- Você esta prestando atenção Inoue-san?

                - Ahn?! Ah... Claro que sim Ishida-kun!

                - Então, qual você acha que é a resposta para este problema?

                - Hmm não chegamos a conclusão de que era 1276? – Disse a garota, finalmente tirando os olhos da nuca de um certo ruivo, algumas mesas a frente.

                - Sim, chegamos. A três questões atrás. – Respondeu Ishida sarcástico. – Qual o problema Inoue-san? É claro que você não esta conseguindo prestar atenção. Quer parar por hoje?

                - Ah.. me desculpe Ishida-kun, prometo me concentrar agora. Eu só... eu não sei... -

Mas o Quincy sabia o que era. O que distraia a bela garota ao seu lado. O nome da distração era Kurosaki Ichigo. Havia se passado 10 meses após a luta no Hueco Munco e todos estavam vivendo vidas perfeitamente normais agora. Mais precisamente, naquele momento, toda a classe estava, em duplas, fazendo um trabalho bem complicado para entregar no final da semana. A maioria tinha ficado depois da aula para tentar adiantar alguma coisa.

As duplas foram formadas por sorteio, e para infelicidade de Inoue, não foi Ichigo quem caiu com ela. Não que a companhia de Uryuu não fosse agradável. De fato, gostava muito do amigo. Mas era aquele sentimento pelo shinigami que não lhe deixava. Se bem que, nem ela sabia porque o nutria, afinal, ela jamais seria correspondida. Soltou um muxoxo bem audível que chamou a atenção do garoto ao seu lado.

                - Inoue-san... Posso fazer uma pergunta pessoal? – Perguntou Ishida de repente. A garota observou o Quincy com curiosidade.

                - Claro!

                - Porque você gosta do Kurosaki-san?

Inoue ficou totalmente estarrecida. Não esperava por isso. Desviou o olhar triste e corada. Não sabia o que responder. Ishida ficou irritado.

                - Aquele idiota não consegue nem ver que grande besteira ele esta fazendo, ignorando seus sentimentos. Uma garota como você é única! Se eu fosse ele eu... – Mas parou de falar, pois Orihime virou o rosto para fita-lo surpresa. Só então Uryuu se deu conta do que estava falando. Parou muito corado. Depois de alguns segundos em silêncio disse:

                - Acho que já chega por hoje. Vamos continuar amanha ok?

                - S...sim. – Foi o que Inoue conseguiu dizer.

Ambos guardaram o material sem trocar palavra, levemente constrangidos. O Quincy se culpando por ter deixado a raiva lhe afetar e falará demais. E a garota muito confusa sobre o que ele tinha dito.

                - Vou levar você em casa, já ficou tarde. – Anunciou Ishida, observando Inoue terminar de guardar os cadernos. Repentinamente a garota ficou nervosa e os deixou cair. Imediatamente os dois se colocaram a juntá-los.

                - N..não precisa Ishida-kun, está tudo bem. Você deve ter coisas mais importantes para fazer eu não quero atrapalhar eu...

                - Levar você pra casa é importante Inoue-san. Porque você se menospreza tanto? – disse a fitando profundamente. Os dois se encararam por alguns segundos. Dessa vez Ishida estava serio e a garota muito corada. Com os pertences de Inoue bem seguros em seu braço, estendeu a outra mão para ela.

                - Vem, eu te ajudo. – Disse gentilmente, apreciando a reação da colega. Primeiro ficou ainda mais corada, depois sorriu timidamente e aceitou. E por alguns minutos pareciam um casal. Ishida carregava o material de Inoue enquanto a puxava pela mão para fora dali.

Naquele instante, Orihime nem percebeu que Ichigo acompanhou os dois com o olhar, pois estava totalmente absorta no toque da mão do Quincy. E quando chegaram a saída, e ele a soltou, a garota pareceu acordar de um transe.

                - Realmente já tínhamos passado do tempo, o sol já esta se pondo. – Comentou Ishida, fingindo não ver a reação da colega. – Vamos então?

Orihime concordou com um aceno de cabeça e um sorriso tímido. Era um fim de tarde de sábado e estava começando a esfriar. Caminharam conversando trivialidades pelas ruas de Karakura. As luzes das casas e dos postes começarem a se acender gradualmente. Até que Ishida para sem avisar.

                - O que foi Ishida-kun? Algum problema? – Perguntou a garota aproximando-se.

                - Nada é que... Eu estava me perguntando...

                - O que?

                - Logo ali tem uma cafeteria que eu realmente aprecio. Você não quer tomar um café comigo antes de ir para casa? – Perguntou sorrindo. A garota corou novamente. Pensar nela e em Ishida tomando café juntos e sozinhos fazia parecer com um encontro.

                - S..sim! – Respondeu igualmente sorridente. E mal terminara de responder, o garoto já a pegara novamente pela mão e a lavava até o café.

Era um lugar realmente aconchegante. Apesar de pequeno, varias mesinhas redondas circundavam as paredes com um papel de parede vitoriano. A iluminação se dava por conta de suportes ovais de velas, cor de sangue. Que fazia tudo ter uma cor meio avermelhada. Os ocupantes daquele café eram, em sua quase totalidade, casais. Parecia um lugar realmente ideal para encontros. Inoue corou até as orelhas. Escolheram uma mesa perto da janela e sentaram-se. Logo a garçonete veio e Ishida pediu dois cafés especiais da casa para ambos.

                - Você parece incomodada Inoue-san, não gostou daqui? Quer ir embora?

