(PONTO DE VISTA – Edward)

Ela se fora.

Isabel... Esse é meu nome agora... a Bella está morta... Nada será como antes... Acabou...

As palavras, as expressões em seu rosto, sem olhar, sua voz, tudo ficava permeando em minha mente, enquanto eu fitava a fonte a minha frente sentado no mesmo banco em que Bella ficará ao meu lado há poucos minutos.

Ela havia decidido me deixar. Ela havia decidido partir.

Por um momento eu fiquei me perguntando se quando eu a abandonei há três anos, eu deixará nela a mesma sensação que ela deixará em mim. Tudo parecia estar acabado.

O amor, a vida, o significado... acabados.

Bella não disse que não me amava, mas em compensação, eu não consegui encontrar uma contradição sequer nos olhos dela para tudo que ela me disse.

Dor. Tristeza. Impotência. Angústia.

Tantos diferentes sentimentos que há tanto tempo eu os não sentia...

Há dois anos, quando eu aceitei que ela havia morrido, eu não senti nada disso. Eu simplesmente não conseguia sentir mais nada, mas talvez isso se deva ao fato de que eu havia decidido deixar toda a minha humanidade para trás, me abrigando na solidão do mar e das ondas da Ilha de Esme, no Brasil.

Quando eu reencontrei Bella há quase um mês atrás, o amor falou mais alto e tudo voltou.

Minha vida, minha razão de existir, a essência de minha humanidade, meus sentimentos... a minha capacidade de sentir e viver ressurgiu.

Mas...

Mas o que eu estava pensando?

Que depois de tê-la feito passar por tudo que passou durante esses três anos, depois de tê-la feito sofrer, chorar, perder a memória por quase se suicidar, enfrentar o mundo sobrenatural diversas vezes, abandoná-la, colocá-la em perigo e ainda perder todos que ela amava... Ainda assim ela voltaria para mim? Ela ainda me amaria?

Tenho é muita sorte de no mínimo ela não me odiar e mais sorte ainda de ela um dia ter me amado.

Óbvio que ela não me ama mais.

Eu não sou digno do amor dela, nunca fui.

Eu sou um monstro, é isso e ponto final. Um monstro cruel que tirei tudo que havia de precioso na vida dela.

O mínimo que eu podia fazer agora, era aceitar o que ela havia me pedido e seguir a diante, assim como ela havia feito e iria continuar fazendo.

Antes de eu chegar, ela estava feliz e depois que cheguei, só trouxe desgraça e tristeza para ela.

Eu só sabia fazê-la sofrer, eu não tinha a capacidade de fazê-la feliz e sorrir.

Eu nunca devia ter saído daquela Ilha e vindo para Londres. Nunca devia ter interferido na vida dela novamente.

Só saber que ela estava viva e feliz já me bastava para sobreviver... Eu não precisava viver, eu só precisava sobreviver, afinal, era isso que eu fazia antes de conhecê-la, não era?

Eu escolhi deixá-la uma vez.

Eu escolhi dizer adeus. Tudo o que estava acontecendo, nada mais eram do que as conseqüências de minhas escolhas no passado.

Eu a perdi e a culpa era inteiramente minha.

Somente minha.

Aliás, toda a desgraça que estava acontecendo e havia acontecido era minha culpa.

Se eu não tivesse me envolvido com Bella, nunca ela teria sido exposta a todos esses perigos e nunca a teria feito sofrer.

Tanya, não teria raiva de Bella e nem iria querer a cabeça de Bella numa bandeja.

Irina, não iria querer transformá-la para fazê-la sofrer.

Os Volturi, nem saberiam da existência dela.

Victoria, não iria querer matá-la por vingança.

James, nunca teria tentado matá-la e ainda estaria vivo junto com seu precioso bando.

Laurent ainda estaria vivo e talvez com Irina, mantendo como sempre, um caso secreto com Victoria.

Os lobos, não teriam interferido na vida de Bella, pois não teriam o porquê de protegê-la.

Minha família não teria sofrido por minha causa.

Resumindo, eu sou um perfeito desgraçado.

Talvez, a essa altura Bella estaria casada, ou noiva... Quem sabe de Mike Newton?

Lembro que quando fui embora, cogitei a possibilidade dela dar uma chance a ele ou a qualquer outra pessoa humana e normal, que pudesse dar a ela uma família, felicidade, filhos, netos para Charlie e a mãe dela Renée.

Ela estaria feliz, teria mudado para uma cidade que não seja tão chuvosa e fria como Forks, ao lado de sua família.

