Cronicas De Nárnia - A Princesa Perdida escrita por Nannah Andrade


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oia eu de novo!!!!

Que venha 18 anos... que venha Nárnia... u.u

Boa Leitura



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POV – Dreah Hunter

Eu estava na mesma praia de sempre, o vento batia no meu cabelo fazendo-o voar atrás de mim. Assim como meu cabelo, as mangas do meu vestido também voavam, olhei para a minha roupa achando engraçado eu vestir algo assim, mas ao mesmo tempo sentindo dentro de mim tudo se encaixar, como se finalmente eu tivesse encontrado meu lugar no mundo.

Fechei os olhos para aproveitar melhor o momento e senti uma aproximação. Eu não precisava abrir os olhos pra saber quem era, meu coração sentia, assim mesmo abri os olhos e o vi majestoso parado há poucos metros de distancia de mim. O mesmo leão de todos os meus sonhos.

Ele se aproximou devagar, como se tivesse medo de me assustar, engraçado é que eu realmente devia estar assustada, mas não, eu sentia mais familiaridade com esse leão que com minha família adotiva, o que confirmava mais uma vez que aqui era meu lugar.

- É a hora, Dreah... hora de voltar pra casa, Narnia espera você. – olhei além do leão e o vi parado, o garoto lindo. Ele sorria, como sempre.

Minha vontade era de correr até chegar nele, e foi exatamente o que eu fiz, eu corri, mas antes de alcançá-lo eu fui derrubada por uma onda gigantesca que veio do mar.

Acordei assustada mais uma vez, só que dessa vez não pelo sonho, e sim pelo banho de água fria que acabava de receber.

- Feliz aniversário, enjeitada. – Marcie falou rindo.

- Dessa vez eu acabo com você, piranha siliconada – gritei enquanto levantava da cama e corria atrás dela.

- Mãe! Socorro! Dreah ta louca! – ela gritava fugindo de mim.

- É bom gritar mesmo sua vaca, quando eu pegar você não vai sobrar muitos dentes nessa sua boca grande! – corri mais atrás dela e consegui alcançá-la antes que ela chegasse no escritório de Harry. Eu podia até ser pega, mas que antes eu daria uns bons tapas nessa vaca, ah isso eu faria. Puxei Marcie pelo cabelo e a arrastei para a sala de TV.

- Você agora vai provar do seu veneno. – Falei enquanto tirava algumas flores de um vaso e jogava a água dele na cara dela.

- Ah... sua louca! Você estragou minha blusa nova! Nem trabalhando uma vida inteira como garçonete na Starbucks você consegue comprar uma dessa!

- O que é que está acontecendo aqui? – Harry gritou entrando na sala com Sasha em seu encalço e Derek mais atrás.

- Essa louca jogou a água do vaso de flores em mim! – Marcie falou toda ofendida.

- Eu revidei. – me defendi – é diferente.

- Revidou o que Dreah? – Harry perguntou.

- Ela me acordou com um banho de água fria. – expliquei.

- Eu estava brincando sua tola. – Marcie choramingou.

- Bom eu também estava brincando – falei.

- Ah sim... era brincadeira também a parte que você me chamou de vaca e ameaçou me bater até não sobrar um dente meu?

- Tá louca Marcie? – agora fui eu que assumi um tom inocente – eu sou incapaz de matar uma formiga, acha que eu bateria em você?

Ela me olhou incrédula, como se eu não fosse capaz de fazer o que eu tinha feito, ou seja, dissimular, como ela. Acontece que eu aprendi muito com ela e Derek na ultima semana, o que eles aprontaram pra mim, inventando que eu tinha saído da escola com alguém e que meus motivos pra chegar tarde em casa eram suspeitos, me deixaram na defensiva, agora eu jogaria com as mesmas armas dos dois.

- Marcie, você começou a brincadeira, então agora aceite as conseqüências – Harry falou a fazendo sair da sala com o rabinho entre as pernas. – A propósito – ele olhou pra mim e sorriu – feliz aniversário querida.

- Obrigada – falei – Desculpe pela bagunça.

- Tudo bem. Dezoito anos convivendo com três crianças na mesma idade nos fizeram ficar acostumados com bagunça. – nós rimos – agora vai se trocar pra ir pra escola.

