Good Night, Elena escrita por Anna


Capítulo 1
Always and forever, Elena




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— Stefan foi caçar. — eu disse, e franzi o cenho. Andei pela mansão, ciente que Damon ouvira minha resposta. Caminhei até o quarto do irmão mais novo e observei tudo o que havia ali. Torci para não encontrar nenhuma bolsa de sangue jogada pelo chão, então me senti ingênua — Stefan prometera que nunca mais encostaria um pingo de sangue humano em seus lábios.

Sentei-me em sua cama e passei os dedos longos e finos pela colcha. Imaginei nossa primeira noite juntos. Enquanto pensava, meus pensamentos vagaram até a noite em que eu quase perdera Damon. Quando Tyler o mordera. Eu o beijara, naquele momento. Não fora exatamente certo. Mas eu o perderia, e precisava que ele soubesse o que sentia por ele antes de morrer.

— Como fui idiota. — sussurrei para mim mesma, então soltei um longo suspiro. Só ajudara a confundir ainda mais meus sentimentos. Eu sentia algo por Damon, isso era verdade. Mas havia Stefan. E eu estaria dividida entre os dois pelo resto de minha vida. Ou pela eternidade, caso algum dia decidisse tornar-me um monstro sem vida e sem escolhas, condenada a vagar pelo mundo, sozinha e diabólica, em busca de sangue.

Afastei esses pensamentos deprimentes e deitei-me na cama. Coloquei as mãos sobre a barriga e fitei o teto. Imaginei como seria minha vida se eu não fosse a cópia de Katherine, e tudo isso de lobisomens, vampiros, não existisse realmente. Eu nunca teria uma vida normal, isso era óbvio. Stefan deixara bem claro que se eu escolhesse ficar só — sem ele ou seu irmão —, continuaria por perto, mantendo minha segurança.

— Elena? — ouvi uma voz conhecida. Abri os olhos e observei Damon encostado na porta. — Eleninha, acorde. Está dormindo?

— Estava. — eu disse, dura. Sentei-me e o fitei. — O que você quer?

— Estou entediado.

Pensei nisso por um instante.

— E...?

— Quero fazer alguma coisa.

— Então faça. — dei de ombros.

— Que tal... fugirmos? — ele disse, o olhar malicioso. O sorriso diabólico. — Enquanto Stefan está fora, sabe. Como daquela vez.

— Em que o namorado de Lexi quase o matou? — levantei a sobrancelha.

Damon fechou a cara.

— Nós vamos ou não vamos? — perguntou, irritado. — A menos, é claro, que você prefira que eu saia e mate alguém por aí.

— Eu não me importo com o que você faz, Damon. — eu disse, revirando os olhos. Claro que eu me importava, e muito. Mas, se quisesse que ele continuasse por perto, teria que anular todas as chances de ter algum relacionamento amoroso comigo.

— Eleninha, vamos lá. Pare de pensar. São apenas dois minutos. — repetiu.

Eu sorri, cedendo um pouquinho.

— Geórgia? — perguntei, mordendo o lábio inferior.

— Para onde quiser. — respondeu.

Dei uma última olhadela no quarto, levantei-me e o segui até o carro. Fiquei no carona e, alguns minutos depois, eu estava dormindo. Estava cansada demais até para respirar. Não sonhei. Acho que a exaustão não permitiu que os sonhos invadissem minha mente.

— Elena? — a voz de Damon me chamava. Resmunguei alguma coisa sobre “macacos raivosos” e abri os olhos. Fixei minha atenção no belo lugar em que estávamos. Saí do carro, maravilhada, e contemplei o cenário. Era uma vasta área verde com grama, com algumas casas afastadas — todas elas brancas meio amareladas, com a pintura descascada, dois andares. Típicas moradias. —, um bar nomeado “Bloody’s Mary”, uma pequena estrada e várias árvores. No ar, identifiquei cheiro de terra molhada.

— Onde estamos? — perguntei, contente.

— Onde o carro nos levou. — disse, dando de ombros.

— Era disso que eu precisava. — me desligar dos problemas, era como queria completar a frase, mas tinha medo de magoá-lo. Já vira Damon chateado muitas vezes. Não era exatamente a sua personalidade mais adorável. Entrei no bar e com o Salvatore mais velho atrás de mim e, exceto por alguns homens tragando e as garçonetes, garotas mais ou menos da minha idade, o local estava vazio. — Quer jogar sinuca?

— Preciso ficar bêbado o suficiente para isso antes. — respondeu, e foi em direção ao bar, onde uma menina ruiva cheia de piercings flertava com Damon. — Dois copos de whisky.

— Dois? — indaguei, rindo, sentando-me ao seu lado enquanto a garota saía para buscar o pedido. — Está tentando me deixar bêbada, Damon? Da última vez que isso aconteceu, quase virei churrasquinho.

— Era fingimento. — afirmou, sorrindo. Pegou o copo de vidro e o bebeu. Virou-se para a garota novamente. — Então, doçura, você poderia me trazer outra dose? — ele me encarou. — Então, Elena, quando foi a última vez que ficou bêbada de verdade?

Pensei nisso por um instante.

— De verdade... — repeti, pensativa. — Num encontro com Matt, umas semanas antes de terminarmos. Estávamos no Mystic Grill, jogando sinuca. Ele tinha feito uma aposta com Tyler. Se conseguisse me deixar bêbada o suficiente para ficar de ressaca, Tyler deixaria Vicki em paz por um mês.

— Ei! — ele exclamou. Eu sorri e engoli em um só gole a bebida. — Aposto que consigo te deixar bêbada sem você perceber.

— Está me desafiando? — perguntei, rindo.

— Sim.

— Veremos. — brinquei.

