Lamour Dure Siècles escrita por Adrenaline Earthquake


Capítulo 1
Retrouvailles


Notas iniciais do capítulo

Oe, Gérard é a forma francesa de Gerard e, como eu sou tosca, não achei forma francesa pra Frank, então ficou isso mesmo *-*
Espero que vocês saibam um mínimo de história da Idade Média mas, se não souberem, tudo bem porque eu não sei e escrevi mesmo assim ÊÊ O/
Mas não deve estar tão ruim assim.
Bom, enjoy!



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Na nossa atual Inglaterra, existia, há muito tempo atrás, um pequeno reino chamado Chansonland. Sir Gérard Way era o príncipe deste pequeno reino. Sir Gérard era um jovem que beirava seus vinte e um anos, a idade necessária para se tornar um rei. Apenas uma coisa o impedia: Ele não tinha uma rainha. Seu pai, o rei, já o apresentou a inúmeras princesas de outros reinos, mas ele delicadamente as rejeitou. Sua desculpa era de que “Nenhuma delas o interessava”. O problema era que, para se tornar um rei, ele teria de arranjar uma rainha.

Um certo dia, o príncipe foi acordado gentilmente por uma de suas empregadas.

–Sir Way, está na hora de acordar. – disse uma mulher velha e baixinha que trabalhava no castelo dos Way há muito tempo, tocando o ombro do príncipe de leve, fazendo-o acordar.

–Já vai... – resmungou ele.

–Perdoe-me, Sir Way, mas teu pai mandou lhe dizer que o senhor precisa acordar neste exato momento, pois ele quer falar com o senhor.

O príncipe grunhiu, mas levantou. A mulher saiu do quarto, abaixando a cabeça, timidamente. Sir Way pôs roupas comuns, afinal, sair do castelo não estava nos seus planos. Na verdade, sair do castelo nunca está nos seus planos, pois seu pai o proibiu de sair de lá.

–Nunca, Gérard, nunca saia do castelo, ou sofrerá as consequências. – disse seu pai certa vez. Foi a única vez, segundo o príncipe, que seu pai foi tão severo com ele. Na maioria das vezes, o rei era um homem gentil e bondoso.

Sir Way se olhou no espelho. Ele era um homem magro. Seus cabelos negros contrastavam com sua pele pálida como a neve e seus olhos verdes lhe davam um toque de mistério que todas as princesas admiravam. Suas roupas cor de vinho combinavam com as botas de couro que usava e com a capa negra amarrada.

O príncipe saiu do seu quarto e se encaminhou até o salão, onde ele e sua família tomariam o café da manhã.

–Bom dia, Gérard! – disse o rei, com seu costumeiro bom humor.

–Bom dia, querido. – disse a rainha, sorrindo.

–Bom dia, pai. Bom dia, mãe. – disse o menor, respeitosamente. Seu pai e sua mãe estavam sentados, lado a lado, na ponta da mesa. O príncipe se sentou do lado de sua mãe e, ao sentar, as criadas começaram a chegar com bandejas de prata com variados tipos de comidas e puseram-as nas mesas.

–Filho, precisamos conversar. – disse o rei. O príncipe assentiu, assistindo as criadas pôrem a comida em seu prato e murmurando um “obrigado” muito tímido. Segundo as regras, ele não deveria ter feito isso, pois elas estavam fazendo apenas seu trabalho, mas Sir Way insistia em dizer-lhes obrigado, afinal, elas também eram seres humanos e mereciam o mínimo de respeito.

–O que foi, pai?

–Teu aniversário é daqui a poucos dias, você sabe disso, não sabe?

–Sei sim, pai.

–E o dia do teu aniversário era, supostamente, o dia em que receberias a coroa e tornaria-se rei. Porém...

–... Eu não tenho uma rainha. Eu sei, pai. Mas o que posso fazer se todas aquelas princesinhas mimadas não me atraem? Elas são tão... superficiais. É bem óbvio que, pelo menos a maioria delas, só querem se casar comigo por causa da nossa fortuna. – disse ele, com a voz entediada. Seu pai suspirou de cansaço.

–Gérard, eu não queria fazer isso, mas eu não tenho escolha... – ele chamou uma das servas, cochichou-lhe alguma coisa e essa mesma serva saiu pela porta da frente, com passos curtos e rapidos. Sir Way observou tudo com um olhar de dúvida. Minutos depois, uma jovem de cabelos negros e olhos da mesma cor entrou na sala. Ela usava uma tiara, o símbolo das princesas, na cabeça.