Ela adorava o sol.

Talvez tivesse ido morar em Phoenix novamente, ou se mudado para a Flórida para ficar mais perto da mãe que ela tanto amava...

Teria ela entrando numa Universidade ou Faculdade?

O que ela cursaria? Gastronomia como aqui em Londres? Literatura, afinal ela sempre adorará ler?

Bom, de qualquer forma era tarde demais.

Eu nunca saberia o que teria acontecido com Bella caso eu não tivesse me envolvido com ela, mas de uma coisa eu tinha certeza.

Sem mim, ela seria feliz.

Suspirei.

Eu não era nem nunca seria bom pra ela – e quando digo “ela”, me refiro a Bella e a Isabel.

Olhei para o céu e vi as nuvens de chuva se formando.

O fato de eu não ligar para a água gelada e não sentir frio, não significava que eu podia ficar por ai andando na chuva. Tinha de manter as aparências e fingir que era humano.

Levantei-me do banco e tomei meu rumo de volta para casa.

Enquanto dirigia pelas ruas de Londres, raciocinava sobre algumas coisas.

Minha decisão estava tomada.

Eu iria embora.

Não iria voltar pra Ilha de Esme, muito menos pra Forks.

O mundo era grande, havia muitos lugares para se visitar.

Talvez eu fosse pra Espanha, tirasse meu diploma de medicina da gaveta e fosse ajudar a cuidar das pessoas e salvar vidas, já que a minha vida e alma estavam condenadas ao inferno mesmo, eu iria fazer algo de útil para a humanidade assim como Carlisle... Ou ir pra Argentina, Canadá, Rússia, Austrália ou qualquer outro lugar do mundo e basicamente... Sobreviver, mais o que... Uns 50 anos?

Quanto tempo demoraria para Bella morrer de velhice?

Eu sabia quais eram os meus limites. Já sobrevivi a um mundo onde ela não existia, mas não conseguiria sobreviver novamente.

Sei que sou forte o suficiente para sobreviver sem ela, desde que ela esteja bem e feliz, mas não sou forte o suficiente para sobreviver num mundo onde ela não exista.

Pra quem já tinha vivido mais de 100 anos, o que era mais uns 50 ou 60 anos?

Os anos seriam lentos e dolorosos, mas suportável porque eu sabia que ela estava feliz.

Nada mais me importava desde que ela fosse feliz.

Sempre.

(PONTO DE VISTA – Bella)

Assim que passei pela soleira da porta e Kate levantou o olhos do livro que estava lendo, sentada no sofá e olhou para mim.

– E então? – indagou.

– E então... O que? – dei de ombros.

– Credo Isabel... Pare de ser tão fria e cruel consigo mesma. Você sabe do que eu estou falando e me admira você estar tão bem – murmurou completamente revoltada.

Kate... Kate...

– E porque eu não estaria bem? Estou ótima – disse a ela, jogando a bolsa em cima do sofá e me sentando ao lado dela.

– Está ótima? Como assim está ótima? Eu esperava que você chegasse chorando aqui em casa, depois de ter feito o que fez. Bom, você... Você... Você deu um fora no Edward, não foi? – indagou.

– Sim, pedi pra ele me esquecer. E daí? – arqueei as sobrancelhas.

– Quem é você e o que fez com a minha irmã Mel? – ela estava completamente descrente com a minha reação.

– Sou a mesma, mas... Um pouquinho diferente – fiz com os dedos o gesto diminutivo e dei uma piscadela para ela.

– Só um pouquinho? Vem cá, você bateu com a cabeça durante a noite? Que frieza é essa Isabel, cadê aquela garota que chora por amor que eu conheço? Porque está fazendo isso? Porque está se torturando? – perguntou.

Cai na gargalhada.

Como ela é ingênua.

– Porque está rindo? – Kate perguntou.

– De você, com essa sua cara toda preocupada.

– Vem cá Isabel, você bebeu, cheirou maconha ou os dois? Porque só isso irá justificar suas atitudes...

– Ah Kate, relaxe querida... E aproveite a vida o que me lembra de algumas coisas que você precisa saber.

– Tipo o que? Perdeu a virgindade? Virou prostituta? O que mais eu preciso saber, além de que você pirou na batatinha? – questionou.