Droga eu teria que ir de carona com os dois, o que significava que Marcie iria encontrar um jeito de se vingar. Subi pro meu quarto em busca de uma roupa legal pra ir à escola, e uma boa desculpa pra não ir com meus irmãos.

Meu celular tocou, era Binha.

- Bom dia florzinha!!!! – ela cantarolou – Feliz Aniversário!

- Bom dia Binha... – murmurei – o dia seria mais feliz se eu não tivesse que pegar carona com a dupla Hunter.

- Bom, eu acho que posso melhorar isso... Pedro e Suzana estão indo ai buscar você, os dois estão indo juntos justamente pra ninguém pensar besteiras.

- Eu só espero que Sasha e Harry aceitem – falei suspirando – Eu vou me arrumar.

- Ok, te encontro na escola. E por favor, coloque um sorriso nesse rosto, hoje é seu dia, não deixe os diabos dos seus irmãos estragarem isso.

- Vou fazer o possível.

- Eu te amo, irmãzinha.

- Também te amo, Binha.

O dia estava meio frio, então escolhi uma calça jeans e um suéter que Sasha me deu e eu usei uma única vez – por ser Marcie demais – e uma bockle boot de cano curto e salto alto. Peguei minha bolsa e meus óculos e desci pra tomar café.

- Uau, você está linda filha. – Sasha falou assim que entrei na sala de jantar – Você devia se arrumar assim todos os dias.

- Obrigada mãe. – falei, a palavra mãe, ainda soava estranho em relação à Sasha e eu.

Desde o dia que Marcie e Derek me deixaram vir à pé da escola e armaram toda aquela confusão, e Sasha e Harry acreditaram neles dois eu me sentia estranha nessa casa, e tentar fazer parte da família só tornava as coisas piores.

- Então, já que você chegou para o café – Harry falou se levantando e pegando uma caixinha no aparador perto da porta de entrada – Feliz aniversário.

- Obrigada pai. – peguei a caixa e abri, tinha um par de brincos lindos dentro – São lindos. – falei, e quis completar, mas são mais Marcie que eu.

- Eram da sua avó, minha mãe. – ele sorriu – Ela deixou várias jóias pras netas dela, mas eu não vou entregar todas à você e à Marcie... quando eu sentir que vocês merecem, vocês ganham uma das jóias de presente.

- Então a Dreah não merecia ganhar essa hoje – Marcie falou num tom de brincadeira – Afinal ela aprontou bastante semana passada...

- Marcie, não seja cruel. – Derek entrou na brincadeira – É aniversário da nossa irmãzinha, ela merece um presente tão lindo quanto ela.

- Own, que lindo filho. – Sasha falou sorrindo feito besta pra Derek – Eu sabia que um dia as implicâncias entre vocês acabariam. Vamos Dreah, coloque os brincos, eles vão combinar perfeitamente com sua roupa.

Eu podia sentir os olhos de Marcie queimando minha pele enquanto eu colocava os brincos, eu quase podia ouvir os pensamentos dela me amaldiçoando por eu estar usando uma jóia que por direito era dela.

- E quanto ao que você falou, Marcie. – Sasha continuou – Realmente Dreah errou semana passada, mas eu tenho certeza que ela já aprendeu... e infelizmente a punição dela já aconteceu.

Olhei pra Sasha sem entender.

- Nós estávamos planejando te dar um carro – Foi Harry quem respondeu – Mas com o acontecido decidimos que você ainda não tem responsabilidade pra isso.

Senti um bolo se formar na minha garganta, eu estava sendo punida por algo que nem mesmo tinha feito, e o pior era ver o sorriso de vitória no rosto de Marcie e Derek.

- Tudo bem – falei engolindo a vontade de chorar – Vocês são meus pais e sabem o que é o melhor pra mim.

- Que bom que pensa assim – Sasha falou – Mas você ainda não se desculpou por ter mentido para seus pais e por ter tentado nos colocar contra seus irmãos.

- Eu entendo que vocês queiram acreditar nos filhos legítimos – falei segurando para não levantar antes de falar tudo o que queria – mas eu não vou pedir desculpas por algo que não fiz. Eu sei qual é a verdade da história, posso não ter como provar, por isso tenho que aceitar a minha punição, mas a minha verdade ninguém tira de mim. Eu não fiz nada errado aquele dia. Eu fui deixada pra trás na escola por meus irmãos e tive que andar quilômetros e ainda fui julgada e condenada por isso.

