Yakusoku escrita por teffy-chan, Shiroyuki


Capítulo 46
Capítulo 46 - Trust me


Notas iniciais do capítulo

Trust me - Yuuya Matsushita
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— Yoo~ Nagi-chaan! – Yaya surgiu pela sala do sexto ano como se fosse a sua própria turma, sem nenhuma cerimônia, e foi logo se colocando ao lado do valete – Eu vim buscar meu almoço! – ela anunciou em tom de vitória, sorrindo brilhantemente para ele. Os colegas de Nagihiko nem olharam para a figura saltitante que gritava, já acostumados com a cena. Cena esta que se repetia desde início do mês.

Três semanas atrás, Nagihiko revelou seu segredo a todos. Após tanto tempo, a informação já havia sido suficientemente absorvida, e depois de passado o estranhamento inicial, todos resolveram encarar esse fato como consumado, e agora haviam retornado aos dias normais e pacíficos. Ou quase.

Yaya, como boa oportunista que era, foi logo pedindo para que Nagihiko cozinhasse para ela como costumava fazer. Depois de uma boa chantagem emocional, com direito a lágrimas nos olhos, ela conseguiu convencê-lo a fazer seu almoço uma vez por semana, além de trazer os petiscos para a hora do chá. Tudo em nome da saudade que ela sentia de Nadeshiko, claro.


Nagihiko tirou um obento de dentro da mochila, suspirando derrotado, e entregou-o à Yaya, que foi logo abrindo e se acomodando para comer ali mesmo; Ele pegou outros dois e um deles estendeu à Tadase, que no momento se ocupava em colocar sua classe à frente a de Nagihiko, para almoçarem juntos como sempre faziam. O almoço de Tadase, ele fazia todos os dias, desde que seu segredo teve um fim.

—Ah, Fujisaki-kun, não precisava se incomodar comigo! – Tadase disse, corando, enquanto aceitava o que o maior oferecia – Muito obrigado.

— Você sabe que eu gosto de ver você comendo a minha comida, Hotori-kun… - Nagihiko respondeu simplesmente. Yaya soltou um pequeno gritinho, seguido de olhar repreensor de Nagihiko que a fez se segurar. Certamente havia notado algum duplo sentido naquela frase simples, que apenas sua mente avançada perceberia.

— Okee, então… itadakimasu… - ele murmurou, abrindo a caixa. Yaya resmungou um “não é justo, o dele tem mais coisas!”, mas ninguém deu ouvido aos seus comentários.

Os olhos de Tadase olhos imediatamente brilharam, frente a tantas coisas que deveria estar deliciosas, e sem hesitar, começou a comer. Nagihiko apoiou a cabeça e uma das mãos, e seguiu observando-o ternamente, com um sorriso brincando nos lábios ao ver Tadase almoçando alegremente.

— Você devia ser mais discreto, Fujisaki. Qualquer um percebe esse seu olhar de idiota – a voz monótona de Rima se fez ouvir, e ela se acomodou ao lado de Tadase, depois de arrastar uma classe também.

— Não enche, Mashiro – Nagihiko fungou, mas foi com muita cautela que ele passou a prestar atenção na sua própria comida.

— A Rima-chan tem razão, Nagihiko – Amu acrescentou, sentando no lugar ao lado do garoto – Você não tem sido tão cuidadoso como costumava ser. Ontem mesmo vi o Tadase acariciando seu cabelo no corredor, e outro dia, vocês estavam de mãos dadas lá fora… Se querem mesmo que isso fique em segredo, deveriam ter mais cautela. As pessoas notam essas coisas.

— Sem falar que somos guardiões, estamos constantemente sendo observados… - Rima disse, enquanto comia um sanduíche de yakisoba.

— Acho que baixei a minha guarda, não é…? – Nagihiko riu sem graça, esfregando a cabeça nervosamente. Amu tinha razão. Depois de ter todos os seus segredos enfim expostos, ele vinha se sentindo tão leve que não prestava mais tanta atenção nas suas ações, e não tardaria até que desse na vista o relacionamento que ele mantinha com Tadase.

— E-eu vou tentar ser mais discreto, prometo! – Tadase disse, em um tom de voz baixo e cauteloso.

— Sim, eu também – Nagihiko sorriu para ele, fazendo o frágil coração do loirinho quase desmoronar. Ah, seria mais difícil manter o controle do que ele imaginara…

Eles continuaram a comer, ainda um tanto nervosos com os avisos das amigas. Nagihiko se esforçou para manter uma atmosfera tranquila, afim de não preocupar Tadase, mas era visível o quanto ele estava apreensivo.