–Esta é Sophie Chevalier, filha de Charles e Magna Chevalier, reis do reino de Sweyn. Irás se casar com ela e não não é de meu interesse teus problemas para com princesas.

Sir Way arregalou os olhos. Não era justo, ele não queria se casar com uma menina com a qual ele nunca falou. O príncipe disse isso ao pai, mas sua única resposta foi:

–Para isso, reservamos este dia inteiro para que possas conversar com Lady Chevalier. Assim, poderão se conhecer e, no futuro, governar este reino muito bem.

Sir Way estava chocado. Ele sabia que seu pai poderia ser um pouco severo às vezes, mas nunca imaginou que ele poderia fazer isso. Ainda pensando neste episódio, Sir Way se levantou, indignado, e saiu pela porta que dava para os jardins, ignorando os olhares curiosos de Sophie e os protestos de sua mãe e de seu pai.

O príncipe começou a andar pelo jardim imenso de seu castelo, tentando organizar os pensamentos. Ele ainda não conseguia acreditar que seu pai pudesse ter feito uma coisa assim com ele. Ainda irritado, ele chegou perto do muro que cercava o castelo dos Way e bateu com força, extremamente irritado. De repente, ele teve uma ideia. Já que seu pai fez isso com ele... Ele podia fazer uma coisa ruim para seu pai também, nada mais justo! Sendo assim, ele arquitetou um plano para de noite: Ele fugiria do castelo e passaria a noite ali fora. Não precisava ser muito tarde da noite, já que, desde pequeno, o príncipe foi ensinado a não fugir do castelo e, para falar a verdade, ele nunca havia tentado, tanto que os guardas começaram a dormir no serviço, já que nada acontecia.

Enquanto esperava por de noite, ele resolveu dar uma chance à Sophie, afinal, quem sabe ela poderia ser legal.

Sir Way foi até o andar de cima, ignorando completamente seu pai e sua mãe, e foi até o quarto de hóspedes, que era onde a princesa ficaria hospedada por alguns dias. Ele bateu na porta de carvalho, até ouvir uma voz suave dizer “entre”.

O príncipe abriu a porta e deu de cara com a princesa sentada comportadamente na cama, examinando o quarto. Ele fechou a porta atrás de si, fez uma mesura e disse:

–Meu nome é Sir Gérard Way.

–Meu nome é Lady Sophie Chevalier. Muito prazer em conhecê-lo, Sir Way. – ela se levantou e abaixou a cabeça, respeitosamente.

–Desculpe-me pelo meu comportamento de antes, a notícia foi um pouco chocante para mim. Espero não ter passado uma má impressão de mim.

–Oh, não. Meu pai também me surpreendeu com essa notícia. – ela sorriu gentilmente.

–Espero que, mesmo que não possamos nos casar, possamos ser amigos, Lady Chevalier. Você parece ser uma princesa diferente das outras, entende?

–Agradeço o elogio. O senhor parece ser um cavalheiro muito gentil, Sir Way.

–Também agradeço o elogio. – o príncipe sorriu.

Os dois conversaram durante a tarde inteira e, logo se tornaram amigos. Em um ponto da conversa, o príncipe chegou a contar à sua nova amiga o seu plano e, para sua surpresa, Lady Chevalier concordou com o plano. A princesa disse que seu pai a permitia sair por aí e que a vida simples dos camponeses era muito bonita para se observar, portanto, ela o ajudaria com o plano.

–Tem certeza de que quer fazer isso? – perguntou o príncipe – Ainda dá tempo de desistir, senhorita. Não a forçarei a nada.

–Não, eu acho que o senhor precisa ver o mundo lá fora. Vá lá e divirta-se! – ela sorriu. Os dois estavam posicionados na torre mais próxima do muro. Sophie disse que contaria alguma mentira aos pais de Sir Gérard, algo do tipo “os dois estavam conversando no quarto”. Enquanto isso, o príncipe poderia observar a vida dos camponeses até mais ou menos umas dez da noite.

–Boa sorte. – disse a princesa, antes de ajudá-lo a pular da torre.