- Se você vai insistir nessa história eu vou ser obrigado a concordar com Marcie – Harry falou – Você ainda não é merecedora de nenhum presente.

Marcie sorriu e aquilo pra mim foi a gota d’agua. Tirei os brincos e os coloquei na mesa ao lado da mão de Harry.

- Eu não preciso disso, seria presente muito maior se vocês acreditassem em mim pelo menos uma vez na vida. – me levantei antes mesmo de terminar o café.

- Aonde você vai? – Sasha perguntou.

- Pra escola. – falei sem olhar pra qualquer um deles.

- Nós ainda não terminamos o café. – Marcie respondeu.

- Eu não vou com vocês.

- E vai com quem? – Harry se virou na cadeira para ficar de frente pra mim.

- Com Pedro e Suzana. – falei – Ou talvez com a pessoa que supostamente me trouxe pra casa semana passada... pergunte aos seus filhinhos, eles são sempre os donos das respostas verdadeiras. – não esperei ninguém falar mais nada e sai, rezando para que Pedro não estivesse longe de chegar.

Não arrisquei de esperar na porta de casa andei alguns quarteirões e parei onde sabia que Pedro me veria. Não demorou muito tempo e eu vi o Volvo preto dele se aproximar.

- Você está linda! – Suzana falou assim que entrei no carro.

- Mas esse rostinho triste não combina com essa beleza. – Pedro completou – Marcie e Derek aprontaram de novo?

- Como sempre – murmurei – mas podemos falar disso depois?

- Claro que sim. – ele ligou o carro e dirigiu para a escola.

Fiquei em silencio o caminho todo, eu sabia que se abrisse a boca pra falar qualquer coisa, as lágrimas iam vencer e eu não queria chorar, apesar de saber que isso aconteceria, cedo ou tarde.

Pedro parou numa vaga onde ele sabia que ficaria distante do Hunter, mas eu não tive coragem de sair do carro.

- Pedro, você pode buscar a Binha pra mim? – pedi ele assentiu e saiu me deixando com Suzana – Você já sentiu que não pertencia a um lugar, Suzana? – perguntei.

- Sim.

- E o que você fez pra essa sensação passar?

- Encontrei o meu lugar... e ai eu me senti feliz e completa. – ela sorriu e se sentou ao meu lado – Você vai encontrar o seu lugar Dreah, cedo ou tarde isso vai acontecer.

- Amada? – Binha abriu a porta e se sentou do meu outro lado, eu a abracei e deixei as lágrimas me vencerem – O que aconteceu, honey? Você não pode chorar hoje... é seu dia, você não pode chorar no seu dia.

- Eu odeio eles, Binha. Eles são cruéis... – falei entre soluços.

- Aquela vaca aprontou de novo? – Binha perguntou com raiva – Juro que vou dar na cara dela hoje. O que ela fez, Dreah? Conta pra mim.

- O de sempre... – falei limpando o rosto – As indiretas, as insinuações... eu to cansada daquela casa, quero ir embora de lá logo.

- Então você vem pra casa com a gente hoje. – Pedro falou, eu nem tinha percebido que ele também estava no carro – Depois da aula, você vai pra nossa casa.

- Eu não quero causar problemas pra vocês... se seus pais descobrirem, eles não vão gostar... – falei.

- Nossos pais já morreram – Pedro falou um a voz um pouco triste – E nosso tio que é responsável por nós está na Inglaterra e mesmo que ele souber ele não vai se importar.

- Amada, vai com eles hoje... pra que adiar mais um dia? Aquela piranha vai acabar fazendo você ficar de castigo de novo e vai ser mais difícil você sair daquela casa.

- Ok. Eu vou com vocês – falei. o sinal soou e eu me preparei para sair do carro, mas Binha me impediu.

- Nem pensar você vai sair daqui assim. – ela abriu a bolsa e pegou a nécessaire – Vou dar um jeito em você, vamos disfarçar um pouco os olhos vermelhos.

Ela fez uma maquiagem básica que apagou um pouco as marcas que mostravam que eu tinha chorado.

- Por favor, não abaixe a cabeça pros Hunter, você é maior que eles e vai seguir de cabeça erguida pelo corredor, não importa o que eles digam. Hoje você é a princesa do dia, então aja como tal. – eu sorri para a minha amiga e me virei para agradecer Pedro e Suzana pelo apoio, por um segundo eu vi os dois se olharem de forma estranha.

