The Girl In The Red Hoodie escrita por xXLizzieCannibalXx


Capítulo 1
The Girl In The Red Hoodie


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Boa leitura.



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Era já noite quando escutei um ramo quebrando. Era de pensar que, no meio da floresta isso seria normal, mas à medida que continuava andando, o mato parecia ficar mais denso e a noite mais escura. Olhei denovo o relógio. 8:47. Já deveria estar em casa. Vovó iria começar a se preocupar se eu não chegasse rapidamente. Mas para chegar em casa eu precisaria achar o caminho. E ESSA parecia a mais difícil tarefa nesse momento. Escutei outro ramo quebrando. Mais próximo dessa vez.
_ Quem está aí?
Não tive uma resposta. Continuei andando e escutei o som denovo.
_ Quem está aí? Se mostre!
Então eu vi. Mesmo na minha frente estava a criatura mais horrível que já havia visto. Era uma mistura entre uma besta e um coiote. Estava de pé nas patas traseiras e sua boca salivava. Seus dentes brilhavam com a luz do luar e um uivo saiu dos fundos da sua garganta.
Gritei. Com todo o meu fôlego. Gritei. Senti as lágrimas inundarem meus olhos e então soube que seria meu fim. Morreria com apenas 15 anos. Nunca voltaria a ver a vovó. Nunca voltaria a ver Teddy. Nunca voltaria a ver o nascer do sol de Inverno, quando o ar gelado do vento da manhã batia no meu rosto. Nunca mais.
Então outra criatura se colocou entre mim e o meu fim. Se apoiava nas quatro patas e era enorme. Era um lobo. Um lobo do tamanho de um cavalo pequeno. Um poney, como diria Kerry. Essa criatura lupina rosnava, me protegendo. Com a luz do luar eu vi seu pelo grande, cinzento, e de aspeto sedoso. A criatura rosnou de novo, impedindo a passagem do monstro em sua frente. Então o monstro saltou num arco desajeitado, mordendo meu defensor. Isso pareceu deixá-lo mais feroz. Sacudiu a criatura horrível de cima do seu corpo gigante e atacou. Bastou esse pequeno gesto para que o monstro fugisse para longe, vendo que não poderia vencer.
Pelos breves minutos que a luta durou, não me movi um centímetro. Estava aterrorizada. Porque teria essa criatura me salvado? Seria seu plano me matar? Estaria apenas defendendo sua presa?
Aí eu vi que a criatura coxeava. A sua pata dianteira, onde havia sido mordido, sangrava. Com um uivo longo e dorido, caiu para o lado e se transformou num garoto. Não deveria ser muito mais velho que eu. Era bonito. Cabelos cinzentos e rebeldes e pele pálida. Seus olhos estavam fechados e ele gritava de dor.
Não pude simplesmente deixá-lo ali. Afinal, ele havia salvado a minha vida.
_ Fique quieto. - Pedi, com a voz mais doce que o medo permitia.
_ Não me diga o que fazer! - ele respondeu rudemente, numa voz rouca e selvagem.
Tirei o estojo de primeiros socorros que levava na minha mochila e me sentei no chão, cobrindo ele com a minha capa vermelha. Ele continuava se contorcendo.
_ Já pedi para ficar quieto! Vou te ajudar, prometo!
_ Suas promessas são apenas palavras!
Apesar das suas palavras rudes, me coloquei por cima dele, prendendo seus braços com minhas pernas.
_ Vou te ajudar, mas preciso que fique quieto.
Ele pareceu se acalmar um pouco, então abri o estojo, tirando um pouco de algodão e molhando com desinfetante para feridas.
_ Isso pode arder um pouco. - avisei.
Passei o algodão na ferida, limpando, enquanto o meu salvador tentava não demonstrar dor. Terminei o curativo aplicando uma ligadura para parar o sangramento e me levantei.
_ Esses bosques não são lugar para meninas indefesas. Principalmente depois do pôr do sol.
_ Que criatura é você?
_ Não deveria andar por aí, não tem uma casa, uma família para quem voltar?
_ Que tipo de criatura é você?
_ Imagine se eu não tivesse aparecido! Por agora você seria jantar de coytran!