Sir Way caiu no chão de pé. Ele agradeceu mentalmente ao seu pai por contratar um treinador para ajudá-lo a lutar com espada e, consequentemente, o príncipe teve que aprender alguns movimentos, entre eles, a cair com segurança.

Ele começou a seguir a estrada até a vila mais próxima. Ao chegar, ficou muito surpreso com o estilo de vida das pessoas.

Eram mais ou menos cinco da tarde e ainda havia movimento na pequena vila. Enquanto os homens e os meninos trabalhavam no campo, as mulheres e as meninas estavam dentro de suas cabanas, cozinhando ou arrumando a casa. Uma das coisas que Sir Gérard não entendia era o fato de que as mulheres tinham que ficar em casa enquanto os homens trabalhavam nos campos.

Até hoje, não se sabe se foi de propósito ou se foi apenas o destino, mas acontece que Sir Gérard, sem querer, trombou com um camponês que voltava para casa.

–Oh, desculpe, camponês! – exclamou o príncipe.

–Ai! Não tem problema... – disse a figura, levantando-se do chão.

–Não se machucou?

–Não, não. Eu estou bem. Obrigado por se preocupar. – o camponês levantou o olhar e Sir Gérard pôde ver seu rosto.

O desconhecido era baixo, tinha cabelos negros e olhos verdes hipnotizantes. Vestia roupas típicas de um camponês e seu sorriso era enorme. Sir Gérard se perguntou o por quê dele estar sorrindo tanto.

–Qual o teu nome? – perguntou o camponês – Nunca te vi por aqui.

–Meu nome é Gérard Way. – se Sir Gérard tivesse pensado um pouco mais, provavelmente ele não teria dito seu nome de verdade, mas ele não teve o tempo suficiente para pensar em um nome falso.

O baixinho arregalou os olhos.

–Gérard Way? O príncipe de Chansonland? O que o senhor está fazendo aqui, em uma vila humilde como esta?

–É uma longa história, camponês.

–Claro, claro, senhor. – ele fez uma reverência. De repente, os dois ouviram o estômago de Sir Gérard fazer um barulho estranho.

–O que houve? – perguntou o camponês.

–Eu não como faz algumas horas.

–Por que? – ele franziu a testa – Ah, deixe para lá, provavelmente não é da conta de um camponês como eu. – o baixinho não disse isso como uma acusação, mas sim como uma constatação – Sei que não será muito para o senhor, mas convido-lhe a jantar comigo e com minha mãe.

–Oh, seria ótimo, jovem camponês. Aliás, qual é o seu nome, meu caro?

–Frank. Frank Iero. – por alguma razão, este nome lembrava-lhe alguma coisa.

–Muito prazer, Sr. Iero.

–Por favor, me chame de Frank. – ele sorriu, enquanto conduzia o príncipe para a cabana dele. Ao chegarem, Sir Way ficou chocado com o tamanho da cabana: era extremamente pequena em comparação ao seu castelo. Havia apenas uma sala que era junto com a cozinha e dois quartos. O príncipe ficou ainda mais chocado ao saber que eles tinham sorte de conseguirem dois quartos, pois a maioria das famílias pobres apenas tinham um quarto para várias pessoas.

–Mãe, trouxe alguém para jantar conosco. Alguém muito importante!

–Quem é, meu filho? – perguntou uma voz feminina e rouca. A dona da voz era baixinha como Frank, tinha os cabelos loiros um pouco compridos e não era possível ver seu rosto, já que a figura estava de costas, na bancada da cozinha, cortando cebola. Provavelmente era a mãe do camponês.

–É o príncipe, Sir Gérard Way! – disse ele, animado. De repente, a voz se calou e os sons que vinham da cozinha cessaram – Mãe? – chamou Frank, visivelmente preocupado.

–Gérard Way? – disse a mãe do camponês, virando-se para encará-lo – É você?

–S-sou... – sussurrou ele.

–Ah, meu deus! Há quanto tempo! – disse ela, sorrindo – Já faz mais de sete anos que não o vejo!

–Como...

A mãe do camponês o cortou.

–Vamos, você pode jantar conosco, como você fazia antigamente! – dito isso, ela voltou para o fogão, seguida por um Frank muito confuso. Sir Gérard permaneceu onde estava, completamente confuso, como Frank.

–Mãe... – sussurrou ele, para que só ela ouvisse – Do que está falando?

Ela suspirou.