POV – Pedro

“Hoje você é a princesa do dia, então aja como tal.” As palavras de Flávia rodavam minha cabeça. Desde a hora que ela as disse, na entrada da escola, eu não consegui tirar os olhos de Dreah. Será que tinha sido um sinal, ou era só a minha vontade de encontrar logo a princesa perdida e salvar Nárnia que estava me fazendo ouvir coisas?

- Pedro, presta atenção na aula. – Suzana me cutucou – Em casa conversamos sobre a Dreah, ela vai estar lá, então vai ser mais fácil saber se é ela ou não.

Tentei ao máximo prestar atenção na aula, mas não consegui. Por sorte o sinal para o almoço tocou. Suzana e eu caminhamos juntos até a sala de Flávia e de lá nós três seguimos para a sala de Dreah, mas ela não estava lá.

- Ela já deve ter ido pro refeitório – Suzana falou.

- Então vamos rápido antes que ela se encontre com Marcie – Flávia saiu nos puxando pela mão.

- Parece que chegamos tarde – Suzana falou, Marcie e Dreah estavam paradas no meio do refeitório, uma de frente pra outra. A expressão no rosto de Dreah era de total fúria, mas Marcie mantinha um sorriso irônico.

Nos aproximamos mais para ajudar Dreah, mas Derek e a gangue dele nos impediu.

- Sai da frente mauricinho. – falei ele se limitou a rir e continuou barrando minha passagem. Eu tive vontade de rir da cara de mau dele, bem que eu queria dizer pra ele que eu enfrentei uma feiticeira e lutei contra um rei... aquela carinha de pit boy não me colocava medo.

Eu não ouvi o que tinha sido dito, mas devia ser algo muito sério porque o tapa que Dreah deu na cara de Marcie soou alto pelo refeitório.

- A diretora vai saber disso, nossos pais também. – Marcie ameaçou – e eu espero que fique uma marca bem grande pra eu ver você se ferrar de vez, enjeitada.

- Então se é pra eu me ferrar que eu faça o serviço completo dessa vez. – Dreah falou antes de grudar Marcie pelo cabelo com uma mão e dar mais uns belos tapas na cara dela.

Derek se virou para ajudar a irmã, mas eu o segurei. Flávia empurrou mais umas duas amigas de Marcie que queriam ajudar. Eu empurrei Derek pra trás, ele caiu sobre algumas cadeiras.

- Flávia sai daqui, corre pra biblioteca e finge que você não sabia de nada que estava acontecendo. – ela me olhou sem entender o que eu dizia, eu a puxei pela cintura e dei um beijo longo nela – Não conta pra ninguém que Dreah está na nossa casa – falei no ouvido dela, ela concordou e saiu correndo do refeitório. – Temos que tirar Dreah daqui antes que a diretora chegue – falei com Suzana.

Nós corremos até onde Dreah estava atracada com Marcie. Eu a segurei pela cintura enquanto Suzana afastava Marcie.

- Temos que sair daqui agora Dreah – falei, ela pareceu acordar, pegou a bolsa e nós três saímos correndo direto pro meu carro.

- Cadê a Binha? – Dreah perguntou quando já estávamos na rua, eu dirigia o mais rápido possível.

- Mandei ela pra biblioteca, pra não sobrar pra ela. – falei.

- Mas ela viu a surra que eu dei na Marcie né? – Dreah falou me fazendo a encarar pelo retrovisor. Ela tinha as bochechas vermelhas e um sorriso satisfeito no rosto.

- Sim, ela viu. – falei rindo – E acredito que ela esteja muito orgulhosa de você.

- Deus eu queria ter feito isso há muito tempo. – Dreah deitou a cabeça no encosto do banco – Me sinto mais leve...

- O que ela falou pra te fazer ficar com tanta raiva? – Suzana perguntou.

- O de sempre. Que eu era enjeitada, que ninguém me queria, nem mesmo meus pais, que eu não tinha um lugar pra mim nesse mundo...

Se eu estava certo, realmente não tinha lugar pra Dreah nesse mundo, o lugar dela era em Narnia.