— Ah, Nagihiko… - Amu suspirou, deitando a cabeça na mesa depois de terminar de comer. Desde que descobrira a verdade, e decidiu começar uma nova amizade com Nagihiko, ela se tornara muito mais amistosa do que costumava ser com o lado masculino dele. Quase como era com Nadeshiko, mas ainda um pouco receosa, eles estavam novamente no patamar de “bons amigos”. Provavelmente Nagihiko não voltaria a ser uma “melhor amiga” afinal, pois há coisas que não se podem conversar facilmente com um garoto, mas Rima parecia ocupar bem esse cargo, apesar dos seus conselhos serem sempre secos e irônicos. – Sabe, eu acho que… observando assim de perto… a sua pele não está mais bonita? Parece mais reluzente… - ela disse despreocupadamente, cutucando a bochecha do valete com o indicador. Também tocava o garoto com mais facilidade agora, e Tadase tentava não demonstrar desconforto quanto a isso – Está mais macia também… você está passando alguma coisa?

— Hmm, não, não passo nada…

— Olhem só, a do Tadase também está pika-pika, não está?– Yaya comentou, soltando um dos seus sorrisinhos preocupantes – Eu sei de uma coisa que faz a pele das pessoas brilhar.

— É mesmo? O que? – Amu indagou, interessada.

— Eu também sei. – Rima replicou – Vocês dois, hein, quem diria. Tão novinhos e já estão dessa maneira.

— Do que está falando, Rima-chan? – Nagihiko arqueou uma sobrancelha, desconfiado.

— Ora, Todo mundo sabe que o que faz a pele das pessoas brilhar, e não é nenhum produto de beleza… é ecchii– Yaya foi bruscamente interrompida por Nagihiko, que pulou do seu lugar para tampar a boca dela.

— Um bebezinho da quinta série não devia falar dessas coisas assim tão abertamente, não acha Yaya-tan? – Nagihiko rosnou ameaçadoramente, fazendo a ás se calar, mesmo contra a vontade.

— Ahn? Eu não entendi… o que faz a pele das pessoas ficar macia, Fujisaki-kun? – Tadase indagou inocentemente, inconsciente do quanto sua face parecia adorável dessa maneira confusa.

Amu, muito corada e sem jeito, interviu.

— Se eu estou certa, e entendi direito… é melhor você não fiar sabendo, Hotori-kun. Na verdade, fique longe dessas duas, o quanto antes.

— Mas eu quero saber o que é…

— São pepinos, Hotori! Pepinos! – Nagihiko recitou, impaciente, achando seguro largar Yaya depois de ameaça-la implicitamente.

— Sim, pepinos. – Rima observou – E limão também.

— Quer parar com essas insinuações, Mashiro?!?! – Nagihiko quase perdeu a paciência, e tentou ao máximo controlar seu tom de voz cerrado os dentes – E de qualquer forma, isso nunca aconteceu, está bem? – ele resolveu esclarecer, antes que as fujoshis e Amu tivessem alguma ideia errada sobre ele e Tadase.

— Isso o que? Eu não estou entendendo…

— Deixa pra lá, Tada-kyun. Nagi não quer que você saiba agora, ele quer ele mesmo ensinar tudinho a você! M-mudando de assunto… - ela notou o olhar perigoso de Nagihiko e resolveu se retratar. Ainda mais agora que sabia que Nagihiko também podia usar aquela naginata a hora que quisesse – A Utau-chan me convidou para ir a casa dela, assistir anime! Ela vai fazer pipoca e tudo! Vocês querem ir?

— Aquele gato pulguento vai estar lá? – Rima indagou, sem nenhum esboço de expressão.

— Não, a Utau disse que ele está tendo aulas de recuperação por todas as faltas que tinha… Parece que ele arrumou um amiguinho nessas aulas também… nyaha, será que o Ikuto-chan também está hehehe mudando de time… hehehehehehehe…

— Pare com essa risada preocupante, Yaya, está me dando nos nervos – Nagihiko sibilou.

— Eu vou – Rima respondeu sem nem pestanejar, ignorando o comentário de Yaya.

— Okee… mais alguém?

— Eu adoraria, mas não posso – Amu lamentou – Combinei de ir à biblioteca com Sanjou-kun.

— Aaah, Amu-chii tem um encontro! – Yaya cantarolou, alto o bastante para todas as pessoas que ainda almoçavam na sala levantarem suas cabeças e olharem na direção de Amu, que ficou mais vermelha do que um pimentão maduro.

