Antes Daquela Viagem ! escrita por ro_dollores


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem !



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Era madrugada, seus olhos não conseguiam ficar fechados, ele virava de um lado, virava de outro, inquieto.

Sara dormia tranquilamente o sono dos justos.

Ele ficou a observando na quase escuridão da noite, os cabelos esparramados deliciosamente pelo travesseiro, o corpo semi coberto, uma de suas pernas escapando pelo tecido, deixando à mostra uma boa parte de sua coxa.

Ele suspirou.

Precisava resolver de qualquer maneira, a questão que lhe tirava o sono.

Grissom se levantou devagar, vestiu a calça de seu pijama e calçou seus chinelos.

Muito cuidadosamente conseguiu abrir a porta sem emitir nenhum barulho. Antes de sair, ela se mexeu e ele ficou parado, esperando sua reação.

Ouviu ela murmurar alguma coisa e voltar à sua posição original, de lado e encolhida.

Foi até o escritório e se sentou de frente à mesa pesada de carvalho, abrindo uma gaveta.

….......

Tinha que contar a ela, mas não sabia como. E muito menos o por que de tanta apreensão.

Era um trabalho que há muito aguardava, e agora com a confirmação, duvidou que fosse a coisa certa a fazer.

Um mês.

Como cancelar ? Como desistir ? Como convencê – la que seria bom para ele. Até mesmo para os dois.

Ela teria um pouco de espaço, para fazer o que bem quisesse. Uma liberdade necessária, segundo suas convicções.

Mulheres como ela, gostavam de ser independentes, e homens como ele precisam de espaço.

Não que pudesse reclamar. Ela nunca exigia nada dele. Apenas que fizesse o que achasse correto.

Muitas vezes ficavam dias sem ao menos se tocar. Seria natural, reclamações ou cobranças, como todo relacionamento, mas ela não tinha isso.

Apenas esperava seu tempo e aguardava pacientemente que ele a procurasse.

Quando sentia saudade, sutilmente se aproximava e deixava que seus lindos olhos castanhos falassem por ela. Ou muito discretamente, perguntava se iria para casa.

Não tinham um relacionamento comum.

Às vezes, ele se cobrava, mas em outras deixava que a vida seguisse seu curso. Um dia após o outro.

Havia um pacto silencioso. Um acordo que nunca havia sido discutido. Ela o entendia como ninguém, e ele tentava entendê – la como ela merecia.

Ele foi até a cozinha, preparou um chá e se sentou na banqueta de frente ao balcão de mármore.

O pensamento longe, os olhos distantes, outro suspiro.

Depois esfregou as mãos no rosto e coçou a barba.

_Gris ?

A voz tomou o ambiente discretamente, suavemente, combinando com o silêncio.

Por quanto tempo estaria o observando ?

_Oi …Sara … por que acordada a esta hora ?

_E você ? Algum problema ?

_Não ! - Ele disfarçou, mas ela sabia. Ele era um péssimo mentiroso.

Se aproximou devagar, a camisola curta, os pés nus. A luz do ambiente externo entrava pela janela da sala, criando uma imagem quase cinematográfica, que lançava luzes azuladas nos contornos de seu corpo perfeito !

Uma visão !

Seu coração pareceu falhar uma batida. Pelo presente aos seus olhos e pela extrema delicadeza da situação, que ele mesmo criou. Ele era só de carne e osso ! Um simples mortal !

_Deus … como você é linda !

De repente, ele a viu sorrir de um jeito que a deixava ainda mais maravilhosa. Ele pensara alto … e nem percebeu !

Ela fez mais.

Passou os braços ao redor de seu pescoço e tocou seu nariz no dela. Depois, segurou sua cabeça e beijou sua boca, bem devagar.

Como se isso nada fosse, se sentou em outra banqueta bem de frente a ele, e tocou sua coxa.

A camisola pareceu ainda menor !

Seus olhos a despiram, mas ele ficou em silêncio, depois conseguiu destravar.

_Chá ?

_Acho que vou aceitar.

Ele esticou um braço e agarrou outra xícara de porcelana que descansava no suporte.

Ela prestou atenção em cada gesto, cada movimento estudado dele, olhando o líquido fumegante embaçar sua visão..

_Hortelã ?

_E erva mate !

_O cheiro parece bom.

Minutos depois ela degustava do líquido escurecido e muito saboroso.