POV – Dreah

Chegamos rápido na casa de Pedro e Suzana. Quer dizer, casa é uma palavra simples demais pra definir aquele lugar. Castelo era mais adequado talvez. (http://www.google.com.br/imgres?q=mans%C3%A3o+no+estilo+castelo+nos+estados+unidos&hl=pt-BR&biw=1280&bih=615&tbm=isch&tbnid=4VA0WTSOgJpgHM:&imgrefurl=http://gq.globo.com/news/bilionario-constroi-a-maior-casa-dos-estados-unidos/&docid=-OWqJZ9LXOKQaM&imgurl=http://cdn.gq.globo.com.s3.amazonaws.com/wp-content/uploads/2012/05/casa_eua1.jpg&w=620&h=400&ei=JMtyUJC_HeuD0QHIg4HoBA&zoom=1&iact=hc&vpx=784&vpy=152&dur=5246&hovh=180&hovw=280&tx=219&ty=120&sig=114761780704916880205&page=1&tbnh=103&tbnw=159&start=0&ndsp=18&ved=1t:429,r:4,s:0,i:80)

- Essa é a casa de vocês? – perguntei. Minha voz saiu um pouco estridente.

- Nosso tio é meio excêntrico. – Pedro falou.

- Meio? – murmurei. Os dois entraram e eu os acompanhei – Ok, vocês vão me dar um mapa desse lugar, certo? Eu vou me perder aqui dentro.

Eles riram, mas eu falava sério. Só o salão na entrada era maior que a casa dos Hunter. Bem de frente pra porta tinha duas escadas em curva que davam para o andar de cima, onde provavelmente tinha uns vinte mil quartos.

- Vem vou te levar no seu quarto – Suzana me pegou pela mão e nós subimos as escadas.

No segundo piso tinha, dois corredores, um à direita com uma fileira enorme de portas e algumas muitas esculturas e quadros, e um à esquerda com mais portas e mais quadros. Ela me levou até uma porta quase no final do corredor da direita.

- Você fica aqui. – ela abriu uma porta – Meu quarto é esse aqui do lado e o do Pedro duas portas à frente. Qualquer coisa pode chamar a gente.

Entrei no meu quarto e meu queixo quase caiu. Tinha uma cama enorme, com um dossel de onde pendia um tecido leve, como duas cortinas. Ainda tinha uma penteadeira com um espelho gigantesco, uma porta que dava para um banheiro digno de uma rainha, e uma varanda por onde entrava a luz do sol. Das janelas pendiam cortinas grossas vermelhas, só de ver dava pra saber que elas deixariam o quarto num breu total quando estivessem fechadas.

Fiquei ali dentro apenas sentada no banco da janela olhando o jardim, pelo que pareceram horas, já estava escurecendo quando eu decidi sair do quarto. Tirei meus sapatos que estavam acabando com meus pés e deixei o quarto, eu não conseguiria ficar ali sozinha. Andei o caminho de volta para o andar debaixo, mas uma porta aberta chamou minha atenção.

Entrei devagar no lugar onde tinham vários quadros espalhados em cavaletes e nas paredes. Suzana estava sentada de frente pra um dos cavaletes, com uma paleta de pintura numa mão e um pincel na outra. Ela estava concentrada no quadro que pintava.

- Achei que você não fosse mais sair do quarto – ela falou sem me olhar – Eu te deixei lá, mas você não precisava ficar lá pra sempre. – ela riu.

- Eu estava pensando em algumas coisas. – falei – Você que pintou tudo isso? – perguntei, ela fez que sim com a cabeça – São lindos... e transmitem uma certa paz...

Minha fala foi interrompida quando meus olhos bateram num dos quadros.

- Dreah, algum problema? – Suzana perguntou deixando as coisas de lado e se levantando. Eu me aproximava cada vez mais do quadro.

- Esse... esse leão. – falei num sopro de voz.

- O que tem o leão? – Ela perguntou.

- Eu o conheço...

- Conhece? Como assim conhece?

Podia ser qualquer leão, afinal leões são todos iguais, mas eu sabia que aquele era o mesmo leão dos meus sonhos. Tinha algo no olhar dele que me dizia isso, era como se ele falasse comigo através daqueles olhos.

- O que foi? – Pedro entrou no quarto perguntando, Suzana deve tê-lo chamado e eu não percebi.

- Dreah disse que conhece o As.. o leão... – Suzana falou.

- De onde você o conhece, Dreah. – Pedro perguntou parecendo animado.