–Eu estou falando do teu melhor amigo Gérard.

–Como assim?! Ele é o príncipe, ele nunca foi meu melhor amigo!

–Conversamos depois, meu bem. Contarei-lhe tudo, mas depois.

Frank assentiu e voltou para perto do príncipe.

–Peço que desculpe minha mãe, ela não está em uma de suas melhores fases...

–Não tem problema. – ele sorriu simpáticamente. Os dois ouviram seu estômago roncar novamente – Não quero parecer mimado ou esfomeado, mas o que teremos de jantar? – perguntou ele, timidamente.

–Não muita coisa... – respondeu o menor, um pouco sem jeito – Eu sei que não será como aqueles teus jantares chiques com uma grande variedade de comida, mas... É o que nós temos.

Dito isso, a mãe de Frank apareceu, colocando pratos na mesa e várias panelas. Elas continham arroz, feijão, purê de batata e bife. Sir Gérard olhou, curioso, para o purê.

–O que é isto?

–Carne.

–Mas por que está tão vermelha por dentro?

–Porque cortamos a carne do boi faz poucas horas e ainda está fresca.

Sir Gérard arregalou os olhos.

–Vocês mataram o boi?

–Oh, não! – o jovem camponês riu – Ele morreu de doença. Nós tentamos salvá-lo, mas não foi possível. Vossa majestade veio em um dia de sorte, príncipe Way. Nós geralmente não comemos carne, afinal, não queremos matar um pobre animalzinho. Normalmente, nós só comemos verduras e legumes.

O príncipe ouviu a tudo, muito intrigado. Claro que ele comia carne no palácio, mas não era, nem de longe, tão boa quanto a que ele comeu na casa do camponês. Isso sem falar das verduras, que estavam mil vezes melhores do que as do castelo.

–Puxa, o senhor gosta mesmo de verduras. – notou o camponês.

–Na verdade, não. Eu sempre odiei. Porém, tuas verduras são muito melhores do que as do castelo. – disse ele entre uma garfada e outra. Frank sorriu.

–Fui eu quem cuidei delas. – disse ele, orgulhoso. O príncipe riu e continuou a comer.

Após todos terminarem, o camponês e sua mãe tiraram a mesa e Frank levou Sir Gérard para fora, para ele poder descansar. Eles se sentaram debaixo de uma árvore do lado da cabana. Era um carvalho grande e bonito, que, de dia, fazia uma sombra boa para se sentar. Porém, de noite, simplesmente era um lugar confortável para se sentar.

–Eu sempre venho aqui a noite... – comentou Frank.

–É? Por que?

–Não sei... Parece que, quando eu sento aqui, um buraco se fecha no meu coração. Não sei por que, mas durante todos os dias de minha vida, eu ando para lá e para cá com alguma coisa faltando no meu coração. Já tentei de tudo, mas não consigo descobrir o que é. – ele sorriu tristemente.

–Oh, espero que consiga encontrar o que procura.

–Obrigado. Sabe... O senhor é bem diferente do que eu pensei, príncipe.

–Como assim?

–Eu achei que todos esses nobres fossem todos mimados e enjoados... Mas o senhor não é assim. Sir Way sorriu.

–Agradeço. Nem todos os nobres são como eu. Muitos deles são apenas um bando de pessoas que cresceram com todas as regalias que você possa imaginar. Alguns deles, na verdade, nem merecem todo esse conforto. Faria de tudo para que estas últimas figuras pudessem viver um dia com pessoas humildes como ti. Talvez eles aprendessem a valorizar o que eles têm. – o príncipe riu sem humor algum.

–Você se sente sozinho, não é? No meio de toda essa gente.

–Impressionante. Eu te conheço fazem poucas horas e parece que você... Posso tratar-lhe como você? – vendo que o menor assentiu, o príncipe continuou – Parece que você já me conhece faz anos.

–É estranho, pois eu também sinto que te conheço faz anos. – ele sorriu.

–Obrigado por me deixar ficar aqui. Acho melhor eu ir andando...

–Espere! Por que não passa a noite aqui?

–Não sei... Provavelmente eles iriam atrás de mim...

–Por favor, príncipe. Já está de noite, é perigoso andar pelas ruas a esta hora da noite.

–Nisso você tem razão... Tudo bem, convenceu-me. Passarei a noite aqui. – disse ele, por fim. Frank sorriu, aliviado, e o conduziu até seu quarto.

