Por Um Segundo escrita por Phallas


Capítulo 5
Quer um tapete vermelho?


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, eu sei que eu demorei. Eu sou uma péssima autora, concordo. Me desculpem mesmo, estou em semana de prova, aí já viu né... mas eu espero que vocês não tenham me esquecido.
E espero que vocês gostem do capítulo. Obrigada por continuarem comentando, não tenho palavras para escrever o quanto eu gosto dos reviews de vocês.
Boa leitura! s2



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               "Só um palpite: dando tudo errado, grite."

                                  Ullisses Tavares

Agora começa aquela parte chata do ano, entre o segundo e o último dia de aula. Principalmente agora, que tenho que me preocupar com as notas que eu tiro. Só tenho aulas de História, Filosofia, Álgebra e Química com Tensy. Com Griffin, terei apenas aulas de Física, Filosofia e Álgebra. Já Helaina Meggeni, Megan Parsons e Jason Cronwell estão presentes na maioria das minhas aulas. É o plano de tortura arquitetado por sra. Mckingdom em parceria com todos os outros professores para Bellie Harper. Não sei por quê, mas não me sinto honrada.

Escuto uma buzina lá fora e desço correndo. Mando um beijo para minha mãe e abro a porta. Encontro Griffin sorrindo para mim, sentado no banco do motorista. Entro no carro e lhe dou um selinho.

- Viper não vai para a escola hoje? - Pergunto, vendo que o banco de trás da BMW está vazio.

- Ela está cansada. Mas não para sair com você, pelo que eu vi. Pode ser hoje à tarde?

- Pode. - Respondo, desanimada.

- Ótimo.

Então me lembro que hoje à tarde vou conhecer a equipe de edição do jornal e coletar mais informações sobre Amy.

- Não, não pode! - Exclamo, rapidamente. Griffin quase pula de susto.

- Por que não?

- Porque eu lembrei... eu tenho... que fazer uma coisa.

- O que é? - Pergunta ele, olhando para o lado ao fazer uma curva. Aproveito que Griffin não está olhando para mim e tento inventar qualquer coisa.

- Eu tenho que... ajudar a minha mãe. - Falo, mordendo o lábio em seguida.

- Em quê? - Ele diz, ainda distraído com a direção. - Posso ir com você.

- Nós vamos... fazer compras. Vai ser realmente chato. Você não precisa ir.

Griffin olha para mim e eu sei pelo jeito como ele o faz que ele sabe que tudo isso é mentira.

- Tem certeza? Eu não me importaria de acompanhar vocês.

- Tenho certeza, Griffin, obrigada. - Sorrio nervosa.

- Aonde vocês vão? - Ele pergunta.

- Ao... shopping. É. Ao shopping.

- Posso te levar lá depois da escola. - Ele oferece.

- Não. - Falo, com tanta rapidez que me arrependo. - Quero dizer, não precisa ter esse trabalho, sério.

- Bellie, eu quero passar mais tempo com você. Não é trabalho. Te levo lá depois da escola.

Griffin fala com tanta doçura que quando percebo já assentindo para ele com um sorriso abobalhado.

Mas se bem que deve ser fácil. Eu vou para o shopping, aproveito a companhia dele, e pego um táxi de volta para o colégio.

É. É um bom plano.

Eu acho.

                 ○                                                               ○                                                              ○

Depois de dois tempos que pareceram dois anos de aula de Física, o dia terminou. O segundo dia de aula sempre serve para lembrar de que escola não é tão bom quanto parece ser quando estamos de férias, e sinto como se já tívessemos estudo um semestre inteiro. Tirando minhas novas obrigações de menina responsável, tudo continua o mesmo: escola chata, matérias chatas, livros chatos, professores esquecendo que são professores e não comediantes.

Griffin abre a porta da BMW para mim e eu entro com talvez um pouco de pressa demais.

- Por que está correndo, amor? - Pergunta ele, com um sorriso, enquanto senta no banco do motorista. Apesar de estar suando, eu sorrio com a mania que ele adquirira de me chamar de amor. 

- Por nada... - Eu olho para o lado. - Só não quero... você sabe... que minha mãe me espere.

- Sei. - Griffin responde, olhando para trás para tirar o carro da vaga. - Vou tentar correr, então.

Eu rio.

- Sua velocidade normal está boa. - Digo.

Ele ri também e pega na minha mão.

Graças a Deus, Griffin não pede mais detalhes sobre minha ida ao shopping enquanto dirige. Nós rimos dos novos professores com sotaques engraçados e narizes estranhos.

- Me liga quando acabar? - Ele pergunta, abrindo a porta para mim, na frente do shopping.

- Ligo. Mas vai demorar.

- Não tem problema. - Ele diz, me dando um selinho.

- Ok. Obrigada pela carona.

Griffin revira os olhos.

- Era o mínimo que eu podia fazer. Tem certeza que não quer que eu te busque?

- Tenho. - Respondo, rapidamente. - O carro da minha mãe deve estar aí.

- Está bem, então.

                    ○                                                               ○                                                                ○

A BMW de Griffin já sumiu de vista, de modo que já posso sair do shopping. Olhando para os lados, paro na entrada e observo o ponto de táxi. Vazio.