_Hum … bom …

Ele lhe sorriu de lado, mas ainda assim não conseguiu dissipar aquela expressão preocupada. O que havia com ele ?

_E então … estou esperando, o que há ?

_Perdi o sono ….

Ele encheu sua xícara mais uma vez sem olhar para ela.

_E por que ?

Ele apertou os lábios, precisava abrir sua maldita boca e contar que estaria fora.

_Sara … eu … preciso viajar …

_Viajar ….. mas ….

_Amanhã !!!

Ele disparou antes que perdesse a coragem.

_Hã …

Ele deixou a xícara, pegou em sua mão e a levou para o sofá.

_Isso é … tão difícil !

Ele foi até o escritório e lhe trouxe o convite.

Ela leu. Depois leu de novo.

_Isso tem duas semanas, Gris !

_Eu sei …

_Teve esse tempo todo e …. eu não acredito !

Pronto ! Ela estava chateada e ele bem que merecia.

_Desculpe Sara !

_Quando ia me contar ? No aeroporto ?

Ele abaixou a cabeça, ainda segurando sua mão.

_Não sei o que dizer …

Uma lágrima rolou de sua face, bem discreta, talvez por sentir que ele tivera uma tremenda falta de consideração.

_Sara … por favor … não faz isso !

_Eu não entendo … às vezes eu sinto que você … se esquece que eu existo !

_Nunca diga isso ! É um absurdo !

_Não ? E o que é, então ? Poderia me explicar ?

_Eu tive medo … da sua reação !

_Medo ! Medo Medo !

Ela se levantou e ficou de pé andando pelo tapete.

_Você faz as coisas simples ficarem complicadas, Gris !

_Eu sei …

_Qual o problema se você tem que viajar … ficar um mês fora ?

_Você está chateada ?

_O que você acha ?

_Desculpe … não queria que se zangasse.

_Ah … queria … e como queria ! Se isso fosse mesmo verdade, teria me contado antes.

_Eu tentei ! Eu sinto muito …

_Tudo bem, Grissom … eu vou entender … pelo menos vou me esforçar.

Ele se colou a ela a abraçando com força, no meio da sala.

_O que posso fazer para consertar meu erro ?

_Nada. As coisas vão se acertar … com o tempo ! Contou à Cath ?

_Também não !

_Ai meu Deus ! Ela vai surtar !

_Eu sei. Não estou preocupado com ela.

_Hum … bem … o que está feito, está feito ! Quer que eu o ajude a arrumar as malas ?

_Não .. só quero que fique comigo todo o tempo que tivermos.

_Devia ter pensado nisso antes. Poderíamos ter aproveitado melhor, não acha ?

_Acho. - Ele disse simplesmente._ Vamos voltar para a cama.

_Perdi o sono !

_Eu também !

Ele a puxou pela mão até o quarto, depois a ajeitou na cama e se deitou ao seu lado.

_Acha que um dia pode me perdoar ?

_Já perdoei !

_Obrigado, querida !

_Se eu não tivesse despertado, o que você ia fazer ? Escrever um bilhete ?

_Claro que não, ia te contar pela manhã !

_Você sofre à toa. Gris ! Precisa tentar ser diferente … simplificar as coisas. O que acha que ia dizer ? Achou que não deixaria você ir ?

_Não sei … eu não consigo explicar. Você faria isso ?

_Não deixar você ir ? Claro que não … eu não sou a dona da sua vida !

_Mas faz parte dela !

_Jura ? E desde quando acredita nisso ? - Ele precisava de um tratamento de choque, quem sabe pudesse ver o óbvio !

_Sara … por favor, não gosto de cinismo !

Ela se calou, esse era o jeito dele, estúpido, mas esse era ele !

_Desculpe.

Ele se abraçou a ela de um jeito muito especial, depois quase a desmontou com uma confissão !

_Você é muito importante para mim !

Ela quase disparou outra perola, mas acabou fechando os olhos para registrar aquelas palavras dentro do seu coração, depois se virou para ele e beijou sua boca de uma maneira muito especial.

Não poderia negar, jamais … em circunstância nenhuma. Ela o amava mais que a si mesma !

Ele a despiu com cuidado e se amaram mais uma vez. Sentiria falta dela, dos seus carinhos, do seu cheiro.

Ele sabia que ela esperaria por ele ! O tempo que fosse preciso !


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