(PONTO DE VISTA - Bella)

Os dias passaram.

A família Cullen não ficou hospedada aqui em casa para meu alívio, porém, quase todos os dias eles vinham nos visitar, bem, alguns deles pelo menos. Mas justo aquele de quem eu gostaria de fugir dos olhares parecia que vinha só para me observar.

Edward.

As lembranças cessaram, porém, continuei cheia de dúvidas.

Eu sabia que uma hora ou outra teria que tomar coragem para falar com Edward e saber quem eu realmente sou, embora aqueles olhares me assustassem.

Bem, se antes eu tinha alguma dúvida de que ele sabia a minha verdadeira identidade – por menos que seja - , na madrugada da noite anterior tive certeza...

Acordei no meio da madrugada incomumente desperta.

Liguei meu celular para ver a hora e marcava 3:30 hs. da manhã.

Acendi a luz do abajur em cima do criado mudo ao meu lado e decidi me levantar para pegar um copo de água na cozinha.

Vesti meu hobby por cima da camisola e sai do quarto, porém as luzes do corredor que levavam á escada não estavam apagadas como deveriam, levando em consideração o horário.

Continuei andando pelo corredor rumo á escada, porém quando reconheci uma das vozes, decidi parar para identificar as outras e conseqüentemente sobre o que estavam falando.

Eram seis familiares vozes diferentes.

Todos estavam conversando na sala.

–... Interessante, nunca imaginei que poderia ver algo do tipo – ouvi Eleazar comentar em relação á algo que não ouvi.

– Sim, no início acho que foi isso que me prendeu á ela, mas depois eu me vi preso por ela em si, me vi preso pela paixão – disse Edward.

– Mas agora, as perguntas que não querem calar: Quem realmente é a Isabel? Qual o seu passado?- perguntou Kate.

Era de mim que eles estavam falando.

Eles já sabiam, talvez até mais do que eu.

– Seu verdadeiro nome é Isabella Marie Swan, os pais se divorciaram logo após ela nascer, ela cresceu em Phoenix com a mãe, mas quando ela se casou novamente, Bella decidiu ir morar em Forks com o Pai Charlie – disse Alice.

– Fico imaginando o que o pai dela pensou quando Bella lhe apresentou como namorado, Edward – comentou Kate com um tom brincalhão.

Meu Deus!

Ela também já sabia de tudo e provavelmente deve ter contado á eles sobre o que lembrei.

Nem nela eu poderia confiar de agora em diante.

Eu estava sozinha e perdida.

Eu era uma garota perdida.

– Ah, nem queira saber Kate – respondeu Edward.

– O pai dela era policial, aí já viu né? Desconfiava de tudo, o que fazia com que ele tivesse de ser ainda mais cauteloso com ela – disse Emmett.

– Não era cauteloso com ela por causa do pai, e sim porque eu a amava e queria protegê-la por medo de perdê-la, mas tomei as decisões erradas e agora aqui estamos – disse Edward.

– Amava ou ainda ama?- Perguntou Eleazar.

– Eu a amo, e não vou desistir dela agora que a reencontrei. Passei os últimos dois anos pensando que ela estava morta, uma dor que não há palavras para descrever, era como se minha vida tivesse acabado, eu me isolei do mundo, não havia mais razão para nada, mas reencontrá-la me trouxe novamente uma razão para viver, ela é a razão da minha vida.

Suas palavras fizeram meu coração disparar e minhas pernas tremer.

Eu só posso estar pirando.

Se eu sou a Bella, então eu sou sua ex-namorada.

Eu sou a garota que a Tanya detesta.

– Se você á ama então não desista Edward. Quando ela estava entre a vida e a morte seu olhar, seu amor por ela á salvou. A única coisa de que ela lembrava era de seus olhos. Ela ainda ama você, porém, está muito assustada para perceber isso – disse Kate.

Será que ela tinha razão?

Será que eu amo Edward, mas não percebi?

– Jamais irei desistir dela, mesmo que eu leve toda a eternidade para reconquistá-la – havia um tom de promessa em sua voz.

Depois de tudo que ouvi naquela madrugada tomei uma decisão.

Que naquele momento eu não poderia confiar em mais ninguém era fato.

Falar com Edward se tornou uma idéia tentadora depois do que ouvi, mas ainda tinha receio.

Eu sabia o suficiente para poder investigar por contra própria, mas sabia que sozinha não iria conseguir.

Mas eu tinha a solução para isso.

J.Jenks, o falsário de documentos e também “advogado”.

Ainda me lembro de quando Kate tratou pessoalmente com ele para que ele forjasse documentos para mim.

Bem, dessa vez eu não precisava forjar nada.

O que eu quero é um dossiê sobre o meu verdadeiro passado.

Sobre Isabella Marie Swan.

Estava sentada na cama pensando em uma maneira de conseguir entrar em contato quando Kate entrou em meu quarto.

– Melzinho, tudo bem? – perguntou-me ela.

– Tudo sim, algum problema?

– Não, é que você anda meio estranha nos últimos dias – disse ela sentando-se ao meu lado.

– Estou bem, apesar do que lembrei estou tentando esquecer e seguir em frente – menti.

– Tem certeza de que é isso que você quer? Não seria mais prudente falar com o Edward e sei lá... Saber a verdade?- ela questionou.

– Kate, eu tenho dois motivos que me levam á não querer isso, primeiro: Porque eu tenho medo de saber a verdade. Segundo: Vocês me deram um lugar no mundo quando eu não era ninguém, e é extremamente assustador pensar que eu tenho outra vida além da do que eu conheço, eu me sinto completamente perdida – expliquei á ela embora fosse somente em parte verdade.