_ O que é um coytran?
_ Sua menininha imprudente e idiota! Isso é perigoso! Você não deveria estar aqui!
_ Pode me responder?
Por essa altura ele estava sentado, ainda apenas coberto por minha capa vermelha, e o frio começava a me afetar.
_ Tem alguma ideia do tipo de criatura vagueia por esse mato à noite? Do que poderia ter-lhe acontecido?
_ Que criaturas são essas?
_ Está prestando atenção no que eu digo?
_ Me responda! - Me ajoelhei na sua frente e coloquei minhas mãos em seu rosto. - Me explique, que criaturas são essas?
Senti sua respiração quente bater no meu rosto, e ficar mais lenta, chegando a um ritmo quase normal. Apesar da noite gelada, ele não parecia ter frio.
_ Aquilo era um coytran. São bestas que vivem para matar suas presas de forma tortuosa e devorar a carne enquanto ainda está quente. Costumam atacar vacas, mas só quando não tem um humano por perto.
_ E você?
_ Eu sou uma espécie híbrida. Meu pai era lobisomem, minha mãe humana. Mas meu pai descendia de lobos puros, então posso mudar de uma forma para outra. Me chamam de lúpus.
_ Que mais criaturas existem?
_ Demoraria a noite inteira para te falar de todas elas. Você precisa voltar para sua família.
_ Não acho a trilha. Estou procurando há horas.
_ Não vai conseguir achá-la na noite. Procuraremos pela manhã.
_ Não posso. Vovó irá ficar preocupada. Preciso regressar ainda hoje.
_ Não. Tudo o que irá fazer é se perder ainda mais, ou ser comida por alguma besta da noite. Você vem comigo. Passará a noite na minha cabana e de manhã regressará.
_ De jeito nenhum! Nem conheço você! Nem mesmo sei seu nome, ou se posso confiar em você!
_ Salvei a sua vida! Estou tentando te ajudar! Tal como você quando curou minhas feridas!
_ Mas eu nem sei seu nome! Nem sei ao certo que criatura você é! Não posso!
_ Meu nome é Alexander. Sou um lúpus. Me alimento de comida humana. Tenho 17 anos. Minha cabana é a alguns metros daqui, por isso escutei seu grito, por isso vim ajudar! Tem de confiar em mim!
Vi em seus olhos preocupação. O frio me acertou denovo, e meu estômago roncou de fome.
_ Meu nome é Amber Crosswell. Tenho 15 anos. Humana.
_ Isso é um sim? - Notei uma réstia de esperança na sua voz.
_ Isso é um sim.
Então Alexander me presenteou com um belo sorriso branco. O mais belo que já havia visto. Então notei que tudo nele era lindo. O tom da sua pele, os seus cabelos rebeldes, seu corpo musculado apenas o suficiente, seu sorriso de tirar o fôlego… tudo.
Ele me devolveu a minha capa, notando que eu estava com frio, e eu olhei para o outro lado enquanto ele levantava, para não encarar seu corpo nu.
Ele pareceu ter se apercebido do meu embaraço pois logo virou costas.
_ Desculpe. É que minhas roupas não mudam quando meu corpo muda. Acabam por rasgar.
_ Sem problemas. -respondi, ainda olhando pro outro lado.
_ Vou me transformar. Suba nas minhas costas e segure firme que logo chegaremos.
E antes que pudesse falar o quanto aquela ideia era ridícula ele era o lobo cinzento gigante, denovo. Então apertei bem minha capa, coloquei o capuz e subi nas costas do animal gigante.
Tive de me segurar com todas as minhas forças quando ele começou a correr. As árvores passavam por nós mas tudo o que os meus olhos viam era uma mancha castanha e verde, iluminada pela luz do luar.
_ Alexander! – Gritei. Mas tudo o que escutei foi um uivo que me pareceu de divertimento.
Mas ele tinha razão. Em poucos segundos avistei uma cabana de madeira. Lá dentro as luzes estavam acesas e saia fumo pela chaminé. Desci assim que ele parou, e virei costas, para que se pudesse mudar denovo.
_ Volto em 3 minutos! – Disse ele, e ouvi a porta bater.
Comecei contando e quando cheguei aos 180 segundos ouvi a porta abrir e me voltei.
_ Pode entrar, agora.
