Visita escrita por shikai


Capítulo 1
Capítulo Unico


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/200391/chapter/1

Libertaram-na, sem razão que fosse clara, ou justa para os homens. No luar cheio de uma noite fria, ela vagava, entre a composição musical medonha das criaturas da selva.

Bateu à porta de uma cabana exótica, mas perfeitamente similar ao seu lugar de origem. Não obteve respostas durante a primeira tentativa, mas nem por isso ela deixou de insistir. Uma voz que de tanto preparo, gaguejava, perguntou, “Quem bate?”; mas ela não soube explicar. Entender, ela entendia, mas falar era coisa dos homens. Continuou a bater. “Estou armado!” o tom covarde ameaçava. Mas ela continuou. “Vá embora!” quase implorava, mas ela continuou a bater. Ao som das correntes e cadeados, foi aberta a porta. Já com o cano pronto a lançar seu fogo, trêmulo e sem alvo certo, o rapaz magro, moreno e de pouco cabelo; viu ser desnecessário o uso de uma arma contra aquela “criatura,” aparentemente, ou que até fosse, ingênua.

Arregalou os olhos, como uma resposta automatizada do corpo, diante aquela surpresa. A luz era pouca, e contra ela, a lamparina ao lado da porta, à iluminava somente em seu lado direito. Vestia um grande e surrado capão escuro, e mãos pálidas e magras escorriam de suas mangas desproporcionalmente grandes. Uma franja, comprida e escura cobria seu rosto curvo, limitando a visão. Estava ofegante, e apoiava o corpo visivelmente exausto, no cabo de uma foi foice. “Quem é você?” Mas era claro que não tinha condições de responder. Simplesmente deu alguns poucos passos cambaleantes e caiu aos braços do rapaz. Ele, franziu a testa e arregalou os olhos, durante alguns instantes, sem reação. Seu corpo não pesava, e era frio, como se tivesse vagado nua pela floresta no durar da noite, sendo abraçada, durante sua peregrinação desnorteada, pela ventania gélida e misteriosa. Levou-a até sua pequena e desconfortante cama, recoberta de palha e grama cheirosa... E a deixou lá. Seus sinais de pulso poderiam condicioná-la ao estado de morte, mas estava viva, e com os mesmos aspectos antes de cair em seus braços. Não tinha coragem de ir se deitar, apesar do sono, e nem tinha lugar confortável para isso. Sentou-se numa velha cadeira de balanço, com a foice da jovem posta ao colo, e ficou observando-a dormir, infinitamente, talvez, até que não resistiu à exaustão, e caiu no sono.

...

E não voltou a acordar. Não mais. Era quase madrugada, quase claro. Quase a soberana realeza do Sol. Mas não ainda. Não havia pulso naquele corpo moreno, imóvel, e inútil. A morte, quando vem na hora em que deve ser, apenas vem, e simples e rapidamente suga aquela vida que pouco se revolta, que pouco contesta sua estranha liberdade.

Willians de Matos Flores


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigado pela leitura!