–Você pode dormir na minha cama.

–Mas e você? – perguntou Sir Gérard, visivelmente preocupado.

–Não se preocupe. Dormirei na cama debaixo. – disse o camponês, puxando um colchão.

–Tem certeza? – ele arqueou as sobrancelhas.

–Claro, pode ficar tranquilo, Sir Way.

–Por favor, me chame de Gérard. Como eu já disse, parece que eu te conheço faz anos. – ele sorriu.

–Tudo bem então, Gérard. – o menor sorriu – Pode ir dormir, eu ainda tenho que resolver umas coisas. Boa noite.

–Boa noite, Frank. E... Obrigado, mais uma vez. – o príncipe sorriu mais uma vez e se deitou na cama. O camponês fechou a porta e foi até o quarto de sua mãe.

–Muito bem, pode ir falando o que aconteceu. – disse ele ao ver sua mãe sentada na cama.

–Frankie... Tem certeza de que quer saber o que aconteceu?

–É claro que eu tenho.

–Eu não ia contar isso a você, mas ok...

A mãe de Frank suspirou e começou a falar:

–Quando você era pequeno, eu e seu pai éramos reis de um pequeno reino perto daqui. Naturalmente, nós éramos muito ricos, e nós éramos muito amigos do pai de Gérard, Peter Way, rei de Chansonland e, como consequência, você e Gérard eram melhores amigos.

–Sério? – disse Frank, chocado.

–Sim. Enfim, vocês eram melhores amigos, faziam tudo juntos, passavam a tarde inteira brincando juntos e até estudavam juntos. O professor de vocês ia no castelo dos Way e você ia para lá, só para estudar com Gérard. Em uma de suas brincadeiras, sem querer, Gérard escorregou de uma pedra e bateu a cabeça na beira do rio, fazendo com que perdesse parte de sua memória. Porém, todos no reino disseram que foi você quem bateu a cabeça dele no rio. Apesar de eu negar para todos que você nunca faria isso, ninguém quis acreditar. Fomos tirados do trono, exilados e seu pai foi mandado à fogueira. Você era muito novo, mas sabia que não tinha sido culpa sua e que Gérard nunca mais ia lembrar de você. Por isso, resolveu esquecer disso tudo. Agora, anos depois, achei que já se lembraria do que ocorreu, mas me enganei.

Frank permaneceu em silêncio. Era muita informação para a cabeça dele.

–Quer dizer que... Eu conheço o príncipe?

Sua mãe assentiu.

O que os dois não sabiam, era que o próprio príncipe escutava toda a história. Ele ficou desconfiado ao saber que Frank tinha coisas para fazer e resolveu segui-lo de longe. Ao ver o menor fechar a porta, Gérard ficou atrás dela, ouvindo toda a conversa. Naquele momento, o príncipe ficou estático. Ele não podia acreditar. De repente, uma enxurrada de lembranças veio em sua mente: Os dois brincando nos jardins de seu castelo, os dois rindo da cara do professor, os dois correndo para lá e para cá, os dois recebendo broncas de seus pais... Tudo isso veio à cabeça novamente, como se nunca tivessem saído de lá. Porém, uma em especial o deteve.

Flashback

Os dois meninos de onze anos brincavam com seus brinquedos no jardim do castelo. Eles riam, conversavam e se divertiam como se não tivessem outras preocupações.

–Gee... – disse Frank.

–Que foi, Frankie?

–Posso te falar uma coisa?

–Pode.

–Eu... Eu acho que te amo.

–Eu também te amo,Frankie. Você é meu melhor amigo, sabe disso.

–Não é esse tipo de amar... Eu acho que me apaixonei por você.

Os dois ficaram em silêncio por um longo tempo.

–Sério?

–Sim.

Gérard pensou mais um pouco e depois disse:

–Posso tentar uma coisa?

Frank fez que sim com a cabeça. Gérard se aproximou e beijou o menor nos lábios, delicadamente. Ao se separarem, o filho dos Way sussurrou:

–Eu acho que também te amo, Frankie.

Frank sorriu e entrelaçou seus dedos.

–Gee... Por favor... Nunca me deixe sozinho...

–Eu não vou fazer isso. – ele beijou o menor novamente.

