Acordei com o barulho de passos se aproximando.

Estava sem coragem de abrir os olhos. E se aquilo tudo foi real? Prefiro não arriscar. Fiquei parado no lugar, abraçando o meu próprio corpo. Estava com muito frio. Meu corpo doía pela noite mal dormida, mas é isso que da desmaiar no meio da floresta.

Senti uma mão sobre o meu ombro e não me agüentei de curiosidade. Eu precisava ver.

Abri os olhos lentamente e fui descendo a cabeça para ver se o meu corpo estava normal. Quase tive um ataque quando vi que meu corpo ainda era o de uma garota. Depois de conferir isso virei para o lado para ver quem tinha me acordado. Surpreendi-me.

Ele estava lá. Com aquele cabelo preto e liso, sua pele alva dando um belo contraste. Os olhos ônix estavam me encarando. Corei e virei o rosto. Nunca tinha reparado o quanto o teme é bonito. Agora eu entendo porque as meninas o preferem.

Corei ainda mais com esse pensamento. O que está acontecendo comigo? A única solução provável é que como eu estou no corpo de uma garota... Talvez eu me sentisse como uma. Isso é muito confuso! Maldita raposa que me faz passar por isso.

Sai dos meus devaneios com ele resmungando alguma coisa e me virei para encará-lo. Ele estava deitado com as mãos atrás da cabeça e com a expressão cansada.

Virei meu rosto e comecei a fitar o céu. Olhar as nuvens nunca pareceu tão agradável quanto agora. Voltei a deitar e fiquei parada... Quer dizer parado, se bem que eu tenho que me acostumar a ser uma garota por mais que seja estranho pensar nisso.

O silêncio se prolongou por vários minutos e aquilo já estava me irritando. Será que ele não nota que nem todos são como ele que quase não fala? Desisti de esperar ele falar então resolvi quebrar o silêncio.

- O que você está fazendo aqui? – perguntei irritada, mas a minha voz saiu extremamente fofa. Isso me irritou, é cansativo ser garota.

- Eu é que pergunto isso. Não deveria está no salão ou fazendo compras como qualquer outra garota estaria? – perguntou confuso.

- Você acha que eu perderia tempo com isso? Eu estava treinando. – expliquei.

Desviei o olhar dele e voltei a encarar o céu. Pude ver pelo canto do olho que ele sorriu. O que foi estranho, pois eu nunca vi o teme sorrir. Fiquei em estado de choque, mas logo me recuperei e abri um sorriso. Nunca pensei que ele fosse tão legal assim. Talvez eu o tenha julgado mal.

Novamente veio o silêncio, mas para a minha surpresa quando eu ia abrir a boca para falar, ele me interrompeu.

- Você me lembra uma pessoa que eu conheço. – fiquei surpresa.

Se ele perguntasse o que eu deveria dizer? Talvez... Qualquer coisa que não fosse a verdade.

- Você é parente de Uzumaki Naruto? – ele perguntou.

Eu congelei no lugar. Minha respiração estava falhando e eu senti um frio percorrer a minha espinha. Então eu disse a primeira coisa que veio na minha mente.

- Ele é meu irmão gêmeo. – disse confiante.

Surpreendi-me. Eu nunca fui bom em mentir, mas agora tudo saiu com uma facilidade tão grande que até eu quase acredito que é verdade.

- Estranho – ele disse – nunca pensei que o Dobe tivesse uma irmã.

O que? Quem ele ta chamando de Dobe?

Não resisti e dei um cascudo na sua cabeça. Ele ficou confuso e eu o cortei.

- Não fale mal o meu irmão! – fiz biquinho e fingi está emburrada.

Ele pareceu gostar da minha reação, pois logo sorriu. Ele está estranho. Nunca vi Uchiha Sasuke sorrir tanto tempo antes, mas ele logo parou de sorrir. Parecia até que lia os meus pensamentos.

- Porque eu nunca te vi por aqui? – perguntou desconfiado.

E novamente eu já tinha uma resposta na ponta da língua.

- Isso não interessa no momento. – sorri – até mais, teme. – disse me levantando.

Antes que eu fosse embora ele puxou braço e me virou. Odiei ter um corpo tão fraco e não conseguir me livrar dele. Fiquei presa ao abraço dele e o encarei nos olhos. Era incrível tudo o que um simples olhar transmitia. Era possível ver o quanto ele gostou da nossa conversa e por incrível que pareça eu também gostei. Era agradável conversar com ele de igual para igual.

Ele foi se aproximando e eu não conseguia desviar o olhar da sua boca. Ficamos assim até que nossas bocas se tocaram de leve. Era muito bom e quente. Eu queria mais, mas não daria esse gostinho ao Uchiha. Senti um alivio quando ele pediu passagem com a língua que eu permiti imediatamente.

Explorei cada canto da sua boca mesmo não sabendo direito o que fazer, afinal era o meu primeiro beijo. Mas com o tempo pegamos o jeito e já sabíamos o que fazer. Foi se tornando cada vez mais exigente até que nos separamos ofegantes para poder respirar.

- N-nossa. – foi tudo que eu consegui dizer.

Fiquei calada até que a minha ficha caiu. Como ele chega e me beija como se fosse a coisa mais Natural do mundo? Fiquei com a cara zangada e o encarei.

- O que deu em você para roubar o meu primeiro beijo?! – gritei.

- M-mas você retribui e... – eu o interrompi colando seus lábios no meu novamente, mas logo me separei e voltei a falar.

- Mas só porque eu retribuo... – disse ofegante – não fique achando que eu sou só mais uma do seu fã clube ridículo.

- Foi exatamente por isso que eu te beijei. – ele sorriu e desviou o rosto.

- A gente vai fingir que isso nunca aconteceu, né? – perguntei.

- Com certeza. – ele confirmou – mas como sabe sobre o fã clube?

- Meu irmão me contou. – sorri – até Teme.

Dei um beijo na sua bochecha e me virei, mas não antes de ver que ele estava corado. Quem diria que um dia eu o veria corado? Ninguém!