28? Mas hoje temos 29... Você contou todas as crianças?

  — Eu contei três vezes na hora do almoço e em todas deu 28... Tem certeza que tem mais uma?

  — Sim tenho... Meninas vejam os nomes das crianças nas identificações e relacionem com a lista! Vejam se está faltando alguma criança.

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  — 1 e 36 da tarde e eu continuo sem nada para fazer Izuru-chan. — Gin falou pelo celular esparramado na cama.

  — Eu imagino capitão... Você já me ligou 32 vezes por conta desse tédio... O único problema é que aqui são 1 da manhã. — Izuru falou bocejando.

  — Eu sei... — Gin sorriu. — Desculpe por incomodar novamente Izuru só queria conversar com alguém. Ligo depois. Bye, bye.

Ele desligou o celular e o jogou em cima do travesseiro. Iria esperar mais 20 minutos até Kira dormir novamente e ligar de novo.

Deu um suspiro e se levantou. Nos últimos dias o tempo parecia não passar, tudo para que sua mente continuasse repensando no tempo perdido.

Como seria se ele houvesse ficado... Como seria se ela tivesse dito ‘sim’... Será que estariam casados... Teriam filhos... Uma casa... Paz...

Ele foi ao banheiro lavar o rosto. Ao se olhar no espelho lembrou de Rangiku mais cedo...

  Estava linda.

Ele deu um sorriso.

  — Ai, ai... O que eu faço pra te ter de volta Ran-chan. — Ele esfregou o rosto com as mãos.

  Ela continua sendo minha, só não está se lembrando... É. Ela vai voltar pra mim, é só esperar que ela vem correndo pros meus braços.

Ele voltou a sorrir para seu reflexo.

Ele foi até sua escrivaninha e tirou seu maço de cigarros. Como de costume foi até sua sacada olhar a vista enquanto dragava. Olhou ao redor a paisagem bonita da cidade. Ficava ainda mais bonito de noite quando todas as luzes estavam acesas.

Ele apoiou os braços no muro da sacada e olhou para baixo. Alguns carros saiam e entravam do prédio, os vigias estavam parados conversando e algumas pessoas passavam saindo. Tudo parecia muito tranquilo.

  — Devia levar meu carro para lavar... — Ele pensou em voz alta olhando um esportivo que entrou coberto de lama.

Ele seguiu o carro com os olhos até que ele virou a esquina para o estacionamento que ficava atrás do prédio. Por pura curiosidade chegou o corpo mais para frente para continuar a acompanhar o carro. Teve de relance uma visão da piscina. Algo boiava dentro dela.

Ele voltou à posição inicial.

  — Achei que a piscina estava interditada... — Ele voltou a olhar. — É... Melhor ir pegar o carro.

Ele pegou as chaves e o celular.

  — Você pode dormir mais um pouquinho Izuru. — Ele disse para o aparelho.

Saiu do apartamento e andou tranquilamente até o elevador. Desceu do elevador e foi andando calmamente até o estacionamento. Passou pelo lado de fora do prédio para que pudesse ver as pessoas passando na rua.

Andou cerca de dez minutos até se aproximar da pequena creche do prédio. Uma mulher com uma blusa azul escrita Baby o parou no meio do caminho.

  — Senhor você não viu uma menina loira com uma etiquetinha na blusa? — Ela falou arfando.

  — Não. Não vi nenhuma criança por aqui... — Ele levantou uma sobrancelha ao notar que mais monitoras estavam espalhadas pelo local. — O que houve? Perderam uma das crianças? — Ele deu seu sorriso sarcástico.

A menina ficou vermelha.

  — Não senhor é só que... É, é... É só... Bem, obrigada passar bem.

A mulher seguiu fazendo o mesmo trajeto que ele fez só que ao contrario. Ele apenas deu de ombros e voltou a caminhar. Notou que nos arredores da creche havia um pequeno grupo de garotas chamando um nome. Aproximou-se só para ver o que acontecia...

Kisa...

Ele olhou para as meninas que pareciam realmente muito nervosas.

  — Onde essa garota se meteu? — Uma delas falou pondo a mão na testa. — Já reviramos tudo.

  — Tem certeza que ela deu entrada aqui hoje? — Outra falou.

  — A diretora falou... Meu Deus... Kisa!! — Ela gritou.

Por algum motivo Gin sentiu algo ruim dentro de si.

Olhou em volta e andou até o parque que ficava ao lado da creche. Por fora da grade viu uma monitora circulando a área. Deu a volta por trás da sala e notou como a entrada era fácil naquele ambiente. Não havia nenhum tipo de monitoramento na parte de fora e a única coisa que dividia o parque da sala era a fina grade de ferro. Continuou andando e se deparou com outra grade, a da piscina.