Fim do flashback

A parte triste dessa lembrança era que, no dia seguinte, o incidente ocorreu, obrigando-os a se separarem.

Gérard ofegou. Era mesmo uma notícia chocante. De repente, Frank abriu a porta.-

–Gérard?! O que você está fazendo aqui?!

–F-Frank... – gaguejou ele.

–O que você ouviu? – perguntou Frank ao fechar a porta do quarto de sua mãe.

–Tudo. – sussurrou o outro.

–Gérard... Me desculpe, eu não sabia. Eu não me lembrava de nada desta época, e agora eu sei o porquê. Você... Você acredita? Que não fui eu que bati a sua cabeça no rio?

Ele pensou por um minuto e depois disse.

–Acredito.

Frank suspirou, aliviado.

–Agora que eu percebo... Você realmente me lembrava alguém, mas eu não sabia quem era. – comentou o príncipe.

–Pra falar a verdade, você também. Eu sentia que eu já tinha te visto antes, mas não lembrava de onde. – disse Frank, encaminhando os dois para o quarto e fechando a porta.

Eles conversaram durante longas horas, contando um ao outro o que lembravam de suas infâncias, até que, em um certo ponto da conversa, o príncipe ficou com uma vontade enorme de falar sobre aquela sua lembrança em especial.

–Frank...

–Sim?

–Você se lembra do dia antes do... Você sabe... Do acidente?

Frank mordeu os lábios e franziu a testa.

–Acho que não. Por que?

–Bom, eu lembro.

Assim, ele começou a contar ao outro sobre o dia e, ao chegar na parte do beijo, Frank começou a corar.

–M-me desculpe, eu era uma criança. Não sabia o que falava. – ele riu baixinho. Gérard sentiu uma pontada de decepção, mas riu junto.

–Não tem problemas. Como você disse, você era só uma criança e eu também. Não faz mal.

Eles mergulharam em um silêncio profundo novamente, até que Frank o quebrou:

–Hipotéticamente... Se eu lhe dissesse que eu ainda gosto de você... O que você faria?

–Ah, não sei. Provavelmente iria perguntar o porquê e conversaria com você sobre isso.

–Ah...

–Por que a pergunta?

Frank mordeu o lábio inferior e disse baixinho, com a voz rouca.

–Eu ainda gosto de você...

Gérard não ficou surpreso. Já esperava por isso.

–Eu sei que provavelmente não serei correspondido, mas eu tinha que lhe contar. – disse ele, tristemente.

–Você está muito enganado, Frank.

O príncipe puxou o menor para perto e colou seus lábios. Ao se afastarem, este mesmo sussurrou:

–Eu ainda te amo, Frankie. Sempre amei, apesar de não saber disso. – ele passou a mão pelo rosto do menor, enquanto este apenas olhava para os olhos esverdeados de seu melhor amigo, completamente sem reação.

–G-Gérard… Eu… Eu te amo muito, mais do que tudo nesse mundo. – disse Frank, beijando o maior novamente. Desta vez, o maior pediu passagem, que Frank logo cedeu. Sua língua quente começou a explorar cada canto da boca de Frank. Este último passou sua língua pelos lábios de Gérard, mordendo-os de leve. O príncipe se separou do menor, um pouco corado, mas sorrindo abertamente.

Naquela noite, o príncipe foi verdadeiramente feliz com alguém que ele realmente amava.

Naquela noite, o buraco no coração de Frank foi fechado.

–X-

No dia seguinte, Frank acordou Gérard com um beijo.

–Bom dia, meu amor.

O outro simplesmente murmurou qualquer coisa e voltou a dormir. Frank riu, ele ainda lembrava desse Gérard dorminhoco que precisava ser arrastado para poder brincar.

–Eu trouxe seu café da manhã.

Com a palavra café da manhã, Gérard se levantou. Frank riu mais uma vez.

–Você nunca muda.

–Nem você. – disse Gérard, pegando o prato que Frank havia deixado na mesinha ao lado da cama e engolindo os ovos.

–Dormiu bem? – os olhos de Frank demonstravam carinho enquanto ele acariciava os cabelos do maior.

–Claro que sim. É a primeira vez em anos que eu durmo tão bem, na verdade. – ele sorriu, pondo o prato de lado novamente – Infelizmente, eu tenho que voltar ao castelo o quanto antes, pois meu pai pode descobrir que eu saí.