Espero por vinte minutos, e nenhum táxi aparece. Só tenho uma alternativa: vou ter que pegar um ônibus. Só que eu nunca peguei um na minha vida. Olho em volta e acho, à minha direita, um ponto de ônibus. Me encaminho para lá e encaro a rua, pedindo ao Santo Protetor dos Ônibus que mande um de seus subordinados vir em meu socorro. As outras pessoas no ponto me olham esquisito. Talvez eu não seja o tipo de pessoa mais presente nos ônibus.

Dez minutos depois, um aparece. Sigo o movimento das pessoas, observando-as atentamente quando elas entregam ao cobrador um vale. Então me lembro que não tenho um. Procuro na carteira com a maior rapidez que posso e o cobrador me olha com as sobrancelhas erguidas quando eu lhe entrego uma nota de cinquenta dólares, mas não diz nada. Apenas me dá meu troco e pergunta se eu quero que coloquem um tapete vermelho para mim. Eu rio mas não tenho certeza se foi uma piada ou alguma coisa não-ofensiva. Aparentemente, minha ignorância é engraçada.

Sento em uma cadeira na janela e suspiro. Olho para a paisagem e tento não me sentir culpada pelo que estou fazendo. Meus pensamentos são interrompidos quando alguém se senta do meu lado. Me pergunto se devo olhar para ver quem é ou não.

- Oi. - Diz a pessoa. É um garoto. Um pouco mais velho que eu, talvez.

- Oi. - Respondo, virando-me por um instante.

O garoto funga e arrasta os óculos grandes para cima do nariz comprido.

- Você é bonita. - Comenta.

Eu me afasto um pouco dele.

- Obrigada. - Respondo.

O menino espirra e limpa a mão em sua camisa do Batman. Eu olho para a janela e tento ignorar a presença dele.

- Você é bonita. - Ele repete.

- Obrigada. Você já disse isso.

- Mas é que você é muito, muito bonita. Deixa eu cheirar o seu cabelo? - Pergunta, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

- O quê? Não!

Ele abaixa a cabeça e arria os ombros com a resposta. Eu me encolho ainda mais contra a janela.

- Você gosta de super-heróis? - O garoto pergunta, de repente.

- Eu... gosto, acho. - Respondo, ainda olhando a paisagem.

- Que bom. Porque eu sou um.

Me viro lentamente para ele, tentando absorver o que acabo de ouvir.

- Vá embora daqui. - Falo, decididamente.

Ele arregala os olhos.

- Por quê? A gente estava se dando tão bem...

- Você é mesmo louco. - Bufo.

- Não precisa fazer isso, gatinha, vem aqui... - Diz ele, tentando alcançar minha boca com seus lábios nojentos.

Eu me debato do lado dele e quando consigo acertar um tapa, me levanto com um pulo.

- Pare esse negócio! - Grito. - Estou grávida! A bolsa estourou!

As velhinhas no ônibus fazem um som de pena.

- Eu preciso descer agora! - Berro de novo.

O motorista para quase que instantenamente. O tapete vermelho seria bom agora.

Saio correndo do jeito que uma grávida com a bolsa estourada jamais seria capaz de correr. Ouço o motorista gritar atrás de mim.

- Sua bolsa não estourou!

- Foi uma estouradinha! - Grito em resposta.

 Ok, o primeiro conselho de Amy será como se livrar de malucos em ônibus.

             ○                                                                       ○                                                                   ○

Sei mais ou menos onde estou. Nunca tive um senso de direção muito bom, e devido ao garoto que poderia muito bem ser o irmão mais velho de Steve Puttyn, parei no lugar errado. Minha escola deve ficar a algumas quadras daqui. Posso chegar lá antes que todo mundo vá embora, se eu tiver sorte.

Olho o horário e vejo que estou atrasada. Começo a correr em direção ao colégio, e a intensidade da corrida é tanta que já sinto gotas de suor na minha pele.

Agora é oficial: eu preciso aprender a mentir. Por mais que eu tenha tentado enganar Griffin e praticamente anunciado que estou a ponto de parir uma criança, nada disso seria necessário se eu tivesse dito a Griffin que simplesmente iria fazer qualquer coisa na escola à tarde, e não poderia ficar muito tempo com ele.

É. Isso teria sido perfeito.

Chego em Westward arfando e descabelada. Passo correndo pela entrada, a cantina, resistindo bravamente ao impulso de comprar uma água, e alcanço a cúpula do jornal de escola. É um espaço grande e moderno com cheiro de plástico que fica em um espaço privilegiado. Entro lá dentro quase parando para sentir melhor o ar-condicionado e procuro a Sala de Reuniões. Sem ter tempo de ponderar se devo bater na porta não, entro em um rompante na sala escura e me deparo com olhos um pouco arregalados da mesa central lotada de nerds, ou a equipe de edição do jornal, como preferir. Estou prestes a desmaiar de cansaço quando escuto uma voz muito familiar.

- Você já começou errado.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo tem surpresinha! kkk'
Beeijos e obrigada! ♥



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