Depois de bebermos mais algumas doses, fomos jogar sinuca. Não era exatamente boa e, como nunca havia visto Damon jogar, resolvi fazer minha segunda aposta no dia.

— Vamos apostar. — eu disse. — Se eu ganhar, você nunca mais vai zombar de Stefan por ele se alimentar de coelhos.

Ele franziu o cenho.

— E se eu ganhar? — perguntou.

Soltei uma alta gargalhada, e ele me encarou, sorridente.

— Escolha.

— Sua jaqueta.

Levantei a sobrancelha.

— Você quer a minha jaqueta?

Ele revirou os olhos.

— Quero que você a tire. Está calor aqui dentro, está com medo de chamar a atenção dos caras no canto do bar, os que estão fumando e têm algumas tatuagens de revólveres. — mandou-me uma piscadela. — Eu te protejo, Eleninha.

Engoli a seco.

— Tudo bem, então. — forcei um sorriso.

— Ei, eu vou te proteger. Sempre, Elena.

— Acredito em você. — falei. E realmente confiava. Só não gostava quando velhos asquerosos ficavam me olhando como se eu fosse algum tipo de prostituta.

Ficamos jogando por um longo tempo, bebendo, gargalhando, falando sobre coisas banais. Eu nunca me divertira tanto com Stefan, daquele jeito. Com Stefan, as coisas eram... seguras. Cada passo calculado, sem nenhuma falta de detalhe. Mas com Damon, eram diferentes. Sem nenhum tipo de compromisso. Sem planejamentos. A sensação de perigo. Talvez fosse aquilo que eu admirasse nele.

De qualquer forma, depois de uns trinta minutos, Damon me ganhou. Eu fiquei boquiaberta.

— Não pode ser! — resmunguei.

— Jaqueta, vamos lá. — ele riu.

Revirei os olhos e tirei a jaqueta. Vestia uma camisa roxa meio apertada, calça jeans skinny preta e meu inseparável par de botas de couro. Joguei o casaco em uma cadeira ali perto e respirei fundo. O dia continuou normal, e então o meu celular tocou. Era Stefan. Antes que eu pudesse atendê-lo, Damon o roubou de minha mão.

— Oi, maninho! — ele foi sarcástico. Já não tinha mais o sorriso contente no rosto.

Eu o olhava, suplicante.

— Não faça nenhuma besteira, Damon. Por mim. — eu implorei, murmurando.

— Ela está bem, Stefan. — pausa. — Você só precisa se preocupar menos, certo? Não vou devorar sua apetitosa namorada. Ah, calado, Stefan. — e desligou. Entregou-me o aparelho na maior naturalidade.

— Damon! — eu reclamei.

— O que foi? — arregalou os olhos em falsa surpresa.

— Me leve para casa. — ordenei.

Ele suspirou. Saímos do bar, a tensão no ar. Entrei no carro, emburrada. Fiquei em silêncio durante a volta o tempo todo. Estava tão perdida em pensamentos que só fui ver o caminho que ele tomara depois que chegamos.

— Por que estamos aqui? — perguntei, chateada, descendo do carro.

— Você disse “casa”. — respondeu, cínico.

Suspirei e andei até a varanda, subindo as escadas. Peguei a chave em meu bolso traseiro e abri a porta. Virei-me para Damon.

— Obrigada pelo dia de hoje. — fiz uma pausa. — Eu me diverti.

— Eu também. — ele aproximou nossos rostos, acariciando minhas bochechas com as mãos. Fechei os olhos.

— Você não pode me beijar, sabe disso. — falei, sem pensar.

Ele deu uma risada sem humor.

— Eu sei, Elena. Mas poderia, só, considerar a ideia? Por que todas escolhem Stefan? As duas mulheres que eu realmente amei, em todos os meus séculos de vida, sempre escolhem o Stefan. — disse, cansado.

Eu me aproximei mais ainda e o abracei.

— Damon, eu nunca vou ser a garota certa. — sussurrei em seu ouvido. — Você merece alguém melhor que eu. Uma humana simples. Sou a cópia de Katherine, apenas isso. Não me faça escolher, Damon. Eu estarei dividida entre vocês dois o resto da minha vida, por favor.

— Elena, eu te amo. — murmurou.

— Eu sei. — falei, e segurei o seu rosto para fitá-lo melhor. — Damon, eu sei. E talvez eu também sinta o mesmo, sabe disso. Mas preciso de um tempo para refletir, certo?

— Mas enquanto pensa, não seria justo.

Afastei-me, confusa.

— Como assim, “não seria justo”?

— Você sabe. — aproximou-se. — Só beijou, realmente, Stefan. Podemos manter essa batalha uma luta justa.

Eu sabia que ele iria me beijar. E a única coisa que senti foi uma pressão nos lábios. Beijar Damon era diferente. Não era apaixonado e delicado como Stefan. Elegante e sensual. Essa era a sensação. Da primeira vez, eu estivera preocupada demais em como aquilo era errado para saborear. Mas, agora, naquele exato momento, eu não queria me separar dele nunca mais.

            Então, nos separamos. Eu estava ofegante. Respirei fundo para que o ar chegasse aos meus pulmões e abaixei a cabeça, corada. Minha cabeça girava. Eu beijara Damon Salvatore. E o remorso não me consumia. Olhei o rosto com um sorriso estampado nos lábios à minha frente.

            Meus lábios tremeram, o coração parecia quase saltar do peito.

             — Boa noite, Elena. — disse, e desapareceu na escuridão da noite.

            — Boa noite, Damon. — eu falei, baixinho.


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Notas finais do capítulo

Bem, não ficou exatamente como eu queria. Mas está aí. Essa one é dedicada à uma amiga. Ela fez aniversário. Eu me atrasei. Mas fiz o melhor que pude. Whatever. Espero que gostem. Deixem reviews.



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