–Você não tem permissão para isso?

Ele fez que não com a cabeça.

–Oh, desculpe-me! Se eu soubesse, eu nunca teria pedido-lhe para que ficasse até mais tarde!

–Se você soubesse, eu nunca teria voltado a te amar. – disse Gérard, puxando o menor mais para perto e o beijando – Quer me acompanhar até o castelo?

–Mas é claro! – Frank sorriu.

Gérard se despediu da mãe de Frank, sem comentar que ele se lembrava do seu passado, e os dois voltaram para o castelo.

–Bom, é aqui... – disse Frank.

–Olha... – Gérard pegou as mãos do menor – Eu não vou perder você. Não de novo. Por isso, vou conversar com meu pai e vou dar um jeito de sair do castelo todos os dias para ver você. Não acho que aguentaria mais do que isso longe de você.

Frank sorriu e lhe deu um selinho.

–Vejo você amanhã, então?

–Com certeza, meu amor. Até amanhã.

Ao ver Frank se afastar, Gérard teve um pensamento repentino. Ele sabia que gostar de homens era pecado e, provavelmente, a igreja, se não seu pai, o mandaria para a fogueira. Ele teria uma longa conversa com seus pais e, se não houvesse jeito, ele esconderia a qualquer custo sua relação. Sabia que Sophie o ajudaria nisso, mesmo que tivesse que se “casar” com ela.

O príncipe entrou no castelo de um jeito que os guardas não o vissem, correu para seu quarto e se deitou, fingindo que dormia, até que uma das servas entrou para acordá-lo.

–O senhor precisa acordar, seu pai o chama.

Gérard murmurou um “Já vai” e se levantou lentamente, fingindo que ainda estava com sono.

–X-

–Gérard, precisamos conversar. – disse o pai.

–Sim?

–Sente-se.

Gérard se sentou na grande mesa do salão. Seu pai lançou-lhe um olhar severo, enquanto sua mãe lançou-lhe um olhar preocupado.

–Ontem à noite, eu acordei e tive um mau pressentimento. Levantei-me e fui até seu quarto para ver se estava tudo bem e, adivinhe só? Você não estava lá! E adivinhe: Um de nossos guardas relatou-me que viu o príncipe saindo sem permissão do castelo!

Gérard ficou calado

–Você tem noção do que acabou de fazer? Desrespeitou a única regra que eu impus a você! Eu lhe disse que, se saísse do castelo, sofreria as consequências. Sinto-lhe dizer, mas você perderá o trono, Gérard.

Sua mãe começou a chorar.

–C-como assim?

–Dói muito lhe dizer isso – disse Peter, sem nenhuma expressão de dor – Mas você não será mais o rei. Teremos que chamar seu irmão Mikey para ser o nosso novo rei. E tem mais: Você será deserdado será expulso do castelo e terá de viver em uma vila de camponeses qualquer.

–S-sério? – disse Gérard – Mas isso é... Maravilhoso!

Seus pais franziram a testa e mostraram um olhar confuso.

–Por que exatamente?

–Acho que, já que serei expulso de qualquer forma, posso lhes dizer isso. Noite passada, eu fui parar em uma vila perto daqui e conheci um garoto maravilhoso. Descobri que eu conhecia ele. Seu nome é Frank Iero, filho de Belle Iero.

Peter e Tiffany ficaram chocados.

–B-Belle Iero? – disse sua mãe, com a voz fraca.

–Sim, mãe. Sua melhor amiga. – disse ele, sem dó nenhuma – Eu ouvi a conversa entre ela e Frank e relembrei tudo que aconteceu.

–Aquele menino bateu sua cabeça no rio, Gérard. – disse seu pai, vermelho. Gérard nunca tinha visto ele assim.

–Não foi, pai. Fui eu quem escorreguei da pedra.

–Mas que absurdo! Aquele menino já infiltrou suas ideias na sua cabeça?!

–Não, Peter! – disse a mãe do príncipe – Foi ele quem escorregou! Eu vi o que aconteceu!

–Tiffany, você só pode estar louca...

–Não, é sério! Foi ele quem escorregou, Frank não teve nada a ver com isso. Pra falar a verdade, Frank se desesperou na hora e fez de tudo para ajudar nosso filho.

Peter não quis saber e começou a discutir com sua mulher. Vários minutos depois, seu pai notou que Gérard continuava ali, assistindo tudo.