— E-ele tem que fazer uma prova de aproveitamento para reingressar na Seiyo depois das provas, então eu vou ajudá-lo, é só isso!! – ela se apressou em dizer, nem um pouco convincente.

— E vocês dois? – Rima desviou o assunto da conversa, enquanto Yaya ria alto da tentativa da Coringa de se explicar.

— Eu e o Hotori-kun vamos estudar essa tarde. As provas estão chegando, afinal, não podemos perder tempo – Nagihiko explicou calmamente, enquanto juntava os obentos sobressalentes para lavá-los.

— Estudar não é? Sei bem… – Yaya ia recomeçar, mas com um novo olhar carregado de ameaças de Nagihiko, ela engoliu em seco e se calou. O medo que ela sentia de Nadeshiko vinha bem a calhar nessas horas.



A aula continuou normalmente depois disso, sem nada digno de nota ocorrendo. O tempo correu lentamente, e depois de muitas e muitas horas, finalmente, o abençoado sinal do final das aulas soou, dando novo ânimo aos desmotivados alunos.

Tadase se ergueu mais do que imediatamente, mais ansioso do que o comum pelo fim da aula. Como Yaya e Rima iam visitar Utau, e Amu estudaria com Kairi, Tadase não viu motivos para não cancelar a reunião daquele dia e ir embora para casa mais cedo também. Nagihiko o acompanhou, tranquilamente, e os dois saíram apressados antes que qualquer um os notasse.

Durante o caminho, Tadase desejou ardentemente segurar a mão de Nagihiko. Sabia que isso não era possível, e o valete notou o semblante cabisbaixo do loiro, mas não havia nada que pudesse ser feito quanto a isso. Os dois andaram rapidamente pelo caminho, até chegar na casa de Tadase. Entraram silenciosamente, vendo Hotosaki dormir a sono alto no pátio da casa, enquanto tomava sol, e não queriam acordá-lo, pois ele certamente faria um alvoroço e não os deixaria estudarem.

Enquanto tiravam os sapatos na entrada, a mãe de Tadase apareceu, vindo apressada para a direção deles.

— Tadaima – ele disse rapidamente, e Nagihiko pediu desculpas pela intromissão.

— Desculpe, Tadase. Eu sei que você disse que seu amigo viria para cá hoje, mas eu preciso ir ajudar a prima Sayuri. Ela está grávida, você sabe, e não anda se sentindo muito bem. Por favor, faça algo para vocês comerem, e não façam bagunça – ela disse apressadamente, enquanto colocava os calçados, pegava a bolsa e saia em polvorosa da casa.

— Ah, certo… - Tadase piscou atônito, olhando para a porta que já havia sido fechada.

Nagihiko também ficou um pouco sem reação. Havia se preparado psicologicamente para estar o tempo inteiro com Tadase e com a presença esmagadora da mãe dele às suas costas, mas agora… eles estavam completamente sozinhos. Parecia até alguma daquelas armações da Yaya para deixá-los “mais à vontade”. O valete estava repentinamente nervoso com aquela conjuntura. Como deveria se portar agora?

Tadase, por outro lado, não parecia nem um pouco perturbado com a situação. Era mais provável que nem tivesse entendido o que ficar a sós com Nagi pudesse significar, e alegremente, segurou-o pelo braço, rebocando-o para na direção do seu quarto.

Os Shugo Charas pareceram evaporar imediatamente após a saída da mãe de Tadase. Eles haviam prometido ficar com os donos, e cuidar caso ela se aproximasse e visse algo que não deveria, mas agora, eles estenderam sua rede de espionagem para mais além, e ficaram do lado de fora cuidando a porta. Claro que isso era uma desculpa para deixar os dois sozinhos, e os três acabariam por brincar com Hotosaki no pátio da casa sem cuidar de porta alguma.

— Etto… então, sua prima está grávida, é? – Nagihiko comentou arbitrariamente, tentando puxar algum assunto, sentando-se na mesa em frente à Tadase. Claro que foi desastrosamente malsucedido, pois logo que respondeu com um “é”, Tadase começou a puxar seus livros para cima da mesa de centro. Nagihiko se conformou, pensando que talvez, estudando, ele deixasse de lado os pensamentos imorais.

— Podemos começar com matemática? – Tadase indagou, contente demais para alguém que estava estudando.