                - Ah, não! Eu adorei este lugar!

                - Que bom que gostou, assim eu posso ficar mais tempo com você. – Comentou distraído. Porem, levou apenas um segundo para se dar conta. Ficou observando a reação da garota.  Primeiro ela ficou imóvel o encarando com o rosto vermelho, em seguida, desviou o olhar e colocou o cabelo atrás da orelha delicadamente.

                Ishida sorriu tranquilo. Era uma sensação boa afinal. Perdeu-se observando Inoue. Procurando na colega a fonte daquela felicidade sem sentido que estava sentindo. Concentrado nos movimentos da ruiva. Que fez um cachinho na ponta dos cabelos com o dedo. Ainda constrangida, mas quando virou os grandes e belos olhos cinza-azulados para o teto do estabelecimento sorriu totalmente a vontade. Pois reparou que o mesmo era adornado de uma bela pintura de estrelas douradas.

Uryuu apoiou o queixo na mão e ficou admirando a fascinada Inoue. Seus gestos doces e o modo como a luz das velas iluminava seu cabelo laranja estavam enchendo o Quincy de um sentimento inexplicável. Não queria nem tentar entender, era tao bom que so pensava em curtir o momento. “Ela esta tão bonita.” Era tudo o que sua mente nublada sabia com clareza.

A garçonete tirou os dois de seus respectivos transes.

                - Aqui, dois especiais da casa, Ishida-kun. Com creme extra para nosso cliente especial – Completou piscando. A garota de generosos cachos castanhos.

                - Obrigado Haruka-san. – Responde o moreno educadadamente, mas um pouco frio. Apesar de ser claro o interesse da garçonete no rapaz. Inoue percebeu imediatamente.

                - É a primeira vez que você vem aqui acompanhado Ishida-kun! É sua namorada? – Perguntou maliciosamente fazendo um biquinho. Inoue corou até o ultimo fio dos cabelos. Mas se achou que estava constrangida não chegou nem perto do que estava por vir.

                - Sim. – Respondeu o Quincy calmamente. A claridade fazendo seus óculos brilharem se tornando impossível ver seus olhos.

                - Ahhhh... Era por isso que você nunca aceitava sair comigo! – Disse a garçonete abraçando a bandeja.

                - Me desculpe Haruka-san, mas era por isso mesmo. Pode nos dar licença agora?

Com um muxoxo muito audível a garota jogou os bem definidos cachos para trás, empinou o nariz e saiu com passos firmes mexendo os quadris o máximo que podia.

                Uryuu riu discretamente da cena e voltou-se para Inoue. Que estava paralisada.

                - Me desculpe por isso Inoue-san. Mas acredito que agora Haruka não vai mais me... Intimar sempre que venho até aqui. – Tentou explicar. Mas a verdade mesmo era que também gostaria de ver a reação da colega.

                - Ha há ah então era isso. – Disse totalmente sem jeito. Tentando achar qualquer coisa para dedicar sua atenção, Inoue resolveu experimentar o café. Parecia realmente apetitoso. E quando o provou soltou um gritinho de prazer. – ISSO É MUITO BOM!

                - Hahaha é não é? Entende porque gosto de vir aqui?

                - Siiiim! Entendo perfeitamente Ishida-kun! Entendo também porque foi preciso despistar a Garçonete-san! Você não pode parar de tomar este café maravilhoso! Se bem que eu colocaria algumas raspas de casca de melancia para dar um sabor especial mas... Esta muito bom! – Disse sorrindo com a boca suja de creme.

Ishida sorriu gentilmente e pegou o guardanapo da mesa.

                - Com licença Inoue-san... – Disse e chegou bem perto. Orihime sentiu sua garganta secar e seu corpo não lhe obedecia. Apenas viu o Quincy se aproximar perigosamente de seu rosto. Pode ver seus olhos azuis refletindo a luz da vela da mesa. Nunca tinha chegado tão perto do colega. Sentiu seu cheiro amadeirado e seu coração parecia que ia sair pela boca.

                - Você esta toda suja de creme. – Disse Ishida enquanto limpava seus lábios delicadamente. O moreno estava agindo tranquilamente com todos os seus atos ate agora, pois depois que tomara esta decisão ficou claro como deveria agir. Mas não contava que a proximidade fosse tira-lo de sua linha de raciocínio. Sentiu seu rosto corar também. Se afastou de Inoue antes que ela pudesse ouvir os seus batimentos.

                Pagaram a conta para uma Haruka muito chateada e deixaram o café em silencio. Ainda constrangidos pela proximidade repentina. Já era noite e Ishida a acompanhou até em casa.

                - Obrigada Ishida-kun. Foi o melhor café que eu já tomei. – Disse a garota se despedindo.

                - Eu não sei o que eles colocaram nele hoje Inoue-san... Mas nunca esteve tão bom. Deve ser porque você estava lá. – Disse o moreno mergulhando seus olhos azuis tão profundamente na garota que ela sentiu-se perdida neles. – Boa noite, até amanha.

 Despediu-se deixando uma Orihime totalmente confusa para trás.

Com um sorriso tranquilo no rosto, resultado de uma sensação agradavel na boca do estomago, para sua surpresa encontrou Ichigo encostado em um muro logo dobrando a esquina.

- Mas o  que...? - Começou Uryuu pela surpresa. Mas pela olhar serio do shinigami parou.

- O que diabos você esta fazendo? - Perguntou o ruivo, visivelmente irritado.