– Nada disso... Primeiro: Não estou me torturando, estou me libertando de um mala sem alça, que sinceramente já estava me dando no saco com essa história de “Eu te amo, Bella”, eu não sou mais a Bella e sinceramente, acho que Edward está precisando de um bom psicólogo, talvez um psiquiatra... Me lembre de perguntar para Eleazar se ele conhece médicos para vampiros, quem sabe eu não indico um para ele. Segundo: Não estou triste, estou muito feliz e vou sair pra beber com Ivy e Karen mais tarde, liguei pra elas no meio do caminho de volta pra casa, acho que elas vão chamar o Ian e a Luana pra ir conosco. Terceiro: Aquela garota que chora por amor, sinceramente, eu não sei de quem você está falando. E quarto: Eu vou subir, tomar um banho e ligar pra Tanya pra ver se ela quer ir fazer comprar no Shopping comigo amanhã, talvez eu chame Alice também... E se você quiser, pode ir junto Kate – disse me levantando do sofá e jogando um beijo para ela.

– Q-Que?

– O que foi amor?

– Ligar pra Tanya... Fazer compras... Sair pra beber... E que maneira é essa de se referir ao Edward? Mala sem alça? – ela estava parada no meio da sala de olhos arregalados e completamente descrente no que estava vendo e ouvindo.

Bom, era melhor ela se acostumar com o meu novo eu.

– Essa sou eu agora, Kate. É melhor se acostumar e ah... Nem tente bancar o cúpido entre a Bella e o Edward, ta baby? Porque a Bella aqui... – apontei para mim e dei um beijo no meu próprio ombro – Já era. Foi bater nas portas do céu junto com os anjinhos... Coitadinha dela – fiz beicinho - vou rezar pela alma dela e por Edward, sabe como é, para ele superar essa logo. – disse subindo a escadaria, deixando Kate boquiaberta sentada no sofá.

Quando eu falo, eu faço.

Eu não disse que tudo seria diferente?

(PONTO DE VISTA – Edward)

– Como é que é? – Esme levantou de olhos arregalados da poltrona.

Toda a minha família me observava descrentes na decisão que eu havia tomado.

– É isso mesmo, Esme. Eu vou embora, já deixei isso longe demais. Bella tomou a decisão dela e eu tomei a minha. Acabou.

– Eu sabia que isso iria acabar acontecendo – sussurrou Alice com um suspiro, balançando a cabeça de um lado pro outro, com um tom de desaprovação, enquanto Jasper esfregava os ombros dela, tentando confortá-la.

Rosalie olhava para mim, como uma linha muito sutil de xingamentos em mente.

“Idiota, Lunático, Retardado, Imbecil...” estava tentando ao máximo não ler os pensamentos dela, porque sabia que iria acabar fazendo besteira, da qual eu tenho certeza que iria me arrepender depois.

Emmett estava triste. Ele gostava de Bella e torcia muito para que tivesse dado certo meu romance com ela.

Jasper estava se sentindo culpado novamente por tê-la atacado na festa de aniversário de 18 anos de Bella. Ele nunca superou aquilo.

Mas a verdade era que tudo era minha culpa. Eu a expus ao perigo.

Jasper não tinha culpa de nada.

O mundo sobrenatural não era o lugar dela.

Esme e Carlisle estavam tentando bloquear seus pensamentos, e eu não fazia questão de lê-los.

– Se você vai embora, nós vamos com você filho – disse meu pai, pousando a mão sob meu ombro.

– De jeito nenhum. – retruquei. - A vida de vocês já foi muito alterada por minha causa, vocês ficam. Eu preciso de um tempo sozinho.

– Mais tempo sozinho? Você acabou de voltar, ficou dois anos longe de nós, comunicando-se apenas através de celular e agora diz que vai embora novamente? Talvez isso não seja o melhor para você, talvez você precise da ajuda de sua família para superar tudo isso – Carlisle disse, com um sorriso amigável.

Suspirei.

Não podia deixar que a minha tristeza os afetasse novamente, por isso eu tinha de ficar sozinho.

O telefone tocou e Alice que estava sentada no sofá, atendeu, pois estava mais próxima.

– Oi Kate, como... – ela não terminou. Eu podia ouvir toda a conversa do outro lado da linha...

– Alice, preciso de ajuda – sussurrou Kate, de uma maneira desesperada.

– Misericórdia, aonde é que o incêndio? O que houve? – perguntou Alice para Kate no telefone, olhando para mim.

Dei de ombros e mexi os lábios num silêncio “não sei de nada” para ela.

– Você não teve nenhuma visão bizarra da Isabel?

– Bizarra? Defina bizarra – pediu Alice dando risada.