— Claro. – Nagi respondeu, e sentiu algo parecido com um deja vú. Aquela cena era familiar…

Tadase abriu o caderno e pegou uma lapiseira, e Nagihiko fez o mesmo, um pouco mais desmotivado que o loiro, que já copiava as contas em outra folha para refazê-las. Nagihiko não havia escrito nada, e devia estar na página errada do livro também, mas não conseguia se concentrar facilmente. Seus olhos atraíram-se para o pequeno Rei, vendo-o tirar o paletó do uniforme e afrouxar o nó da gravata, sem tirar os olhos do cálculo que fazia. Os olhos dourados do valete percorreram inconscientemente o caminho, a partir do rosto focado de Tadase, com uma ruguinha surgindo entre os olhos, e então a lapiseira que ele passava pelos lábios franzidos pela concentração, mordendo-a distraidamente, o pescoço pálido que se evidenciava, o peito magro e liso, os braços gentis, a mão que se apertava ao redor da lapiseira… Aah! Droga! Nagihiko já estava se sentido estranho, e isso não podia continuar por muito mais tempo. Realmente, ele não ia conseguir aguentar até o final desse estudo…

— Nee, Fujisaki-kun…? – Tadase chamou, sem levantar os olhos – Depois de estudar, nós podemos assistir a um filme, não podemos?

— Filme? Claro! – Nagihiko respondeu, e com um lampejo, uma lembrança não muito distante retornou, fazendo com que ele sorrisse. Tadase inclinou a cabeça em dúvida, sem entender o motivo daquele sorriso – Nee, Hotori-kun… você lembra que no início do ano passado… eu também estudei com você…? Eu estava tentando entrar no time de basquete… e você se ofereceu para me ajudar com as provas…

— É claro que eu lembro! Naquele dia também começamos com matemática, não é? Parece que é algum tipo de hábito meu… - ele riu sem graça, passando as mãos no cabelo, sem saber o que dizer.

— Nós assistimos a um filme, você se lembra disso? – ele riu, recordando do quanto Tadase ficou com medo, agarrando-o durante as cenas aterrorizantes. Naquela época, isso deixara Nagihiko confuso e hesitante, mas agora, era uma lembrança engraçada. Tadase também pareceu remeter a mesma recordação, pois logo corou, envergonhado pelo seu medo infundado e constrangedor.

— E-eu acho que devo ter parecido patético, com medo de um filme de terror, não é?

— Na verdade… eu achei muito kawaii… Acho que acabei me apaixonando ainda mais por você naquele dia, por ser tão fofo! – Nagihiko disse, e riu do rosto envergonhado de Tadase, que não conseguia fita-lo diretamente por mais que tentasse – Sabe… naquela noite em que eu dormi aqui… eu abracei você enquanto dormia. Mesmo que isso fosse errado… você estava tendo um pesadelo e eu… não resisti. Mas acho que foi a vez em que eu dormi melhor, em toda a minha vida, sabe…

Tadase riu embaraçado, com o rosto enrubescido e o olhar variando entre os cadernos, as próprias mãos e a parede ao seu lado.

— Eu também… me senti muito seguro ao seu lado. Naquela época eu nem podia suspeitar, mas talvez eu já gostasse de você – ele disse, lembrando-se da exata sensação de estar aconchegado aos braços de Nagihiko. A lembrança foi tão forte que o fez corar ainda mais furiosamente – T-talvez possamos fazer isso novamente uma outra vez…

— Ver o filme? Mas você não gosta de terror, Hotori-kun… - Nagihiko ficou confuso, e foi a vez de Tadase rir da reação do maior.

— Eu estou falando sobre… sobre d-dormir… j-juntos… - ele se forçou a dizer, embora fosse realmente vergonhoso – Desde que começamos a namorar, nós nunca… bem…

Nagihiko sentiu algo como uma experiência de quase morte, em que sua alma saia do corpo. Ele tinha ouvido errado, ou Tadase estava convidando-o para dormir com ele? Claro que para alguém como Tadase, essas palavras não tinham nenhum duplo sentido, mas… se Utau ou Yaya ouvissem isso, certamente fariam um escândalo. Quase neurótico, Nagihiko olhou ao redor, apenas para garantir que não havia câmeras escondidas, e então, seus olhos focaram em Tadase. Ele o fitava diretamente dessa vez, com as bochechas vermelhas como morangos maduros, e um sorriso calmo e afável nos lábios.

