- Sara?

- Oi, Grissom. – Ainda sonolenta ela atende.

- Desculpe te acordar, querida. – Sua respiração era forte.

- Aconteceu alguma coisa?

- Temos trabalho. – Andava rumo á seu carro. – E também você não vai acreditar. Quase que perco minha paciência casual com o Ecklie. – Sua voz era ruborizada.

- O que aquele idiota fez com você? – Se levantou bocejando e indo em direção ao banheiro. Olhou ao relógio. Três da manhã.

- Quando eu chegar ai agente conversa. – Entrou no carro.

- Você vem aqui? – Parou na frente do banheiro.

- Só se você não quiser ir pra cena do crime caminhando. Não quer que te pegue? – Grissom sorriu dando partida no motor. Mas ainda estava alterado.

- Oh! Esqueci que estou sem carro. Desculpe. – Sorriu envergonhada. – Tudo bem então. Vou me aprontar. – De repente ela escuta uma freada brusca. – Grissom? Griss? Tudo bem? – Silêncio. – Por favor, me responde...

- Sara... Estou bem. – Estava ofegante. – Mas quase cometi um acidente. É que ainda estou alterado. Minha pulsação está em 100. – Suspirou cansado.

- Por Deus, ande devagar! – Isso foi uma ordem. Sara já estava com a voz chorosa. – Grissom, está me ouvindo?

- Estou. – Disse ainda nervoso. – Sara, eu estou em tempo de enlouquecer. Se Ecklie tomar medidas drásticas, eu que tomarei algumas depois com ele. Aquele filho de uma mãe. Idiota. – Totalmente nervoso.

- Grissom, já está chegando?

Como não se acalmar quando uma voz tão delicada e que ele é completamente apaixonado por ela, o chama? Sara tinha o poder de fazê-lo acalmar-se.

- Sim querida. Estou perto. – Olhou para o relógio de pulso. – Você fez baixar meus batimentos para 85. Remédio poderoso você é. – Sorriu de lado.

- Nunca mais faça isso. – Alertou-o. – Quero saber cada detalhe dessa confusão. Mas pense nisso quando chegar. Acalme-se. Tenho um medo horripilante de te perder. Promete que não fará nada que se machuque? – Suspirou colocando uma mão em seu peito. Como se sentisse uma dor no coração. – Por mim.

- Eu prometo.

Suas palavras sumiram. Como se evaporasse. Sua vontade era louca de dizer coisas lindas. De agradecer á ela por tanta preocupação. Mas a única coisa que conseguiu dizer era que prometia... E prometia a se mesmo que tomaria mais cuidado. Ainda queria viver para esse amor.

- Tá bom... – Tímida. – Griss, agente tem que conversar. – Grissom tinha consciência do assunto relacionado.

- Sobre ontem á noite. – Suspirou. – Eu sei.

- Mas venha. Conversamos aqui. Até.

- Até. – Quando ia desligar...

- Grissom? – Sara sentiu a necessidade de dizer algo antes de desligar o telefone que mal ficava em sua mão que tanto tremia. – Eu te amo.

“Eu desligo o telefone nesta noite,

Algo aconteceu pela primeira vez,

Lá no fundo.

Foi rapido, muito rapido.

Porque a possibilidade

Que você sentiria o mesmo em relação a mim,

É muito, simplesmente muito.

Ao escutar a ligação cair, uma pontada em seu coração, muito rápida, pela primeira vez sentida, fez a esperança aparecer brilhantemente.

Grissom a amava. Amava simplesmente pelo fato dela respirar. Sua felicidade era a felicidade dela. Antes não tinha a certeza que era correspondido com todo amor. Mas desde ontem á noite... Ontem á noite ele pode ver a possibilidade de Sara sentir o mesmo em relação á ele. E isso agora...

Eu te amo.

Sara disse com todas as letras que o amava. Há quanto tempo não ouviu essa frase ser direcionada á ele? Sua alegria atingia como um circuito de fogos de artifício. Não tinha como explicar. Ele a amava também, até mais que a ele mesmo.

Fizeram amor.

Fizeram amor ontem da maneira mais emocionante e mais perfeita que podia existir. Não iniciaram um relacionamento. De maneira alguma, nenhum deles, mencionaram a proposta de um ato mais concreto. Por enquanto.

Por que eu continuo fugindo da verdade?

Tudo em que eu penso é você

Você me hipnotizou, tão fascinado

E eu só tenho que saber...

Grissom havia sido encantado pelos seus dotes femininos, sua inteligência o fascinava, tudo em Sara significava algo magnífico. E é por essas e outras que agora havia tomado a decisão de juntar seus corações, encaixando-os como um quebra cabeça.

Não podia mentir mais. Estava cansado de só tê-la para ele em seus pensamentos e sonhos. Neles Sara era sua dona. Fazia com ele o que bem quisesse. Algo ela tem que o fez hipnotizar. Deixando-o fascinado.

Agora só tinha que ter a certeza. Certeza que ela queria o mesmo. Um relacionamento. Um namoro.

Você já pensou,

Quando você está sozinha,

Tudo o que podemos ser?

Onde isto pode ir?

Estou louco ou me apaixonando?

Isso é real ou é apenas uma outra paixão?

- Posso entrar?

- Claro. Já estou pronta. Sente-se. – Apontou para o sofá. – Quer alguma coisa? Café forte? – Parecia nervosa com a presença dele.

- Aceito o café. – Olhou pra Sara de uma maneira indescritível. Então ela assentiu e saiu vermelha. Como ficava linda assim.