– Olha sinceramente, eu não conheço essa pessoa que chegou aqui agora há pouco, não conheço essa vadia desgraçada... Ai que raiva. O Edward ta aí? – perguntou e pela voz dela, dava para notar que estava muito nervosa, talvez quase espumando de raiva.

Vadia desgraçada?

Desde quando Kate se referia a Bella daquela maneira?

– Esta sim. Vou passar para ele – disse Alice com uma expressão confusa, me passando o telefone para minha mão estendida em sua direção.

– O que houve Kate? – perguntei, levando o telefone ao ouvido.

– Só me diga uma coisa – pediu.

– O que?

– O que foi que aconteceu entre você e a Mel pra ela mudar da água pro vinho, ou seria vodka? – pronunciou cuidadosamente cada palavra.

– Vodka, vinho...? Que... Kate, esta me deixando confuso. O que aconteceu? A Bella está bem? – perguntei.

Do que diabos ela estava falando?

Todos me observavam confuso.

– Se você considerar uma vadia retardada como bem, pode dizer que ela está ótima... Olha, preciso de ajuda, porque estou pensando seriamente em bater com a cabeça dela na parede. Trás o padre exorcista, a macumbeira, o pai de santo, o psiquiatra ou qualquer outra coisa, mas por tudo que é sagrado vem para cá agora. Ela surtou de vez. E isso é eufemismo, porque ela pirou na batatinha literalmente... Vem cá, vocês estavam no Hyde Park, ou no centro de macumba? Porque estou começando achar que ela está possuída... – ela tagarelava sem parar.

– Kate, assim você está me assustando. Se acalme – disse.

– É que você não ouviu e viu tudo que eu vi há uns cinco minutos atrás, ai sim você poderia dizer estava assustado. Olha, vou desligar o telefone e vou buscar um remédio tarja preta porque acho que só isso resolve agora... E você vem para cá agora, não esquece as cordas e as algemas pra amarrar e prender ela no pé da cama, e o padre exorcista também...

– Esquece essa bobagem de exorcismo, ela está bem. Kate, eu não posso fazer isso, não posso ir até ai – suspirei.

– O que? Espera aí, não vai me dizer que você também pirou, porque aí eu vou começar a desconfiar que vocês realmente estavam na macum...

– Kate, pare e me escute. Bella e eu nos separamos definitivamente. Ela fez a escolha dela e eu fiz a minha.

– Eu sei que vocês se separaram. Mas ela não está no normal dela Edward, eu juro pra você. Ela está cruel, fria, maldosa, arrogante, dissimulada... Ela está estranha demais, vadia demais!

– Não posso fazer nada. Não vou mais interferir na vida dela, Kate. Deixe ela fazer o que ela quiser, ela tem o direito de ser feliz e reconstruir a vida dela – disse.

– Talvez você queira saber então que ela vai sair daqui umas duas horas com Ivy e Karen, e aquelas duas loucas vão chamar o seu concorrente a donzela Isabella pra ir junto...

Ah, então ela ia sair novamente com aquele play boy?

Mas que droga!

Eu não tinha o direito de sentir ciúmes dela com ele.

– Deixe que ela saia com elas. São amigas dela e além do mais, não é da minha conta com quem ela se relaciona.

– Sinceramente, eu desisto. Estou tentando ajudar vocês, até comprei uma briga ferrada com Tanya a favor de você e da Mel, mas do que adiantou se vocês dois desistiram do amor? – indagou.

– Kate eu agradeço por tudo, mas acabou e não tem mais volta.

– Okay, se você desistiu dela, eu não desisti. Vou desligar e tentar colocar um pouco de juízo na cabeça daquela louca lá em cima. Mas depois não diga que não avisei, se você não agir rápido, irá perder o amor da sua vida e dessa vez para sempre – ela disse por fim e desligou o telefone.

Passei o telefone de volta para Alice colocar no gancho.

Se você não agir rápido, irá perder o amor da sua vida, e dessa vez para sempre.

Eu já havia perdido.

Não havia mais o que salvar.

– O que aconteceu? – perguntou Alice.

– Nada de importante, só a Kate surtando. Ela vai superar isso... Hã... Sobre que estávamos falando mesmo? – nem me lembrava mais o que eu estava falando antes do telefone tocar.

– Estávamos falando de como você é frouxo e idiota, Edward – disse Rosalie olhando com cara feia para mim, levantando-se do sofá e cruzando os braços no meio da sala.

– Rosalie! – repreendeu Esme e Alice ao mesmo tempo.