O coração de Nagihiko pareceu derreter, e ele sentiu uma imensa vontade de agarrar aquele garoto ali mesmo. Ele fazia uma cara tão adorável agora, era quase covardia… e de repente, aquela felicidade brilhante e enorme invadiu seu peito, fazendo-o suspirar agradavelmente. Um sorriso se projetou, e antes que percebesse, Nagihiko ria alto. Tadase se assustou, pensando que talvez a sua proposta tenha sido realmente ridícula. Já ia retirá-la, quando Nagihiko, ainda rindo, inclinou-se sobre a mesa e acariciou o seu rosto.

— Desculpe, acho que te assustei… É que de repente eu percebi que agora… bem, é diferente de antes. Agora você sabe o que eu sinto por você, e também retribui a esses sentimentos… não sei, é que eu fiquei tão feliz por estar ouvindo esse seu pedido e não precisar me culpar nem sentir que estou fazendo algo errado, que simplesmente não consegui me conter. Você me faz muito feliz, Hotori Tadase… - ele sussurrou amavelmente, e então depositou um singelo beijo bem na ponta do nariz de Tadase, que tornou a corar ainda com mais intensidade, até as orelhas. – Eu acabei lembrando… - ele retornou ao lugar, sentando-se sobre as pernas – Naquele tempo… bem, realmente, não faz tanto tempo assim, mas para mim, é como se fizesse parte de outra vida… eu me sentia muito agoniado de estar aqui com você – Nagihiko começou a falar sem nem perceber, baixando os olhos para a mesa a sua frente – Na verdade, mesmo que você tenha realmente me ajudado muito com os estudos, e eu só consegui passar nas provas graças a isso… era difícil me concentrar em qualquer coisa com você por perto… e era horrível a sensação de não poder dizer o que eu sentia…

— Ah! F-fujisaki-kun… - Tadase arquejou, sentindo algo apertar em seu peito. Ele sempre se sentia aflito quando Nagihiko começava a contar sobre quando se apaixonara por ele e não tinha coragem de se declarar. Engatinhou pelo chão até chegar bem perto de Nagihiko, e sentou ao seu lado, escorando a cabeça no ombro dele – Eu estou aqui agora, e vou sempre estar do seu lado. Não importa quanto tempo passe. Então… Não precisa pensar nisso.

— Está tudo bem, Hotori-kun… apesar de eu ter sofrido antes, agora com você bem aqui, onde eu possa tocá-lo… – ele abraçou Tadase, afagando suas costas, e com a outra mão, acariciou seu rosto corado e macio –… Quando eu me lembro dessas coisas, não me sinto mais tão mal. Eu realmente apreciava a sensação de estar apaixonado platonicamente, por mais que isso fizesse meu coração se apertar. Eu tive sorte de me apaixonar por alguém como você, Hotori-kun… e eu gostava da sensação de quando você estava perto e eu sentia meu coração inflar de alegria… e de quando eu olhava para você, e nossos olhos se encontravam… ou de quando eu tocava em você por acidente, e minha pele parecia se aquecer com apenas isso…

— P-pare de falar dessas coisas, é embaraçoso! – Tadase pediu, escondendo o rosto no peito do valete. Ele riu, acariciando os cabelos loiros de Tadase. Ficaram assim por algum tempo, até que Tadase erguesse o rosto ainda corado para ele – Nee… Fujisaki-kun, v-você pode… sabe… me b-b-beijar agora… se quiser.

— Eu só estava esperando você me pedir… - ele riu matreiro, envolvendo o rosto do loiro com uma das mãos enquanto a outra o mantinha firme pela cintura. Aproximou-se do rosto do loiro, vendo-o fechar seus olhos com força, e entreabrir os lábios, esperando. Sorriu para si mesmo, e beijou primeiro a bochecha dele, sabendo que isso o provocaria. Deslizou lentamente com os lábios, apreciando a sensação. Tadase apertou seus dedos no paletó dele, encostando-se mais ainda nele, e tremendo levemente com a expectativa. Nagihiko finalmente encerrou com aquela tortura, selando seus lábios com os dele. Tadase amoleceu em seus braços, e ele o trouxe para mais perto, encaixando-o em seu colo e aprofundando o toque lentamente.

Tadase retribuiu à altura, entrelaçando os dedos nos cabelos de Nagihiko e o abraçando com força, explorando também a boca dele com a língua assim como ele fazia. Nagihiko inclinou o corpo de Tadase para baixo, empurrando-o contra o chão, e colocou-se acima dele, abraçando-o pela cintura, sem interromper o beijo. Sentiu as mãos de Tadase passando por suas costas, apertando-o, e afastou-se apenas para buscar um pouco de ar, antes de encaixar seus lábios com os de Tadase novamente, iniciando outro beijo tão ávido quanto o anterior.

