***

Tempos antes da invasão a Soul Society, certo capitão caminhava tranquilamente pelas ruas do Sereitei, apreciando a paizagem, ouvindo passarinhos... Até ser atropelado por um shinigai apavorado, correndo de Kenpachi e Yachiru, que protestava “Ken-chan, foi ele que derrubou meu doce! Buaaaa!!!”. Derrubado, ele tateia ao redor, de quatro, procurando os óculos que foram atirados longe com o impacto. Foi com certo pesar que ele ouviu um CRAC!, e sentiu a mistura de metal, resina e vidro se espatifar sob os calcanhares de Zaraki. Tomou fôlego e ergueu-se, caminhando devagar, mãos balançando a frente. Tentou imaginar-se no lugar de Tousen, como ele conseguia se virar e etc., e foi imerso nesse pensamento que ele ricocheteou entre árvores, paredes, e, finalmente, numa outra apressada shinigami, igualmente de óculos, portando um livro gigantesco.

- Aaaaaaaaaai, olha onde anda, seu sonso, e.. Ai, Aizen taichou, gomen nassai! Nem te reconheci sem óculos, hehe, o que aconteceu?

- Ah, ohayo, Nanao-kun... Gomen nassai, eu acabei de perder os meu óculos, será que, se não estiver muito ocupada, você poderia... ehn... me ajudar a voltar pra casa? – pareceu um tanto quanto envergonhado no pedido, mas não estava em condições de se dar o luxo ser orgulhoso.

- Nem que eu estivesse atulhada de tarefas, eu sei como é ficar sem os óculos. Prefere me dar seu braço, ou consegue me acompanhar?

- Posso tocar seu ombro?

- Tudo bem, fique a vontade.

- Muito obrigada, Nanao-kun.

Seus sorrisos brilhavam como o sol das manhãs de verão, gentis com sonecas e banhadas em chá. Conversaram por todo o percurso, e chegando a porta da residência, pareciam amigos de infância.

- Se Kyoukaku taichou não se importar, gostaria de me acompanhar num chá, quando puder?

- Ele não tem nada com o que se importar, hunf – uma certa irritação na voz, muito breve – virei na próxima folga, se não se importar.

- Estarei esperando, e com uma fornada daqueles muffins que eu havia comentado.

- Jura??? Ai, Aizen-taichou, mal posso esperar! Ja ne!

E saiu, saltitante, rumo a sabe-se onde. De volta a casa, pega um par reserva de óculos. Remexe em rolos de caligrafia, livros e cadernos, até encontrar um bloquinho de notas. Abre-o e rascunha em caligrafia impecável:

“Agosto, tempo seco, quinta-feira.

Todo plano andando nos conformes, fora alguns contratempos mínimos, maldita miopia. Aguardando o retorno de Kuchiki Rukia. Tenho um leve pressentimento que acontecerá em breve. Gin mal cabe em si de ansiedade. Mas, por hora, nada a fazer.

Notas:

- Muffins pra Nanao-kun (comprar farinha);

- Encomendar outro par de óculos;

- Manter Zarachi Kempachi ocupado e BEM LONGE do 5° Esquadrão;

- Mandar Gin EXTERMINAR *letras tremulas aqui* o filho da mãe que derrubou o doce da fedelha (ele bem anda precisando de um pouco de diversão);

-E, por fim, encomendar lentes de contato (por que eu nunca lembro disso na Ótica, por deus...).”

***