Todos a observavam abismados, inclusive eu.

Rosalie dando uma de surtada? Justo Rosalie?

– Ah, quer saber. Estou cansada dessa novela. É o seguinte: o fato de eu nunca ter me metido nessa história, não significa que eu não veja as coisas. Eu venho observando o romance da Bella e do Edward desde quando eles se conheceram e acho que está na hora de dar um basta nesse lenga, lenga...

– Rosalie, minha loirinha, é melhor você...

– Cala a boca Emmett, porque quem vai falar agora sou eu – interrompeu.

Rosalie sendo grossa com Emmett?

– Deixe Rose falar. Quero ouvir o que ela tem a dizer – eu disse.

– O que aconteceu com você Edward? Cadê aquele homem forte e determinado que lutou contra mim e Jasper, quando sugerimos que era melhor matá-la porque você envolveu Bella no nosso mundo expondo nossos segredos? Onde foi parar toda aquela coragem, todo aquele amor, todo aquele instinto de proteção por ela? Aonde foi parar toda aquela força que você tinha de lutar por ela?

As palavras dela me tocaram profundamente.

Será que eu havia mudado tanto que havia me esquecido de quem eu era e de como tudo começou?

– Rosalie... Porque está fazendo isso? Você nunca gostou da Bella, eu não consigo compreender, o que deu em você? – indaguei perplexo.

Ela suspirou e respondeu.

– Verdade, eu não gostava da Bella, mas quando fomos embora de Forks eu senti falta dela... Senti falta dela quando pensávamos que ela havia morrido... E então percebi que na verdade o meu problema não era com ela, era comigo mesmo e se chama egoísmo, e inveja. Egoísmo porque sou vaidosa o suficiente pra me sentir ofendida por você nunca ter olhado para mim, - isso eu estou falando antes de Emmett ter aparecido em minha vida -, e ter se encantado com uma garota humana, simples e humilde. E inveja, eu sentia por ela ser humana e estar tentando jogar a vida dela fora naquela época – ela suspirou.

– Tudo isso mudou? – perguntei.

– Sim, devo admitir que sou um ser vivo muito melhor hoje em dia. Consegui resolver meus problemas internos e vencer os meus defeitos.

– Fico feliz com isso!

– Rosalie, já que você vem observando tudo de boca calada durante todos esses anos, porque não diz o que você realmente pensa sobre tudo isso que vem acontecendo? – disse Esme.

– Eu também quero ouvir – eu disse.

Rosalie atravessou a sala e se encostou ao meu lado na mesa de vidro.

Ela respirou fundo e começou a falar, olhando para mim.

– Lembra-se do dia em que você expôs nosso segredo a ela? Lembra-se que Alice viu você se apaixonando por ela e disse que iria mudar o futuro?

– Lembro – respondi.

– Pois bem, você não conseguiu. O que você sentia por ela falou mais alto, mas isso foi naquela época e as coisas eram diferentes, mais simples de certa forma. Agora, diante da situação em que você vive a pergunta é: Até aonde o amor que você sente por ela é capaz de suportar? Até aonde você se arriscaria, até aonde você iria por amor? – questionou.

– Eu fiz tudo o que estava ao meu alcance, Rosalie. Mas se ela não quer, eu não posso forçá-la a nada.

– Resposta errada. Você não fez tudo o que estava ao seu alcance, se você a ama não deve desistir. Nunca. Aprenda uma coisa: a esperança é a última que morre.

– Rosalie, ainda não estou entendendo onde você está querendo chegar...

– Simplesmente estou querendo ajudar você a reconquistar o amor, a confiança, a admiração e tudo mais o que ela sentia por você – ela sorriu.

– Como eu vou fazer isso? – questionei.

– Acho que eu sei do que Rosalie está falando – Alice deu um sorriso estonteante.

– Edward, antes de vocês dois ficarem juntos, você teve que conquistá-la e se saiu muitíssimo bem. Faça o mesmo agora, mostre pra ela quem você realmente é, traga de volta aquele seu lado irresistível e sedutor pelo qual ela se encantou, não é possível que tudo tenha se apagado. Encante-a, reconquiste-a, faça com que ela se apaixone perdidamente por você novamente. Você não tentou de tudo, você está esquecendo um fator muito importante: ela perdeu a memória e não se lembra de nada. Ela nem sequer sabe como vocês se conheceram, não sabe absolutamente nada. Ela pode se sentir ligada a você, mas isso é uma ligação antiga de uma vida que Bella não tem mais. Está na hora de você reconstruir essa ligação, mas no presente.