Ficaram assim por muitos segundos, até que Nagihiko finalmente sentisse que era possível soltar Tadase. Afastou seus lábios dos dele, apenas alguns centímetros, e deitou a cabeça no espaço entre o pescoço e o ombro, aconchegando-se ali. Abraçou o menor pela cintura, como se ele fosse algum fofo e grande bicho de pelúcia, e suas pernas que já estavam entrelaçadas pelo contato anterior se aproximaram ainda mais. Acariciou a pele dele com o nariz, sentindo o doce cheiro que ele possuía, e sentiu-o arrepiar com o toque.

— Acho que você ficou melhor em beijar, Hotori-kun… - Nagihiko riu, sabendo que Tadase ficaria envergonhado demais com aquela frase para encará-lo.

— N-não f-fale dessas coisas – ele ralhou, escondendo o rosto nos cabelos de Nagihiko.

— Eu amo você, Hotori-kun… - ele sussurrou no ouvido de Tadase, que, surpreso com aquela mudança de atmosfera, virou-se, abraçando seu rosto e trazendo ao encontro de si. Ouviu o “eu também amo muito você” soprado de Tadase, e sorriu para si mesmo. Aquele abraço, aquelas palavras… era o que ele sempre desejara, e enfim conseguira alcançar. Era tão perfeito que até parecia um sonho. Nagihiko nunca imaginou que pudesse ter direito a uma felicidade tão grande assim. Mas as mãozinhas quentes de Tadase em sua cabeça demonstravam que aquilo estava acontecendo – e era a mais verdadeira realidade.

— Fujisaki-kun… tem algo que eu queria falar com você – Tadase disse em um tom de voz preocupado, e Nagihiko levantou os olhos, libertando-o do abraço para que pudesse olhar para ele. Tadase abaixou-se um pouco, até deitar no peito de Nagihiko, o lugar mais confortável para ele em todo o mundo, e então começou a falar, enquanto distraidamente brincava com o botão do casaco dele – Bem… eu estive pensando há algum tempo… e hoje acabei lembrando sobre isso novamente… Sabe, aquilo que a Hinamori-san disse, eu acho que ela tem razão. Eu e você… nós já não conseguimos mais disfarçar quando estamos na frente de outras pessoas, e podem acabar descobrindo. Eu imaginei que o melhor seria contar logo a verdade para os nossos pais e assumir de uma vez o nosso namoro, m-mas… quando eu pensei nisso… e-eu acho que minha mãe nunca aceitaria nós dois… - ele baixou a voz, e antes que percebesse, as lágrimas corriam soltas pelos seus olhos, caindo em Nagihiko. – Me d-desculpe, Fujisaki-kun… mesmo sabendo o quanto você odeia mentiras, eu acho que não sou capaz de dizer a verdade para eles ainda. E-eu tenho tanto medo… - ele soluçou.

Nagihiko, sentindo uma dor que já fora familiar no passado, mas que recentemente se tornara distante, retornar ao seu peito. Abraçou Tadase com força, tentando aplacar essa sensação e encerrar o choro dele. Encostou seu rosto ao dele, sentindo as lágrimas tocando suas bochechas. Os dois permaneceram abraçados e em silêncio, até que as lágrimas de Tadase secassem.

— Hotori-kun, confie em mim. – Nagihiko disse, com o máximo de firmeza que conseguiu reunir, acariciando as costas de Tadase – Eu estou aqui, eu não vou deixar nada acontecer com a gente. Eu sei que vai ser difícil fazer nossas famílias aceitarem, e a minha mãe com toda a certeza não vai nos receber de braços abertos como o Tsukasa-san fez, mas… eles ainda são nossos pais, e quando perceberem o que somos, e o quanto nos amamos, eles vão nos aceitar. Eles querem nossa felicidade, afinal. Mas… mesmo que isso não aconteça, mesmo que o mundo inteiro esteja contra nós, eu sempre vou estar do seu lado, te protegendo, meu amor… – acariciou o rosto de Tadase, levando embora as últimas lágrimas que brilhavam escorrendo, e falou com a voz aveludada e carinhosa, transbordando afeição - Então não se preocupe com nada, está bem? Eu sempre vou estar onde você estiver, e sempre vou cuidar de você. Não importa quanto tempo passe, meus sentimentos não vão mudar. Eu não vou deixar que nos separem. Está escutando isso? – ele aproximou o ouvido de Tadase do seu peito, enquanto acariciava lentamente os fios dourados que caiam sobre os olhos úmidos dele.