Lembrou com horror do objeto estranho que avistou de longe boiando na piscina.

  — Kisa! — Não pensou duas vezes e correu em direção à grade.

Com um pulo forte escalou a grade que não passava dos dois metros e correu em direção à piscina.

A primeira piscina que apareceu em sua frente foi a infantil onde as monitoras levavam as crianças por um portão que ligava a sala e a área aquática. Correu com mais velocidade ao constatar que foi na piscina grande que viu o objeto boiando.

Assim que viu de longe percebeu que não era só um obejeto que boiava, era um pequeno corpo. Estava boiando de cabeça para baixo, mas a cabeleira irreconhecivelmente loira só poderia ser de uma criança.

Pulou na piscina sem nem pensar direito e nadou em direção ao corpinho. Em segundos já estava com ela em seus braços. Puxou ela até a beira da piscina e estendeu seu corpo no chão de piso liso.

  — Aqui!! A menina caiu na piscina!! — Ele começou a gritar enquanto tentava fazer massagens cardíacas na menina. — Ela está aqui!!

Uma mulher apareceu do outro lado da grade e soltou um alto grito.

Gin começou a fazer respiração boca a boca com a menina, mas Kisa não respondia.

  — Vamos pirralha vamos. — Ele voltou a fazer a massagem. — Droga, chamem uma ambulância!!

A menina que havia aparecido na primeira vez voltou com mais três desesperadas.

  — Vou ligar para os bombeiros. — Uma gritou voltando para a sala.

  — Ela está respirando? — A outra disse se aproximando.

  — Não. — Ele voltou a fazer a respiração boca a boca.

  — Meu Deus. — A mulher pôs a mão na cabeça e começou a chorar. — Chamem o guarda vidas do prédio. — Ela berrou histérica.

  — Ele não está diretora. — Outra menina falou arfando. — Por favor moço não deixa ela morrer. — Ela também começou a chorar.

Gin continuou as tentativas mas Kisa simplesmente não respondia.

  — Droga! Há quanto tempo ela estava desaparecida? — Ele perguntou a mulher na sua frente.

  — Cerca de meia hora. — A mulher falou entre soluços. — Cadê a ambulância?

  — Isso é tempo demais. — Ele falou tentando novamente a respiração.

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Rangiku estava na escola Monte Tenari no interior de Karakura. Estavam em mais um dos vários projetos sociais que Wakasa fazia. Dessa vez realizavam uma pequena palestra sobre planejamento familiar e alguns testes vocacionais com os estudantes de ensino médio.

Mary estava em uma turma palestrando e ela estava com Ayla conversando com alguns alunos.

  — Ayla você me dá licença. Acho que estão me ligando.? — Ela perguntou para a mulher negra que estava sendo a coordenadora do trio.

  — Sim mais que seja rápido Matsumoto.

Ela saiu da sala onde estava e não identificou o numero que ligava.

  — Alô?

  — Poderia falar com Matsumoto?

(Ela não reconheceu a voz, mas a mulher parecia aflita)

  — É ela.

  — Eu sou Sarah monitora da área Baby do seu prédio, sua filha sofreu um acidente.

(Ela sentiu seu coração parar)

   — O que aconteceu com a Kisa!?

  (Sua fala saiu como um sussurro e o chão fugiu de seus pés)

 — Ela caiu na piscina...

   — Como ela está agora?

   — Ela foi levada para o hospital em estado grave senhora.

   — Grave... E-em que hospital ela está?

  — No do centro.

Ela desligou o celular.

  — O que houve Matsumoto? — Ayla perguntou aparecendo na porta da sala preocupada.

  — Minha filha... Caiu na piscina... — Ela disse tentando organizar seus oensamentos. — Está no hospital...

   — Meu Deus e como foi isso?

    — Eu não sei Ayla, eu não sei... Preciso ir agora para o hospital do centro. — Sua voz começou a embargar. — Ela está em estado grave.

  — Eu entendo Matsumoto. Vou te levar de carro até lá.

  — Por favor, vamos rápido. — As lagrimas começaram a descer de seus olhos.

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Depois de uma hora e meia de estrada e muitos engarrafamentos Rangiku chegou com Ayla no hospital. Ayla até queria a acompanhar, mas as duas saíram deixando Mary sozinha na escola... Ela precisaria voltar para dar algumas satisfações e buscar a moça.

Rangiku desceu sozinha do carro e foi correndo a recepção do hospital.

  — Por favor, sou mar de uma menina que deu entrada a pouco tempo... Ela se chama Kisa Kikuchi. — Ela disse sem fôlego.

  — Aguarde um momento para que eu faça a busca dos quartos. — A mulher no balcão falou mexendo no computador.

  — Ela tem 4 anos e pelo que sei ela foi vitima de afogamento, não devem ter tantas assim... — Rangiku falou ansiosa.