Subi os degraus de madeira e entrei na cabana onde estava uma temperatura agradável. Um leve cheiro a comida pairava no ar e uma lareira ardia ao fundo. Viam-se duas portas. Uma deveria ser o banheiro e a outra o quarto, visto que a sala e a cozinha estavam na mesma divisão.
_Não é muito, mas é meu lar.
_ É… aconchegante.
Sorri e tirei minha capa, pousando ela delicadamente nas costas do sofá, e me sentei.
_ Deve estar com fome. Espero que goste de rolo de carne.
_ Claro… Você vive aqui sozinho?
_ Sim. Você faz muitas perguntas, sabia?
_ Se eu não tenho respostas, eu faço perguntas, Alexander.
Ele colocou o prato na mesa de madeira e olhou para mim divertido.
_ Apenas Alex. Afinal, somos amigos, certo?
_ Não sei. Me considera sua amiga?
_ Se eu não considerasse, acha que estaria te oferecendo o jantar?
_ Não sei.
Ele riu. Ri também. Era impossível ficar perto dele sem rir. Seu jeito divertido era mesmo o que eu precisava naquele momento. Me levantei e fui me sentar à mesa, para comer.
_ Curiosa e teimosa. Amber, eu te considero sim minha amiga, apesar de só te conhecer tem meia hora.
_ Então te considero meu amigo também.
Ele riu denovo, e eu comecei a comer.
_ Seus joelhos estão sujos de lama. Assim como seu vestido. Pode tomar banho depois do jantar, eu te empresto algo meu para vestir depois.
_ Certo. Porque está fazendo tudo isso? Me salvar, me acolher, me alimentar…
_ Não sei. Sinceramente não sei. Quando ouvi seu grito, não pude evitar ir te ajudar. E quando foi tão boa para mim, não consegui te deixar lá fora. Não tem medo de mim?
_ Não. Me sinto segura com você.
_ Sabe que isso não faz o menor sentido?
_ Sei.
Ele riu. E eu também. Era simples estar com Alex. Era simples conversar com Alex. Terminei meu jantar e levantei, colocando o prato na pia.
_ Meu Deus, está mais suja que imaginei.
_ Desculpe, mas alguém não queria ficar quieto enquanto eu fazia o curativo.
_ Sim, claro.
Olhei para o seu ombro e vi que a ligadura não estava mais lá. E o ferimento estava completamente regenerado.
_ Como fez isso?
_ Isso o quê?
_ Se curar tão rápido! Era um ferimento profundo, deveria demorar meses!
_ É uma das vantagens de ser lúpus. Os ferimentos saram rápido.
_ Estou vendo.
_ Vá tomar um banho e me entregue suas roupas. Eu irei lavá-las. Pode usar uma camiseta minha. Irei buscar para você.
_ Obrigada.
Observei atentamente quando ele abriu uma das portas e vi que era o quarto. Ele entrou e eu me ajoelhei em frente da lareira, aquecendo minhas mãos. Mas logo me levantei e decidi que seria melhor tirar essas roupas húmidas antes que fique doente.
Me levantei e me dirigi à outra porta, quando Alex saiu do quarto, chocando contra mim. Aí notei o quanto sua pele branca condizia com minha pele clara. Olhei para cima em direção ao seu rosto e ele sorriu, me entregando as roupas. Sorri de volta, pegando-as e adentrei o banheiro. Como no resto da casa, era feito em grande parte, de madeira. Abri a torneira e deixei a banheira encher com água quente, enquanto a pequena divisão enchia de vapor.
Tirei minhas roupas e deixei elas no chão, pois a cadeira estava ocupada com as roupas lavadas e entrei na banheira fechando a torneira. Lavei meus cabelos com seu champô e, quando terminei, saí da banheira, tirando a tampa do ralo e deixando a água escorrer.
Me limpei com uma toalha e enrolei ela no meu corpo, enquanto olhava para as roupas. Tinha uma camiseta que iria ficar um vestido em mim, e uns shorts, que ficaria uma calça em mim. ‘lindo’ pensei, antes de vestir as roupas. Como previ, a camiseta chegava aos meus joelhos e os shorts ficavam enormes. Peguei minha fita de cabelo do chão e amarrei ela na cintura, prendendo a calça no lugar. Em seguida penteei meus cabelos com os dedos e peguei minhas roupas, saindo para a sala.