—É o seu coração…

— Sim. Ele só bate por sua causa. E enquanto ele estiver batendo, eu vou amar você. Acredite em mim, eu nunca, jamais, irei soltar essa mão – ele mostrou os seus dedos, perfeitamente entrelaçados aos de Tadase. – Confie em mim.

— Eu confio, Fujisaki-kun – Tadase sorriu fracamente, cerrando os olhos e tocando ligeiramente os seus lábios com os dele – Eu sempre confiei. Eu também quero cuidar de você, e ficar ao seu lado. Para sempre. Essa foi a nossa promessa, não foi?

— Sim, foi… - Nagihiko riu com aquela recordação. Mexeu os dedos, ainda segurando a mão de Tadase, e entrelaçou o dedo mindinho ao dele, erguendo até a altura dos seus olhos. – Aqui, a nossa preciosa promessa. Ei, está vendo isso, bem aqui? – ele apontou para os dedos entrelaçados.

— O que?

— Essa linha vermelha. – ele apontou novamente – A linha do destino. Um fio vermelho e invisível, amarrando nossos dedos. – ele disse, olhando diretamente para Tadase – Um fio da cor dos seus olhos… - sorriu.

— Sim, eu posso ver – Tadase sorriu também, olhando para os dedos unidos – Um fio vermelho que conecta aqueles que estão destinados a se encontrar, independentemente do tempo, circunstância ou lugar.

— O fio pode esticar ou se enrolar, mas nunca vai se partir. – ele completou, decididamente – Então, Hotori-kun, não se preocupe com nada. Eu não vou deixar essa linha se partir. Não vou permitir que ninguém nos separe, nunca! Mas, se for o caso, sempre te encontrarei, não importa onde você esteja. Eu sempre vou te amar. Essa é a minha promessa. – ele beijou a mão de Tadase – Yubi kitta.

Tadase baixou a mão, projetando-se para cima, com um pouco de dificuldade, pois ainda estava deitado no chão, e selou a promessa com um tímido beijo nos lábios de Nagihiko. E nenhum dos dois teve coragem de soltar o dedo do outro.








Utau caiu no chão, sem ar de tanto dar risada. Yaya dava murros no sofá, incapaz de parar de gargalhar. E Rima inflou as bochechas, irritada e corada, furiosa por ser o motivo de piada das outras duas.

Elas estavam vendo os vídeos caseiros que acumularam ao longo daquele ano, e se deliciando com as maravilhosas cenas que Tadase e Nagihiko proporcionavam, quando enfim chegaram ao vídeo de Natal. Quando a parte em que Rima jogava pocky game com Ikuto apareceu, as duas não conseguiram se controlar, e tiveram que pausar o vídeo apenas para rir mais à vontade. Rima não conseguia erguer os olhos para a tela, pois lá estava ela, com os lábios colados aos de Ikuto. Era humilhante.

— Ai meu Deus, eu não aguento mais… - Yaya arfou, sentindo a barriga doer.

— Acho que vou morrer – Utau gargalhou, jogada no chão.

— Então se apresse e morra logo – Rima resmungou, seca.

— Ah, deixa de ser mal-humorada, Rima! – Kusu-kusu repreendeu, também rindo alto – Foi engraçado, admita!

— É, você não adora comédia? – Iru replicou, com sua risadinha maldosa.

— Aaah, isso não é comédia, é romance~- Eru cantarolou, sobrevoando ao redor de Rima, que a espantou como se fosse um mosquito.

— Pepe-tan achou fofo – a chara de Yaya riu também, igualzinha à dona.

— Vocês vão me pagar – Rima resmungou, cruzando os braços e desviando o olhar – Agora, passa logo essa cena! Antes que aquele pulguento apareça por aqui!

— Ah, entendi. Seria um problema se o Ikuto visse isso. Ele ia ficar se achando! – Utau concordou, dando play no vídeo. Rima viu a si mesma, sendo agarrada por Ikuto e depois caindo desmaiada para trás. Kusu-kusu riu alto, ainda empolgada.

Elas continuaram a assistir o vídeo, passando por vários pares até finalmente chegar em Tadase e Nagihiko. Nessa hora o vídeo tremia muito, por que Yaya que filmava tudo na ocasião teve uma crise histérica e começou a gritar.