–Gérard, saia do castelo e nunca mais volte.

–Com prazer, pai. – disse ele, com ironia pingando de suas palavras.

Ele juntou algumas roupas, pôs tudo em um cesto e saiu. Gérard sabia exatamente aonde ir.

–X-

Na casa de Frank, sua mãe cozinhava o almoço enquanto Frank voltava com alguns legumes. Ele não conseguia mais colher verduras sem lembrar de seu... “amigo”.

–O que houve, Frankie? – perguntou Belle.

–Ah, nada. Eu só... Sinto falta do Gérard. Agora que eu sei quem ele é... Sei lá... Sinto muita falta dele.

Belle suspirou e abraçou o filho.

–Me desculpe, Frankie. Se soubesse que isso lhe afetaria tanto, nunca teria lhe contado.

–Não, mãe. Essa foi a melhor coisa que você já fez. Obrigado. – ele beijou a face de sua mãe enquanto colocava as coisas na mesa para o almoço.

De repente, os dois ouviram alguém batendo na porta.

–Quem será? – perguntou Belle, franzindo a testa. Frank deu de ombros e foi até a porta, antender.

–Sim?

Ele se deparou com um Gérard sorridente.

–Gee! O que aconteceu?

–Fui expulso do castelo.

–Ah meu deus, por minha culpa? Ah não, me desculpe! Me desculpe! Me desc...

Gérard o calou com um beijo.

–Frankie, essa foi a melhor coisa que aconteceu. Assim, nós podemos ser livres para fazermos o que quiser. – ele sorriu.

–Olhando por esse lado é verdade... – Frank sorriu e abraçou Gérard, beijando-o logo em seguida.

–Frankie... Nunca vou me separar de você. Nunca. – disse ele, entrelaçando seus dedos.

–Não sei se sobreviveria longe de você. – Frankie sorriu e os dois se beijaram mais uma vez.

Meses depois, os dois se casaram, apesar de todos os ollhares tortos da comunidade. A mãe de Frank ficou muito feliz com a notícia, apesar de achar estranho no ínicio, afinal, o casamento gay era considerado um pecado na época, mas ela notou que era seu dever apoiar seu filho e o ajudou com tudo. A mãe de Gérard também ajudou bastante e ficou muito feliz em rever sua velha amiga Belle. Já o pai de Gérard não compareceu na festa e se manteve alheio a tudo isso, alegando que era contra. Os dois meninos não deram ouvidos a ele, afinal, o amor dos dois era maior do que qualquer barreira. Após o casamento, os dois foram muito felizes. Nunca adotaram um filho nem nada disso, mas foram muito felizes.

Muitos anos mais tarde, Gérard morreu de peste e o romance dos dois chegou ao fim. Frank sempre se lembrou, até o último minuto de sua vida, das últimas palavras de Gérard:

–Estarei aqui se você precisar.

Muitos séculos depois...

–Whisky, por favor. – disse um homem de cabelos negros para um bartender. O nome do homem era Gerard Way, que, aliás, era o nome de um ancestral antigo seu. Tinha acabado de terminar com a sua namorada e, obviamente, não estava em um de seus melhores dias e pretendia afogar suas mágoas com álcool.

De repente, uma figura mais baixinha sentou-se ao seu lado.

–Vodka. – murmurou ele para o bartender.

Gerard franziu a testa e se dirigiu ao menor.

–Olá. Qual é o seu nome?

–Frank. Frank Iero. Prazer.

–Frank Iero? Já ouvi esse nome antes...

–É o nome de um ancestral meu. – ele deu de ombros.

–Sério? Meu nome é Gerard Way, e um ancestral meu também se chama assim. Prazer.

–Você está com uma cara péssima. O que houve?

Gerard contou ao novo amigo tudo o que houve.

–Sério? Nossa, que péssimo isso de você ter terminado com a sua namorada... Não sei se ajuda, mas estarei aqui se você precisar.

Talvez Gerard não tivesse se dado conta, mas havia encontrado, mais uma vez, seu amor.


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Notas finais do capítulo

Sim, ficou meio grande. Se você teve paciência para ler, você merece uma balinha *-*
Acho que agora vou fazer algo útil, tipo escrever mais capítulo pra minha fic, é. Bom, espero que tenham gostado :3