  — Não tem tantas, só 64 desde manhã... — A mulher disse com um sorriso irônico. — Achei! Kisa Kikuchi, 6 anos, afogamento... Ela já está com um acompanhante maior de idade não pode ter mais de um.

  — O que!? Eu sou a mãe dela tenho o direito de ver minha filha! — Ela gritou atraindo a atenção de todos na sala.

  — A senhora pode aguardar informações na sala de espera. — A mulher falou meio assustada.

  — Eu não vou para sala de espera nenhuma, eu quero ver minha filha!! — Rangiku bateu as mãos no balcão.

  — Por favor, se acalme!

  — Eu não vou me acalmar!! Eu quero saber da minha filha.

  — O que está acontecendo aqui? — Uma senhora apareceu atrás da recepcionista.

  — Essa... Senhorita quer acompanhar uma criança que já está com acompanhante. — A mulher respondeu áspera.

  — A criança é minha filha e eu não tenho a mínima ideia de quem está com ela nesse momento e muito menos como ela está! — Rangiku falou alto.

  — Tudo bem, tudo bem... Não necessita de exaltar os ânimos, apenas de a entrada a essa moça. — A idosa falou calmamente se sentando em uma outra cadeira que havia ali.

  — Mas a criança já está acompanhada.

  — Não importa! Apenas diga a sala onde a menina está... — Ela ajeitou sua blusa.

  — Hupf! Está na cirurgia. — A mulher falou seca.

  — Cirurgia? — O coração de Rangiku acelerou.

  — Oh! Ela foi vitima de afogamento senhorita... Estão fazendo o possível para a ajuda-la. — A senhora falou solene.

  — E em que lugar ela está? — Rangiku começou a soluçar.

  — Bem, a cirurgia está acontecendo no quinto andar e você pode espera-la na sala de esperas de lá.

  — O-obrigado. — Rangiku saiu enxugando o rosto.

  — Boa sorte para vocês. — A senhora falou.

  — Se o supervisor perguntar eu digo que a culpa foi da senhora... — A mulher disse revirando os olhos.

  — Fique quieta!!

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Rangiku subiu angustiada no elevador e sentia como se todas suas forças houvessem saído do corpo. Era uma boa hora para chamar os amigos... Mas primeiro tinha que descobrir o estado de Kisa.

Desceu do elevador e foi até a recepção do andar.

  — A criança Kisa Kikuchi deu entrada na ambulância no horário de 1:52 da tarde de hoje em estado de hipotermia leve e parada cardiorrespiratória por conta de um afogamento. — A recepcionista narrou os fatos olhando dentro de seus olhos. — No percurso da ambulância a criança sofreu uma parada cardíaca, onde o uso do desfribilador foi necessário, mas uma nova parada cardíaca ocorreu na entrada do hospital às 2:03. Novamente a menina foi ressuscitada, mas voltou com uma arritmia e agora está passando por processo cirúrgico para amenizar os traumas.

Rangiku pôs uma mão no coração.

  — A cirurgia é um tanto quanto simples, mas se a menina tiver mais uma parada cardíaca as chances dela sobreviver serão muito pequenas. — Fria, como todo médico.

Rangiku fechou os olhos por alguns segundos e apoiou a cabeça no balcão.

  — É Matsumoto não? — Ela perguntou depois de um tempo.

Rangiku fez que sim com a cabeça.

 — O acidente da criança está sendo investigado como negligencia por parte dos responsáveis do prédio. Alguns policiais estavam falando com o moço que trouxe sua filha, acho que seu depoimento também será necessário.

  — Quem é esse homem? — Ela levantou a cabeça. — Ele que entrou como acompanhante da Kisa?

  — Sim... Parece que foi ele quem a encontrou e fez os primeiros socorros. Deve agradecer a ele... Se chama Ichimaru Gin.

  — O que!? — Ela arregalou os olhos.

  — Por que a surpresa? Ele disse que era amigo de vocês... — A mulher falou um tanto surpresa com sua reação.

  — Onde ele está? — Ela falou nervosa.

  — Acho que ainda está depondo ali na sala de...

Rangiku não esperou a mulher terminar e partiu para a sala pisando firme no chão.

Ao virar o corredor viu Gin em pé na frente de dois policiais.

  — Foi você! — Ela gritou ainda se aproximando e atraindo a atenção de todos do recinto. — O que você fez com a minha filha!? — Ela gritou pulando em cima de Gin. — O que você fez!?


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Notas finais do capítulo

Há, há, há!! Quem tá surpreso, angustiado e com raiva de mim Bate aqui o/
A coisa tá ficando otima nessa historia, não?
Vejo vocês semana que vem!!
Tchau, tchau!!



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