Com uma pressa fora do comum – o que ocasionou muitos erros na digitação – as garotas ligaram para Katie, todas tremendo e suando frio. Annabeth colocou o seu celular no viva-voz, para que assim todas pudessem participar da conversa.

Os – poucos – segundos em que o ocasional toque de chamada permaneceu só serviu para aumentar os batimentos cardíacos das meninas.

-Alô? – era a voz de Katie – Annabeth?

-KATIE! – as três gritaram de uma só vez – Onde você está? Você está bem? Estava tão preocupada!

-Calma, calma. Uma pergunta de cada vez... Por que estão preocupadas comigo? Estou esperando no lugar combinado para encontrar com os meninos. E é claro que eu estou bem, que história é essa? – Katie estava confusa, e levantava as sobrancelhas freneticamente. 

-Não sai daí. Estamos chegando! – Silena, apressada e em um só fôlego, disse.

-Ah, ok… - porém as amigas não ouviram isso, pois já haviam desligado o celular.

Katie sentou num banco ali por perto e, durante cinco minutos com cara de uma hora, ela cruzou as pernas e olhou para o horizonte – esperando. Afobadas, as três apareceram correndo no campo de visão dela. “Por que diabos elas estão assim?!”.

-Ai, Katie… Estava tão preocupada com você! – Silena praguejou enquanto a abraçava. – Nunca mais faça isso, mocinha.

-Sim, mamãe. – Katie respondeu – Espera… Preocupada com o quê?

-Como assim ‘com o quê’ – Thalia, também a abraçando, disse – Você foi raptada por QC, desapareceu durante todo esse tempo, estávamos em uma ‘caça ao tesouro’ na qual você era o tesouro, e ainda pergunta ‘o quê’?

-Raptada? QC? Que papo de caça ao tesouro é esse? – dessa vez, apenas uma das sobrancelhas de Katie permaneceu levantada.

-Como assim, Katie? – Thalia se afastou da amiga, olhando-a no rosto.

-Oh meu Deus! QC drogou ela para ela não se lembrar de nada! – Silena arregalou os olhos, como se estivesse assustada com a malícia presente em QC.

-Katie… - Annabeth, após algum tempo calada, refletindo, disse – Onde você estava, então?

-Bem… Assim que saímos do carro, eu vi um lindo jardim e não resiste, tive de olhar. Acreditam que havia uma orquídea branca com detalhes roxos lá? Nunca havia visto algo tão bonito assim e...

-Katie, direto ao ponto, por favor. – Thalia, impaciente, insistiu.

-Ah, ok. Bem, depois de ficar um tempo olhando o jardim, percebi que vocês já haviam ido para o lugar combinado com os meninos e, pensando que vocês estavam bem, resolvi passar no banheiro. Acredita que o banheiro estava sem papel higiênico? – ela falou, como se estivesse mesmo desapontada com isso – Tive de esperar até alguma pessoa bondosa entrar no banheiro também e pedir para ela me passar o papel higiênico, que estava naqueles bancos compridos que tem lá, sabem? Aí, depois, vim para cá e não tinha ninguém aqui…

-Você quer dizer que QC nos fez de tontas todo esse tempo? Toda essa corrida contra o tempo foi uma brincadeira dela? – Thalia praticamente gritou.

-O que QC tem a ver com isso? – Katie perguntou novamente – Eu estou meio que boiando...

-QC nos enviou mensagens dizendo que havia te raptado, Katie. E disse que a gente meio que tinha um tempo para ‘te resgatar’, estávamos correndo feito loucas pelo parque. Por isso os meninos não estão mais aqui, porque nós os largamos aqui para te procurar. – explicou Annabeth – Entendeu?

-Aquela… Como ela foi capaz de fingir ter me sequestrado? – Katie disse – E como ela sabia que eu havia me separado de vocês?

Um toque nos celulares – dessa vez das quatro – as assustou.

“ A QC é um gênio... Enganando até a sábia Annabeth?

Own... Coitadinhas! Pois vocês fiquem sabendo, que um dia poderá ser verdade...

Xoxo, QC ”

-Querem saber de uma coisa? – Thalia disse, baixo e controlada – Eu odeio essa garota.

-Não sei como uma pessoa que a gente nem sabe quem é pode nos controlar tanto, sabe? – Silena disse.

-E é por isso mesmo – Annabeth, determinada e animada, falou - que não devemos desistir, de modo algum, do The Puzzle.

-The Puzzle – Katie completou – é o que somos. Agora, isso faz parte de nós, assim como não podemos abandonar isso.

Sorrindo, as meninas se juntaram em um abraço quádruplo.

-Vamos pra casa. – Thalia sorriu ao dizer. – Sessão de cinema, com direito a pipoca e sobremesa, lá em casa. Quem topa?

-Vai ter chocolate? MUITO chocolate? – Katie lambeu os próximos lábios ao dizer.

-Qual a graça de ver filme sem muito chocolate? E sem ter as melhores amigas para rir comigo? Ou sem algum garoto de quem eu goste mas isso é um detalhe.

-E que tal... – Annabeth pegou o seu celular – Ter os dois de uma só vez? Quer dizer, os meninos foram embora só porque nós pedimos e tenho certeza de que não recusariam um cinema. Principalmente se for a Silena quem ligar para o Charles...

-Haha, engraçadinha. – Silena lhe mostrou a língua – Mas eu não acho má ideia, já que nem conversamos com eles direito aqui no parque... Porém, não acho que eles vão aceitar...

-Larga de ser mole e liga então, Silena. – Thalia animou-se.

-Ui, ficou toda animada de ir no cinema com os meninos... – Silena riu junto com as outras duas, enquanto Thalia só negava.

Silena discou o número – já conhecido e decorado – de Charles, e mordeu o lábio enquanto esperava.

-Alô?

-Charlie? É a Silena.

-Oi Silena! Katie está bem?

-Ah, está sim Charlie. Te liguei justamente para pedir desculpas por agirmos daquele jeito e a gente pensou em um cinema hoje a noite, o que você acha?

-Ah, eu adoraria! Tenho de ver com os meninos... Mas tenho quase certeza que eles vão topar. Te ligo daqui dez ou quinze minutos, tá?

-Ok, Charlie. Vou esperar, beijo!

Desligando o celular, viu todas as garotas a olhando.

-E…? – Katie perguntou.

-Ele vai ver com os meninos e me ligar daqui a pouco.

-Tomara que eles digam que podem ir... – Annabeth comenta, distante dali.

-Estou sabendo, Annabeth! – Thalia zoa a amiga – O meu primo é lerdo, acho que vocês vão se entender porque, como dizem, ‘os opostos se atraem’...

-Cala a boca Thalia! – Annabeth lhe dá um tapa na cabeça, rindo.