– Eu não acho que essa seja a melhor solução, mas... bem, vou deixar esta decisão em suas mãos, mas se mudar de idéia...

– Você será a primeira á saber – prometi.

Seu celular tocou e minha cabeça se iluminou.

Então agora eu tinha um plano.

Ela atendeu e foi até a sacada falar com quem quer que seja.

Era isso.

Ela deve ter o telefone de J. Jenks na agenda do celular dela.

Ela voltou e colocou o celular na mezinha ao meu lado antes de sentar-se na cama.

Ponto para mim.

– Era a Tanya – disse ela.

– Onde ela está? – perguntei tentando ganhar tempo.

Tinha de encontrar uma maneira de fazer com que ela esqueça o celular aqui.

– No shopping fazendo compras, para variar. Irina está com ela, o que acha de nos juntarmos á ela para dar um espairecer um pouco a mente? – propôs Kate.

– Claro, parece bom, eu só preciso trocar de roupa – disse á ela fingindo animação.

Eu nunca havia gostado de ficar batendo pernas nos shopping.

– Tudo bem, te espero lá embaixo - disse ela saindo do quarto e esquecendo o celular, justamente como eu queria.

Parece que o destino estava me ajudando naquele dia.

– Okay.

Sai da cama rapidamente e peguei o celular vasculhando a lista de contatos.

Encontrei.

Anotei o número no meu celular e desliguei o dela para eliminar qualquer suspeita.

De repente a porta se abriu.

Adivinha quem era?

– Ah Mel, eu esqueci o celular aqui? - perguntou Kate na porta do quarto enquanto eu passava a escova no cabelo para disfarçar.

– É aquele ali? - perguntei apontando para a mezinha tentando parecer o mais inocente possível.

– É sim – respondeu Kate pegando o celular e saindo novamente.

Ótimo.

Agora só faltava a segunda parte que era entrar em contato com J. Jenks.

Eu e Kate fomos até o shopping encontrar Tanya e Irina.

Tanya mal olhará em minha cara, o que fez com que eu me sentisse culpada de certa forma, sabe-se lá por que.

Para mim já estava muito obvio que todos sabiam a minha verdadeira identidade.

Isabella.

Comprei algumas coisas fingindo interesse em nosso passeio de compras.

Quando voltamos á lua já estava alta no céu.

Para meu alívio quando entrei em casa nenhum dos Cullen se encontravam, Carmem e Eleazar estavam sentados na sala assistindo Romeu e Julieta.

Inventei uma dor de cabeça para eles, um pretexto para ir para cama mais cedo, quando na verdade o que eu queria era ficara sós para executar a segunda parte.

Subi com as poucas sacolas de compras para o quarto e guardei-as no meu closet, depois eu as arrumaria.

Antes de fazer qualquer coisa tranquei a porta de meu quarto para não ser perturbada.

O que eu iria fazer não era certo, muito pelo contrário.

O que eu estava prestes a fazer era tão errado que chega a ser criminoso.

Sentei-me na cama e digitei o numero cautelosamente no painel digital do meu celular e apertei o botão “Send” aguardando enquanto chamava.

Atenderam no segundo toque.

– Alô – atendeu uma voz de homem.

– Boa noite, eu gostaria de falar com o senhor J. Jenks, por favor?

– É ele mesmo, com quem eu falo? – respondeu J.

– Olá Sr. Jenks, meu nome é Isabel Denali Baudelaire, sou irmã de Kate Denali, lembra-se dela? – perguntei me apresentando.

– Ora, Ora, senhorita Isabel, é uma enorme honra falar com a senhorita, estimo muito a família Denali, mas ao que devo o prazer de sua procura? Estou surpreso, já faz dois anos que sua família não procura os meus serviços – disse J. Jenks.

– Sim, realmente já faz muito tempo, mas... Vamos ao que interessa.

– Claro o que posso fazer pela senhorita? – perguntou o senhor.

– O que eu preciso é de um dossiê sobre uma jovem americana, têm como conseguir isso para mim... ou o senhor não faz este tipo de serviço? – perguntei.

– Mas é claro que posso, porém, acho que irá demorar um pouco mais do que o normal, senhorita Isabel. – respondeu o homem.

– Se for por causa de dinheiro, não se preocupe Sr. Jenks, basta me dar o valor e pagarei em dobro se preciso, mas preciso deste dossiê com certa urgência – disse á ele.

– Não me entenda mal senhorita Isabel, sei que para a família Denali dinheiro não é problema, venho trabalhando para sua família á muitos anos, mas acontece que no momento não me encontro nos Estados Unidos, estou a trabalho em Londres – disse o homem.

– Ora, mas é perfeito! Minha família não mora mais nos Estados Unidos, atualmente, estamos em Londres também – disse á ele.

– Ora que bela coincidência, então quem sabe não podemos nos encontrar para melhor conversar senhorita Isabel, assim, poderei saber de que tipo de dossiê se trata – propôs J. Jenks.

– Claro basta marcar e eu irei – respondi.

J. Jenks marcou um encontrou em um PUB perto de minha faculdade, por sorte.

– Então nos veremos amanhã pela manhã, tudo bem senhorita Isabel?

– Claro, até lá – disse me despedindo e desligando.

Apaguei o registro de chamadas por via das dúvidas, afinal, vai saber se Kate não desconfiou de nada mais cedo.

No momento não posso confiar em nada, apenas em minha sorte.