- Dos meus sonhos – falei – Eu tenho tido o mesmo sonho há meses... eu estou numa praia... – meus olhos capturaram outro quadro – essa praia – falei parando na frente do quadro – É nessa praia que eu estou... Como pode? Como Suzana pode ter pintado exatamente a mesma praia e o mesmo leão que eu sonho?

Comecei a andar de um lado para o outro tentando entender aquela loucura, foi quando eu vi o quadro que ela estava pintando quando eu entrei, o quadro ainda estava inacabado, mas tinha o suficiente pra fazer meu coração parar uma batida e voltar a galopar forte no meu peito.

Aqueles olhos, aquele sorriso... era ele.

- Dreah, está tudo bem? – Pedro me segurou me levando até uma cadeira – Você está pálida...

- Não é possível isso, é? – perguntei com os olhos ainda fixos no quadro – O leão, a praia e agora ele. – apontei o quadro fazendo Pedro e Suzana olharem na direção dele.

- Você sonhou com o Caspian? – Suzana perguntou assustada.

- Eu não sei se o nome dele é esse, mas ele estava nos meus sonhos... sempre sorrindo pra mim. – falei – e o leão, ele sempre dizia que ‘Narnia estava esperando por mim’.

Pedro começou a rir, eu estava prestes a perguntar se ele estava ficando louco quando bateram na porta de entrada.

- Fica aqui, eu já volto... princesa. – ele falou e se levantou para atender a porta. Ok, eu não precisava perguntar, ele estava ficando louco, ou seria eu?

Me levantei chegando mais perto do quadro dele. Estiquei a mão para tocar naquele rosto, mas meu movimento foi impedido pela voz de Suzana.

- A tinta ainda está fresca – ela falou, mas algo na voz dela me dizia que ela não queria que eu tocasse no quadro por algo mais que simplesmente a tinta fresca.

Quando eu pensei em questioná-la, mas Pedro entrou no quarto acompanhado de Binha.

- Amada! Que bom que você está bem! – minha amiga me abraçou. Eu retribui o abraço, mas meus olhos ainda estavam grudados na tela – Humm que lindo, quem é esse? – Flávia perguntou inocente.

- É ele – falei. ela me olhou de olhos esbugalhados.

- Ele, ele? o garoto dos seus sonhos? – assenti – OMG, ele é mesmo lindo! Foi você que pintou?

- Não foi a Suzana. – falei.

- Suzana? Como ela conseguiu pintar o garoto que você sonha?

- Eu também queria saber. – falei me virando para Pedro e Suzana.

De repente uma ventania surgiu no quarto, vinda de lugar nenhum.

- O que está acontecendo? – perguntei. Pedro e Suzana sorriram um para o outro e saíram do quarto, voltando em seguida Pedro com uma espada, sério mesmo, uma espada daquelas medievais, e Suzana com um arco e uma espécie de bolsa com muitas flechas.

A ventania aumentou, Flávia grudou minha mão. Depois não era só a ventania que tomava o quarto, o quadro com a pintura da praia parecia estar vazando areia, e o vento a tocava nos obrigando a fechar os olhos.

Ouvi baterem na porta de novo e o som estridente da voz de Marcie chegou aos meus ouvidos. Que diabo aquela criatura estava fazendo aqui? Tentei me mover para ir atender a porta, mas minhas pernas pareciam estar pesadas, coloquei a mão na frente dos olhos para protege-los da areia e olhei pra baixo. Eu tinha areia até os joelhos.

- Pedro, nós temos que dar as mãos para Dreah. Temos que ficar juntos. – Suzana gritou por sobre o som do vento. Eu senti uma mão segurar a minha mão livre e o vento ficou ainda mais forte e depois cessou devagar.

Abri os olhos e mal pude acreditar onde eu estava.

- Narnia. – Pedro, que era quem tinha segurado minha mão, sussurrou – Estamos de volta à nossa casa.

- Casa? Como assim? Gente alguém me fala como nós viemos parar nesse lugar? E o mais importante, que lugar é esse? – Flávia perguntou meio histérica.

- Estamos em Narnia, Flávia. O nosso lar, meu e do Pedro. – Suzana respondeu.

- E da Dreah – Pedro completou sorrindo pra mim – A nossa princesa perdida.


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Notas finais do capítulo

uhhhhhhhhhhh E a princesa volta pra casa... Capitulo que vem tem Caspian...

*o*

Nos vemos na próxima terça!! Bjocas!



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