– Certeza que ela não é uma espiã? - Alguém resmungou de longe.

– Espiã de que? - Alguém falou. - Não há nada para ser espionado.

– A não ser seu estoque de Ambrosia. - Grace falou provocante.

Todos se calaram.

Tentei ser simpática.

– Hã… Como a Grace já falou, meu nome é Rue e… - Olhei em volta. Todos os beliches lotados. - Onde irei dormir?

Algo me atingiu na cabeça me fazendo cair no chão. Era uma lança. PERAI?! ME JOGARAM UMA LANÇA?! Ah, estava quebrada. Então tudo bem, eu acho.

O chalé 5 explodiu em gargalhadas. Alguém gritou "Pode ficar com essa lança! Ela é imprestável, que nem você!".

Me sentei desajeitadamente e vi que Grace estava me estendendo a mão. Botei minha mão na dela. Então percebi que ela não estava me oferecendo ajuda. E sim a ponta da lança quebrada, que agora me pertencia. Ela sorriu.

– Boa sorte Rue, filha de Ares. Ai que você irá dormir por enquanto.

Algo macio me atingiu na cara bloqueando minha visão. Era um saco de dormir com estampa de caveiras mal feitas. Que amor.

– De nada.

Me virei em direção a voz. Vinha de uma garota que estava deitada na parte de cima de um dos beliches. Ela lia um livro.

Em seguida ela falou com uma voz entediada sem tirar os olhos de seu livro.

– Ela chegou em má hora. Amanhã de tarde haverá a caça a bandeira e ela não parece ser boa. Nos aliamos pela primeira vez com o chalé de Hermes e Deméter e não podemos perder.

Murmúrios surgiram.

Grace que já estava de pijama - para a minha surpresa- parecia irritada com tudo aquilo e disse.

– A gente se vira. Nós nunca perdemos em jogos de guerra. Agora, boa noite.

Então ela apagou a luz. A garota que tinha me jogado o saco de dormir gritou.

– POR DEUSES GRACE! TEM GENTE INTERESSADA EM LER SOBRE HERMES AQUI!

Ah, então o livro era sobre ele.

Alguém falou maliciosamente " - Isso é porque o Charlie está no livro, certo Jackie?

Silêncio se fez.

Me esquecendo completamente de Quíron, me enfiei no saco de dormir - que era surpreendentemente confortável - e fechei os olhos. Havia sido um longo dia.

~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ Dia seguinte ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~

Meu sonho fora estranho. Alguém era atingido no coração por uma lança. Eu corria até essa pessoa e constatava que estava morta. Então, a cena mudou. Um rosto desfocado dizia "Me traga a lança, eu a consertarei." Eu levava a lança. E então, eu estava de repente em uma floresta, e haviam pessoas caídas ao meu redor.

Mas então alguém me tirou de minhas lembranças. Com um tapa.

– Acorde preguiçosa. Grace vai ficar uma fera se você não aprender nada.

Abro os olhos. Uma garota com cabelos pretos curtos e olhos vermelhos estava do meu lado. Reconheço-a como "A garota do livro sobre Hermes".

– Er… Seu nome é Jackie, certo? - Digo saindo do saco de dormir.

Ela sorri timidamente.

– Na verdade é Jackeline, mas prefiro que me chamem de Jackie. Ah! Cuidado…!

Tarde demais. Eu pisara em uma mão.

A mão de um semideus que caíra de seu beliche, agarrou meu pé fazendo eu cair do lado dele. A mão continuava a me prender lá.

A outra mão do garoto se levantou. Percebi que havia uma faca nela. Entrei em pânico. Jackie estava do lado do garoto agora. Ela agiu rapidamente.

– Ataque mode off Duda. Seja hippie.

O garoto largou meu pé e guardou a faca.

Olhei espantada para ela.

– O-o que foi isso…

– Se você quer tomar banho, coisa que não faz desde ontem, sugiro que vá ao banheiro agora.

Segui suas ordens.

Um pouco depois de sair junto com Jackie, ouvi um grito vindo do chalé.

– Eles acordaram. Não se preocupe. Agora vamos falar com alguém do chalé de Hefesto para que possam concertar essa lança. - Ela mostra a lança que me "deram" ontem. - Você deveria esconder melhor seus pertences. Principalmente um valioso como este. De qualquer forma, se lembra de quem a ajudou ontem na fogueira?

– Sim, o Pedro.

– Exato. Ele está acordado agora. E é para ele que pediremos ajuda.

– Mas afinal, o que tem de tão especial nessa lança?

Jackie apontou para a ponta da lança. Não havia reparado antes, mas havia o desenho realístico de um coração nela. Eu rio.

– Nada ameaçador…

Ela me olha irritada. Coisa que creio que é bem comum nos meus novos irmãos.

– Quando você desfere um golpe em alguém com esta lança, você sente tudo o que a pessoa atingida está sentindo. Podendo assim aproveitar-se disso.