Antes que enfim chegasse a parte que importava realmente, a porta se abriu com um clique e Utau parou o vídeo no exato momento em que Nagihiko começava a morder o palito. Vozes ecoaram pelo corredor, indicando que Ikuto estava acompanhado.

— Ah, ele trouxe um daqueles amigos delinquentes de novo – Utau suspirou, sem levantar do seu lugar no chão.

— Olha se não é a Hoshizora Utau… - uma voz arrastada e debochada se fez ouvir. Yaya começou a rir alto, acompanhada de Rima, mas Utau não entendeu.

— É Hoshina! – ela berrou, sentando de supetão no chão. Quanto enfim levantou os olhos, seu queixo quase despencou. Parado à sua frente, com o mesmo uniforme escolar de Ikuto, estava aquele desagradável surfista que ela conheceu no verão. Ele ainda conservava a mesma pose prepotente, e seus longos cabelos alaranjados estavam agora amarrados apenas de um lado, desleixadamente. Ele sorria com escárnio para Utau, fazendo-a ficar furiosa com apenas isso. – O que você está fazendo aqui, Kyouharu?!?! – ela gritou, levantando em um pulo e marchando até ele.

— Então você lembra o meu nome, é? – ele sorriu ainda mais abertamente, e Utau estancou, corando na mesma hora. – Eu costumo mesmo ser inesquecível para as garotas – ele a fitou diretamente, sorrindo de canto.

— Idiota! Perguntei o que está fazendo aqui?

— Meu pai foi transferido, e eu vim junto com ele. É meio difícil ficar aqui, sem nenhuma praia por perto, e eu cogitei a possibilidade de voltar, mas, quando encontrei seu irmão na escola – ele apontou para Ikuto, que já estava jogado no sofá, apenas apreciando a cena. Rima recusava-se terminantemente a olhar para ele – percebi que era meu destino encontrar você – ele ficou convencido, e afagou a cabeça de Utau, bagunçando seus cabelos.

— M-me solta! – ela se afastou um passo.

— Aaah, Utau, ele veio atrás de você! Eu sinto cheiro de amoor~ - Eru cantou bem alto, empolgadíssima, e Iru, pela primeira vez, fez coro a ela, dizendo que gostava do estilo do garoto.

— Cale a boca! – ela gritou, espantando as charas.

— Certo, eu não digo mais nada – Kyouharu defendeu-se, pensando que Utau havia falado para ele, mas sem tirar aquele sorriso convencido do rosto.

— S-saia da minha casa! – Utau disse para ele, colocando as mãos na cintura, mas sem tanta convicção quanto gostaria de demonstrar.

— Não, Tachibana é meu convidado! – Ikuto se impôs, fingindo indiferença quanto à situação, quando na verdade estava adorando cada segundo daquilo. A essa altura, ele já havia conseguido deitar no colo de Rima, com os pés apoiados em Yaya, que ria alto acompanhada de Kusu-kusu, Pepe e Yoru.

— Viu? Ikuto-kun é meu mais novo melhor amigo! Eu acho que vou frequentar muito a sua casa.

Utau se viu incapaz de articular uma frase completa, tamanha a sua indignação. Sentou novamente no chão, cruzando os braços para mostrar sua inconformidade, e se recusou a falar qualquer coisa. Kyouharu sentou ao lado dela, espalhando o corpo comprido demais pelo tapete, muito à vontade para alguém que acabara de chegar.

Ikuto apertou o controle, e o vídeo continuou. Eles começaram a conversar, explicando para Kyouharu sobre os amigos todos que apareciam na TV, e os apresentando. Ou melhor, Yaya explicava, por que Rima estava mais ocupada saboreando a sua inesperada e rápida revanche.

Mas Utau, embora estivesse irritada com a simples presença daquele garoto, que ela jamais cogitou que fosse ver novamente, não podia reprimir uma pontinha de algo que poderia ou não ser felicidade com a inesperada visita. Talvez… só talvez… as coisas fossem mudar para a cantora.






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Notas finais do capítulo

Yoo, Shiroyuki wa koko ni iru desu yooo~!
Tenho que confessar que esse capítulo já é meu favorito dessa nova fase unicórnios arco-iris e cor-de-rosa desses dois u-u mas eu sou suspeita pra falar nee??? Então, deixem suas opiniões também, são sempre bem vindas *u*
Só pra constar, aquilo a que o Nagi se refere, dos estudos, aconteceu no capítulo 3.
Agora tenho que ir tomar um banho, por que não aguento mais esse calor terrível .-. O próximo é com a senpai, otanoshimini!



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