- Esteja servido. – Sorriu colocando o café á mesa com as xícaras de lado.

- Obrigado. – Se serviu e Sara fez o mesmo. – Acho que devemos ter nossa conversa. – Sorriu timido. – Agora.

- Claro. – Coloca a xícara na mesa de centro. – Então? Está arrependido? – Não sabia porque daquelas perguntas. Mas sentiu que agiu impulsivamente.

- Não! – Disse rapidamente, também colocou sua xícara na mesa. – Pelo contrário. – Sara arregalou os olhos. – Onde isto pode ir, Sara? Acha que podemos ser mais? Por mim eu quero... Quero você diariamente.

Sara balançou sua cabeça e abriu a boca sorrindo de lado em um ato de total incredulidade. Sua expressão emanou em Grissom um sentimento de insegurança.

Você suspira quando olho pra você,

Você está se segurando do jeito que eu estou?

Porque eu estou tentando, é tentando fugir

Mas eu sei que esta paixão não vai ir embora, não vai embora...”

(Crush – David Archuleta)

- Você não quer? É isso?

- Não é isso. – Levantou-se. – Eu te quero. – Trocaram olhares apaixonados. Sara suspirou ao encarar os olhos dele. – Mas eu não sei se daria certo...

- Eu tentei. – Também se levantou. – Tentei fugir. Tentei Sara... Mas não acaba. Essa paixão não vai embora. E depois de ontem á noite... – Chegou perto dela. – Depois de fazer amor com você, foi que tive mais certeza ainda do quanto te quero. – Tocou seu braço e mordeu os lábios. Queria beijá-la.

- Está se segurando? Como eu estou? – Sara aproximou seus corpos.

- Em que sentido? – Arqueou uma sobrancelha.

- Pra te beijar. Eu estou me segurando pra não te beijar agora.

- É, eu estou me segurando. – Tocou-lhe no rosto. – Mas agente não precisa se segurar. – Sorriu daquele jeito que derretia Sara por completo.

- Me beije, Griss.

Grissom a segurou pela nuca e juntou seus lábios. As batidas de seu coração foram acelerando lentamente. A cada movimento que davam, quando aquilo se tornava melhor cada vez mais, as batidas se descontrolavam. E o beijo foi cortado pelo apito de seu relógio. Seu relógio pulsou 122 batimentos por segundo.

- Ainda está nervoso? – Sara perguntou com a sobrancelha arqueada.

- Não. Até tinha esquecido de Ecklie. – Sorriu lindo e deu um selinho nela. – É diferente. Ele está batendo assim porque te beijei. – O relógio apitou novamente. – Bom, mas não vamos se importar com ele. – Tirou de seu pulso e jogou longe.

- Tudo isso por um beijo? – Sara disse vendo o relógio esparramar no chão.

- Não Sara. Tudo isso pelo seu beijo. Seu beijo.

“... Sinto muito por ter te machucado

É algo com que tenho de viver diariamente

E toda a dor que te causei

Eu gostaria de poder levá-la embora

E ser aquele que segura todas as suas lágrimas

É por isso que eu preciso que você ouça...

Depois de mais alguns beijos, notaram-se atrasados. Sairam nas pressas e foram para a cena crime. Seus olhares á todo momento era cheios de paixão.

- Griss, você ainda não me contou sobre Ecklie. – Foi em direção á ele que estava no lado de fora da casa, abaixado tirando fotos. Se abaixou junto a ele.

- Verdade. – Olhou pra ela sorrindo. – Tudo começou porque fui defender o Nick. Acredita que o Ecklie queria demití-lo porque havia chegado meia hora atrasado?

- Do Ecklie eu não duvido mais nada.

- Bom, então agente discutiu e quase soquei ele. – Sara sorriu. – Eu disse perdi minha paciência casual com ele, e estava falando sério.

- Certo. Nosso caso foi encerrado. – Se levantou. – Suicídio.

- Sabe Sara... – Olhou para os lados, não vendo ninguém, se levantou e se aproximou dela. Não tão perto, mas o suficiente para fazer ela perder os sentidos. – Eu queria te pedir desculpas. – Tirou as luvas.

- Porque? – Sem entender.

- Todo dia fico me martirizando. Pela dor que te causei, pelas coisas que eu falei, por te fazer chorar. – Novamente olhou para os lados. – Gostaria de levar toda a dor embora. Te fazer sorrir ao invés de lágrimas. Quero namorar com você... Quebrar as regras que aquele filho da mãe impôs no laboratório. Te amar.

- Você mudou muito. – Seus olhos lacrimejaram. – Mas esqueça, ok? Esqueça o passado, Grissom. Eu te amo, e vejo que você encontrou alguma razão para mudar. Você me fez feliz só pelo “sim” que me deu ontem. Quando te pedi pra entrar em casa e... Quando você aceitou eu quase surtei! – Sorriu e chegou perto dele mais ainda e sussurrou como que só pra ele ouvir. – Também quero quebrar as regras. Por você.

Encontrei uma razão pra mim

Para mudar quem eu costumava ser

Uma razão pra começar tudo de novo

E a razão é você...”

(The Reason – Hoobastank)

- Sabe qual foi a razão pra mudar?

- Não.

- Por você. Você é a razão pela qual quero começar de novo. Pela qual quero viver uma vida diferente. Uma vida nova.

- Uau! Por mim? Toda essa mudança? – Seu sorriso vinha de orelha a orelha.

- Sim. Por você.

Grissom puxou-a para o outro lado do muro que não tinha acesso á carros e a encostou na parede. Lhe beijou profundamente.

- Você é a mulher da minha vida.