Alex estava sentado descontraidamente no sofá, assistindo TV.
_ Aqui estão as minhas roupas.
_ Pode deixá-las nas costas de uma cadeira, irei lavá-las em seguida.
Ele parecia distraído. Olhei para a TV e vi que a causa dessa distração era um jogo de basebol.
_ Homens… - murmurei para mim mesma e fui sentar ao seu lado. – Quem está ganhando?
Não obtive uma resposta. Olhei para ele e vi que seus olhos estavam em mim.
_ Quê?
_ Você é mais pequena do que pensei. Muito mais.
_ Minha altura não está em discussão aqui.
_ Não estou me referindo a sua altura. Estou falando do seu tamanho.
_ Como assim, meu tamanho?
_ Você é mais pequena que eu, quando tinha 6 anos.
_ Essa roupa é de quando você tinha seis anos?
_ Sim.
_ Você era um gigante de seis anos, então.
Ele riu. Sabia bem escutar o seu riso. Parecia certo. Era uma gargalhada genuína, pura, como a de uma criança. Lembrei de Teddy, quando éramos mais novos. Teddy era o garoto do outro lado da rua, que sempre brincava comigo. Ele e sua irmã menor, Kerry, eram duas das pessoas que mais amo no mundo.
_ Parece triste… Está tudo bem?
_ Só lembrando de alguns amigos. Quando vi aquele coytron, pensei que nunca mais estaria com eles.
_ Coytran.
_ Dá no mesmo.
Ele gargalhou denovo, e eu ri também.
_ Já está tarde, mocinha, hora de dormir. Amanhã teremos de levantar cedo para te levar em casa. Eu fico aqui, pode dormir no meu quarto.
_ Não, não, não! Você não caberia nesse sofá, iria acabar caindo durante a noite. E se não caísse, acordaria cheio de dor, e preciso de você forte para me carregar no caminho, pode deixar que eu mesma durmo aqui.
_ Tem certeza?
_ Absoluta. Vai lá.
_ Qualquer coisa me chama, ok?
_ Como queira, chefe, vai lá.
Ele foi gargalhando para o quarto e eu me deitei no sofá, pegando na manta e me cobrindo. Desliguei a TV e a luz e, pouco depois, estava dormindo.
Um coytran me perseguia, salivando, seus olhos mostravam fome e eu corria. Olhei para traz e vi o meu lobo cinza saltando num arco perfeito para cima da besta, mas esta o desfez com as suas garras. As lágrimas continuavam caindo e minhas pernas doíam de correr. Então tropecei numa raiz que saia do chão e soube que seria meu fim…
Acordei no meio da noite. O fogo da lareira estava quase apagado e a sala parecia mais escura que nunca.
_ Alex. - Chamei, assustada. – Alex! – chamei baixinho, quase chorando.
Logo escutei a porta abrindo e passos rápidos se dirigirem a mim.
_ Amber, se acalme, eu estou aqui.
Com a pouco luz que tinha, vi a sua silhueta se ajoelhar na frente do sofá, e o abracei, chorando.
_ Amber… O que houve? Está sentindo dor? Aquela besta te machucou antes de eu chegar? O que aconteceu?
_ Eu tive um pesadelo.
Ele riu levemente, ainda preocupado.
_ Amber boba. É só um sonho, não é real.
Nesse momento um trovão soou lá fora, e eu gritei de susto. Para minha surpresa ele gargalhou alto.
_ Não tem graça. - Resmunguei.
_ Não tem graça. – ele brincou imitando a minha voz.
_ Idiota.
Ele riu mais, e eu o acompanhei.
_ Durma. Amanhã levantaremos cedo para achar sua trilha.
_ Claro. – Por um momento me senti triste. Depois disso, nunca mais veria Alexander. Nunca mais olharia em seus olhos profundos. Nunca mais.

Depois de conhecer Alexander, Amber nunca foi a mesma. Passou a ir todas as semanas até a cabana do lúpus para lhe levar doces. Se tornaram melhores amigos, namorados, amantes, marido e mulher e esperam agora o primeiro filho, Anthony.

E viveram felizes para sempre…
FIM


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Notas finais do capítulo

esperoque gostem, se tiver reviews suficientes pode ser que eu coloque outra versão. Terror? Hentai? Romance? me digam suas opiniões.



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