– Rosalie tem razão. Edward você agiu de maneira impulsiva, o que não é novidade uma vez que você as vezes age sem pensar. Na noite do baile você revelou a ela mais do que era seguro, revelou que a amava. Isso pode tê-la assustado, e apesar dela sentir algo por você, ela está com medo, pois há um buraco negro gigantesco na memória e na vida dela. Ela perdeu as lembranças de uma vida inteira, ela perdeu as lembranças do amor de vocês. Bella pode sentir, mas por ela não se lembrar de como era o amor de vocês ela se sente insegura e não confia em você, e só o que ela sente não é o suficiente, isso não dará forças para ela lutar contra tudo e todos pra vocês ficarem juntos. Ela não faz idéia do que vocês foram capazes de suportar – disse Alice, pensativa tentando visualizar o futuro.

– Mas, como eu vou conseguir reconquistar ela? Tudo mudou, ela mudou.

Por tudo que era sagrado... Bella era a razão da minha existência e eu precisava dela como preciso do ar para respirar, mas...

Se ela se recusa a ficar comigo, como eu iria reconquistá-la?

Foi Emmett quem respondeu.

– Quebre as barreiras, entre no jogo dela. Ela mudou e você também mudou. Ela sofreu e você também sofreu. O que vocês tem que fazer agora é esquecer o passado e seguir a diante pensando somente no futuro. Esqueça tudo o que passou, recomecem do zero como se vocês tivessem se conhecido agora.

– Ta, tudo bem. Mas ela pediu para que eu mantesse distância, como é que eu vou ficar perto dela, como é que eu vou reconquistá-la? Não estamos mais no colegial e nem em Forks. E Bella já não é mais uma adolescente.

– Quer mesmo que eu te diga o porquê dela ter pedido pra você ficar longe dela? Eu tenho uma lista bem grande de suspeitos e motivos, e no topo da lista estão Tanya e Irina. Aposto 500 euros que elas estão por trás do fato de Bella ter pedido pra você ficar longe dela. É chantagem ou ameaça, tenho absoluta certeza – disse Rose.

Tanya e Irina.

Essas duas nunca nos deixariam em paz?

– Com ela se esquivando vai ficar um pouco difícil tentar alguma coisa – Jasper disse.

– Ora, não é possível que seja tão difícil assim seduzi-la – Rose deu risada.

– Seduzi-la? – indaguei olhando para a loira ao meu lado.

– Sim, seduzi-la. Depois da sedução vem o amor. Mostre pra ela o que é o amor, mostre pra ela o quão poderoso é o acalento da paixão, do desejo e da atração. Faça-a sentir novamente tudo o que sentia por você, faça-a feliz como você fazia. Ela tem que lidar com a realidade Edward, não com as sensações de uma lembrança perdida. Ela precisa sentir agora o que sentia antes, precisa confiar em você e no que ela sente, ter certeza de que é real e não uma miragem, e se ela se sente ligada a você, também deve sentir que há hiatos nisso tudo, deve sentir que no meio de tanto amor há dor, afinal, quando você decidiu deixá-la você a fez sofrer, isso a machucou. Ela não lembra, mas tenho certeza que ela sabe que existe algo de errado assim como ela sabe que vocês têm uma ligação forte, laços de amor... mas tudo isso está no passado e você tem que fazer com que isso se torne o presente – explicou Rose.

Nunca imaginei que um dia fosse ouvir Rosalie falar desse jeito!

– E então, ainda vai embora querido? – perguntou Esme com um sorriso alegre.

Rosalie havia conseguido me fazer mudar de idéia.

– Não, meu lugar é a onde a mulher da minha vida está.

Uma viagem no tempo.

Eu iria começar da estaca zero, eu iria reconquistar o amor de Bella e dessa vez para sempre.

Não seria uma luta fácil, mas eu tinha de tentar.

Tinha de tentar encontrar um caminho no meio da escuridão.

A pergunta de Rosalie permeava minha mente: Até aonde o amor que você sente por ela é capaz de suportar? Até aonde você se arriscaria, até aonde você iria por amor?

Por amor eu sou capaz de suportar tudo. Por amor eu arriscarei tudo. Por amor eu farei tudo que estiver e o que não estiver ao meu alcance.

Tinha de haver uma saída.

Só dependia de mim e de Bella.

Até aonde nós conseguiríamos vencer as barreiras e obstáculos?

Até aonde o nosso amor era forte o suficiente para suportar estás águas negras?